Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador palestinos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador palestinos. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

O racismo antissemita de Lula saiu do armário – para a vergonha do Brasil - J. R. Guzzo

VOZES - Gazeta do Povo

O presidente Lula decidiu sair do armário de uma vez. Depois de passar meses se escondendo por trás de razões segundo ele “humanitárias” para atacar Israel e fazer louvores aos terroristas do Hamas, assumiu perante o mundo o que realmente é – um antissemita cada vez mais raivoso. Por fora, ele critica o “Estado de Israel” e o “sionismo”, e declara que só quer um país para os “palestinos”. Por dentro, e agora também por fora, ele é um racista extremado, que age, pensa e se orienta com base no ódio aos judeus.

Está longe de ser o único dentro da grande e moderna renascença do antissemitismo no Brasil e o mundo – produzida, agora, por uma esquerda que usa a “causa palestina” para botar para fora todo o seu recalque de sempre em relação aos judeus. Mas Lula também é o presidente do Brasil e não tem o direito de expor o país e os brasileiros à vergonha perante o mundo democrático. 

Antissemita é ele, não o Brasil. Teria de guardar os seus rancores para si mesmo.

Lula achou que estava na hora de oficializar o seu antissemitismo perante mais uma plateia de ditaduras subdesenvolvidas da África.

Lula tem feito de tudo, desde o início da guerra de Gaza, para falsificar a verdade – e apresentar Israel o tempo todo como o agressor, num conflito em que foi claramente o agredido. Foi incapaz até agora de dizer que os israelenses sofreram um ataque terrorista selvagem por parte dos milicianos do Hamas, em outubro último; nem uma sílaba que fosse. Quando Israel reagiu ao assassinato em massa de 1.200 civis israelenses, extermínio de bebês de colo, estupros por atacado e sequestro de reféns, incluindo crianças, Lula e seu governo ficaram indignados.

Exigiam que Israel reagisse à agressão com uma proposta de cessar-fogo. Depois, passaram a gritar, de forma cada vez mais histérica, contra “a morte de civis” em Gaza. Logo estavam dizendo que era “genocídio”. 
No momento mais baixo de sua campanha antijudaica, se juntaram à África do Sul, um dos países mais violentos, corruptos e socialmente injustos do mundo, para apresentar uma denúncia contra Israel perante a Justiça internacional; foram escorraçados do tribunal, por apresentação de denúncia inepta.

Agora, em mais uma viagem no seu obsessivo programa de turismo diplomático com a mulher, Lula achou que estava na hora de oficializar o seu antissemitismo perante mais uma plateia de ditaduras subdesenvolvidas da África. Disse que os judeus estão agindo como nazistas: “só Hitler”, nas suas palavras textuais, fez o que Israel está fazendo em Gaza. Falou em “30.000” palestinos mortos, uma cifra que sai diretamente do departamento de propaganda do Hamas. Repetiu de novo a acusação explícita de que Israel está cometendo “genocídio”.

Não se trata, nisso tudo, de mais um caso de ignorância mal-intencionada, uma das maiores especialidades da ação política de Lula. 
É má fé, mesmo – como comparar um programa oficial e sistemático de extermínio de vidas humanas que fez 6 milhões de mortes, todos eles civis inocentes, como foi o caso de Hitler, com uma operação militar de defesa por parte de Israel? 
É uma tragédia, sem dúvida, que inocentes estejam morrendo na Faixa de Gaza, resultado inevitável de qualquer guerra – e no caso, uma guerra que foi provocada diretamente pelos terroristas. 
Mas Lula não está interessado em nada disso. Achou que estava na hora de exibir seu racismo antissemita porque imagina, agora, que pode tirar proveito disso – na crença imoral de que “brasileiro não gosta de judeu”. Está conseguindo ser irresponsável e oportunista ao mesmo tempo.
 
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos


J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Palestinos, um povo sem pátria e sem direitos - Guga Chacra

Meu pai, filho de libaneses, nasceu no Brasil e é brasileiro. 
Meus filhos nasceram nos EUA com pais brasileiros e são americanos. Afinal, tanto os EUA como o Brasil seguem a vertente de jus solis para concessão da nacionalidade. Isto é, se você nasceu nesses países, automaticamente terá a nacionalidade. 
Ao mesmo tempo, filhos de americanos e brasileiros nascidos no exterior mantêm o direito à cidadania. 
Por este motivo, meus filhos têm também a cidadania brasileira mesmo sendo de Nova York. 
Seria a aplicação do jus sanguinis, ou direito por sangue à nacionalidade.
Algumas nações, no entanto, aplicam apenas o jus sanguinis na quase totalidade dos casos, ignorando o jus solis. É o que ocorre no Líbano. 
Eu, que sou neto de libaneses, tenho o direito à cidadania libanesa mesmo sendo de São Paulo. 
Uma pessoa de origem palestina da minha idade nascida em Beirute não tem o direito a ser cidadão libanês, a não ser em raros casos
O que se aplica a mim também vale para milhões de brasileiros que são descendentes de libaneses, independentemente da religião. No meu caso, até estive várias vezes no Líbano.  
Mas alguns descendentes no Brasil jamais pisaram em Beirute e ainda assim têm mais direitos do que um refugiado palestino que nasceu e cresceu em Sídon, Trípoli ou na capital libanesa
Isso porque seus antepassados nasceram do outro lado de uma fronteira artificial criada por franceses e britânicos após o colapso do Império Otomano. Como o avô deles era de Haifa e não de Zahle, não são aceitos como cidadãos do Líbano. 
 
Estas pessoas de origem palestina ficam restringidas a viver em campos de refugiados e enfrentam restrições para trabalhar em uma série de profissões
 O argumento libanês para não conceder cidadania a esses palestinos nascidos no Líbano é de que, primeiro, isso afetaria a balança sectária libanesa, na qual o poder se divide entre cristãos de diversas denominações, xiitas, sunitas e drusos. 
Em segundo lugar, porque, na visão libanesa, essa é uma questão a ser resolvida entre Israel e Autoridade Nacional Palestina, pois esses refugiados têm origem no que hoje é território israelense.
 
Israel, por sua vez, concede a cidadania a qualquer pessoa nascida no país desde que um dos pais seja cidadão israelense. 
Isso não se aplica a palestinos nascidos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, que são controladas e ocupadas ilegalmente por Israel.  
Já judeus residentes nos assentamentos na mesma Cisjordânia são cidadãos israelenses. 
Filhos de israelenses nascidos no exterior e todos os judeus que imigrarem para Israel também têm o direito à cidadania. 
Mas cristãos e muçulmanos (e seus descendentes) nascidos em vilas palestinas que tenham sido expulsos ou deixado o que hoje é Israel em 1948 ou vivam sob ocupação na Cisjordânia e Faixa de Gaza não têm direito à cidadania israelense e tampouco a um Estado independente. 
 
Portanto, os palestinos no Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza (além dos na Síria e Egito) são, sim, refugiados porque não são cidadãos dos países ou territórios ocupados onde vivem.  
Caso houvesse uma Palestina independente ou eles virassem cidadãos libaneses, israelenses e sírios, a situação seria resolvida. 
Palestinos no Chile, por exemplo, são chilenos e não são considerados refugiados. 
Mais jus solis e menos jus sanguinis. Quem questiona a existência de refugiados palestinos deveria ver as leis de cidadania no Líbano, Israel e Síria.  
Se fosse como no Brasil, não haveria problemas. 
Filho de palestino, libanês ou israelense nascido no Rio é brasileiro. Assim que deveria ser.

Guga Chacra, colunista - O Globo

 

 


domingo, 17 de abril de 2022

Papa pede acesso 'livre' aos lugares sagrados de Jerusalém

 O pontífice também rezou por "paz para o Oriente Médio, devastado por anos de divisão e conflito"

O papa Francisco defendeu neste domingo (17) o acesso "livre" aos lugares sagrados de Jerusalém, onde nos últimos dias confrontos entre fiéis muçulmanos e forças israelenses deixaram dezenas de feridos na Esplanada das Mesquitas.

"Que os israelenses, os palestinos e todos os habitantes da Cidade Santa, juntamente com os peregrinos, possam experimentar a beleza da paz, viver em fraternidade e acessar livremente os Lugares Sagrados, respeitando mutuamente os direitos de cada um", disse o papa na tradicional bênção "Urbi et Orbi" do domingo de Páscoa, proferida da varanda da Basílica da Praça de São Pedro.

O pontífice também rezou por "paz para o Oriente Médio, devastado por anos de divisão e conflito".

Neste domingo, uma dúzia de pessoas ficaram feridas em tumultos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses em torno da Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, o terceiro lugar sagrado do Islã que já foi palco de violentos confrontos na sexta-feira.

Esses incidentes ocorrem quando a missa cristã da Páscoa é celebrada neste domingo, e as orações para Pessach, a Páscoa judaica, e para o mês muçulmano do Ramadã na Cidade Velha de Jerusalém, um centro às vezes conflituoso onde as três religiões monoteístas coincidem.

Mundo - Correio Braziliense


domingo, 10 de abril de 2022

FALA MAIS, LULA! - Augusto Nunes

 Revista Oeste

O dono do PT pode transformar-se no adversário que todo candidato pede a Deus 

Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Max Haack/Futura Press
Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Max Haack/Futura Press 

Divulgado no domingo, esse registro audiovisual inaugurou a constrangedora sequência de vídeos que se estenderia até esta sexta. Na segunda-feira, o candidato a uma terceira temporada na chefia do governo avisou que, de volta ao Planalto, mudará dramaticamente as relações exteriores. Usou como exemplo a guerra decorrente da invasão da Ucrânia por tropas russas. “Vou pedir pra vocês pra gente avisar pro Putin, avisar pro presidente da Ucrânia, avisar pro Biden, avisar pros presidentes dos países europeus: parem com essa guerra!”, caprichou na bravata durante outra discurseira para plateias amestradas.[Luladrão sempre foi um imbecil, só que antes era um imbecil interessante e enganava os incautos, agora é um imbecil ridículo que não convence a ninguém; quanto a que chamam de mulher dele, é apenas uma caloteira tentando fama de alguém que não está mais sob holofotes e foge das ruas e do contato com o povo.]

Sempre aos berros, explicou que o povo precisa de paz e quer nesta ordem emprego, salário, educação, cultura e vida. Morte o povo não quer. Em deferência ao espírito pacífico dos brasileiros, o orador informou que toparia até retomar um hábito nada recomendável que jura ter abandonado há 48 anos. “A última vez em que bebi mesmo foi quando o Brasil perdeu para a Holanda de 2 a 0 na Copa do Mundo de 1974”, garantiu numa entrevista publicada pela Folha em 14 de outubro de 2007. Pois agora se dispõe a acabar com o conflito nos confins da Europa com uma bebedeira de bom tamanho.

“Por tudo o que eu compreendo, que eu leio e que eu escuto”, caprichou na bazófia, “essa guerra seria resolvida aqui no Brasil numa mesa tomando cerveja”. E foi em frente: “Se não na primeira cerveja, na segunda. Se não desse na segunda, na terceira. Se não desse na terceira, até acabá as garrafa a gente iria fazer um acordo de paz”. Em oito anos na Presidência, por intrometer-se em confusões internacionais, Lula consolidou a política externa da canalhice. Nesta semana, virou parteiro da diplomacia de botequim. Se insistir em acabar com a guerra entre Israel e os palestinos, não escapará da cirrose.

Na terça-feira, no meio de um falatório na CUT, o pajé da esquerda nativa do País do Carnaval impressionou com outra ousada inovação especialistas no aliciamento, compra ou aluguel de parlamentares. Disso ele entende. “Existe no Congresso uma maioria de uns 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses”, afirmou em 1993. Dez anos mais tarde, instalado no gabinete presidencial, dedicou-se à ampliação da bancada da bandidagem. Com o Mensalão, comprou o apoio de uma multidão de congressistas. 

Na década seguinte, arrendou partidos inteiros com o dinheiro de empreiteiros envolvidos no assalto à Petrobras. Essas fórmulas caducaram, avisou o vídeo da terça. E de nada adiantam manifestações nas cercanias da Praça dos Três Poderes. Bem mais eficaz é a montagem de patrulhas incumbidas de cercar fisicamente a residência de deputados ou senadores recalcitrantes e pressionar os familiares do alvo, sobretudo mulheres e filhos. “A gente tem de incomodar os deputados”, incitou. Mesmo que ocupasse uma vaga na Câmara, o pai da ideia não estaria exposto a esse assédio criminoso. Lula nunca teve casa ou apartamento. Tudo pertenceu ou pertence a algum amigo dele.

Na quarta-feira, a figurinha carimbada da internet decidiu substituir Marilena Chauí no comando da guerra contra milhões de brasileiros que não são pobres nem ricos. “Nós temos uma classe média que ostenta um padrão de vida que em nenhum lugar do mundo a classe média ostenta”, decolou o palanque ambulante. “Na Europa, as pessoas são mais humildes. É uma pena que a gente num nasce e não tem uma aula ‘o que qui é necessário para sobrevivê’. Tem um limite que pode contentá qualquer ser humano. Eu quero uma casa, eu quero casá, eu quero ter um carro, eu quero uma televisão… Não precisa tê uma televisão em cada sala. Uma já tá boa.” Faz 40 anos que Lula tem mais de um televisor em cada endereço. Mas continua a incluir-se na classe média.

“Na medida em que você não impõe limite”, flutuou na estratosfera, “você faz com que as pessoas, sabe… compre um barco de US$ 400 milhões e outro barco pra pousar o helicóptero.” Quem compra barcos com tal preço está longe da classe média. É mais que rico. É bilionário. Frequentam o clube que tem como sócios, por exemplo, os empreiteiros que reduziram Lula a facilitador de negócios bandidos
Se tivesse juízo, o falastrão passaria o restante da semana ajoelhado no milho. Em vez disso, chapinhou na mesma quarta-feira no pântano das controvérsias de que todo político com juízo prefere manter distância: em outro vídeo, declarou-se favorável à liberação do aborto. No dia seguinte, teve de mudar de ideia. Reapareceu na internet para dizer que houve um mal-entendido. Ele é contra o aborto. [ele é tão contra o aborto que em 1990, Collor provou em debate realizado nas eleições presidenciais, que o Luladrão tentou promover um aborto.]
 
A continuar assim, algum ministro do Supremo Tribunal Federal não demorará a atribuir esse besteirol a marqueteiros infiltrados pelo atual presidente da República na cúpula da seita que vê num ladrão seu único deus. Aos olhos dos alexandresdemoraes e dos edsonsfachins, parece coisa de um gabinete do ódio audiovisual
Mas os humanos normais sabem que tudo saiu da cabeça baldia do chefão. 
O que já fez e disse ameaça transformar o ex-presidiário no adversário que todo candidato pede a Deus e ter os vídeos que anda protagonizando exibidos, com destaque e sem cortes, no horário eleitoral do presidente que disputa o segundo mandato. Pior: pelo andar da carruagem, os partidários de Jair Bolsonaro logo estarão gritando nas ruas e repetindo na internet uma palavra de ordem que ninguém previu: FALA MAIS, LULA!

Leia também “A esperança do convertido”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste 

 


quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Mahmoud Abbas sobre plano de paz de Trump: ‘Mil vezes não’ - VEJA - EFE


Presidente palestino afirma ser uma 'bobagem' a proposta, que retira 'direitos legítimos' da população árabe

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, rejeitou nesta terça-feira, 28, o plano de paz proposto pelo presidente americano, Donald Trump, ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, divulgado mais cedo na Casa Branca sob o título “Acordo do Século”.
“Depois dessa bobagem que escutamos hoje, nós respondemos mil vezes não ao Acordo do Século”, disse Abbas em uma conferência de imprensa na cidade de Ramala, na Cisjordânia. O presidente afirmou que os palestinos estão focados em acabar com a ocupação israelense e estabelecer um Estado soberano no qual Jerusalém será sua capital, não em reconhece-lo como legítimo.

[correta e esperada a reação da Autoridade Palestina;
o tal 'acordo do século', elaborado por Trump e Netanyahu, sem a participação dos palestinos, só agrada aos que o tramaram;
Trump está feliz já que além de satisfazer seu ego imenso, ainda o ajuda na batalha que já venceu, no processo de impeachment.
Já o premiê de Israel, é duplamente favorecido com o absurdo 'plano de paz'.
Em primeiro plano por: 
- o plano consolida a soberania do Estado hebreu sobre o território invadido dos palestinos, invadido por Israel; 
- reconhece a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã; 
-  cassa, de forma definitiva, a aspiração palestina de ter a cidade de Jerusalém, que sedia lugares sagrados para os palestinos, como sua capital, tornando-a de vez território israelense soberano; e,
- desmilitariza totalmente a Faixa de Gaza, que já é um campo de treinamento para as chamadas Forças de Defesa dos israelenses.
Em segundo, desvia o foco das acusações de corrupção contra o primeiro-ministro de Israel, realçando eventuais méritos e minimizando as sérias acusações contra Netanyahu.]
Representantes de todos os grupos palestinos, incluindo o Hamas, se reuniram com Abbas nesta terça-feira. “Nós não nos ajoelharemos e nem nos renderemos”, disse adicionando que os palestinos devem resistir ao plano com o recurso de “meios pacíficos e populares”. Em paralelo, protestos de palestinos surgiram nas proximidades de Israel e na Faixa de Gaza. Segundo a imprensa israelense, duas pessoas foram presas durante as manifestações.

Mais cedo, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, telefonou a Abbas para discutir sobre como confrontar o plano de paz. Na ligação, Abbas defendeu que a união é a “pedra angular” para derrotar o acordo que, segundo ele, elimina “direitos legítimos” dos palestinos. Haniyeh concordou que a unidade será o fator essencial e disse que o movimento está pronto para trabalhar ao lado do Fatah, partido de Abbas. Chamado de “Acordo do Século” por Trump e Netanyahu, o texto mantém a solução de dois Estados para a Palestina e Israel, aceito há anos pela comunidade internacional. Mas prevê que Jerusalém ficará sob domínio israelense, e a capital da nova nação árabe será nos arredores ao leste da cidade santa.

Outros pontos do acordo são o reconhecimento da soberania israelense pelos árabes, que não poderão reivindicar o território ocupado pelos judeus na Cisjordânia. Também está prevista a desmilitarização do Hamas e da Jihad Islâmica, que atuam na Faixa de Gaza. Em troca, o Estado palestino seria reconhecido internacionalmente e receberia um fundo de 50 bilhões de dólares para reestruturar o país, além da promessa de ganho territorial. As negociações não tiveram a participação de nenhum representante palestino. A Autoridade Palestina rompeu os vínculos diplomáticos com Washington após a transferência da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, em 2017.

Trump se diz o presidente americano mais pró-Israel que os Estados Unidos já elegeu. Durante sua gestão, apoiou por diversas vezes o Estado israelense, na contra-mão do consenso internacional quanto ao conflito com os árabes. Além de ter transferido a embaixada, ele reconheceu a soberania de Israel nas Colinas de Golã, território ocupado da Síria, e foi até homenageado com o seu nome para um assentamento no local.

VEJA - Com Agência EFE

 

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Os sete tiros de fuzil do presidente


A guerra das armas e das ideologias de um caçador de conflitos 


O presidente Jair Messias Bolsonaro quis fazer uma exibição de tiro de fuzil durante sua recente e polêmica visita a Israel. Segundo o ministro da Segurança daquele país, o hóspede de honra brasileiro “acertou no alvo sete tiros de longo alcance”. Não sei por que quis destacar que os disparos de Bolsonaro, que deram no alvo, foram sete. É um número, de fato, mágico desde tempos antigos, mas nunca foi um número de destruição e morte. Para Pitágoras, era o número perfeito. Roma foi edificada sobre sete colinas. Sete são as fases da lua, e sete os dias da semana.

Das sete maravilhas do mundo aos sete pecados capitais, dir-se-ia que esse número entranha um poder oculto. Também na Bíblia, o número sete domina os acontecimentos mais importantes da história de Israel. Deus descansa no sétimo dia depois de ter criado o mundo. O candelabro do templo tinha sete braços, e Salomão construiu o templo em sete anos. E sete são os selos do Apocalipse. Os sete tiros de fuzil de Bolsonaro em Israel, que atingiram o alvo a longa distância com precisão, podem ser vistos como símbolo da polêmica presidência do mandatário brasileiro. Se o presidente tivesse querido fazer honra ao bíblico número sete, poderia ter escolhido outros campos para prestigiá-lo, em vez do gesto bélico de disparar um fuzil sete vezes.
Sete poderiam ser outros tantos projetos do presidente para transformar o Brasil, para devolver-lhe vitalidade econômica e a ilusão de uma convivência pacífica que supere ódios e discórdias. Poderiam ter sido sete anúncios de outras tantas decisões capazes de entusiasmar um país encolhido e dilacerado após tantas frustrações com seus governantes. Poderia ter pedido em Israel, terra bíblica, um projeto para reunificar judeus e palestinos em um novo horizonte de diálogo e de paz, algo que desejam sobretudo as novas gerações de ambos os lados. Poderia naquele pedacinho de terra carregado de historia milenar ter soltado sete pombas da paz, em vez de disparar uma arma que evoca guerra e destruição.
O mundo dos símbolos é antigo como o Homo Sapiens. A Humanidade se comunica de muitas formas, das palavras e da escrita aos gestos da linguagem não-verbal. Bolsonaro, desde a época da campanha eleitoral, nos revelou a evidência de sua predileção pela linguagem explícita das armas. Já fazem parte da mitologia seus gestos com as mãos imitando os tiros de um revólver. Gesto que quis ensinar a uma menina de cinco anos, profanando sua mão ainda inocente.
Em sua emblemática visita a Israel, talvez não tenha sido apenas coincidência que o presidente brasileiro, nostálgico de ditaduras e torturas, quisesse, em vez de gestos de paz e de distensão mundial, em um pedaço do mundo que é um barril de pólvora sempre pronto a explodir, fazer uma exibição simbólica de sua grande pontaria militar. Esses disparos servirão para abrir um grande diálogo com todos os brasileiros que preferem a paz à batalha, ou o impedirão de ser presidente de todos para se limitar àqueles que, como ele, têm sonhos cheios de violência e vingança?
A significativa e polêmica viagem de Bolsonaro a Israel continuará tendo consequências em seu destino como presidente da República no Brasil. Enquanto os brasileiros condenavam [alguns brasileiros, felizmente uma minoria cuja tendencia é minguar cada vez mais.]  aqui a ditadura em seu 55º aniversário, o presidente se divertia em Israel em uma exibição de tiros de fuzil, sem que ninguém visse uma fugidia pomba de paz voar sobre sua cabeça.
A guerra, a das armas e das ideologias, é a grama que melhor parece crescer nesse jardim sombrio do capitão reformado caçador de conflitos. Em Jerusalém, antes de deixar Israel, o mandatário brasileiro quis deixar plantada uma nova espécie maligna. Afirmou, sem tremer a voz, que “o nazismo era de esquerda”. O Holocausto também? Bolsonaro e suas milícias do Governo, sempre em pé de guerra contra a evidência da História, passarão, e a realidade brasileira ressuscitará. Se o presidente alardeia ter adotado como lema as palavras do Evangelho de João: “A verdade vos libertará” (Jo 8,31ss), o que estamos vendo, ao contrário, é que a sua verdade, vendada e negada pela ideologia, o está deixando cego.

Demetrio Magnoli - O Globo