Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Moderna. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Moderna. Mostrar todas as postagens

domingo, 13 de março de 2022

O que documentos inéditos sobre a vacina da Pfizer revelam sobre seus riscos - Gazeta do Povo

Eli Vieira

“Como se tornou o padrão”, diz de forma resignada o juiz americano Mark T. Pittman em sua decisão de janeiro, “as partes não conseguiram concordar com uma agenda de produção [de documentos] mutuamente aceitável”. 
As partes são a Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA) e a organização sem fins lucrativos Profissionais da Saúde Pública e Médicos pela Transparência (PHMPT). A última forçou a primeira, via Lei de Acesso à Informação do país, a liberar documentos a respeito dos trâmites que levaram à aprovação da Comirnaty, vacina de mRNA da Pfizer-BioNTech. O processo começou em setembro de 2021.

Vacina da Pfizer
Vacina da Pfizer: documento traz informações inéditas| Foto: EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS

A FDA foi condenada pelo juiz a tornar públicas 300 mil páginas dos documentos, começando com a liberação imediata de 12 mil, seguida de 55 mil páginas por mês. Antes, em novembro, a agência havia proposto liberar os documentos no ritmo de 500 páginas por mês. Isso significa que a liberação completa levaria 55 anos ou mais. A justificativa para esse plano intergeracional é que somente dez funcionários cuidam dessa tarefa, e que já estavam ocupados com 400 outros pedidos de informação via lei de acesso à informação. É preciso, por exemplo, anonimizar pacientes nos documentos. Mas o juiz não se convenceu.

O juiz mandou que a ONG e a agência publiquem um relatório de progresso no dia 1º de abril. A primeira leva de 55 mil páginas foi liberada no dia 1º de março, perdendo atenção nas notícias para a situação na Ucrânia. A ONG reclamante selecionou 150 arquivos, equivalentes a 500 páginas (menos de 0,2% do total) e os disponibilizou em seu site.  A Gazeta do Povo traz abaixo uma seleção das informações contidas nesses documentos, com explicações e pontos de cautela.

BMJ x Facebook
Um documento traz informações previamente confidenciais de 191 locais em que foram realizados os estudos da vacina, e o pesquisador responsável por cada um.  
A grande maioria é nos Estados Unidos, mas também foram envolvidos África do Sul, Alemanha, Argentina, Turquia e inclusive o Brasil. Alguns pesquisadores ficaram responsáveis por mais de um centro. Por exemplo, a pesquisadora Laura Hammit, da Universidade Johns Hopkins, ficou com nove centros
No Brasil dois locais foram envolvidos: Cristiano Zerbini cuidou do estudo no CEPIC (Centro Paulista de Investigação Clínica e Serviços Médicos Ltda.), em São Paulo; e Edson Moreira da Fiocruz conduziu o estudo no Hospital Santo Antônio e Associação Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador.

Estão listados também quatro locais em que o estudo foi conduzido pela subcontratada Ventavia Research Group, de onde veio uma denúncia de más práticas de pesquisa pela ex-funcionária Brook Jackson publicada em novembro de 2021 na revista científica British Medical Journal (BMJ). Brook Jackson tem experiência de 18 anos em ensaios clínicos e tinha posição imediatamente abaixo de CEO na Ventavia, supervisionando a obediência da empresa às leis, regulamentos e protocolos científicos.

A publicação da BMJ foi rotulada no Facebook como “sem contexto” pela agência de checagem de fatos Lead Stories. Seguiu-se uma disputa pública entre a agência e a revista. Jackson no momento está processando a Ventavia e a Pfizer em um tribunal do Texas que liberou no mês passado um documento dos trâmites do processo.

A ex-auditora clínica alega ter observado diariamente “fabricação e falsificação de informações em amostras de sangue, sinais vitais, assinaturas e outros dados essenciais” do estudo local, acusa a Ventavia de ter incluído participantes ilegítimos, incluindo familiares, de ter mantido o imunizante em temperatura inadequada, entre outras más práticas. Importante lembrar que somente 2% dos locais de teste foram administrados pela Ventavia.

Engolir moeda, ser atingido por um raio: eventos adversos?
Particularmente interessante é o documento de título “Análise Cumulativa de Relatos de Eventos Adversos Pós-Autorização da [Comirnaty] recebidos até 28 de fevereiro de 2021”. As primeiras doses do imunizante foram autorizadas para armazenamento em 1º de dezembro de 2020, e para uso emergencial dez dias depois nos Estados Unidos. A aprovação completa veio quase um ano depois, em 21 de agosto de 2021. Portanto, os dados incluídos neste relatório vão até seis meses antes da aprovação completa da vacina da Pfizer.

A análise cumulativa foi produzida em resposta a uma requisição da FDA por um plano de farmacovigilância, como a introdução do documento mostra. Antes de discutir os resultados, é muito importante que fique clara a diferença entre evento adverso e efeito colateral.  
Evento adverso é quase literalmente qualquer coisa negativa que possa acontecer com um participante de um estudo clínico como o desenvolvimento da vacina.
 
Em um documento similar a respeito da segurança da vacina da Pfizer para crianças, disponível no site da FDA, é listado como evento adverso, por exemplo, o caso de uma criança que engoliu uma moeda (p. 45)
Já outro relatório a respeito da vacina de mRNA da concorrente Moderna lista como evento adverso sério o caso de uma pessoa idosa que foi atingida por um raio (p. 54). Ninguém em sã consciência pensaria que esses seriam efeitos de ter tomado as vacinas. A palavra efeito implica relação de causa e consequência.
 
Sabemos que a miocardite em homens jovens a uma taxa de 10 a 20 por 100 mil é um provável efeito da vacina da Pfizer. Mas isso é porque foram feitas mais investigações para ligar o evento adverso a este fator. 
É por cautela que os pesquisadores incluem todo tipo de evento adverso não só daqueles pacientes que receberam a vacina como também dos que não receberam e são do grupo controle (que não recebe nada) ou placebo (que recebe algo inócuo sem saber se é a vacina ou não). Inicialmente ao menos, os pesquisadores também não sabem quem recebeu a vacina ou não (a falta de anonimização de participantes foi um dos defeitos alegados por Brook Johnson no caso dos testes locais da Ventavia)
Além disso, ao coletar eventos adversos ativamente ou passivamente, os pesquisadores também não sabem se um evento adverso como, digamos, derrame cerebral é comparável ao caso de engolir moeda ou ser atingido por um raio, ou se é mais parecido com a miocardite masculina jovem.

Por isso, aqueles que estão usando a liberação desses documentos para alegar ou insinuar que todos os eventos adversos listados na análise cumulativa foram causados pela vacina da Pfizer estão fazendo desinformação, de forma consciente ou não.

Resultados da análise cumulativa até fevereiro de 2021
Ao atender ao pedido judicial por informação, a FDA removeu do relatório da análise cumulativa o número total de doses entregues ao redor do mundo (p. 6), mas informa que há 42 mil relatos de eventos adversos, 2% dos quais são mortes. A remoção das informações é feita com uma tarja cinza com um código em cor preta que vem da lei americana e significa que foi ocultada uma informação sensível. Pode ser sensível para o governo federal, ou uma informação comercialmente sensível para a fabricante da vacina.

Por exemplo, é ocultado o número de novos funcionários que a Pfizer contratou em tempo integral na época para lidar com os relatos de eventos adversos, que é informação privilegiada a respeito da empresa, assim como o número de funcionários que ela planejava contratar até junho de 2021. A FDA não existe para prejudicar comercialmente a Pfizer, mas para regular seu trabalho e monitorar a segurança de seus produtos. No entanto, a remoção da informação do número total de doses tem o efeito de dificultar o cálculo da incidência de cada tipo de evento adverso por dose.

Fica evidente a inadequação dos relatos de eventos adversos para fazer conclusões causais quando se analisa os 42 mil casos. Por exemplo, 71% dos relatos são a respeito de mulheres, contra 22% dos homens (o resto não tem informação de sexo). Isso não está de acordo com um dos efeitos adversos preocupantes mais bem conhecidos, que acontece mais em homens jovens. Uma hipótese que explica isso melhor é que as mulheres são mais propensas que os homens a buscar ajuda médica, são mais avessas a correr riscos. Isso exemplifica como os relatos têm ruídos de influências diversas que nada têm a ver com a real incidência de reais efeitos colaterais. No entanto, mais pessoas do grupo dos vacinados tiveram eventos adversos comparadas às do grupo placebo. A febre severa foi 14 vezes mais comum entre vacinados, por exemplo.

O tema central de muitos dos documentos liberados é justamente os efeitos adversos cobertos pela análise cumulativa de um ano atrás. Ela já está desatualizada. Temos análises envolvendo mais pessoas, com mais rigor. Uma delas, organizada por um consórcio de planos de saúde, foi publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA), com a primeira autoria de Nicola Klein, do Centro de Estudos de Vacinas do plano de saúde Kaiser Permanente. O estudo monitorou semanalmente os eventos adversos em 6,2 milhões de pacientes com duas doses cada até junho de 2021, ultrapassando a cobertura de tempo da análise cumulativa da Pfizer. Aproximadamente metade desses receberam a vacina da Pfizer, metade recebeu a vacina da Moderna, também de mRNA.

Os cientistas dos planos de saúde investigaram por teste estatístico se os eventos adversos observados nos vacinados estão acima dos níveis esperados. A inflamação do coração e em seu revestimento foi observada em 34 casos, 85% deles em homens jovens.  
Esse evento esteve acima do esperado para a população em geral, o que sabemos de outros estudos, pois essa inflamação, além de ser evento adverso, é também efeito colateral
Consistentemente com outros estudos, foi leve e passou rápido na maioria dos casos. Nenhum outro evento adverso esteve mais presente entre vacinados que na população em geral.

Mais informações liberadas por via judicial

Apesar de ser uma pequena fração do que está por vir nas 55 mil páginas de informações a serem liberadas mensalmente pela FDA a respeito da vacina da Pfizer/BioNTech, já há muita informação nos 150 arquivos liberados. A principal informação é a do relatório da análise cumulativa, em torno dos quais muitos outros arquivos orbitam, sendo dados brutos. Há mais coisa digna de menção neste comentário inicial.

Na defesa da Comirnaty, especialmente contra críticas exageradas, alguns podem ser tentados a alegar que o uso pretendido da vacina é o que ela está entregando agora: diminuir o risco de um quadro de covid mais grave. Os documentos mostram que isso não é verdade e a vacina foi apresentada à FDA como “imunização ativa para prevenir a doença de coronavírus 2019 (COVID-19)”. Prevenir a doença é diferente de prevenir um pior quadro dela.

Os documentos mostram que a Pfizer já sabia, através dos modelos animais, que mais doses intensificavam efeitos adversos: “A incidência e severidade das reações foi maior depois da segunda ou terceira injeções comparadas à primeira injeção. A maioria dos animais tiveram um edema muito tênue depois da primeira dose. Depois da segunda ou terceira dose, a severidade do edema aumentou para grau moderado ou, raramente, severo.” Também é revelado que a fabricante sabia do rápido decaimento da proteção vacinal.

É confirmado pelos arquivos que o imunizante não fica no local da aplicação e se espalha pelo corpo, como já havia sido sugerido pela Agência Europeia de Medicamentos e por um relatório japonês que vazou. As nanopartículas de mRNA são encontradas em pequenas quantidades nos ovários, no baço e 16% ficam no fígado após 48 horas da injeção.

Estamos só no começo da jornada de saber o que houve nos bastidores da FDA quando a Pfizer fez seu pedido de licença para a vacina Comirnaty. Porém, como no caso do relatório da análise cumulativa de eventos adversos, muita cautela deve ser usada na hora da interpretação da novidade das informações. Circular uma lista de mais de mil eventos adversos listados no relatório como se fossem todos conhecidos como efeitos colaterais é, de fato, desinformação.

Eli Vieira, colunista - Gazeta do Povo - Ideias 


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

É assim que as coisas mudam - Revista Oeste

Ana Paula Henkel

Os casos dos esportistas Aaron Rodgers e Novak Djokovic revelam um pouco da loucura criada por fanáticos pela vacinação 

Há algumas semanas, escrevi aqui em Oeste um artigo sobre algumas vozes da liberdade que despertaram dentro da NBA contra a obrigatoriedade da vacinação contra a covid. Jonathan Isaac, jogador do Orlando Magic, emergiu como um convincente defensor dos sagrados princípios da liberdade, do bom senso e da decência cívica tão presentes no DNA da América.
O tenista sérvio Novak Djokovic
O tenista sérvio Novak Djokovic

Isaac se levantou contra o passaporte vacinal obrigatório, como uma voz da razão contra a mídia e o establishment, que desprezam e rotulam os não vacinados como anticientíficos. E outros jogadores da liga de basquete profissional dos EUA, como Draymond Green, do Golden State Warriors, e Kyrie Irving, do Brooklyn Nets, também decidiram levantar a voz. Seguiram o movimento contra o linchamento virtual de quem não sucumbe às turbas ideológicas que querem silenciar aqueles que ousam questionar o sistema e suas marionetes.

Bolsonaro afirma que Anvisa virou um ‘outro poder’ e ‘dona da verdade’ Críticas do presidente ocorrem após a Anvisa liberar a aplicação da vacina pediátrica da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos  Revista Oeste

Desfazer
Há poucas semanas, o movimento tomou jogadores da NFL, a liga profissional de futebol americano, e revelou o “capitão desse time”: o quarterback do Green Bay Packers, Aaron Rodgers. Rodgers contraiu a covid em outubro do ano passado e, em novembro, durante uma coletiva que segue a cartilha autoritária de organizações, políticos tiranos e grande parte da imprensa, ele foi questionado por jornalistas se havia se vacinado. Aaron disse que “já estava imunizado”, referindo-se à imunidade natural de quem passou pela doença. Foi cancelado por nove entre dez veículos de imprensa.

Linchamento virtual

Em uma recente entrevista, Rodgers criticou a mídia por inflar o linchamento virtual de seu nome. Fez questão de dizer que ficaria feliz em detalhar suas ideias se alguém lhe pedisse para explicar o que ele quis dizer quando falou que estava imunizado. 
Ele então acrescentou que era alérgico a alguns dos ingredientes das vacinas Pfizer e Moderna e que optou por não tomar a vacina da Johnson devido a alguns de seus efeitos colaterais: “Eu não sou um antivacina, nem terraplanista… Eu tenho uma alergia a um ingrediente que está nas vacinas de mRNA. Encontrei um protocolo de imunização de longo prazo para me proteger e estou muito orgulhoso da pesquisa que fiz sobre nisso”.

Rodgers também citou preocupações sobre o potencial de se tornar infértil com as vacinas, como alguns estudos preliminares e ainda em andamento apontam. Diante do contínuo bombardeio e do linchamento virtual, principalmente depois de suas declarações de que havia se tratado com ivermectina, um dos melhores quarterbacks da história mostrou a coragem que falta a tantos homens e mulheres hoje em dia e disparou o que pode ser a síntese dos últimos dois anos: “Se a ciência não pode ser questionada, então não é ciência mais, é propaganda”.

Campos de isolamento
O esporte esculpe a coragem como poucos caminhos. E nesta semana, outro personagem esportivo mostrou que entende a máxima aristotélica de que a coragem é a virtude que vem antes de todas as outras. O sérvio Novak Djokovic construiu uma carreira indiscutível como um dos maiores jogadores de tênis de todos os tempos — um dínamo resiliente que possui recordes de vitórias ao longo da vida sobre Roger Federer e Rafael Nadal, e que permanece com esses dois jogadores como os únicos homens a vencer 20 grandes torneios de títulos individuais. Caráter forjado no testemunho de uma guerra, Djokovic demonstrou nesta semana uma perseverança além de suas capacidades atléticas.

Na última semana, a notícia que correu o mundo esportivo envolveu o tenista e o Aberto da Austrália de 2022, um torneio que o sérvio, de 34 anos, venceu no ano passado. Presumia-se que ele começaria a jogar no final deste mês. Mas os oficiais do Aberto o informaram que ele havia recebido uma isenção vacinal para jogar o torneio, que pedia a apresentação de uma prova da picada.

Com a isenção aceita pelos oficiais do campeonato, Djokovic embarcou para a Austrália. Porém, ter permissão para jogar o torneio foi uma coisa. Ter permissão para cruzar a fronteira australiana foi, aparentemente, outra. A notícia da isenção de Djokovic irritou autoridades australianas, país que enfrenta restrições rígidas, como exigências de vacinas para entrar no país, campos de total isolamento para quem testa positivo para a doença e monitoramento geográfico dos cidadãos através do celular.

Enquanto Djokovic voava para o continente, os líderes políticos australianos se comprometeram a examinar o assunto. Na quarta-feira, a entrada de Djokovic na Austrália foi barrada no Aeroporto de Melbourne, e seu visto, cancelado. Os representantes do tenista, que acreditam que o jogador está sendo tolhido por motivos políticos, apelaram imediatamente para os tribunais superiores. Mas, até o momento, o atual campeão do Aberto da Austrália está confinado em um quarto de hotel simples para exilados e refugiados. Nesse quarto, ele permanecerá até a audiência sobre seu recurso de cancelamento do visto, que deve ocorrer na segunda-feira. Policiais vigiam o campeão 24 horas por dia.

Orgulho do mundo livre
Djokovic não é o único cético em relação à vacina. Segundo Associação de Tênis Profissional (ATP), apenas 65% dos tenistas teriam completado o ciclo total de vacinação. Nomes como Daniil Medvedev, número 2 do mundo, e Stefanos Tsitsipas, número 4, também pensam como Djokovic e não estariam seguros sobre a substância que ainda está em desenvolvimento. Uma fonte da Federação Australiana de Tênis chegou a afirmar que Djokovic havia sido alvo das autoridades australianas por causa de seu perfil influenciador nas redes sociais e de seus incômodos questionamentos. A fonte também afirma que outros jogadores já haviam entrado na Austrália com a mesma isenção que o sérvio apresentou.

Você pode ser preso hoje ou amanhã, mas a verdade sempre encontra seu caminho

A decisão das autoridades australianas de cancelar o visto de Djokovic atraiu a ira do presidente sérvio, Aleksandar Vucic. Ele postou no Instagram, após falar com Djokovic por telefone: “Eu disse a nosso Novak que toda a Sérvia está com ele e que nossas autoridades estão fazendo de tudo para que a perseguição ao melhor jogador de tênis do mundo termine imediatamente. De acordo com todas as normas do Direito internacional público, a Sérvia lutará por Novak Djokovic, pela justiça e pela verdade”, afirmou o líder sérvio.

Srdjan Djokovic, pai do tenista, quebrou o silêncio na última quinta-feira e disse que o “filho está em um cativeiro nesta noite, mas que nunca esteve tão livre”. Srdjan também declarou que a decisão do governo australiano é uma afronta aos sérvios: Somos um povo europeu orgulhoso. Ao longo da história, nunca atacamos ninguém, apenas nos defendemos. É isso que Novak, o orgulho do mundo livre, está fazendo agora com seu comportamento. Você pode ser preso hoje ou amanhã, mas a verdade sempre encontra seu caminho. Novak luta pela igualdade de todas as pessoas do planeta, não importa a que Deus orem nem quanto dinheiro tenham. O mundo rico pode até não permitir que meu filho continue jogando tênis, mas vai revelar sua verdadeira face, e um jogo muito mais sério terá início. De um lado, haverá membros gananciosos e arrogantes da oligarquia mundial, e, de outro, um mundo libertário e orgulhoso que ainda acredita na justiça e na verdade”.

Cerceamento proposital das liberdades
Djokovic, Isaac, Irving e Rodgers não são atletas comuns. Suas carreiras mostram isso. Mas seus espíritos vão além e fazem questão de mostrar no que acreditam, fazem questão de levar seus ideais adiante até o fim. Isso é, na verdade, a grande espinha dorsal do esporte sério. Um de seus pilares genéticos. Não importa quão feroz seja a oposição a seus ideais, eles podem ir além de conquistas esportivas. A escolha de defender uma decisão até o fim, baseada em princípios honrosos que lapidaram os pilares da civilização ocidental, parece estar assumindo contornos de uma guerra política contra a narrativa única, ignorante e intolerante que nos foi oferecida até agora.

São tantos os desmandos perpetrados diariamente por aqueles que deveriam estar zelando por esses pilares da liberdade no Brasil e no mundo. Os tiranos e homens envoltos com o manto do mal da História não nasceram do dia para a noite. Eles se alimentaram e cresceram do apoio de insanos e néscios que foram jogados em suas covas. No entanto, eles só se fortificaram de maneira sólida através do silêncio de muitos que poderiam ter exposto suas atrocidades.

Há um filme produzido em 2020, The Courier, que retrata a história real de um empresário britânico, Greville Wynne, que ajudou o MI6, a agência britânica de Inteligência, a penetrar no programa nuclear soviético durante a Guerra Fria. Wynne e sua fonte no governo soviético, Oleg Penkovsky, forneceram aos americanos informações cruciais que encerrariam a crise dos mísseis cubanos na administração de John F. Kennedy na Casa Branca.

Em uma cena rápida, porém de grande preciosidade, Wynne e Penkovsky conversam acerca da excepcionalidade do que estão dispostos fazer: avisar os americanos sobre os detalhes de todo o esquema dos mísseis soviéticos em Cuba. Sentados à mesa em um falso almoço de negócios, eles conversam sobre os grandes riscos do trabalho de espionagem e a esperança de evitar uma possível tragédia nuclear. Penkovsky, então, diz ao britânico: “Talvez sejamos apenas duas pessoas. Mas é assim que as coisas mudam”.

A pandemia histórica que vivemos não trouxe apenas mortes, pânico e muita desinformação ao árido terreno do desconhecido. Trouxe também o cerceamento proposital de liberdades cruciais em virtude do controle social e o enforcamento de direitos individuais invioláveis protegidos por leis. Em tempos de pura escassez de líderes mundiais inspiradores, é preciso resgatar os bravos exemplos não apenas de liderança, mas de resiliência, estratégia e inteligência emocional à nossa volta.

Djokovic, Isaac, Irving e Rodgers já são mais do que duas pessoas. O que estamos esperando?

Leia também: “Atletas não vacinados são impedidos de participar de torneio na Austrália, diz premiê”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

'Match' Olímpico = ‘Totalmente imunizado’: paquera e pegação na Olimpíada pandêmica - camas de papelão são resistentes

Ao blog, voluntário conta como funcionam os 'matches' olímpicos e, contradizendo as especulações, garante: camas de papelão são resistentes  

Mais que de repente, usuários de aplicativo de paquera viram suas telinhas tomadas por uma grande leva de novos potenciais matches e crushes nessas últimas semanas. O motivo? O desembarque na capital japonesa de atletas, comitivas olímpicas e jornalistas do mundo inteiro — muitos deles à procura de um breve romance ou de, digamos, alívio às pressões dos Jogos de Tóquio. 

Na descrição dos perfis, já vem o alerta: “Estou aqui apenas pelo período dos Jogos”. Outros vão direto ao ponto: “medalhista olímpico”. Renata*, brasileira de 21 anos, que mora em Tóquio, me conta que ficou empolgada quando começou a ver perfis de atletas no aplicativo Bumble. Existe um fascínio pela posição de celebridades que ocupam hoje e também, claro, por seus corpos esculturais. Depois de algumas conversas com o pessoal que está dentro da Vila Olímpica, porém, a jovem diz que foi desanimando ao perceber que o interesse da maioria dos novos matches era por algo fugaz, ou, na terminologia dos aplicativos: ONS – one night stand (encontro de uma noite). A impossibilidade de sair em dates olímpicos em condições seguras também a deixou desestimulada. Não podemos esquecer que (ainda) estamos em meio a uma pandemia.

Renata é bastante cautelosa em relação aos protocolos sanitários e às restrições impostas às delegações. Não quer de forma alguma ser conivente com condutas irresponsáveis e estimular “rompimentos da bolha”, o que poderia colocar em risco a participação de uma delegação inteira. Ela já tomou a primeira dose da vacina e, mesmo quando estiver totalmente imunizada, vai seguir usando duas máscaras. Junto de itens como profissão, nacionalidade e hobbies, “totalmente imunizado(a)”, aliás, virou uma informação corriqueira nos perfis dos aplicativos. Tem gente que até coloca qual fabricante foi, como se menções à Pfizer ou à Moderna tivessem o potencial de gerar mais likes. 

Quando se está dentro da Vila Olímpica, o filtro vai além. Como a rotina de trabalho de todos os envolvidos nos Jogos inclui pelo menos um teste por dia, Rodrigo*, brasileiro, 28 anos, pergunta qual foi o último resultado de PCR de seu match e se a pessoa teve contato com alguém contaminado pelo vírus. Voluntário dos Jogos, sua preocupação é grande já que tem consciência de que pode transmitir o vírus mesmo já tendo entrado na categoria de “totalmente vacinado” antes do início do evento

Com as devidas precauções, Rodrigo diz estar conhecendo muita gente — às vezes, só para um papo, outras, para algo a mais. Com a concentração de tanta gente bonita e interessante, somada à tensão da competição, diz que a pegação rola solta, confirmando aquilo que a gente já imagina do clima da Vila Olímpica. Instalado na baía de Tóquio, o complexo tem muitos cantinhos que abrigam encontros rápidos, como banheiros e até um barco, que fica num ponto cego, sem monitoramento. E, contradizendo as especulações, o voluntário diz que as camas de papelão são resistentes e aguentam firme a ação de um casal mais entusiasmado. 

Sobre as 160.000 camisinhas distribuídas na Vila sob o apelo para que fossem usadas somente depois dos Jogos, o voluntário não deixa dúvidas: “são os itens mais raros desta Olimpíada”. 

*Foram usados nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados 

Piti Koshimura mora em Tóquio, é autora do blog e podcast Peach no Japão e curadora da Momonoki, plataforma de cursos sobre o universo japonês. Amante de arquitetura e exploradora de becos escondidos, encontra suas inspirações nos elementos mundanos. (@peachnojapao | @momonoki_jp)

VEJA - Janela para Tóquio 

 

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Aposta equivocada - Folha de S. Paulo

Quebrar patentes de vacinas não tornará mais célere a imunização no país

Se não há dúvidas quanto ao imperativo da imunização célere contra a Covid-19, a quebra de patentes das vacinas não se mostra, no entanto, uma aposta acertada. Após um vaivém na pauta, a proposta de rompimento temporário da garantia de exploração comercial exclusiva das farmacêuticas foi aprovada pelo Senado. O próximo passo se dará na Câmara.

Ocorre que uma eventual quebra de patentes não garante os ingredientes, a expertise e, tampouco, os equipamentos e tecnologias necessários para produzir vacinas. De alta complexidade, os imunizantes desenvolvidos pela Pfizer e pela Moderna (ambas dos EUA) empresas centrais na discussão da quebra de patentes— usam um pedaço de material genético (RNA) do novo coronavírus para levar à resposta imune do organismo. São vacinas de última geração. Dificilmente poderiam ser reproduzidas, mesmo nos laboratórios mais sofisticados do mundo, sem a devida transferência de tecnologia.

No Brasil, as duas vacinas contra a Covid-19 em produção —a Coronavac e a Oxford/Astrazeneca— derivam de técnicas conhecidas há um certo tempo. A primeira usa o vírus inativado para levar à produção de anticorpos, mesma estratégia usada para fabricar as vacinas contra a gripe. Já a segunda se baseia em um adenovírus de chimpanzé capaz de infectar células humanas, mas que, como não forma novos vírus, impede que a infecção progrida.

Os dois produtos foram viabilizados por meio de acordos de transferência de tecnologia. O país, no entanto, ainda patina para acelerar a produção em massa. O processo de imunização também padece de falta de campanhas, de orientação e de acompanhamento do Ministério da Saúde. São iniciativas bem mais simples do que quebrar patentes. Como noticiou a Folha, mais de meio milhão de vacinados com a Coronavac no primeiro mês de imunização no país perdeu o prazo da segunda dose. E pelo menos 16,5 mil vacinados tomaram doses de fabricantes diferentes —o que é considerado um erro vacinal, comprometendo a imunização.

A própria sinalização de intenção de quebra de patente pelo governo federal pode paralisar negociações de compra de imunizantes em andamento. Mais importante é aumentar a capacidade de produção dos produtos já acordados e avançar em compras, além de investir em pesquisa científica.

Opinião - Folha de S. Paulo

 

 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Moderna, Pfizer, AstraZeneca e Janssen testarão vacinas em adolescentes - Diário da Vacina

Revista VEJA

Voluntários de 12 a 17 anos receberão os imunizantes e serão acompanhados para que pesquisadores saibam se os fármacos são eficientes para esta faixa etária

24 de janeiro: As campanhas de vacinação contra a Covid-19 em todo o mundo têm deixado para o fim da fila um público que representa cerca de 16% de toda a população mundial: os adolescentes. Longe de as farmacêuticas os considerarem blindados contra o novo coronavírus, o motivo de não estar previsto que recebam desde já as duas doses de imunizantes está baseado no fato de, no desenvolvimento das vacinas, não terem sido feitos estudos suficientes nessa faixa etária para saber se os antígenos são ou não capazes de lhes conferir proteção. Das vacinas já utilizadas de forma emergencial nesta pandemia, apenas a da americana Pfizer foi anunciada como segura para pacientes acima de 16 anos. A situação, no entanto, deve mudar. Para melhor.

Pelo menos quarto das gigantes do mundo farmacêutico – Moderna, Pfizer, AstraZeneca e Janssen – começaram ou estão prestes a iniciar estudos clínicos da vacina em crianças e adolescentes de 12 a 17 anos. A Pfizer e a Moderna começaram a recrutar os jovens voluntários no final do ano passado. A parceria entre a Universidade de Oxford e a empresa anglo-sueca AstraZeneca está planejando os testes iniciais nesta faixa etária para breve. A Janssen-Cilag, de cuja vacina sou voluntária desde novembro passado, pretende começar os testes clínicos em adolescentes de quatro a seis semanas após anunciarem a eficácia do imunizante em adultos. A expectativa é a de que o braço farmacêutico da Johnson & Johnson divulgue a potência e segurança de sua vacina de dose única em adultos nos próximos dias.

O anúncio de que as fabricantes de biofármacos pretendem voltar suas atenções também para os adolescentes terá impacto direto no abre e fecha de escolas e estabelecimentos de ensino durante a pandemia. E mais: apesar de essa faixa etária normalmente não sofrer de formas graves de Covid-19, os jovens são vetores de espalhamento do vírus para a população, incluindo para os grupos de risco. Vaciná-los será, portanto, mais uma ferramenta de controle da transmissão do novo coronavírus.

Os estudos clínicos da Pfizer, por exemplo, terão 2.000 voluntários entre 12 e 15 anos de idade. Os da Moderna contarão com 3.000 jovens de 12 a 17 anos. A ideia é que os participantes recebam a mesma dosagem de uma vacina anti-Covid (ou placebo) para adultos e sejam, na sequência, monitorados.

Na plataforma científica que registra ensaios científicos em andamento, a pesquisa da vacina de RNA mensageiro da Moderna em adolescentes, por exemplo, prevê a aplicação de uma dose de 100 microgramas no dia 1 e outra ampola no 29º dia. As conclusões da pesquisa estão previstas inicialmente para junho de 2022.

Diário da Vacina - Laryssa Borges - VEJA

 

 

O Plano B somos nós - Fernando Gabeira

In Blog

Vamos esperar que Bolsonaro se ilumine?

Para o Brasil escapar de tragédias maiores, precisa vacinar 150 milhões de pessoas no prazo mais rápido possível. O governo é incapaz de realizar esse plano de vacinação. Faltam vontade, competência e habilidade diplomática. Qual é a saída? Derrubar o governo não basta. É preciso também tentar, simultaneamente, salvar vidas, pois, cada vez mais, elas estão em jogo.

Se todos compreendessem a urgência dessa tarefa, veriam que, na realidade, podemos contar com o próprio esforço. Bolsonaro e Augusto Aras nos ameaçam com um golpe, é tudo que sabem fazer. São tão estúpidos que nem percebem o mundo que os envolve.

 [Tem coisas que só acontecem ou são sugeridas,  quando são contra o presidente Bolsonaro e que caso se tornassem  realidade,  o Brasil e os brasileiros seriam os prejudicados.
Decretar que derrubar o governo não basta é indicio que pretendem, ou pretenderam, derrubar. Perceberam que não vão conseguir e travestem o recuo em  conclusão. Quem iria derrubar? As tropas já estão sendo treinadas em Cuba?
As vacinas. O Brasil é o único país do mundo que para a vacinação contra a covid-19 ter efeito, é necessário vacinar e com urgência, quase 90% da população alvo.
Esquecem os arautos do pessimismo que essa urgência anti Bolsonaro não vai colar  - o Japão, nação que se destaca pela sensatez e respeito aos seus cidadãos, só começa a vacinação em fevereiro próximo.
Aqui, pelo atraso da vacinação, muitos inimigos do Brasil chegam a acusar o presidente de genocídio. Tais figuras, fossem cidadãos  japoneses estariam, no mínimo, propondo que o primeiro-ministro nipônico  fosse condenado a praticar o haraquiri. Afinal, Trump e Bolsonaro já receberam sugestão de se suicidarem.]

E é sobre o mundo que precisamos conversar. As relações internacionais não podem ser monopólio de um pequeno grupo de fanáticos. Precisamos, de todas maneiras, romper o isolamento do país e deixar dentro de suas linhas estreitas apenas o governo e seus seguidores.  Precisamos de vacina num momento em que não há abundância: grande parte já foi comprada pelos países ricos.

Percebo que os governadores se movem mas encontram dificuldades. Para um só estado, se colocar no mercado internacional é difícil. Mas talvez não seja tanto para um consórcio de estados. A Bahia e outros estados do Nordeste poderiam tentar fechar negócio com a Sputnik V.  
Não há autorização da Anvisa? Ela é muito parecida com a de Oxford, que já foi analisada. E já foi aprovada em muitos países.
A Argentina está capacitada a produzir a vacina Oxford-AstraZeneca. Vai exportar para a América do Sul, menos para o Brasil. 
Mas o Rio Grande do Sul não poderia estabelecer uma relação com o governo argentino e abrir uma exceção? 
Nesse movimento, poderia carregar também Santa Catarina.

O governo brasileiro proibiu empresas de comprar vacinas. Isso é inconstitucional. A obrigação do governo é fornecer vacinas gratuitas para todos e não se meter em iniciativas particulares. Um pool de empresas poderia negociar com a Pfizer, a Moderna e a Janssen, que está por vir, e, além de vacinar seus funcionários, doar grandes partidas para a sociedade. [sobre negociar com a Pfizer, sugerimos clicar aqui.]

Naturalmente que um plano nacional de vacinação é mais eficaz. Mas o governo não consegue comprar tudo. A iniciativa passa para quem tiver as vacinas nas mãos; ninguém conseguirá evitar que os trabalhadores da saúde a apliquem, ainda que sejam vistos pelos burocratas como desobedientes. É possível dizer que talvez seja tarde demais. A ineficácia do governo e seus preconceitos contra a China foram longe. Mas, ainda assim, é possível estabelecer um diálogo com a China fora do âmbito do governo.

O problema é que ficamos dependentes de China e Índia. Juntas elas têm quase 3 bilhões de habitantes. Só na primeira fase, a Índia quer vacinar 300 milhões. A China pretende vacinar 50 milhões até o Ano Novo Lunar, que cai em 14 de fevereiro. É muita demanda interna. [Índia com 1,3 bilhão de habitantes,quer na primeira fase vacinar pouco mais de 20%- o Brasil tem que vacinar, e correndo, quase 90%] Um movimento nacional pela vacina não seria mais apenas para pressionar Bolsonaro. Ele já é uma carta fora do baralho, na medida em que fracassou parcialmente na mais importante tarefa nacional.

A campanha publicitária pela vacinação já está sendo feita por artistas independentes. Se logramos, de alguma forma, negociar a vacina, talvez possamos romper com esse impasse doloroso. É possível argumentar que talvez seja tarde. O ideal era ter compreendido isso antes, mas seria difícil nos convencer quando o fracasso do governo ainda não era nítido. O vírus não vai embora. Pelo contrario, ele se adapta à realidade num ritmo mais rápido do que muitas cabeças humanas. Enquanto tivermos a pandemia, a vacina será a única saída estratégica. Não há escolha.

Vamos esperar que Bolsonaro se ilumine? 
Ou que Ernesto Araújo torne-se simpático ao governo chinês ou mesmo ao americano? Tanto na sua política internacional quanto nos conselhos cotidianos para romper o isolamento, ignorar máscaras, tomar hidroxicloroquina, eles nos levam à autodestruição. Diante da grande tarefa, o governo é incapaz. Somos o plano B, se a sociedade não ocupar também esse espaço, travaremos uma estéril batalha verbal. 
 
Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista  
 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Qual ano? - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

Há um sincero desejo de que as coisas melhorem, deixando infortúnios para trás. Que assim seja

Um ano foi encerrado e outro se inicia sem que tenhamos ao certo uma linha divisória entre um e outro. Talvez por décadas seja esta uma experiência única, pois a sensação do não acabou ainda ou a pergunta de quando esse ano de 2020 vai terminar persistem. A humanidade foi severamente atingida por uma pandemia que segue ceifando vidas, as pessoas, acossadas, não sabem mais como responder. Algumas adotam a atitude de estar cansadas e decidem pela imprudência e pela doença, quiçá a morte, enquanto outras procuram se proteger. Vida e morte se entrelaçam de outra maneira, com esta última avançando.

Sinais de vida são fortalecidos mediante uma frenética e, parece agora, bem-sucedida busca por vacinas. Num esforço global gigantesco, 12 meses foram suficientes para que novas formas de combate à covid-19 fossem descobertas. [é isto que assusta; as vacinas contra a covid-19 são desenvolvidas quase que no improviso - medicamentos maravilhosos foram desenvolvidos muitas vezes por consequência do acaso, as vezes até de um erro - a penicilina, um dos melhores antibióticos, foi descoberta em função do surgimento de um 'mofo',  que não era previsto, nem buscado.
Mas, não podemos olvidar que um tempo inferior a um semestre, pode ser muito pouco para descobrir uma contra indicação, efeitos colaterais negativos  e ainda não se sabe qual o período de eficácia dos imunizantes e por aí vai. 
Aqui no Prontidão Total a maior parte - somos na maioria, antigos - colhemos beneficios fantásticos das vacinas,mas uma de desenvolvimento mais rápido, a do sarampo, levou quatro anos... . Nos tempos atuais tudo é rápido, só que a natureza tem seu tempo, que não se destaca pela pressa.]    Sinais de morte também encontraram o seu caminho, com governantes irresponsáveis menosprezando a doença, deixando as pessoas morrerem aos milhares. A irresponsabilidade do governo Bolsonaro é gritante, com 200 mil pessoas nos abandonando definitivamente. Nem numa guerra morrem tantas pessoas e, contudo, nem combatentes temos. [de 1º janeiro 2020 a 15 de outubro, morreram no Brasil vitimas de problemas cardiovasculares pouco mais de 350.000 brasileiros. Em período equivalente de 2019 morreram mais 175.000 brasileiros e brasileiras de doenças respiratórias - tuberculose, enfermagem, a gripe tradicional.
O câncer, doenças do aparelho digestivo e muitas outras continuam e continuarão matando implacavelmente.
Infelizmente, muito provavelmente um castigo divino - para mostrar ao mundo,  que determinada prática ser permitida pela Constituição de um país,  autorizada por um colegiado de 'supremos' de outra nação, ter o aval de uma ONU ou similar, continua sendo pecado perante as leis de DEUS - o SUPREMO, o ABSOLUTO, o INFINITO, o TODO, o ETERNO.]

Zeram-se os impostos para importação de armas como se se tratasse de uma prioridade nacional, suponha-se, então, para dar uns tiros no coronavírus. Este, porém, não se deixa abater pelos discursos demagógicos. Quanto mais se atira nele dessa maneira, mais se espraia. No seu íntimo, deve estar rindo de nossos governantes. Os verdadeiros tiros, que seriam uma política responsável de combate à pandemia, encontram-se estranhamente ausentes.

O espetáculo nacional é deprimente! Cenas pelo mundo mostram pessoas sendo vacinadas, enquanto as estatísticas da morte em nosso país só aumentam. Um mínimo de bom senso ensejaria a pergunta: por que pessoas são lá vacinadas, enquanto aqui vivemos de uma verborragia de quinta categoria?

Lá fora, em países minimamente responsáveis, quase em outro planeta, e já se contam às dezenas, as campanhas de vacinação começaram. Não importa que seus governantes sejam de direita ou de esquerda, o que deve ser levado a sério é a vacina e as medidas de precaução no combate à doença. Dizendo uma obviedade: as pessoas lutam pela vida, não fazem encenações macabras, como se morrer por descaso fosse normal.

O presidente Bolsonaro, em seus dois anos de mandato, alinhou-se ao presidente Trump e ao primeiro-ministro Netanyahu. Ora, o que fizeram esses governantes? Lançaram grandes campanhas de vacinação, deram prioridade à vida, tudo fazendo para que as pessoas possam proteger sua saúde. Não lhes importou a origem das vacinas, contanto que deem resultados. Pessoas sendo vacinadas, governantes dando o exemplo, nenhum negacionismo! Será que o nosso presidente não poderia alinhar-se a essas políticas, seguindo-as?

Se continuarmos nesse diapasão, a única imunidade que vamos adquirir será a de rebanho, o que levaria pelo menos mais 12 meses. Será que é isso que merecemos, ser tratados como rebanho? Se isso persistir, talvez nos reste procurar uma sociedade de proteção dos animais!

A situação chega às raias do absurdo. O presidente Bolsonaro e o governador Doria polemizam sobre a eficácia de vacinas pelos meios de comunicação. A luta pela vacina tornou-se uma guerra publicitária, não de saúde! Nem um nem outro seguem os protocolos científicos. Para que se comprove a eficácia de uma vacina, há etapas a serem cumpridas, dentre as quais, ressalte-se, a divulgação do relatório de pesquisa com a conclusão de sua fase 3, a publicação dos resultados por uma revista cientificamente reconhecida, submetida a pares independentes, e a submissão de todos esses documentos a uma agência reguladora.

Foi o feito pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna, a partir do que, com segurança, começaram as aplicações. Aqui, no Brasil, a vacina da Sinovac/Butantan não cumpriu ainda esses procedimentos, no entanto, o começo de uma campanha de vacinação já foi anunciado! Na verdade, só tivemos anúncios sendo sistematicamente postergados. [nenhum dos procedimentos para glamorizar a vacina chinesa, Sinovac/Butantan, foi promovido ou apoiado pelo Governo Federal. A campanha de vacinação a ser iniciada contará com vacinas a cargo, prioritariamente, da Fiocruz. Os inimigos do Brasil dizem que o Programa Nacional de Imunização não possui seringas nem agulhas, já estão disponíveis mais de 15.000.000 de tais insumos, mas do que suficientes para iniciar com folga o processo de vacinação.]  Melhor não fazer campanha publicitária nenhuma, pois essa já é suficientemente contraproducente! A AstraZeneca/Fiocruz, embora divulgue com maior rigor os seus resultados, apenas agora conseguiu a sua aprovação na agência inglesa, abrindo caminho para a sua aplicação, após erros metodológicos em sua terceira fase. [erros que foram percebidos e sanados e ser aprovada pela agência inglesa a coloca em patamar idêntico ao da Pfizer,Moderna - com facilidades derivadas de uma logística mais fácil.]  A Anvisa, até agora, não recebeu a documentação completa dessas respectivas pesquisas. Logo, evidentemente, não pode ser responsabilizada por nenhum atraso. O resto é campanha publicitária e luta política.

Em mudanças de ano, habitualmente desejamos um feliz ano novo, expressando com isto um sentimento de amor e de fraternidade.  
Uma esperança sempre se faz presente, mesmo em modos aparentemente formais. 
Há um sincero desejo de que as coisas melhorem, deixando eventuais infortúnios para trás. 
Que assim seja, e oremos, talvez sem muita confiança, para que nossos governantes tomem juízo! Está difícil...

Denis Lerrer Rosenfield, Professor de filosofia - O Estado de S. Paulo

 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Vacina de Oxford tem 'proteção de 100%' contra formas graves de covid-19, diz AstraZeneca - AFP

O grupo farmacêutico britânico AstraZeneca afirmou ter encontrado, após pesquisas adicionais, "a fórmula vencedora" para sua vacina contra covid-19 desenvolvida com a Universidade de Oxford, sobre a qual a agência reguladora britânica deve comentar nos próximos dias. Em entrevista ao jornal Sunday Times, o CEO da farmacêutica, Pascal Soriot, disse que o imunizante garantiu "proteção de 100%" contra formas graves de covid-19. As vacinas desenvolvidas por Pfizer/BioNTech e Moderna apresentaram eficácia de 95% e 94%, respectivamente.

"Acreditamos ter encontrado a fórmula vencedora e como alcançar uma eficácia que, com duas doses, é tão alta quanto as outras", declarou o CEO Pascal Soriot ao Sunday Times. Em resultados provisórios de ensaios clínicos em larga escala no Reino Unido e no Brasil, o laboratório britânico anunciou em novembro que sua vacina tinha uma eficácia média de 70%, em comparação com os índices de mais de 90% da Pfizer/BioNTech e Moderna.

Por trás desse resultado médio estão grandes diferenças entre dois protocolos diferentes. A eficácia da vacina AstraZeneca/Oxford é de 90% para voluntários que receberam primeiramente metade de uma dose, depois uma dose completa um mês depois; o índice cai para 62% no grupo vacinado com duas doses completas.

Esses resultados foram criticados porque houve um erro na injeção de meia dose, embora um grupo relativamente pequeno tenha seguido esse protocolo. A empresa anunciou posteriormente que sua vacina exigia "estudos adicionais".

A vacina Oxford/AstraZeneca é muito aguardada porque é relativamente barata e não precisa ser armazenada a temperaturas tão baixas quanto a Pfizer/BioNTech, por exemplo, que deve ser mantida a -70 graus. Isso facilita a vacinação em grande escala e em asilos. O Ministério da Saúde espera ter 100,4 milhões de doses do imunizante de Oxford, de um total geral de 258,4 milhões de doses de diferentes vacinas. O Reino Unido foi o primeiro país ocidental a começar a aplicar doses da vacina Pfizer/BioNTech, no início de dezembro. A segunda vacina Oxford/AstraZeneca é uma esperança para acabar com o aumento de casos atribuídos à nova variante do coronavírus. Diante dessa mutação, “pensamos por ora que a vacina deve continuar a ser eficaz”, disse Pascal Soriot. "Mas não podemos ter certeza, então faremos alguns testes."

Ele garantiu que novas versões da vacina estão sendo preparadas caso o imunizante não seja eficaz contra a nova cepa de covid-19. Soriot disse no entanto esperar que não precisem delas: "Você tem que estar preparado."

O governo do Reino Unido disse na quarta-feira que apresentou os dados completos da vacina Oxford/AstraZeneca ao órgão regulador do Reino Unido, o MHRA. Segundo a imprensa britânica, o órgão terá que se manifestar nos próximos dias, com o objetivo de começar a vacinação a partir de 4 de janeiro. /

AFP - Agência France Press


domingo, 13 de dezembro de 2020

O que (ainda) não sabemos sobre a vacina - Laryssa Borges

Diário da Vacina - VEJA

Aprendemos muito nas últimas semanas de pandemia, mas existem outras inúmeras perguntas por ora sem respostas

13 de dezembro, 8h03: Faltam pouco mais de 48 horas para eu retornar à clínica onde recebi, ainda em novembro, uma dose da vacina experimental da Janssen-Cilag. Na tarde de terça-feira serei submetida a novos testes de sangue para detectar se já desenvolvi anticorpos contra a Covid-19 ou se, para azar meu, nada mudou e corro o risco de ter tomado placebo. Como voluntária em uma pesquisa científica em busca de um imunizante contra o novo coronavírus, assumi compromissos com os cientistas, como deixar que coletem 52,5 mililitros de sangue (cerca de quatro colheres de sopa) e utilizem essas informações também para pesquisas genéticas futuras – todas relacionadas à Covid.

Aprendemos muito nas últimas semanas de pandemia, e vacinas já estão sendo aplicadas em pessoas no Reino Unido, Rússia, China e, em breve, nos Estados Unidos. Mas existem outras inúmeras perguntas que, por ora, estão sem respostas. Vamos a algumas delas:

  1. A proteção das vacinas: Quando um imunizante anuncia a taxa de eficácia (acima dos 90% nos casos da Sputnik V, Pfizer e Moderna), isso significa que os pesquisadores atingiram um número estatístico (chamei de número mágico no Diário) para mostrar que a vacina é segura e funciona, mas não se sabe por quanto tempo o antígeno garante a imunização. Muitas das pesquisas em busca de vacina se contentam em conseguir que o produto pelo menos diminua a gravidade da doença, e não necessariamente previna que a pessoa seja infectada pelo novo coronavírus.
  2. Idosos e indígenas:    ...........                                               Outro grupo alvo de atenção especial são os idosos e, neste ponto, mais dúvidas: a vacina do consórcio Oxford/AstraZeneca, por exemplo, não conseguiu atestar ainda se o imunizante que desenvolveu é eficaz em outro grupo, o dos idosos.
  3. Tempo de imunização:
  4. Transmissão por vacinados:
  5. Crianças e adolescentes: As vacinas experimentais cujas pesquisas estão em desenvolvimento no Brasil (Oxford, Janssen, CoronaVac e Pfizer) recrutaram voluntários a partir de 18 anos, mas crianças e adolescentes, que são importantes vetores da doença, ainda não foram alvo de estudos aprofundados.
  6. Grávidas: “Se você engravidar terá de interromper o estudo em busca da vacina”, me disse o pesquisador do ensaio da Janssen no dia que iria receber a minha dose do imunizante em teste. A razão da ressalva é porque não existem estudos suficientes que descartem riscos ao feto e tampouco se sabe
  7. Risco mínimo de a vacina agravar a doença: “Há uma pequena possibilidade de você apresentar um efeito adverso à vacina ou de a vacina agravar a sua doença, caso você contraia a Covid-19”. O alerta está no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, documento que reúne o passo a passo da jornada do voluntário, e existe porque em pesquisas científicas passadas não relacionadas à Covid-19 houve casos de vacinados que depois de infectados pelo organismo causador da doença tiveram piora no quadro clínico. Não se sabe se isso vai acontecer agora também.

 Blog Diário da Vacina - VEJA - MATÉRIA COMPLETA


 

sábado, 21 de novembro de 2020

Universidades - Se a lista é tríplice, Bolsonaro escolhe o reitor que quiser

Alexandre Garcia

A  economia brasileira está se recuperando
. Dados da Fundação Getúlio Vargas mostram que houve um crescimento de 7,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre. Não é uma alta elevada considerando que no segundo trimestre houve uma queda de mais de 9%. Mas de um trimestre para outro uma alta de 7,5% é um sinal de recuperação econômica — e de emprego, que vem junto.

Coronavac chegou
Em meio ao temor de uma segunda onda do coronavírus no Brasil, que já começou a ser alardeada por alarmistas de plantão, chegou ao país o primeiro lote da Coronavac, a vacina fabricada por um laboratório chinês em parceria com o Instituto Butantan de São Paulo.

A Coronavac é um imunizante considerado tradicional (que usa o vírus inativo) se comparada com as desenvolvidas pelos laboratórios Pfizer e Moderna. Essas estão utilizando o RNA do vírus para produzir a vacina. Até hoje, não temos nenhum imunizante do tipo genético nos calendários de vacinação. A liberação para distribuição e vacinação em massa vai depender da Anvisa. Esse é o órgão que vai fazer os testes de segurança e eficácia.

Escolha de reitor
A Ordem dos Advogados do Brasil entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para exigir que o presidente Jair Bolsonaro explique porque nomeou como reitor da Universidade Federal do Piauí o segundo colocado da lista tríplice. [o que move a OAB ingressando com ações estapafúrdias do tipo da em comento, é que a Ordem sente falta do protagonismo que teve no passado, da importância - esquecem que naqueles tempos a OAB tinha na presidência nomes que somavam e serviam à instituição e agora tem nomes que procuram se servir da OAB.]

Há um mês, o Supremo havia determinado, a pedido da OAB, que Bolsonaro deveria nomear o primeiro colocado nestas listas para reitorias das universidades federais. O ministro Edson Fachin, que é o relator do caso no STF, deu cinco dias para que Bolsonaro se explique. Eu acho que o presidente da República tem o direito de nomear quem ele quiser dentro de uma lista tríplice. Não tem sentido ter que nomear o primeiro, sendo que são três indicados e todos eles deveriam ter iguais oportunidades. [Volta ao palco a pergunta:  
- se tem que nomear o primeiro, que sentido há na lista ser tríplice?]

Fraude no azeite

"Óleo de soja extra virgem"
O Ministério da Agricultura proibiu a venda de nove marcas de azeite de oliva sob suspeita de fraude. Suspeita-se que o azeite dito importado da Europa era, na verdade, óleo de soja, lesando os consumidores.

Como não era azeite extra virgem, o valor era mais baixo e, portanto, fazia concorrência desleal para os excelentes azeites brasileiros. Fez muito bem o Ministério da Agricultura.
[informação inserida pelo Blog Prontidão Total:
"O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) proibiu a comercialização de nove marcas de azeite de oliva. O comunicado foi feito à Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). A proibição dos produtos se deve a uma investigação por fraude e declaração falsa de que o conteúdo seria de azeite de oliva extra virgem. Ao todo, nove marcas devem ser retiradas dos mercados.
As marcas sob investigação, que seriam rótulos fictícios, são: Casalberto, Conde de Torres, Donana (Premium), Flor de Espanha, La Valenciana, Porto Valência, Serra das Oliveiras, Serra de Montejunto e Torezani (Premium)."
Transcrito do Bem Paraná.]
 
Alexandre Garcia, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes 
 


quarta-feira, 22 de julho de 2020

EUA garantem para si duas das quatro vacinas em estágio mais avançado - VEJA - Economia

País investe US$ 2 bi para a compra de 100 milhões de doses da Pfizer; Trump também fez aportes bilionários em J&J, Moderna e AstraZeneca 

O filme Contágio, de Steven Soderbergh, apresenta um mundo tomado por um vírus desconhecido, altamente mutável e letal. Oriundo de morcegos e porcos residentes no sudeste asiático, o  patógeno começa a ser transmitido entre seres humanos de diversas partes do planeta. Depois de enfrentar uma pandemia que deixa milhões de mortos e aflora a desinformação e a desigualdade social no mundo, cientistas encontram a fórmula de uma vacina para a enfermidade e o cenário pós-apocalíptico dá lugar à esperança. O longa-metragem ficcional de 2011 traz um bom presságio do que vivenciaríamos em 2020 devido ao novo coronavírus, tendo a imunização como grande esperança. 

Com algumas das vacinas já em fases finais de testes, os Estados Unidos, nação mais afetada pela Covid-19, já se organizam para garantir que sejam o primeiro a contar com a imunização, e utilizam a prerrogativa de maior economia do mundo para investir pesado. Tanto que o país anunciou, na manhã desta quarta-feira 22, um  acordo avaliado em 1,95 bilhões de dólares com a farmacêutica Pfizer. O valor seria para a compra de 100 milhões de doses da vacina, que é desenvolvida em parceria com o laboratório alemão BioNTech. O volume comprado pelos EUA é a capacidade de produção inicial anunciada pela farmacêutica, caso os dois imunizadores que estão em estágio avançado sejam liberados pelas autoridades. Ou seja, a vacina chegará primeiro aos americanos.

Tão logo o coronavírus foi diagnosticado e seu conhecimento se tornou público pelo governo chinês, diversos órgãos governamentais e laboratórios farmacêuticos mundo afora se empenharam numa corrida para o desenvolvimento de uma vacina para o patógeno. Donald Trump, presidente dos EUA, não poupou esforços e reservas  para que as companhias apoiadas pelo país largassem na frente. O acordo com a Pfizer não é o primeiro, mas mostra o empenho dos Estados Unidos em ter a vacina antes de todos. Em maio, o governo americano anunciou que iria investir até 1,2 bilhão de dólares na AstraZeneca para que fosse descoberta uma solução para o vírus. Hoje, o laboratório britânico é um dos que estão mais avançados no busca pelo imunizador, que está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford. O volume de recursos também passa por aportes nas companhias americanas Moderna (483 milhões de dólares) e Johnson&Johnson (500 milhões de dólares). Mais recentemente, Trump anunciou um investimento avaliado em 1,6 bilhão de dólares no projeto do laboratório de biotecnologia Novavax. Todos os acordos envolvem a predileção da nação americana no recebimento da vacina.

No caso da nova empreitada, o acordo assinado com a Pfizer prevê a  a ampliação para até 600 milhões de doses da vacina. Dois imunizadores produzidos pela farmacêutica americana e pelo laboratório alemão encontram-se na fase de testagem em massa, a  última antes da distribuição para o público geral. Com esses aportes, Trump garante que o país, onde quase 4 milhões de pessoas foram infectadas e mais de 100 mil morreram, seja priorizado na corrida .da imunização. Acontece que a pandemia, como o nome próprio indica, é um problema global. A monopolização dos Estados Unidos nesse processo pode fazer com que outras nações prejudicadas, como o próprio Brasil, demorem mais a imunizar seus povos, o que levaria inevitavelmente a um sem-número de novas mortes em todo o planeta. 

Em VEJA - Economia - MATÉRIA COMPLETA