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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Declarar Jerusalém capital de Israel é "beijo de morte" na promessa de paz

Há a possibilidade de o Hamas, o Irã e o movimento xiita libanês Hezbollah deflagrarem ações militares contra interesses de Israel e dos Estados Unidos em vários países

A provável declaração de Trump representaria um “beijo de morte” nas perspectivas de paz, é o que acredita o professor da Universidade de Belém e da Universidade de Al-Quds, o palestino Bishara Bahbah. “A probabilidade de a violência se espalhar pelo mundo muçulmano estaria praticamente garantida. Os territórios palestinos se acenderão em um nível de violência jamais visto por Israel desde a primeira Intifada, deflagrada em 9 de dezembro de 1987." O analista adverte que a medida também fortaleceria atores radicais em todo o mundo. Ele não descarta, inclusive, que o Hamas, o Irã e o movimento xiita libanês Hezbollah deflagrem ações militares contra interesses de Israel e dos Estados Unidos em vários países. Na noite de ontem, manifestantes queimaram cartazes com fotos de Trump, em Belém, na Cisjordânia.

O iraquiano Alon Ben-Meir, professor de relações internacionais da Universidade de Nova York e especialista em Oriente Médio, disse à reportagem não crer que Trump anunciará a mudança da embaixada. “Ele não fará isso, pois tal gesto criará uma reação negativa do mundo árabe e dos muçulmanos. Se Trump quer que os palestinos prossigam na negociação (de um acordo de paz) com os EUA, precisa desistir dessa ideia”, comentou. “O que Trump pode dizer é que Jerusalém representa a capital de fato de Israel e que retomará o processo de paz. Se mover a embaixada, ele queimará as pontes entre os EUA e os mundos muçulmano e árabe. Seria loucura e estupidez.”

"Jerusalém é o coração do mundo árabe”
Em entrevista exclusiva ao Correio, por e-mail, Saeb Erekat — atual secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e ex-negociador-chefe palestino no processo de paz — advertiu que o provável anúncio do presidente Donald Trump resultará em extremismo. anarquia e violação do direito internacional. “Isso certamente legitimaria as políticas israelenses na Jerusalém Oriental Ocupada”, afirmou, a partir de Ramallah, na Cisjordânia.

Como o senhor vê os planos do presidente Trump de reconhecer Jerusalém como capital do Estado de Israel?
Ele expressou a intenção de fazê-lo. Nós acreditamos que este será um passo muito negativo. De fato, é uma manobra que promoverá extremismo, anarquia internacional, além de desrespeito pela lei internacional e pelos direitos inalienáveis do povo palestino.

Então tal decisão incendiaria as tensões no Oriente Médio e levaria a retaliações diplomáticas por parte de nações árabes?
Isso é precisamente o que desejamos evitar. Jerusalém é o coração da Palestina, mas também do mundo árabe. Milhões de árabes, cristãos e muçulmanos são sensíveis ao que ocorre na Cidade Sagrada. Não se trata de ameaçar qualquer coisa, mas de analisarmos os fatos: o reconhecimento da soberania de Israel sobre Jerusalém não seria apenas uma violação do direito internacional e dos compromissos dos EUA com o processo de paz, mas também seria atravessar uma linha vermelha para o mundo árabe e para o resto de nossa região.

O senhor crê que essa ação legitimaria a ocupação israelense?
Sim, isso certamente legitimaria as políticas israelenses na Jerusalém Oriental Ocupada, incluindo demolições de casas, despejos, expropriações de terra, revogações de documentos de identidade e expansão de assentamentos coloniais ilegais.

Na sua opinião, Trump ainda poderia desistir desse gesto?
Não sei, é uma boa questão para ele. O que eu diria é que, ao seguir adiante com o reconhecimento de uma ilegalidade, ele estaria em contradição com o seu objetivo declarado de alcançar um acordo em nossa região. (RC)

 Correio Braziliense
 

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Palestinos denunciam projeto israelense de ‘anexação’

A liderança palestina denunciou o projeto do governo de Israel de colocar os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada sob a jurisdição de Jerusalém, numa iniciativa vista como uma “anexação” e um passo adiante para “o fim de uma solução de dois Estados”.

Yoav Kisch, um membro do Likud do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, disse na quarta-feira que uma comissão do governo aprovaria no domingo um texto chamado “Lei sobre a grande Jerusalém”.  O projeto de lei colocaria sob a jurisdição do município israelense de Jerusalém os blocos de assentamentos ao sul e a leste da cidade, na Cisjordânia, um território palestino ocupado pelo exército israelense há 50 anos.

[Israel já foi fundada em território pertencente aos palestinos - com o aval da ONU, graças a um voto errado de um brasileiro que presidia a ONU.
Na década de 60 Israel, usando força militar, invadiu mais territórios palestinos.
Na sequência, passou a construir colônias de judeus  em território palestino ocupado pelo exército de Israel.] 
 
Se a comissão, formada por ministros, adotar o projeto, abrirá o caminho para um debate no Parlamento. Hanan Ashraui, líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), bem como a organização anti-colonização Paz Agora, denunciaram uma “anexação” de fato de terras localizadas no território palestino.

O projeto visa perpetuar a ocupação israelense, “legalizar a presença de colonos extremistas judeus em solo palestino e concluir” a separação entre Jerusalém Oriental, o lado palestino de Jerusalém, anexado por Israel e a Cisjordânia, afirmou Ashraui, na quarta-feira à noite em um comunicado. 

Os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado que aspiram. “Isso representa o fim de uma solução de dois Estados”, acrescentou Ashraui.  Esta solução, referência da comunidade internacional para resolver o conflito israelense-palestino, parece cada vez mais distante, particularmente após a recusa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em comprometer-se a seu favor.

“Se adotada, esta lei será uma anexação de fato”, afirmou Paz Agora.  A adoção estenderia uma série de decisões israelenses a favor da colonização. Israel aprovou na semana passada a construção de 2.646 moradias para colonos na Cisjordânia ocupada e 176 no coração de um bairro palestino em Jerusalém Oriental na quarta-feira. A colonização, ilegal sob o direito internacional, é considerada pela comunidade internacional como um grande obstáculo para a paz.

Fonte: AFP
 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Agora é lei, Genocídio contra palestinos - Israelenses estão autorizados a disparar contra palestinos que atirem pedras. É a política ‘tolerância zero contra o terror’ de Netanyahu



Primeiro-ministro israelense defende ‘tolerância zero com o terror’
Netanyahu ameaça autorizar disparos contra palestinos que jogarem pedras
Israel cogita ampliar a autorização para que suas forças de segurança atirem em jovens palestinos que as agridam com pedras, informou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta quarta-feira. Até segunda ordem, os soldados israelenses que enfrentarem protestos violentos de palestinos podem abrir fogo somente sob risco de vida. Isso, na prática, proíbe disparos contra agressores que fogem depois de atirar pedras ou coquetéis molotov.


 Fuzis contra pedras - Jovem palestino joga pedra em homem judeu armado durante confrontos na cidade de Assira al-Kibliya, na Palestina. - Nasser Ishtayeh / AP

No entanto, depois de uma reunião com vários ministros de governo e chefes de segurança para discutir o aumento das agressões com pedras em Jerusalém e na Cisjordânia, Netanyahu insinuou que as regras podem ser alteradas.  “Já que o sistema de Justiça considera difícil lidar com menores que atiram pedras, serão estudadas mudanças nas ordens de abrir fogo contra aqueles que lancem pedras ou coquetéis molotov”, informou o escritório do premier em comunicado.

Netanyahu afirmou ainda que a política de seu governo é de “tolerância zero com a agressão com pedras e com o terror”.  Enquanto isso, Wasel Abu Youssef, membro do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criticou a possível nova política. — Este governo israelense fanático de direita está buscando uma política criminosa para matar palestinos. As novas regras significariam mais escalada (da violência), assassinatos e crimes contra nosso povo — disse Youssef.

Fonte: AP