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sábado, 8 de julho de 2023

Tudo pelos votos - Farra das emendas para garantir a reforma tributária - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Acabou, ou quase acabou, a fritura da ministra do Turismo, Daniela Carneiro ou Daniela do Waguinho, mulher do prefeito de Belford Roxo. Ele próprio anunciou – são palavras dele – que ela “colocou” o cargo à disposição. Eu digo “palavras dele” porque o certo nem é “colocar”, mas “pôr” o cargo à disposição, já que colocar é pôr alguma coisa em determinado lugar. 
E de qualquer forma estaria errado, porque ministro sempre tem o cargo à disposição do presidente da República, ministro não precisa “colocar o cargo à disposição”, como disse o Waguinho. 
Ministro é demissível, como dizem em latim, ad nutum: na hora que der na veneta do presidente, ele manda embora
Mas a pobre Daniela está sendo fritada faz um mês e ainda vai ficar até a semana que vem; é uma coisa incrível esse apego a não sei o quê, ao protocolo, às honrarias, à celebridade... 
Deus do céu, que falta de amor-próprio, que hoje também chamam de “autoestima”, pobre do amor que virou estima.
 
Para o lugar dela estão falando – há um mês, também – de um deputado do União Brasil: Celso Sabino, do Pará. 
Não sei se ele é um grande pós-graduado, se tem doutorado em Turismo, se já viajou pelo mundo inteiro, se já subiu a Torre Eiffel, a Torre de Pisa, se já escalou o Duomo de Milão, se já passou por Florença, se já foi ao Japão, à China... não sei se ele já fez isso para saber como é o turismo nesses lugares, saber como os americanos ganham tanto dinheiro com Pato Donald, com Mickey. 
Porque aqui no Brasil há muita coisa a ser feita para atrair turistas estrangeiros acostumados com segurança, com limpeza, com organização, com bom atendimento. Temos as nossas belezas naturais, esperando por visitantes.

Enfim, Daniela fica até a semana que vem e o União Brasil ainda está discutindo quem vai, porque o União Brasil quer mandar nos ministérios, e aí existe um choquezinho com Lula.

Para conseguir reforma tributária, vale distribuir dinheiro até para a direita
Por falar em Lula, saiu a liberação de mais R$ 5,3 bilhões em emendas para deputados votarem na reforma tributária.  
Sabem quem mais recebeu emenda nesta quinta? 
O PL! O mesmo PL que estava lá discutindo com Tarcísio de Freitas, e com Jair Bolsonaro ao seu lado. Tarcísio argumentava que era preciso aprovar a reforma tributária, outros gritavam com ele, e o presidente Bolsonaro ali do lado, não sei se incomodado ou se queria se manter isento, pois Tarcísio não é do PL, mas é da mesma direita. 
O fato é que os deputados receberam um total de R$ 7,4 bilhões de emendas graças a essa votação difícil.
 
Vacina contra a dengue está testada e aprovada, mas governo não quer comprar
Nesta quinta tivemos um aniversário importante. Em 6 de julho de 1885 Louis Pasteur aplicou a vacina contra a raiva, inventada por ele, num menino que havia sido mordido por um cachorro louco; isso salvou a vida do menino. 
Faço esse registro porque não entendo que o governo brasileiro não tenha comprado uma vacina contra a dengue que está aprovada pela Anvisa. 
É uma vacina com dez anos de testes, aplicável em pessoas de 4 a 60 anos, e que imuniza contra a dengue por quatro a cinco anos. 
Está nas farmácias, está nos laboratórios, mas não está na rede pública, porque o governo não quer comprar.  
Diz que nós estamos desenvolvendo uma vacina, mas isso vai levar quanto tempo? 
Cinco anos, no mínimo? A vacina mais rápida que já saiu foi a do sarampo, que levou cinco anos (as outras são experiências, nós sabemos). Fizeram tanto barulho sobre uma vacina que não estava testada, que era experimental, emergencial, mas agora a rede pública não compra uma vacina que está supertestada. Muito estranho. [devem estar negociando a propina - lembrem-se que o Ministério da Saúde é petista e de petista nem banco de sangue escapa - ver operação sanguessuga da PF e conhecido senador petista, ex-ministro da Saúde, codinome 'drácula'.]

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


A metamorfose de Lira - Augusto Nunes

Revista Oeste

O turista sem pressa de Lisboa vira velocista ao entrar na misteriosa selva tributária



Arthur Lira conversa com o ministro do Supremo, Gilmar Mendes, em jantar do grupo Esfera Brasil, no mês de março | Foto: Jefferson D. Modesto/Divulgação

A agenda do deputado federal Arthur Lira é um desfile de problemas a resolver e nós a desatar. O presidente da Câmara decide quando e como serão votados os incontáveis projetos de lei ou emendas à Constituição e administra as relações do Poder Legislativo com o Judiciário e o Executivo. O chefe político regional jamais afasta da mira os adversários comandados pelo senador Renan Calheiros. 
O homem de negócios mantém sob estreita vigilância tanto o desempenho das empresas que controla em Alagoas quanto o andamento dos processos e inquéritos que o envolvem. Não é pouca coisa, mas não é tudo. Aos 54 anos, ele encontra tempo para demonstrar que no peito de um político durão também bate um coração. Em 22 de junho, ele resolveu que a Câmara merecia uma folga de dez dias, recomendou aos deputados que aproveitassem a derradeira festa junina e embarcou para Portugal em companhia da namorada. Fórum aconteceu na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa | Foto: Divulgação
 
Para avisar que trabalha até quando descansa, Lira comunicou que participaria do seminário promovido anualmente pela instituição de ensino fundada em Brasília pelo ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal. 
Como a discurseira com citações em latim e alemão só começou em 26 de junho, o casal teve três dias inteiros para passear por Lisboa. 
Como o palavrório termina pontualmente às 6 da tarde, seja qual for o tema em debate, celebridades presentes à disputadíssima boca-livre festejaram já na noite de abertura o aniversário de Lira, e capricharam no Parabéns a Você puxado pela namorada do homenageado. 
Nas noites seguintes, sem exibir quaisquer vestígios de pressa, o presidente da Câmara trocou figurinhas em templos da gastronomia com figurões do Executivo e do Judiciário. Juntaram-se numa mesma mesa, por exemplo, o vice-presidente Geraldo Alckmin, ex-carola juramentado convertido em militante socialista, e o ministro do STF André Mendonça, que esqueceu o currículo terrivelmente evangélico em poucos meses de convívio com colegas pouco tementes a Deus.
 
O que terá ouvido Arthur Lira para regressar ao Brasil com a pressa de quem precisa tirar o pai da forca? 
O que terá dito para entrar em julho com a ansiedade de quem vai afastar a mãe do caminho que leva ao penhasco? 
Que acordos terá feito para retomar os trabalhos na Câmara com a afoiteza de quem vê o filho a um passo da areia movediça? 
A metamorfose segue sem explicações: o que aconteceu para que o turista com tempo de sobra reaparecesse em Brasília decidido a aprovar em algumas horas uma das propostas de reforma tributária que dormem no Congresso há muitos anos? 
A menos que o Arthur Lira lisboeta fosse um sósia encarregado de distrair a plateia para que o verdadeiro Arthur Lira pudesse assimilar ensinamentos despejados 24 horas por dia por doutores no assunto, nosso Usain Bolt do Legislativo (a exemplo de 99 em cada cem integrantes do Congresso) entende de selvas tributárias tanto quanto sabe de física quântica.  
Mas avisou, em 3 de julho, que o amontoado de normas — várias delas confusas, algumas impenetráveis — seria votado em regime de urgência. 

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), discursa antes da aprovação da PEC da reforma tributária, nesta quinta-feira, 6 | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Deputados federais são representantes do povo. Mas voto não é procuração para que o votado faça o que quiser com um sistema tributário que sangra os pagadores de impostos enquanto sustenta a mastodôntica máquina pública
Por que impor ao eleitorado mudanças tão relevantes sem debates no plenário, sem esclarecimentos indispensáveis, sem que os brasileiros que bancam todas as despesas possam descobrir o que ajuda e o que atrapalha? 
Esses cuidados elementares garantiram o apoio da imensa maioria da população, traduzido até em manifestações de rua, à reforma da Previdência. Por que ignorar a fórmula que deu certo? 
Como engolir sem engasgos a liberação por atacado do dinheiro requerido por emendas parlamentares? 
É muita pergunta sem resposta. É muita conversa em voz baixa na Praça dos Três Poderes.

Neste 6 de julho, o ministro Gilmar Mendes presenteou Lira com a suspensão de investigações que acrescentavam alguns vincos ao rosto do aniversariante na festiva noitada em Lisboa

Se essa suspeitíssima velocidade for reprisada no Senado, o Congresso conseguirá o aparentemente impossível: superar o recorde estabelecido em 1961 para impedir que o caminho da normalidade democrática fosse obstruído pela renúncia do presidente da República. Sete meses depois da posse, Jânio Quadros resolveu cair fora do Palácio do Planalto, em 25 de agosto
Como o vice-presidente João Goulart estava na China em missão oficial, o gabinete vago foi ocupado interinamente pelo deputado paulista Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara. 
Também inesperadamente, o general Odylio Denys, o almirante Sílvio Heck e o brigadeiro Grün Moss comunicaram que as Forças Armadas não admitiriam a substituição de Jânio por Jango. 
Imediatamente, o governador gaúcho Leonel Brizola entrincheirou-se no Palácio Piratini e, com o apoio das tropas aquarteladas no Rio Grande do Sul, exigiu que fosse respeitado o processo sucessório determinado pela Constituição.

Uma semana depois de voltarem do Gilmarpalooza em Lisboa, o anfitrião do evento suspende a investigação do keynote speaker.

Por @aguirretalento 👇https://t.co/fRRg6p7o4z— Malu Gaspar (@malugaspar) July 6, 2023


O general Ernesto Geisel convenceu a trinca no poder de que uma encrenca daquele tamanho requeria interlocutores de fina linhagem. Era coisa para um Tancredo Neves. Autorizado a falar em nome das Forças Armadas, Geisel telefonou para o casarão em São João del-Rei onde o velho domador de tempestades convalescia desde outubro do ano anterior da derrota na disputa do governo de Minas Gerais.  
Examinava com carinho a ideia de encerrar a carreira política quando aceitou a missão, proposta por Geisel, que tornaria a depositá-lo no olho do furacão: costurar um acordo com Jango. Treze dias depois da renúncia, o Brasil livrou-se da insônia com a entrada em vigor do delicado arranjo esculpido por Tancredo, aceito pelas partes antagônicas e aprovado pelo Congresso. Jango assumiu a Presidência da República, mas com poderes reduzidos pela adoção do regime parlamentarista.

 

Tancredo Neves | Foto: Wikimedia Commons

A escolha do nome do primeiro-ministro foi feita sem disputas, debates ou dúvidas. Só podia ser Tancredo Neves.
Ele ficaria pouco tempo no cargo e, em 1963, um plebiscito restabeleceria o presidencialismo à brasileira que apressou a queda de Jango. Mas a sensatez do conciliador vocacional afastou, em agosto de 1961, o fantasma da guerra civil. Um acordo entre contrários tem de basear-se em princípios e exige concessões recíprocas, ensinava Tancredo. Passados 62 anos, o país é assombrado por acertos sussurrados nas catacumbas de Brasília, ditados por interesses que ignoram princípios e por coincidências perturbadoras. Neste 6 de julho, por exemplo, o ministro Gilmar Mendes presenteou Arthur Lira com a suspensão de investigações que acrescentavam alguns vincos ao rosto do aniversariante na festiva noitada em Lisboa.

A linha que separa a relação amistosa da amizade íntima não pode ser cruzada por jornalistas e suas fontes de informação. 
Nem por chefes de distintos poderes da República. 
Sempre que isso acontece, o convívio harmonioso vira ligação incestuosa. Tancredo Neves, que sempre soube disso, morreu sem saber que reuniões da elite política ficariam parecidas com forrós no clube dos cafajestes. Melhor para o sábio mineiro.


Leia também “Amorim é o passarinho de Lula”

 

 

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Lava Jato: sai o juiz militante que era fã do Lula; volta Gabriela Hardt - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia


Gabriela Hardt
Juíza substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba assume processos conduzidos por Appio referentes à Operação Lava Jato.| Foto: reprodução/You Tube

Vou falar de muita coisa triste, feia e ridícula ao mesmo tempo. 
 Vejam só, ontem, a Assembleia Legislativa de Roraima tem 24 deputados estaduais, dos quais 17 votaram na mulher do governador para ser conselheira do Tribunal de Contas Estadual. É vitalício, é até morrer. O salário é de mais de R$ 35 mil, fora os penduricalhos todos, né
O nome dela é Simone. O governador se chama Antônio Denarium, que em latim quer dizer dinheiro.
Ela vai receber dinheiro dos impostos da gente, é claro
E é para fiscalizar as contas públicas estaduais, inclusive do marido dela, que vai assinar a nomeação dela.
 
STF cancela indulto
Bom, outra coisa o artigo 84 da Constituição, diz que compete privativamente ao presidente da República conceber indulto ou comutar pena.  
Só que o Supremo diz que não vale para o Daniel Silveira. 
E ontem, o ministro Moraes mandou recolher Daniel Silveira de novo para a prisão. Ele tinha recebido o indulto do presidente da República, mas o Supremo disse que não vale o que está escrito na Constituição.
 
Juiz do LUL22
Um juiz que substituiu Sérgio Moro - pobre Sérgio Moro ter um substituto desse - juiz militante, que chegou a usar como senha profissional LUL22, e disse que era pra homenagear Lula porque ele estava furioso com a condenação injusta do Lula
Ele continuou militante e, entre muitas coisas, a Polícia Federal descobriu que ele andou pesquisando o filho de um desembargador do tribunal revisor das coisas dele, e ligou para o filho do desembargador João Malucelli, fazendo ameaças, inclusive uma chantagem final cuja frase é o seguinte: "o senhor tem certeza que não andou aprontando nada? Aí desligou o telefone". 
Há 90% de chance de a voz ser do próprio juiz, que já foi afastado. Assumiu a nossa conhecida Gabriela Hardt, que era substituta de Sergio Moro.
 
Petrobras da Dilma
E por fim, mais uma. Petrobras derrubou tudo que era do Pedro Parente. Eu não estou falando de presidente Bolsonaro, não. 
Pedro Parente foi presidente no governo Temer, e saneou as finanças da Petrobras no instante em que estava endividada e quase quebrada pela corrupção. Só que por quê?  
Porque emparelhou os preços com o preço internacional do petróleo. Agora estão derrubando tudo isso. 
Volta de novo a política de preço de Dilma, que era demagogia, populismo, e ainda por cima tinha muita, muita corrupção. 
A Petrobras estava quase quebrada. Agora a gente festeja a curtíssimo prazo. A prazo imediato os preços caíram, mas depois a gente vai pagar a conta.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Lula na vanguarda do atraso - Revista Oeste

Augusto Nunes e  Branca Nunes

O chefe do PT nem esperou o dia da posse para confirmar a opção pelo passado 
Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do relatório final da transição de governo e anúncio de novos ministros | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do relatório final da transição de governo e anúncio de novos ministros | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
 
“É a primeira vez que um presidente da República começa a governar antes da posse”, vangloriou-se Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira, 22 de dezembro, ao receber o “Relatório Final do Gabinete de Transição”, um monumento ao besteirol erguido por quase mil devotos da seita que tem como único deus um delinquente descondenado pelo Supremo Tribunal Federal. 
Incumbida de recensear os mais graves problemas do país, e sugerir soluções para todos, a legião de gênios da raça concluiu que o Lula modelo 2023 terá de reprisar o milagre que operou há 20 anos: mesmo emparedado pelo desastroso legado do sucessor, o enviado da Divina Providência saberá salvar a pátria em perigo
Tal façanha vai garantir-lhe uma nota 10 com louvor no Juízo Final, além da admiração que merece o único estadista do mundo que não aprendeu a escrever nem leu sequer uma orelha de livro por achar que isso é pior que exercício em esteira.
 
A senha para a conversa fiada foi recitada por Geraldo Alckmin, o vice-presidente eleito. Nascido e criado no ninho do PSDB, essa intrigante espécie de tucano demorou meio século para ver a luz. Era carola juramentado desde os 20 e poucos anos quando, perto dos 70, virou socialista, conseguiu tornar-se reserva do maior inimigo e gostou tanto do parceiro que o acompanhou de cócoras no caminho de volta à cena do crime. Entre um “Viva Lula” berrado no palanque e um “Lula é um gênio” sussurrado no almoço da família, Alckmin reza até em latim para que não haja inversões de posição na fila baseada em critérios biológicos. 
 
Era alguns anos mais novo que Mário Covas quando a morte do titular transformou o insosso vice em governador de São Paulo. É sete anos menos idoso que Lula. Enquanto espera, aprende a letra de hinos esquerdistas e bajula o dono do cargo que cobiça.
manifestações lula
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB-SP) – 08/12/2022 - 
 Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo
No palavrório que precedeu o sermão do chefe, Alckmin jurou que Lula vai lidar com uma “herança perversa” — ainda mais assustadora que a outra. Menos de um ano em péssima companhia bastou-lhe para aprender a mentir sem ficar ruborizado (e sem temer estágios no purgatório). 
Ele sabe que a “herança maldita” atribuída a Fernando Henrique Cardoso nunca existiu: em janeiro de 2003, caiu no colo de Lula um país com a inflação sob controle, modernizado pelo início da privatização de mamutes estatais e vigiado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Alckmin também sabe que o Brasil deste fim de dezembro é infinitamente melhor que a terra em decomposição e assolada pelo desgoverno de Dilma Rousseff.  
Mas foi com voz de quem acabou de comungar que acionou o sinal verde para que Lula responsabilizasse Jair Bolsonaro por todos os males da nação, passados, presentes e futuros.
 
“O resultado é uma fotografia contundente da situação dos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública Federal”, falseia o documento fabricado por doutores em arrogância. “Ela mostra a herança socialmente perversa e politicamente antidemocrática deixada pelo governo Bolsonaro, principalmente para os mais pobres. A desconstrução institucional, o desmonte do Estado e a desorganização das políticas públicas são fenômenos profundos e generalizados, com impactos em áreas essenciais para a vida das pessoas e os rumos do país.” Fica combinado, portanto, que Lula tomou posse mais cedo para trazer de volta à vida (e esbanjando saúde) um Brasil sepultado em cova rasa. 
Não para aprovar ainda neste ano, com o aval dos presidentes da Câmara, do Senado e do TSE, a PEC da Gastança, o estupro do teto de gastos, a chicana que fingiu acabar com o Orçamento secreto que segue em vigor e o loteamento do ministério, fora o resto. Eleito pela coligação que juntou o PT, os demais partidos esquerdistas, democratas de galinheiro, superjuízes do STF e iluminados do TSE, o criminoso sem remédio age com a tranquilidade dos condenados à perpétua impunidade. Cadeia é coisa para os outros.

E 500 dias de gaiola não melhoram ninguém, atesta o comportamento de um Lula mais Lula do que nunca. É ele quem tudo decide, da nomeação de ministros ao tratamento reservado a convertidos e aliados de ocasião. [o presidente eleito exige dos que recebem suas benesses,  a servileza e a falta de dignidade como principais requisitos =   servir em um eventual governo do apedeuta eleito é aceitar a postura de joelhos ou de quatro como as mais adequadas e habituais.] Como os Bourbon, não esquece nada e nada aprende. Continuam sangrando na memória feridas abertas por constatações feitas por quem vê as coisas como as coisas são. Na mesma quinta-feira em que Alckmin voltou a louvá-lo, por exemplo, Lula castigou o vice com o rebaixamento a ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Teria sido um acúmulo de funções se o vice tivesse alguma função além de torcer, acampado no Palácio Jaburu, para que o pior aconteça — ao outro.

Se ocupasse o mesmo cargo na Argentina ou nos Estados Unidos, países em que o vice-presidente comanda o Senado, Alckmin estaria agora mais poderoso. Aqui, o número 2 é indemissível, mas qualquer ministro pode ser despejado do gabinete pelo chefe de governo. É o que ocorrerá caso Alckmin infrinja o Manual do Companheiro. 
O espetáculo da sabujice não cancela as acusações do aliado recentíssimo ao comandante do maior esquema corrupto da história. 
Se tivesse aprendido a assimilar tais agravos, Lula seria mais gentil com Simone Tebet e Marina Silva, que fizeram o L no segundo turno
Simone sonhou com o ministério que cuida do Bolsa Família até saber que aquilo não está disponível. 
Marina ainda caprichava na pose de ministra do Meio Ambiente até que alguém fez a advertência: tanta demora no convite é mau sinal. 
As duas enfim se deram conta de que é pecado capital admitir que Lula mereceu a temporada na gaiola.
 
O relatório da turma da transição avisa que o PT segue algemado a fórmulas grisalhas — e insiste em percorrer caminhos que apressam a chegada ao penhasco. 
Cinco páginas do documento tentam justificar o estupro do teto de gastos. Outras seis são consumidas no esforço para demonstrar que tudo vai melhorar se os 23 ministérios virarem 37. 
Um latifúndio de 46 páginas detalha a “herança perversa” debitada na conta de Bolsonaro.  
Em seguida, aparece uma amostra do que os participantes do levantamento batizaram de “revogaço”. Os redatores incluem entre os condenados à morte “oito Decretos e uma Portaria Interministerial que incentivam a multiplicação descontrolada das armas no Brasil, sem fiscalização rigorosa e adequada”. Também é recomendada “a revisão da lista de empresas que se encontram em etapas preparatórias e ainda não concluídas de processos de desestatização, como os Correios e a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)”.

É compreensível que a promoção de Aloizio Mercadante a presidente do banco tenha excitado fregueses castigados por quatro anos de abstinência

Um redator conciso resumiria em uma frase o palavroso conteúdo do relatório: o programa do governo Lula é revogar as medidas aprovadas por Jair Bolsonaro, ressuscitar as que foram sepultadas e dizer ou fazer o contrário do que ele disse ou fez
Os preparativos para a ofensiva do atraso vêm revelando os alvos preferenciais. 
A vanguarda do primitivismo quer o fim da autonomia do Banco Central, a interrupção das privatizações, a ressurreição do imposto sindical, a engorda do funcionalismo público com o preenchimento das 25 mil vagas que a revolução digital tornou desnecessárias, o desarmamento da população atormentada pela ampliação do arsenal da bandidagem, a redução dos juros e outras velharias há tempos banidas por governantes modernos.
 
O revogaço se amplia a cada indicação para o ministério. Nomeado ministro da Justiça, o senador Flávio Dino mostrou que, embora se tenha filiado ao PSB, o coração permanece no Partido Comunista do Brasil. “Pedir S.O.S. Forças Armadas é crime”, rosnou, indignado com os incontáveis brasileiros que continuam a manifestar-se diante de instalações militares
Dino nem sabe direito o tamanho da fatia que o Orçamento lhe reserva, mas já comunicou que vai contemplar com mais dinheiro Estados governados por gente disposta a desarmar a população e instalar câmeras nos uniformes da PM.

flávio dino comunismo
O então governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), 
desfila no Carnaval vestido de comunista (05/03/2019) - 
 Foto: Reprodução
Incansável caçador de cargos públicos, Márcio França foi premiado com o Ministério de Portos e Aeroportos. Talvez por ter sido prefeito de São Vicente, ali perto, o candidato do PSB derrotado na disputa da vaga de senador por São Paulo reivindicou como brinde o controle do Porto de Santos. Durante o governo Bolsonaro, o velho porto deixou de ser um ancoradouro de corruptos e narcotraficantes para transformar-se num exemplo de sucesso administrativo e político
Já a caminho da concessão, corre agora o risco de cair nas mãos de França. 
Dirigentes do PT e das siglas que orbitam ao redor do partido mais poderoso acham que em time que está ganhando é que se deve mexer.
 
Outros indicados nem precisam de entrevistas para que se preveja o que vem por aí. Todo brasileiro com mais de dez neurônios sabe que esses farão o que fizeram no verão passado — e também na primavera, no outono e no inverno.  
O chanceler Mauro Vieira, de volta ao Ministério das Relações Exteriores que chefiou no governo Dilma Rousseff, retomará a política externa da canalhice aperfeiçoada por Celso Amorim. 
Enquanto essa obscenidade vigorou, o Brasil invariavelmente escolheu o lado errado. Ditadores assassinos, populistas gatunos, escroques repulsivos tudo o que há de pior na escória internacional foram favorecidos pela polidez da cúpula do Itamaraty e pela prodigalidade criminosa dos figurões do BNDES.
 
É compreensível que a promoção de Aloizio Mercadante a presidente do banco tenha excitado fregueses castigados por quatro anos de abstinência. O argentino Alberto Fernández já informou que conta com generosidade do BNDES para a retomada de obras financiadas com dinheiro brasileiro, a juros de pai para filho. 
E a hondurenha Xiomara Castro avisou que pegará dinheiro emprestado no dia da posse de Lula.

Para acomodar Aloizio Mercadante no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula tenta alterar a Lei das Estatais. A ideia é, entre outros equívocos, reduzir de três anos para 30 dias a quarentena de quem atuou em campanha eleitoral para assumir cargo de administrador ou conselheiro de empresa pública ou sociedade econômica mista.

mercadante bndes
O futuro presidente do BNDES, Aloizio Mercadante (à esq.), 
e o presidente eleito, Lula (à dir.), durante a indicação de 
Mercadante para comandar o banco (13/12/2022) - 
Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Criada depois dos escândalos descobertos na Operação Lava Jato, a Lei das Estatais tinha como objetivo interromper o loteamento político dessas empresas. Assim, além da quarentena, foram estipulados requisitos mínimos de experiência e de competência para o preenchimento desses cargos. Sem a Lei, o PT está com o acesso livre aos cofres dessas empresas e a centenas de cargos públicos. Uma reportagem do Estadão de 16 de dezembro deste ano mostrou que o afrouxamento dessa lei criaria uma brecha para 587 indicações, com salários que vão de R$ 214 mil anuais (Companhia Docas do Rio Grande do Norte) a R$ 3 milhões anuais (Petrobras).

Lula também herdará pela primeira vez empresas públicas altamente lucrativas. No ano passado, por exemplo, o resultado líquido dessas companhias fechou próximo de R$ 190 bilhões, 40 vezes mais que os R$ 5 bilhões de 2016e cerca de R$ 230 bilhões a mais que o prejuízo de R$ 32 bilhões registrado em 2015.

Outro exemplo de sucesso que corre o risco de ser revogado por Lula é o Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado em julho de 2020. Na época, 35 milhões de brasileiros não tinham acesso à água potável e 46% da população não dispunham dos serviços de coleta de esgoto sendo que dois terços de seres humanos no país não sabiam o que era ter esgoto tratado em casa.

O principal objetivo do Novo Marco é promover a universalização dos serviços, garantindo que 99% da população tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto até dezembro de 2033. Pelas regras sugeridas, não apenas as empresas públicas, mas também as privadas podem participar dos processos licitatórios para oferecer seus serviços a Estados e municípios. 
 Um dos leilões de maior sucesso foi realizado em Alagoas, então governada por Renan Filho, primogênito de Renan Calheiros. Eleito senador, Renan Filho vai compor a base aliada de Lula.

Só o leilão de Alagoas rendeu ao governo R$ 1,6 bilhão. A expectativa de investimento total é de mais R$ 2,9 bilhões ao longo dos 35 anos de contrato para levar água potável e tratamento de esgoto a regiões do semiárido alagoano.

“O êxito no leilão de hoje, que levantou R$ 4,5 bilhões (somando investimentos e outorga), é o resultado de uma agenda que vai transformar Alagoas em uma terra melhor, primeiramente, para quem vive lá e para quem nos visita”, afirmou na época Renan Filho. “O valor acrescentado ao leilão é muito significativo se considerarmos, especialmente, um PIB anual entre R$ 55 bilhões e R$ 60 bilhões.” Procurado pela reportagem para comentar o retrocesso, sua assessoria de imprensa não respondeu às mensagens. [comentário: os primeiros nomes do futuro governo do presidente eleito são tão fantásticos na comprovada eficiência em destruir qualquer governo, que até os membros de Prontidão Total - todos com o compromisso inalienável de fazer tudo que a legalidade permitir para levar ao fracasso um eventual futuro governo do presidente eleito, abreviando sua duração seja pela renúncia do 'demiurgo de Garanhuns' ou pelo seu  impeachment e prisão - não seriam tão eficientes na escolha da equipe que vai abater o apedeuta eleito.]

Com todas essas decisões e ameaças, o Brasil avança em alta velocidade rumo ao atraso. O governo Lula acredita que é possível ganhar uma guerra com sucessivas retiradas.

Leia também “O supremo carcereiro só prende inocentes”

Augusto Nunes Branca Nunes, colunista e Diretora de Redação da Revista Oeste


sábado, 10 de dezembro de 2022

TSE quer banir palavras e expressões ‘racistas’ [nem por só nas coxas, pode mais]- Revista Oeste

Corte criou 'canal de denúncias' contra uso dos termos

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou uma cartilha que recomenda “banir do vocabulário brasileiro” 40 palavras ou expressões “preconceituosas” e racistas. No documento, o TSE lista “esclarecer”, “escravo”, “meia-tigela” e “nega maluca”. O texto sugere ainda excluir o termo “feito nas coxas”.[o 'feito nas coxas', tem vários sentidos e em um deles - sexual, se refere a ato que não é completo, agora tem que ser completo, nada só nas coxas -  tem que ser dentro, só nas coxas não vale.]

Divulgado em 30 de outubro, durante o encontro Democracia e Consciência, o manual apresenta mais hipóteses que fatos concretos para justificar a censura aos termos escolhidos pela Corte. Produzido pela Comissão de Igualdade Racial do TSE, criada em abril deste ano, o conteúdo é dúbio e bastante impreciso.[uma curiosidade: é competência de uma repartição burocrática, responsável pelas eleições, impor censura em palavras  que nada tem a ver com eleições,  sendo que as próximas eleições estão previstas para 2024? exceto se houver imprevistos, já que como dizia o saudoso Armando Falcão, ministro da Justiça Governo Geisel'o futuro pertence a DEUS'.]

Para o TSE, a palavra “esclarecer” é racista “a partir do instante em que transmite a ideia de que a compreensão de algo só pode ocorrer sob as bênçãos da claridade, da branquitude, mantendo no campo da dúvida e do desconhecimento as coisas negras”. O significado original de esclarecer é a oposição à ausência de luz, que gera dificuldade para enxergar.[em outras palavras, se faltar energia à noite e ficar tudo escuro e uma pessoa disser que não está enxergando nada, por estar tudo escuro, estará sendo racista !!!ou entendemos errado?]

Ao defender a exclusão da palavra “mulata”, por exemplo, o TSE afirmou que, “ainda que a expressão não possua uma origem notadamente racista como defendem alguns, os usos e sentidos que lhe foram empregados acabam por impregná-la deste sentido. Desse modo, merece ser abandonada”. A definição tradicional da palavra mulata é “mulher mestiça das etnias branca e negra”.

No caso de “meia-tigela”, o TSE apresentou três possíveis explicações contraditórias para a origem da palavra: “Embora não haja consenso acerca das origens, a possibilidade de serem compreendidas como memória da escravidão é justificativa suficiente para que as expressões sejam substituídas por outras”.

Também a expressão “mercado negro” foi censurada. “O emprego do adjetivo ‘negro’ na expressão tem o objetivo de sublinhar o caráter ilícito daquela realidade”, observou o TSE. “O negro, nessa construção, é associado ao tráfico de crianças, drogas e armas, ao comércio de produtos contrabandeados.”

Professora esclarece termos
No Instagram, a professora de língua-portuguesa Cíntia Chagas criticou o caso. “Querem denegrir a língua portuguesa”, provocou. “Imbuídos de etimologias falsas, de etimologias de meia-tigela, os inquisidores da linguagem infringem, em branca nuvem, conceitos de dicionários, usos consagrados e tradições, criando um mercado negro vocabular”. Adiante, ela interpela “o que mais terá de ser feito para que esclareçamos a verdade aos incautos, aos ingênuos, aos desavisados?” “O medo de virar ovelha negra faz com que estes aceitem explicações vexaminosas, sem um pestanejo sequer”, observou Cíntia.

Em entrevista a Oeste, Cíntia criticou a “cartilha antirracista” de palavras da esquerda, ela explicou: “Entendo que essa cartilha surgiu no meio de militantes que têm anseio político. Muitas palavras ‘proibidas’ nessa espécie de ‘documento’ nem sequer deveriam estar lá, como ‘denegrir’, cuja origem é do latim ‘denegrare‘, que significa manchar. É óbvio que há expressões que são preconceituosas, como ‘eu não sou tuas negas’. Isso é uma ofensa. As pessoas não têm de falar assim. Caso ocorra, a Justiça está aí. O que me incomoda é a hipocrisia e a mentira de constarem expressões não preconceituosas.”

TSE anuncia “canal de denúncias” contra expressões racistas

Na cartilha, a Corte informou um e-mail específico para denúncias contra expressões racistas que ampliem o manual. “Se você conhece outros vocábulos ou expressões racistas e acredita que devam fazer parte desta publicação, envie a sugestão para nós”, orienta o TSE. “A comissão irá avaliar sua proposta e, em caso de deferimento, ela será incluída em nova edição da obra.”

Leia a entrevista completa com Cíntia Chagas na Edição 87 da Revista Oeste

 

 

sexta-feira, 22 de julho de 2022

De Olho no Supremo - Augusto Nunes

Revista Oeste

Edson Fachin, Alexandre de Moraes e o Luiz Fux, ministros do STF | Foto: Carlos Moura/SCO/STF
Edson Fachin, Alexandre de Moraes e o Luiz Fux, ministros do STF | Foto: Carlos Moura/SCO/STF 
 
O presidente Jair Bolsonaro é o alvo preferencial da fábrica de cobranças, admoestações e ultimatos em funcionamento no Supremo Tribunal Federal. Nada escapa: o chefe do Executivo é instado de meia em meia hora a explicar coisas com as quais nada tem a ver. 
Por que o governo federal não socorreu o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira antes mesmo que resolvessem navegar pelos cafundós da Amazônia? 
 
A reunião de Bolsonaro com embaixadores é parte do “discurso de ódio” destinado a colocar em perigo o sistema eleitoral mais perfeito do planeta? O presidente da República tem como provar que não foi o mandante do assassinato do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu? 
O Grande Satã do STF encabeça a lista dos que, caso se sentarem no meio-fio para saborearem um palito de limão, despertarão suspeitas de que disfarçam outra conspiração contra o Estado Democrático de Direito e mais um complô contra Lula. 
É compreensível que os ministros não tenham tempo para desfazer interrogações que os envolvam.
 
Para preencher tal lacuna, esta coluna acaba de parir a seção “De Olho no Supremo”.  
Foi concebida para esclarecer dúvidas que, ignoradas pela corte, podem arranhar a imagem do Pretório Excelso. 
Já nesta semana foram encaminhadas aos destinatários as primeiras questões, que devem ser respondidas num prazo não tão curto que pareça perseguição nem tão extenso que pareça pilhéria. 
Confira as primeiras providências da turma que vigia o Timão da Toga.

Atendido pelo juiz Alexandre de Moraes, o relator Alexandre de Moraes enfim revelou a grande descoberta feita pelo investigador Alexandre de Moraes

  1. No prazo de 90 minutos, o ministro Luiz Fux deve esclarecer se o topete que lhe enfeita a testa é fake ou verdadeiro. O inquirido será convidado a revelar também o que usa para perpetuar na cabeleira a bonita tonalidade negro-graúna.
  2. No prazo de duas horas, a ministra Rosa Weber deverá pedir de volta ao presenteado o exemplar da Constituição que ofertou a Jair Bolsonaro em 2018, e folhear todo dia ao menos uma página da obra que nunca leu — ou leu, mas não entendeu. A inobservância desta exigência obrigará a autora da desobediência a escrever 15 vezes no seu diário a inscrição: “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido por representantes eleitos, não por quem virou juiz do Supremo pela vontade de um presidente da República com medo de cadeia”.
  3. A contar deste julho de 2022, o ministro Dias Toffoli terá 20 anos para ser aprovado num concurso de ingresso na magistratura de qualquer Estado brasileiro ou de alguma província paraguaia. 
  4. Caso sejam reprisados os dois fiascos que protagonizou ao tentar virar juiz em São Paulo, Sua Excelência será aposentado por notória ignorância jurídica (continuando a receber integralmente os vencimentos a que tem direito, além de porções semanais de lagosta de fina linhagem). Até que seja indicado o substituto oficial, o gabinete vago será ocupado por algum capinha que saiba dizer “Egrégio Plenário” em Latim.
  5. No prazo de 24 horas, prorrogáveis por mais 24, a ministra Carmen Lúcia deve esclarecer se a frase “Cala a boca já morreu!”, que declamou numa sessão do STF que debatia a liberdade de expressão, vale ou não para a censura prévia decretada pelo colega Alexandre de Moraes. 
  6. O impetuoso magistrado vetou a publicação de notícias dando conta dos laços que unem o PT ao PCC. Nessa mesma investigação, Moraes será instado a explicar se, com a decisão, pretendeu impedir que Lula perca votos ou que os rapazes do PCC tenham a imagem prejudicada por se associarem ao partido que virou quadrilha.
  7. O ministro Gilmar Mendes precisa explicar em 72 horas se é um ministro do STF que, quando tem tempo, organiza seminários muito lucrativos em Portugal ou se é um empresário do setor de eventos que, quando sobra algum tempo, aparece em Brasília para soltar alguns réus de estimação e insultar juízes que condenam meliantes.
  8. Depois das próximas quatro viagens entre Brasília e São Paulo, o ministro Ricardo Lewandowski terá um dia e meio para revelar se ocupa invariavelmente a poltrona 1A do avião porque não quer desviar a atenção dos pilotos com a ovação que explodiria ao ser reconhecido pelos demais passageiros ou porque aproveita as centenas de horas na primeira janelinha para aperfeiçoar-se no ofício de fiscal de nuvens.
  9. O ministro Luiz Roberto Barroso terá de retirar da internet, em 48 horas, um vasto acervo de vídeos enquadrados na categoria fake news hediondas. No primeiro dia, removerá o acervo e discurseiras segundo as quais o estuprador João de Deus é um homem admirável “por tirar o melhor de nós”. Nas 24 horas seguintes, tratará de eliminar sons e imagens em que celebra a inocência do assassino italiano Cesare Battisti. Foi Alexandre de Moraes quem decidiu que propagadores de mentiras podem ser presos em flagrante enquanto os vídeos estiverem na internet.
  10. O ministro Edson Fachin terá de escolher entre duas opções: ou permite que a Polícia do Rio combata as organizações criminosas que controlam os morros do Rio ou entrega à bandidagem a posse dos redutos do narcotráfico — e desarma os homens da lei.

O comunicado do De Olho no Supremo destinado a Alexandre de Moraes estava quase pronto quando o xerife Alexandre de Moraes pediu que o prazo para o encerramento do inquérito das fake news fosse prorrogado por mais três meses. Atendido pelo juiz Alexandre de Moraes, o relator Alexandre de Moraes enfim revelou a grande descoberta feita pelo investigador Alexandre de Moraes. A tradução exata da expressão “fake news” não é “notícia falsa”. É “notícia fraudulenta”. Corri ao dicionário para conferir a proeza. Descobri que falsa e fraudulenta são palavras sinônimas.

Em três anos, Moraes torturou a Constituição, reduziu os códigos legais a farrapos, ressuscitou as figuras do preso por crime de opinião e do exilado político. 
 Os réus não sabem do que são acusados. 
Nem Moraes sabe o que fazer para acusá-los de alguma coisa. 
Quem não sabe reconhecer sinônimos não enxerga um palmo adiante do nariz. 
Só vê o próprio umbigo.

Leia também “Boné sem cabeça”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

 

sexta-feira, 3 de junho de 2022

A fraude da causa negra - J. R. Guzzo

 Revista Oeste

A obsessão em combater o “racismo” 24 horas por dia pode estar gerando todos os tipos de efeito, menos um: o de servir a algum interesse real dos negros brasileiros 

 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
O público estava vendo o que parecia ser um programa jornalístico no canal GloboNews, dias atrás, quando descobriu que tinha se transformado, de um minuto para outro, em aluno de um curso de catecismo. A catequese, ali, era para ensinar ao cidadão que há pecados de racismo que ele nem sabe que existem — no caso, palavras da língua portuguesa que não podem mais ser utilizadas, sob pena de valerem ao infrator a acusação de “racista”. 
É uma novidade da emissora: a pregação do antirracismo ao vivo, a cores e em real time. 
Um dos locutores do programa, ao ouvir uma colega utilizar em sua fala o verbo “denegrir”, julgou-se na obrigação de lhe dar uma aula imediata de conduta. Essa palavra, disse no ar, não devia ser pronunciada — é “racista”, segundo ele, e ofende “os negros”.

São estes os únicos que lucram, na vida real, com a guerra permanente ao “racismo” — os donos do “movimento negro”

Foi, antes de qualquer outra consideração, um momento de triunfo explícito da ignorância. “Denegrir” não tem nada a ver com racismo, ou com “negros”; pode até parecer que tem, mas não tem. É apenas uma palavra que vem do latim e significa “manchar”. Nenhum dos dois, portanto, sabia do que estava falando — o locutor, quando fez a acusação, e a moça, quando aceitou a bronca e, mais ainda, pediu desculpas em público por um delito que não tinha cometido.  

Mas o que chama a atenção no episódio não é a falta de cultura sendo levada ao ar como exibição de virtude. 
É o caráter cada vez mais doentio da “luta” contra o racismo, que se tornou, hoje, uma prioridade entre os jornalistas brasileiros. 
Estão fazendo qualquer coisa para provar que não são racistas — mesmo que, para isso, tenham de se atirar a cenas como a que foi descrita acima. 
Nada de deixar para depois, na crítica interna sobre o programa; a militância vai aparecer muito mais se o acusador fizer a sua denúncia no ato, e na frente de todo o mundo. 
Ele prova que “as vidas negras importam”. Ela prova que os brancos são racistas mesmo quando não querem ser. Ficam os dois felizes, ele por acusar, ela por aceitar a culpa.

A obsessão em combater o “racismo” 24 horas por dia, ou de denunciar os “racistas” que se encontram atrás de cada poste de luz, pode estar gerando todos os tipos de efeito, menos um: o de servir a algum interesse real dos negros brasileiros, mesmo que remoto, indireto ou teórico. O que existe, de verdade, é uma histeria artificial e controlada na qual se inventa a doença e, imediatamente, aparecem os vendedores do remédio

São estes os únicos que lucram, na vida real, com a guerra permanente ao “racismo” — os donos do “movimento negro”. 
São as organizações, os grupos ou os simples indivíduos que fabricam episódios de “discriminação racial”, sempre com a colaboração ativa da mídia, e extraem ganhos materiais ou financeiros com as denúncias que fazem verbas públicas, indenizações em dinheiro, empregos e por aí afora. Podem, para tanto, recorrer à justiça. Apenas uma ação judiciária deste tipo, movida contra a empresa de investimentos XP, está pedindo R$ 10 milhões; os acusados, segundo a denúncia, não estariam oferecendo oportunidades de trabalho para pessoas negras.

O fato é que não existe uma “causa” negra a ser defendida no Brasil, porque não há racismo no Brasil

Atira-se para todos os lados. A ministra Rosa Weber, do STF, acaba de dar “dez dias” para o governo federal informar quais são as “políticas públicas” que estão sendo adotadas contra o “racismo institucional”. A ministra atende à exigência de uma “Coligação Negra por Direitos”mais os partidos de esquerda, é claro, que promovem o tempo todo este tipo de encenação em Brasília. Bolsonaro, segundo a entidade denunciadora, é culpado de “omissões que violam os direitos constitucionais” dos negros. Mais: ele terá de elaborar em “um ano”, quando ninguém sabe quem será o presidente da República, um “Plano Nacional de Enfrentamento do Racismo Institucional e à Política de Morte à População Negra”. É mesmo — “Política de Morte à População Negra”? Que política seria essa? Quem já foi morto por ela? Quais são, concretamente, os atos de “racismo institucional” que estariam sendo cometidos — e por quem? 

Não faz o mínimo de nexo para justificar uma petição judicial, mas, em vez de mandar os autores da demanda verem se ela não está na esquina, a ministra trata a coisa com toda a seriedade do mundo — dez dias de prazo, não mais. Na mesma balada, acaba de ser realizado em São Paulo um “Primeiro Encontro Nacional de Parlamentares Afro Perseguidos”. A finalidade foi discutir casos de “perseguição política” (uma participante também se queixou de ter sido vítima de “machismo”) e a necessidade de se garantir “a sobrevivência física” de “pretos e pretas parlamentares”.

Recentemente foi formado na Folha de S.Paulo um “Comitê de Inclusão e Equidade”, com a incumbência de “embargar” textos sobre racismo e vetar matérias que os integrantes não quiserem publicar — mesmos as que contarem com a aprovação dos editores ou do diretor de Redação. O grupo é formado por 17 jornalistas, 12 negros e cinco brancos, e o seu líder é o autor do blog “Vidas Negras Importam”. Uma curadora da feira literária de Paraty, não muito tempo atrás, demitiu-se do cargo para, segundo ela mesma, avançar a causa da raça negra. “A festa precisa de uma curadora negra para reinventá-la nesse mundo pós-pandemia”, disse em seu manifesto de renúncia. “Ao longo de dezoito anos a curadoria da Flip nunca foi ocupada por uma pessoa negra. Passou da hora de mudar isso.” Uma historiadora de São Paulo, tida como importante pelos críticos, foi além. Pediu desculpas, em público, por um ato de racismo que não cometeu tudo o que fez foi escrever um artigo criticando o que a seu ver é a “glamorização” da “negritude” e da luta antirracista. O artigo, pelo que dá para entender da primeira à última palavra, é contra o racismo. Mas figuras do “movimento negro” não gostaram; foi mais do que suficiente para a autora se desculpar em público.

O fato é que não existe uma “causa” negra a ser defendida no Brasil, porque não há racismo no Brasil. Há episódios de comportamento racista, como há crimes, atos antissociais e gente que dirige bêbada, mas não existe o racismo legítimo do branco europeu — até porque não poderia haver racismo num país onde a imensa maioria das pessoas não é nem branca nem preta e, em sua quase totalidade, sente-se indiferente a questões étnicas ou raciais. “Os movimentos negros sempre cobram que eu defenda a raça”, disse numa entrevista a Oeste o pastor, compositor e produtor musical Wesley Ros, um dos comunicadores de maior sucesso atualmente nas redes sociais. “Mas que raça? Eu não sou da raça negra. Sou da raça humana.” Ros acha que são mais comuns, no Brasil de hoje, as manifestações de racismo negro — o contrário, exatamente, do que preocupa a GloboNews, a Folha de S.Paulo e os intelectuais de Paraty. “O negro tem licença para ser racista”, diz ele. “Joga a culpa na dívida histórica. Posso atacar o branco, mas sou a vítima, porque o branco tem uma dívida comigo.” O pastor diz que não entende, por exemplo, que a pessoa vista uma camiseta dizendo “100% negro” e depois se sinta ofendida “quando um branco a chama de preta”. Não faz nenhum sentido, é claro. Mas tudo faz todo o sentido quando se vê quem está tirando proveito pessoal do racismo brasileiro.

Leia também “A justiça no fundo do poço”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste
 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

A facada que elegeu, reelegerá? - Sérgio Alves de Oliveira

É claro quer pelo título desse artigo já dá para ver que estarei me reportando à “lucrativa” (politicamente) facada recebida pelo então candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, às vésperas da eleição de 2018, em Juiz de Fora/MG, que ao que tudo indica  teria sido “decisiva” para a  sua vitória nas urnas. Mas  tudo numa abordagem  talvez um pouco diferente.
 
Na índole mental brasileira, não sei até que ponto  ligada ao tão repudiado “complexo de vira-latas”, se eventualmente procedente,o chamado “coitadismo” teria papel de destaque. Isso porque no Brasil o “coitadinho” tem tudo que é direito, faz o que bem entende, e não está sujeito   a cumprir as leis,nem às punições como todos as outras pessoas. Ser “coitadinho” sempre é um bom “álibi” levado na “manga-do-colete” para obter plena liberdade de cumprir,ou não,a lei. É precisamente que nesse sentido que o “ coitadinho” se equipara aos políticos com foro privilegiado, só havendo diferenças em relação às “instâncias”  da apreciação dos seus eventuais delitos  ou contravenções penais.
 Dilma maluca - Dilma maluca added a new photo.
 [Pergunta feita a Dilma e respondida com o cérebro - imagine as que ele decidir responder com a bunda.]
Tanto o “coitado” propriamente dito, o autêntico, o verdadeiro, aquele que não teve forças, capacidade, ou oportunidade válida de vencer na vida,quanto o falso coitado,ou seja,aquele que se faz de “coitadinho” para “passar bem”,para “lucrar”,entrando, “com-bola-e- tudo” no coração dos brasileiros, trata-se mais ou menos de um adepto  da chamada “lei do gerson”,o “tal”que sempre procede na expectativa última de levar alguma  vantagem em tudo que faz, podendo até ser um mal,porém  que tem  a aparência  superficial de ser  um bem,situação essa  muito bem esmiuçada por Emmanuel Kant,na “Crítica da Razão Prática”,onde o filósofo  pondera sobre a riqueza do idioma alemão,comparado com a “pobreza”das línguas derivadas do latim,a partir de “bonum e malum”,o que acarretaria muita confusão conceitual.    
 
توییتر \ ERICKTAZ در توییتر: "@LulaOficial Preso na “Ditadura” e preso na  Democracia. https://t.co/MagtDvVm00"
[Imagine se Bolsonaro precisa de facada ou qualquer outro truque  para vencer a coisa acima.]
 
 Kant observa com extrema eloquência que o idioma alemão possui uma bifurcação de sentidos ,tanto para “bonum”,quanto para “malum”,o que evitaria muita confusão. ”Bonum”e “malum”, bifurcam-se no alemão em dois conceitos inteiramente diversos:”bonum”, em ”gute” e “wohl”,e “malum” ,em “bose” e” ubel”(ou “weh”). Por conseguinte,”gute” e “bose” seriam proposições equivalentes ao “bem” e ao “mal” verdadeiros,julgados pela “razão”,ao passo que “wohl” e “ubel”,ao contrário,seriam meras relações,respectivamente, com o estado de “satisfação”,ou “desagrado” da pessoa ,sempre ligados à sensibilidade e aos sentimentos de prazer e de dor que produzem,podendo ser falsos. 
                     
Segundo Kant,o bem e o mal verdadeiros  seriam os únicos objetos da “razão prática”. O mal “ubel” poderia  significar o bem “gute”. Kant exemplifica;”quem suporta um procedimento cirúrgico,experimenta isso como mal “ubel”,mas ele próprio e todos serão unânimes em proclamar que  se trata de um bem “gute”,,,e se alguém se diverte molestando os outros e ao fim de certo tempo lhe é ministrada uma sova de pau,esse fato se constitui...para ele um mal “ubel”,mas todo mundo o aplaude considerando-o um bem “gute”...”.
 
Na sabedoria popular de todas as gerações,toda essa filosofia de Kant resume-se em “há males que vêm para o bem”,e o contrário,de que “há bens que trazem o mal”. Não há,portanto,como escapar da conclusão que dentro do raciocínio da “crítica da razão prática”,a facada dada pelo lunático Adélio Bispo em Bolsonaro se enquadraria com perfeição dentro da hipótese do “mal” que pagou altos “dividendos”,portanto, um “bem político” que,em troca do derramamento de algum sangue, valeu a eleição presidencial no país que detém  a sétima colocação no PIB mundial,talvez até alimentando um “ego” pelo poder.
 
Mas esse polêmico episódio da “facada”em Bolsonaro  saiu completamente do normal de uma “facada” em alguém. Uma facada “mata”, ou não mata, podendo normalmente gerar ferimentos ou lesões corporais que não passam de dias ou meses para curar. Mas a facada em Bolsonaro não matou nem curou nos prazos normais. Já dura mais de três anos. E inexplicavelmente aparecem “recaídas” da facada sempre que haja  algum dano na “imagem política”do Presidente, ou um mero “reforço” à campanha (“antecipada”?) pela reeleição.
 
Seria tudo isso investimento político numa  possível  índole “coitadista”do povo brasileiro,com vistas a uma pretendida “reeleição” em outubro de 2022? Em política deve-se pensar e decidir através do cérebro? Ou da “bunda”? Todavia,mesmo passando por cima de tudo o que aqui foi ponderado,evidentemente o povo brasileiro não terá outra alternativa em relação ao “beco-sem-saída” político em que está, para que evite  a reinstalação da  sua desgraça política,que não seja a de optar pela candidatura de Jair Bolsonaro em um eventual segundo turno em que o  “outro” competidor venha a ser o ex-Presidente, ex-condenado,e ex-presidiário Lula da Silva.o maior de todos os corruptos que já passaram pela política brasileira,também conhecido como “encantador de burros”.
 
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo