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segunda-feira, 22 de maio de 2017

É possível fingir que a conversa não existiu?

Tudo está junto. Pessoas revoltadas com a conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, os que sempre foram contra o governo Temer e os que detestam a reforma da Previdência. É preciso separar os indignados e entender algumas urgências do país. [o que mais revolta é a generosidade do Ministério Público com os bandidos Batista; a ânsia de derrubar o presidente da República, pondo por terra as reformas, especialmente a da Previdência - que acaba com benesses dos marajás do 'serviço público' - fez com que o órgão no qual as pessoas depositam fé, especialmente as detentoras de menor conhecimento,  que entendem que será o MP quem vai acabar com a corrupção, fosse tão generoso com bandidos.
Os Batista são piores do que o Marcelo Odebrecht e não sofreram nenhuma punição, enquanto o herdeiro dos Odebrecht caminha para o seu terceiro ano de cadeia.
O que levou o Ministério Público a ser tão generoso com os donos da JBS?
Felizmente generosidade inútil, já que a delação já subiu no telhado.]

Em nome do ajuste fiscal e da desejada retomada do crescimento, é possível fingir que o Brasil não ouviu o que foi conversado no porão do Jaburu? Não. A economia não pode dominar a cena como uma ditadora diante da qual tudo tem que ser imolado. Principalmente os princípios. [os princípios tem importância, mas, tem que ser lembrado que a generosidade com os Batista, o perdão total e absoluto, consolidou  um principio: QUE NO BRASIL O CRIME COMPENSA.
Também os Batista fortaleceram um na época ainda incipiente principio: USAR DINHEIRO PÚBLICO DO BRASIL PARA CRIAR EMPREGOS NOS ESTADOS UNIDOS.
 
O que aconteceu naquele porão tem a ver com as raízes do Brasil. O patrimonialismo é doença antiga. Ele trata interesses privados como se públicos fossem. Joesley, codinome Rodrigo, atravessou aquela portaria sem deixar registro e sem mostrar documento. Entrou com a força do seu dinheiro. Dinheiro que viveu o milagre da multiplicação nos governos do PT, quando o empresário foi adulado pelas operações do BNDES. Elas eram de duas formas: financiamentos e equities. Todas as compras no exterior foram realizadas com dinheiro do banco público, sobre o qual não se pagavam juros. Era equity, uma operação em que o braço de participações societárias do banco investiu recursos em debêntures que depois viram ações. A empresa dos Batista não desembolsou um tostão quando virou dona, por exemplo, da Pilgrim’s Pride Company, uma processadora gigante de frango nos Estados Unidos. Todo o dinheiro foi do banco público. Todos os empregos criados foram nos Estados Unidos. E de onde saem os recursos do BNDES? Do Fundo de Amparo ao Trabalhador ou da dívida que o Tesouro faz em nosso nome.  

É nosso, o dinheiro.


Com operações assim, no governo do PT, Joesley ficou muito mais rico do que era e comprou, entre outras coisas, o jato de 20 lugares no qual acomodou a família e foi para Nova York depois de fazer a delação. Por ser o maior doador das campanhas eleitorais, ele entrou furtivamente no Jaburu. Lá a conversa sussurrada foi desastrosa.
Ontem pessoas saíram às ruas. Algumas contra a corrupção. Outras porque são contra o governo Temer desde o início. Ou porque defendem o governo anterior, aquele que enriqueceu ainda mais Joesley e seus irmãos, ou porque são contra a reforma da Previdência. Sério. A reforma é necessária. E continuará sendo.

O governo Temer pode acabar por morte súbita, mas esse encontro com a verdade da arrecadação e da demografia continua marcado. Esta é a hora de separar os motivos da indignação contra o momento presente e olhar os objetivos permanentes. O governo Temer pode acabar, mas o dilema de ajustar as contas públicas para que as despesas caibam no volume de impostos que estamos dispostos a pagar continuará conosco. É inevitável.

Fonte: Míriam Leitão - O Globo