Análise Política
Neste
segundo caminho, a CPI topou logo de cara com o andamento aparentemente
burocrático verificado nas negociações com a Pfizer e na visível falta
de empenho, e mesmo na resistência, diante da CoronaVac. Por algum
motivo, a comissão vem deixando de lado o inexplicável tratamento que a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem dado à Sputnik V.
De todo modo, não faltavam pontos de apoio para a construção de um
relatório incisivo, ainda que não definitivo. Pois CPIs encaminham suas conclusões ao Ministério Público, que pode decidir investigar mais.
Já
o terreno da investigação de corrupção é mais complicado. O risco
visível é a comissão ter dado a largada como um exército em Blitzkrieg
mas acabar atolando no terreno duvidoso da falta de provas sobre o que
se deseja provar. Ainda que a legislação brasileira ofereça fartos
instrumentos para qualquer um ser acusado de corrupção mesmo sem ter
havido ato concreto. Aqui, a intenção parece bastar. E intenção, se é
difícil de provar, é relativamente simples de apontar.
CPIs
em ambiente altamente tóxico, como o de agora, têm seu roteiro traçado
na largada. E seus trabalhos seguem como uma caça à raposa. Neste
momento, a raposa (o governo) ainda mostra razoável fôlego. No assunto
Covaxin, por exemplo, falta até agora aparecer alguma evidência que
sustente acusações mais sérias. Daí a fixação, por enquanto, na possível
prevaricação presidencial.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político