A gigantesca tarefa de evitar um golpe é, infelizmente, apenas uma. Há ainda a tarefa de solidariedade
A História não coloca problemas que as pessoas não possam resolver
[poderíamos nos estender com um longo, e tedioso, esquartejamento de cada frase da excelente matéria ora comentada, buscando refutar todo o seu conteúdo.
Preferimos fazer uma pergunta:
- pela prática de qual crime Fabrício Queiroz foi denunciado?
Ao que consta não foi apresentada nenhuma denúncia contra o ex-policial.
Quem tiver a resposta...
Devem ter esquecido de incluir no libelo contra Queiroz a acusação de simpatia pelo nazismo - afinal ele escolheu para se esconder uma cidade que abrigou Joseph Mengels e Gustav Franz Wagner, notórios nazistas.
Atibais foi a cidade escolhida pelo multicondenado Lula, para manter um sítio que diz não ser dele e que já lhe custou alguns anos de cadeia - que cumprirá, se e quando o Supremo permitir.]
Ironicamente, um governo machista que cultua armas pode descrever seu maior abalo com um poético símbolo fálico: um pênis do tamanho de um cometa. Foi assim que Fabrício Queiroz descrevia o futuro que esperava o grupo em torno de Bolsonaro. Ironicamente, Fabrício se escondeu no sítio de um amigo em Atibaia. E a operação que o encontrou foi denominada Operação Anjo, em homenagem ao advogado da família Bolsonaro, acusado, no passado, de bruxaria. O Brasil é um desafio para os romancistas. A tempestade perfeita acabou se abatendo sobre Bolsonaro: inquéritos sobre fake news e manifestações ilegais, militantes presos, deputados com sigilo bancário quebrado.
Estamos às vésperas de um novo desafio: uma profunda crise econômica e social. Onde Paulo Guedes vê um futuro brilhante, vejo suor e lágrimas, mais suor do que lágrimas, adaptando a famosa frase de Churchill aos trópicos. A gigantesca tarefa de evitar um golpe é, infelizmente, apenas uma. Há ainda a tarefa de solidariedade e construção da mínima rede social num país que se dissolve. Costumo dar como exemplo Paraisópolis. Imagino que sejam contra Bolsonaro, pois estive lá e vi como sofreram com a violência policial. Agora na crise, conseguiram uma ambulância, médicos, lugares para isolamento, criaram um sistema defensivo. Eles sabem que são tarefas do Estado, mas não podem esperar.
Fernando Gabeira, jornalista - O Globo