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quarta-feira, 10 de junho de 2020

A FRAUDE INTELECTUAL DOS “ANTIFASCISTAS” - Percival Puggina

Quando penso que se abre alguma fresta para o bom senso, eis que parte da grande mídia brasileira compra, por vinte centavos, a fraude intelectual dos antifas, ou seja, dos autorrotulados antifascistas.  Admito que o estudo da História no ambiente acadêmico e, em particular, na preparação dos jovens jornalistas ande ideologicamente comprometido. Percebo, também, que uma das cláusulas desse pacto é a de explorar, em cada evento histórico, a narrativa mais conveniente sob o ponto de vista político. Trata-se de um compromisso que exige imensos esforços de dissimulação e manipulação. Quer saber o tamanho disso? É mais ou menos o que custaria esconder sob um tapete bordado uma centena de gulags soviéticos onde milhões de prisioneiros foram jogados, viveram e morreram sob a acusação de serem... fascistas.

Já no final dos anos 1920, entre os comunistas de vários países europeus, o adjetivo fascista era largamente utilizado inclusive para designar facções internas do próprio movimento ou forma de empacotar e mandar para o outro mundo toda dissidência. Foi assim em relação aos russos Brancos, durante a consolidação do domínio soviético. O Partido Comunista da Alemanha usava o conceito até para os sociais-democratas, chamados de sociais-fascistas. Os nazistas alemães eram chamados fascistas até a assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop (1939) quando a formação do acordo entre a Rússia comunista e a Alemanha nazista levou Stalin a difundir uma visão positiva do regime de Hitler. Tudo mudou dois anos depois quando o monstro alemão rasgou o pacto e invadiu a União Soviética. A partir daí, toda conduta antagônica ao comunismo, ficou sob o qualificativo fascista.

Para a cartilha marxista-leninista o fascismo era a fase final da “inevitável crise do capitalismo”. Sob Stalin, a exemplo de toda divergência a ele, Trotsky era fascista. Todos os países de economias livres eram, igualmente, assim declarados e continuam sendo assim definidos pelos comunistas que neles atuam e se expressam politicamente. Sem exceção, foram ditos fascistas todos os movimentos liberais na segunda metade do século passado – Primavera Húngara (1956), Primavera de Praga (1968), a revolta da Praça da Paz Celestial (1989), as Revoluções de 1989 (Outono das Nações) e as dezenas de mobilizações liberais entre 1989 e 1991.

Aliás, é muito pouco referido o fato de que o famoso Muro de Berlim, construído pelo lado comunista da Alemanha para impedir seus cidadãos de fugirem para a liberdade, era chamado pelos hipócritas que o construíram de Muro de Proteção Antifascista (Antifaschistischer Schutzwall). Punto e basta! Continuar demonstrando o óbvio seria soterrar este texto, desnecessariamente, com evidências. O epíteto fascista caracteriza muito mais objetivamente a pessoa que dele faz uso do que a pessoa a quem é imputado. Nove décadas de história mostram inequivocamente que quem o utiliza se autodefine como comunista. 
Desconhecer tal fato não é cascata nem catarata. É cegueira, mesmo.

Portanto, como pode alguém levar a sério a natureza democrática dos antifas? 
Como aceitar que certos eventos sejam apresentados à nação como antifascistas, ou reconhecidos como Movimento pela Democracia quando seus membros se dedicam a distribuir o adjetivo fascista àqueles a quem se opõem? 
Difícil encontrar hoje maior evidência de desonestidade intelectual, mormente entre quem tem a missão de bem informar! 
Por fim, como exercer a cidadania sem avaliar cuidadosamente os movimentos em ambos os lados da cena política real?

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

"Já dizia o grande Nelson Rodrigues:

" O mundo será dominado pelos idiotas, não pela qualidade deles, mas pela quantidade". 

É o que estamos vendo. Inventaram um tal de "politicamente correto", que não se sabe bem o que seja, mas é motivo para que "a patrulha ideológica" passe a infernizar a vida de quem não segue seus conceitos. Pois agora mesmo, aproveitando-se de uma triste ocorrência americana, os insensatos do mundo todo se uniram para tentar destruir o que a civilização levou milhares de anos para construir. A cultura. Resolveram "revisar" toda a história mundial e julga-la pelos valores atuais. Uma tragédia, tentam apagar da história, acontecimentos que pelos sentimentos atuais, não deveriam acontecer, mas aconteceram no passado e isto é fato e não pode ser mudado. Pois agora mesmo, o prefeito muçulmano de Londres, diz que vai rever todas as homenagens prestadas a ingleses que no passado ajudaram na pujança do pais. Quem não for aprovado pelo "politicamente correto", será defenestrado, ou seja, deixará de ser herói nacional e será transformado em pária da nação. Ai então nos deparamos com as incongruências na atitude. Imigraram para a Europa, atraídos pela riqueza dos países, mas repudiam os construtores destas riquezas? Não é uma hipocrisia? Rejeitam o criador, mas vieram justamente atrás da sua obra. Porque não voltam então aos seus lugares de origem? Uma outra coisa, hoje tudo que não é de esquerda, é fascista. 

Picham a todos os contrários com o epíteto, mas se recorrermos a história, o que parece mesmo ter sido o "il gran fáscio" foi a União Soviética de Stálin, muito mais fascista que a Itália de Mussolini. Infelizmente a cegueira não deixa ver a verdade e a atrofia mental não permite o raciocínio lógico, hoje a tropa segue apenas a "madrinheira". O tempo dos grandes pensadores e o "iluminismo", há muito já se foram. 

segunda-feira, 23 de março de 2020

"BIOGRAFIA" DE UM FRACASSO - Percival Puggina

 O sujeito viu o muro de Berlim ser construído e tinha certeza de que o lado de lá era tudo de bom. Torcia pela URSS nas copas do mundo.

Carregava sempre um caderninho com frases de Mao Tse-Tung. 
Admirava os Viet Congs e os Khmer Vermelho. Comemorou o sequestro de Aldo Moro pelas Brigate Rosse. 
Vestiu, lavou, secou e vestiu de novo sua camiseta do Che. Colou uma foto do Danny le Rouge no guarda-roupa. Sacudiu bandeirinha de Cuba. Passou uma temporada lá, em 1969, colhendo cana para atender ao apelo do camarada FidelTeve arrepios cívicos quando a cadelinha Laika subiu para a turnê da tecnologia soviética no seu canil espacial. 

Vociferou contra a Primavera Húngara de 1956 e a de Praga em 1968. Aplaudiu as ações dos tanques chineses na Praça da Paz Celestial. Todo ano, no dia 11 de setembro, faz feriado e bebe espumante. Varou o inverno acampado na frente da PF de Curitiba. Cumpriu a agenda direitinho.

Nunca esteve só. Muitos, como ele, dedicam a vida a argumentar em favor do comunismo e do caráter científico e inevitável do socialismo. Como professores, políticos, jornalistas, religiosos, intelectuais ou simples militantes partidários, gastaram seu latim e seu português em apontar e condenar as “insuperáveis contradições” do capitalismo e da economia de mercado. Capturaram corações e mentes. Fizeram (e perderam) todas as apostas possíveis na superioridade ética e técnica das teses esquerdistas.

Dá para ter noção, leitor, do pesadelo em que se transformou a vida dessas pessoas nos últimos anos? Seus porta-vozes e líderes têm sido tipos como Lula e Dilma, o casal Kirchner, Hugo Chávez e Nicolás Maduro, Daniel Ortega, Evo Morales, Rafael Correa. Você procura uma democracia construída sobre suas idéias e não encontra. Um livro que junte os cacos e reorganize consistentemente sua visão de mundo sobre as bases daquela crença? Nada. Um estadista de boa estirpe para seguir? Ninguém aparece. Para arrematar, os eleitores norte-americanos elegeram Trump e o Brasil deu vitória a Bolsonaro.

É dureza! Na contramão, as idéias que combateu retiram inúmeras nações da fome e do atraso. As economias abertas alcançam níveis consistentes de desenvolvimento social. Todos os modernos e bem sucedidos estados nacionais aderem à democracia representativa, ao pluralismo e viabilizam amplas liberdades públicas. Até a China, do comunismo amarelo e vermelho, adotou o capitalismo e pôs em curso um dos mais espetaculares saltos econômicos e sociais que a humanidade já observou. Do comunismo ficou o pauzinho do picolé: a ditadura. E, com ela, a mal explicada história do Covid-19.


* Percival Puggina (75) membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.