Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador PCR. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador PCR. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

'Match' Olímpico = ‘Totalmente imunizado’: paquera e pegação na Olimpíada pandêmica - camas de papelão são resistentes

Ao blog, voluntário conta como funcionam os 'matches' olímpicos e, contradizendo as especulações, garante: camas de papelão são resistentes  

Mais que de repente, usuários de aplicativo de paquera viram suas telinhas tomadas por uma grande leva de novos potenciais matches e crushes nessas últimas semanas. O motivo? O desembarque na capital japonesa de atletas, comitivas olímpicas e jornalistas do mundo inteiro — muitos deles à procura de um breve romance ou de, digamos, alívio às pressões dos Jogos de Tóquio. 

Na descrição dos perfis, já vem o alerta: “Estou aqui apenas pelo período dos Jogos”. Outros vão direto ao ponto: “medalhista olímpico”. Renata*, brasileira de 21 anos, que mora em Tóquio, me conta que ficou empolgada quando começou a ver perfis de atletas no aplicativo Bumble. Existe um fascínio pela posição de celebridades que ocupam hoje e também, claro, por seus corpos esculturais. Depois de algumas conversas com o pessoal que está dentro da Vila Olímpica, porém, a jovem diz que foi desanimando ao perceber que o interesse da maioria dos novos matches era por algo fugaz, ou, na terminologia dos aplicativos: ONS – one night stand (encontro de uma noite). A impossibilidade de sair em dates olímpicos em condições seguras também a deixou desestimulada. Não podemos esquecer que (ainda) estamos em meio a uma pandemia.

Renata é bastante cautelosa em relação aos protocolos sanitários e às restrições impostas às delegações. Não quer de forma alguma ser conivente com condutas irresponsáveis e estimular “rompimentos da bolha”, o que poderia colocar em risco a participação de uma delegação inteira. Ela já tomou a primeira dose da vacina e, mesmo quando estiver totalmente imunizada, vai seguir usando duas máscaras. Junto de itens como profissão, nacionalidade e hobbies, “totalmente imunizado(a)”, aliás, virou uma informação corriqueira nos perfis dos aplicativos. Tem gente que até coloca qual fabricante foi, como se menções à Pfizer ou à Moderna tivessem o potencial de gerar mais likes. 

Quando se está dentro da Vila Olímpica, o filtro vai além. Como a rotina de trabalho de todos os envolvidos nos Jogos inclui pelo menos um teste por dia, Rodrigo*, brasileiro, 28 anos, pergunta qual foi o último resultado de PCR de seu match e se a pessoa teve contato com alguém contaminado pelo vírus. Voluntário dos Jogos, sua preocupação é grande já que tem consciência de que pode transmitir o vírus mesmo já tendo entrado na categoria de “totalmente vacinado” antes do início do evento

Com as devidas precauções, Rodrigo diz estar conhecendo muita gente — às vezes, só para um papo, outras, para algo a mais. Com a concentração de tanta gente bonita e interessante, somada à tensão da competição, diz que a pegação rola solta, confirmando aquilo que a gente já imagina do clima da Vila Olímpica. Instalado na baía de Tóquio, o complexo tem muitos cantinhos que abrigam encontros rápidos, como banheiros e até um barco, que fica num ponto cego, sem monitoramento. E, contradizendo as especulações, o voluntário diz que as camas de papelão são resistentes e aguentam firme a ação de um casal mais entusiasmado. 

Sobre as 160.000 camisinhas distribuídas na Vila sob o apelo para que fossem usadas somente depois dos Jogos, o voluntário não deixa dúvidas: “são os itens mais raros desta Olimpíada”. 

*Foram usados nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados 

Piti Koshimura mora em Tóquio, é autora do blog e podcast Peach no Japão e curadora da Momonoki, plataforma de cursos sobre o universo japonês. Amante de arquitetura e exploradora de becos escondidos, encontra suas inspirações nos elementos mundanos. (@peachnojapao | @momonoki_jp)

VEJA - Janela para Tóquio 

 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Falha de governo - Carlos Alberto Sardenberg

O Ministério da Saúde comprou 23,5 milhões de testes para Covid-19. Recebeu 15,9 milhões e distribuiu aos laboratórios estaduais 8,8 milhões, tudo em números arredondados.

[ATUALIZANDO: os testes covid-19, cujo  vencimento a partir de janeiro 2021 é objeto do desejo de muitos,  PODEM TER A VALIDADE PRORROGADA POR UM (01) ANO,- dezembro 2021 -  conforme informação do fabricante que já ingressou com o competente pedido de prorrogação junto à ANVISA.]

Logo, tem uma sobra, de posse do Ministério da Saúde, de 14,7 milhões,(os 23,5 milhões comprados menos os 8,8 milhões enviados para os estados). Dessa sobra, mais ou menos a metade está estocada no aeroporto de Guarulhos. A outra metade, comprada da Fiocruz/Biomanguinhos, não foi entregue pela simples e boa razão de que há testes prontos e não utilizados. Dos estocados, 6,7 milhões, quase todos, têm prazo de validade vencendo em dezembro agora e janeiro de 2021. Finalmente, foram efetivamente realizados 7,3 milhões de testes até 22 de novembro. Ou seja, há mais testes estocados do que utilizados - [que poderão ser utilizados até dezembro 2021/janeiro 2022.].

Isso tudo no setor público. Já no setor privado, laboratórios e hospitais do Rio e São Paulo registram um aumento de 30% a 50% na demanda por testes. Mais efetivo, o PCR, sai por uns R$ 500 reais, caro, mas acessível com facilidade a quem pode pagar. Não falta. É só ligar e agendar. Paga na hora. Aceita cartão de débito e crédito.

Eis o ponto: quem não tem o dinheiro, fica na fila na da vacina do governo ou simplesmente desiste. Simples assim: o governo, com sua falha, gera mais desigualdade e mais injustiça. O Ministério da Saúde solicitou estudos da Organização Panamericana de Saúde [mais um cabide internacional de empregos = a prorrogação pode ser tratada diretamente entre o fabricante x MS x Anvisa.] para pleitear a prorrogação dos prazos de vencimentos dos testes estocados. E vai pedir essa ampliação à Anvisa.

Diz ainda o Ministério da Saúde que a culpa é dos governos estaduais e prefeituras, que não solicitam os testes. Mas embora haja mais de 7 milhões de testes em estoque, o diretor de logística do ministério, Roberto Ferreira Dias, afirmou que a pasta possui apenas cerca de 600 mil kits para fazer a análise dos resultados. Ou seja, tem 7 milhões de kits para recolher o material e apenas 600 mil para análise. Então, o disponível, na verdade, é de apenas 600 mil testes completos.

Tem outra falha de governo em andamento. As vacinas estão quase aí. Várias concluindo a última fase de testes e já preparando pedidos de registro de emergência. Governos no mundo inteiro já estão comprando vacinas – na verdade, comprando o direito, a prioridade de adquirir as vacinas e preparando os complexos planos de vacinação. [com todos os pedidos de vênia cabíveis, lembramos que enquanto não for definida qual vacina, entre as existentes, será adquirida, o único planejamento que pode ser feito é dos grupos que terão prioridade e da quantidade a ser adquirida = informação que o governo já tem, devendo ser considerada,  em ordem decrescente de prioridade =  PESSOAL DA SAÚDE, da SEGURANÇA, GRUPOS DE RISCO. 

Vai que o governo faz o planejamento dando prioridade para a genérica chinesa - que pode ser transportada/armazenada a +10º - ocorre uma zebra e tem que comprar a Pfizer que necessita de -70º.]

O governo brasileiro? Está pensando no caso.

É evidente, também aqui, que laboratórios e hospitais privados vão adquirir as vacinas. De novo, quem puder pagar, sai na frente. Ou seja, o governo deixa os mais pobres para trás.

Correção

Na coluna da semana passada, escrevemos:

“A Lava Jato também perdeu. Não se viu nenhum grande portador de votos defendendo fortemente a força-tarefa. Isso foi ruim. Deu mais espaço para o pessoal que está tentando abafar a operação, grupo que inclui ministros do Judiciário, parlamentares do Centrão e da esquerda (para livrar Lula) e a turma de Bolsonaro (procurador Aras à frente).

Se essa turma dominar a cena política, o retrocesso é certo. Qual a alternativa? Primeiro, uma nova esquerda, sem corruptos. Não custa lembrar que o PSOL foi formado por parlamentares chocados quando ficou clara a corrupção na campanha de Lula. [desejar honestidade, limpeza, inteligência, realismo, não ser corrupta em uma esquerda = formada por pessoas que escolheram ser esquerdista? A quase totalidade das pessoas que fazem tal escolha tem, se muito, uma das qualidades elencadas - todas jamais.]

Se, além de limpa, for uma esquerda mais inteligente e realista em política econômica, melhor mas aí talvez seja pedir demais.”

Tem um erro grave aí, pelo qual peço desculpas. O PSOL não deixou o PT quando o marqueteiro Duda Mendonça confessou, em CPI, que recebera pagamento pela campanha de Lula em dólares, no exterior. Ficou marcada uma cena: o choro do deputado Chico Alencar.Tendo isso na memória, confundi a história. O pessoal que formou o PSOL só saiu do PT tempos depois, quando o então presidente Lula aprovou uma pequena reforma da previdência do setor público.

Mas é só ir ao site do PSOL para verificar que o partido se junta ao PT e ao Centrão no ataque feroz à Lava Jato. Tem mais: na plataforma econômica de Boulos surgiu a proposta de contratar mais funcionários públicos, numa prefeitura que tem um gasto enorme com pessoal e previdência. [se o eleitor paulistano escolher o locador de imóveis invadidos para prefeito, estará assinando que merece tudo de ruim que o aflige e mais um pouco.

Eleger o Covas, significa a certeza que terá prioridade na aquisição de urnas funerárias e criação de engarrafamentos.]

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista  - Coluna publicada em O Globo - Economia 26 de novembro de 2020