Assembleia Nacional e Ministério Público são principais alvos da nova formulação da Constituição
Uma das melhores definições do momento que vive hoje a Venezuela
partiu de uma chavista, seguidora de Hugo Chávez e crítica de seu
sucessor, Nicolás Maduro. A ex-defensora do povo, Gabriela Ramírez, que
afastou-se recentemente do governo, assegurou que “enquanto alguns
contam votos imaginários e até comemoram, a Venezuela conta seus mortos e
chora”.
O mais grave de toda esta situação absurda que vive a Venezuela é que Maduro fará isso, como disse sua ex-defensora do povo (Gabriela ocupou o cargo entre 2007 e 2014), com “votos imaginários” e sem reconhecer os mortos, assassinados ontem, em meio a protestos em repúdio à Constituinte. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou mais de oito milhões de votos, mas trata-se de algo impossível de comprovar. O processo não contou com observadores internacionais e ninguém, a não ser funcionários do CNE e dirigentes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), teve acesso aos detalhes da votação.
A oposição assegura que não foram mais do que 2,4 milhões de votos, de um total de 19,5 milhões de eleitores. Talvez não tenham sido nem oito, nem dois milhões. O resultado real será um mistério que os venezuelanos nunca descobrirão. E com essa dúvida e muitas suspeitas, o país entrará numa nova fase de um conflito político que promete ser ainda mais violenta e repressiva.
Fonte: O Globo