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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Fusão dos fundos previdenciários do DF permitirá economia de R$ 1 bi ao ano

Projeto que prevê fusão dos fundos de aposentadoria dos servidores passa pelas comissões temáticas da Câmara Legislativa e deve ir a plenário na próxima terça-feira. Governo estima uma economia de R$ 19,4 bilhões em 20 anos

O projeto que altera o sistema previdenciário de servidores da administração pública local está prestes a ser aprovado na Câmara Legislativa. A proposição que unifica os fundos do Distrito Federal e cria um regime complementar para contribuintes passou ontem pelo crivo das três comissões responsáveis pela análise. A matéria está pronta para a apreciação em plenário, prevista para a próxima terça-feira. A movimentação da base aliada é uma resposta aos anseios do Palácio do Buriti, que requisitou a tramitação em regime de urgência.

A justificativa está na ponta do lápis: o fundo financeiro, deficitário em R$ 3,4 bilhões, recebe uma média de 18 aposentadorias por dia, e o GDF não tem como continuar a retirar dinheiro da própria receita cerca de R$ 170 milhões por mês — para complementar os repasses aos aposentados que ingressaram no serviço público até o fim de 2006.

Como o fundo financeiro tem mais inativos do que ativos, a estimativa é de que, a cada dia, as despesas aumentem ainda mais. Com o intuito de diminuir o deficit e tirar as contas do vermelho, o Executivo local propôs unir esse caixa ao fundo capitalizado, cujo patrimônio projetado para 2017 chega a R$ 5,4 bilhões. São os recursos previstos para as aposentadorias dos funcionários concursados a partir de 2007.

Para se ter ideia da diferença das estimativas de arrecadação entre os dois caixas a longo prazo, segundo estudo da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, em 2035, o recolhimento do fundo capitalizado deve atingir a cifra de R$ 4,2 bilhões, enquanto o montante destinado a servidores antigos chegará a apenas R$ 914 milhões. Após a fusão, contudo, o GDF prevê o “equilíbrio financeiro”, além de economia de R$ 19,4 bilhões entre este ano e 2035 — média de R$ 1 bilhão por ano.

O projeto também prevê a submissão ao teto do INSS
(R$ 5.531,31) das aposentadorias dos servidores que ingressarem no funcionalismo após a sanção do texto. Quem quiser receber acima desse valor terá de contribuir com a previdência complementar. Atualmente, a União e 12 estados adotam o sistema.



Tumulto

Ao emplacar, no início do ano, aliados em todas as comissões da Câmara, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) garantiu que, apesar de eventuais pressões, até os projetos mais polêmicos passariam pelos colegiados sem dificuldades — esses efeitos ficaram evidentes na manhã de ontem. Em pouco mais de duas horas, o projeto que prevê a alteração do regime previdenciário recebeu o aval das Comissões de Economia, Orçamento e Finanças (Ceof); de Assuntos Sociais (CAS); e de Constituição e Justiça (CCJ).


Ainda que sob vaias de servidores públicos e sindicalistas presentes na Casa, o relator da matéria na Ceof e líder do governo no Legislativo local, Agaciel Maia (PR), não titubeou. “Precisamos aprovar o projeto para assegurar a entrada regular e permanente de recursos e, como consequência, a sustentabilidade do próprio regime previdenciário. A proposta de reestruturação também tem efeitos imediatos: afasta a possibilidade do parcelamento de remunerações”, argumentou.

O parlamentar do PR fez referência ao fato de, na semana passada, o governador ter apontado a aprovação do projeto na Câmara Legislativa como uma das saídas para não parcelar os salários de funcionários públicos que recebem mais de R$ 7,5 mil líquidos — o equivalente a 22% do funcionalismo do GDF.  A CAS adotou o mesmo posicionamento. Por unanimidade, os distritais aprovaram o parecer de Luzia de Paula (PSB). “A proposição prevê a criação de uma metodologia capaz de proteger a continuidade da prestação previdenciária aos servidores efetivos do DF”, defendeu a parlamentar.

Última a analisar a proposta, a CCJ apresentou um placar apertado: 3x2. Sob os olhares de integrantes do funcionalismo, Rodrigo Delmasso (Podemos) emitiu parecer favorável à admissibilidade do projeto e foi seguido por Israel Batista (PV) e Júlio Cesar (PRB). Votaram de forma contrária os distritais Celina Leão (PPS), da oposição, e Reginaldo Veras (PDT). O pedetista reprovou a reformulação devido à “intempestividade, insegurança jurídica e falta de garantias aos servidores”. Celina alegou que “o governo opta pelo caminho fácil: pegar o recurso que foi poupado pelo servidor”.

Conforme acordo do colégio de líderes, a proposição deve ir a plenário na próxima terça-feira. Para a aprovação são necessários, pelo menos, 13 votos favoráveis (maioria absoluta), em dois turnos.
Celeridade
Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Direta (Sindireta), o projeto passou pelas comissões de forma “atropelada”. “Certas votações aconteceram em menos de 10 minutos. Por que a pressa? Trata-se de um projeto que mudará a vida de milhares de pessoas. Deve haver um diálogo maior”, protestou.


A bancada petista também mostrou-se desfavorável à análise das três comissões em apenas uma manhã. Por isso, o distrital Wasny de Roure (PT) protocolou uma indicação para que o GDF retire a urgência do projeto de lei complementar que visa alterar o regime previdenciário dos servidores do DF. O governo, contudo, pontua que a proposta “atende aos princípios da solidariedade, do equilíbrio financeiro e racionalidade”.

Fonte: Correio Braziliense

 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Banco do Brasil gasta ao menos R$ 3 bilhões a mais com folha de ponto

Estatal nega demissões, mas técnicos admitem que salários e encargos minam a rentabilidade do banco e não descartam incentivo a aposentadorias

O Banco do Brasil (BB) gasta com a folha de pagamento pelo menos R$ 3 bilhões a mais que os concorrentes diretos. No primeiro semestre de 2016, a instituição financeira desembolsou R$ 9,3 bilhões para cobrir a remuneração dos empregados. No mesmo período, os salários dos funcionários, somados aos encargos e benefícios, custaram ao Bradesco R$ 6,5 bilhões, e ao Itaú Unibanco, R$ 5,8 bilhões. Essa diferença tem afetado a rentabilidade da estatal, segundo técnicos que preferiram o anonimato.

Apesar dos custos elevados, a instituição financeira afirmou que as mudanças em sua estrutura não preveem demissão de funcionários. Há rumores dentro do banco de que um programa de demissão voluntária (PDV) terá como objetivo reduzir o quadro de empregados em 18 mil pessoas. Segundo o BB, isso não está contemplado por ora.

Uma das opções para reduzir os gastos com a folha de 109,6 mil funcionários seria não preencher vagas daqueles que se aposentarem nos próximos anos. Também poderia haver incentivos à aposentadoria. Mas mesmo essas alternativas ainda estão em estudo. Essa medida, no entanto, tem que ser debatida também com a Previ, o fundo de pensão dos empregados do BB. O aumento do número de inativos afetaria o fluxo de desembolsos da entidade fechada de previdência complementar.

Mudanças
A reestruturação pela qual passa o BB tem por objetivo aumentar a rentabilidade da instituição, que gira hoje em torno de 7%, metade do índice observado pelos concorrentes diretos. A primeira mudança feita pela gestão de Paulo Rogério Caffarelli foi nas diretorias. Das 27 existentes, duas foram extintas: a de Crédito Imobiliário (Dimob) e a de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas (Diref), que ficará com a recém-criada diretoria de Governança de Entidades Ligadas.

Perderam os cargos 10 diretores e outros cinco mudaram de área. A Diretoria de Estratégia da Marca foi dividida em Estratégia e Organização e Marketing e Comunicação. Mesmo com a extinção da Dimob, o banco garante que manterá os financiamentos de imóveis por meio do programa Minha Casa Minha Vida. O BB é hoje o segundo no mercado de crédito imobiliário, com 8,63% do mercado, perdendo apenas para a Caixa Econômica Federal, isolada em primeiro lugar, com fatia de 51,72%. Mesmo com a diferença grande, o BB tem uma carteira respeitável, de R$ 53 bilhões em empréstimos.


Fonte: Correio Braziliense