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domingo, 8 de março de 2020

O golpe do IRB, um teste para a CVM - Elio Gaspari

O Globo

IRB: otimismo direcionado e lucrativo 

Espalhar boato para provocar a alta de uma ação é ideia velha, mas novidade estaria na exposição das minúcias

Espertalhões usaram o Instituto de Resseguros do Brasil para dar um golpe     
Quando o Instituto de Resseguros do Brasil era estatal, aconteciam por lá coisas tenebrosas. Saneado e privatizado, parecia ter tomado jeito. Agora se vê que alguns espertalhões usaram a empresa para dar o mais primitivo dos golpes: espalhar um boato otimista, faturá-lo e ir em frente. No mundo do papelório adora-se otimismo, desde que na outra ponta alguém esteja disposto a comprá-lo. Em dezembro de 2018 os çábios falavam que em 2019 o Produto Interno Bruto cresceria 2,55%. Cresceu 1,1%.

Com o IRB houve um otimismo direcionado, funcional e lucrativo. Desde janeiro as contas da empresa estiveram debaixo de chumbo até que, tchan, surgiu a informação de que Warren Buffett faria um investimento na empresa. O “Mago de Omaha” é aquele que toca numa ação e ela vira ouro. O interesse de Buffett foi chancelado por çábios do mercado que juram ter ouvido a informação no próprio IRB e até mesmo de operadores do “Mago”. Num só dia as ações do IRB subiram 6,6% e chegaram a valer R$ 45.

Na quarta-feira, a empresa de Buffett soltou uma nota dura e humilhante, dizendo que “não é acionista, nunca foi acionista e não tem interesse em se tornar acionista” do IRB. Em apenas quatro dias da semana passada, a empresa perdeu R$ 13,4 bilhões em valor de mercado.  Nesse angu há de tudo. O presidente do Conselho pediu o chapéu em meados de fevereiro. O presidente do IRB e seu diretor financeiro caíram na quarta-feira. Lá atrás, a diretoria se habilitou a receber um bônus de R$ 61,9 milhões. A queda do valor da ação para R$ 17 sugere que havia algo errado nas contas do IRB mesmo antes da patranha envolvendo Buffett. Pedro Guimarães, presidente da Caixa e novo titular do conselho de administração da empresa, passou a tesoura em alguns bônus e informou que “queremos entender, no detalhe, essa questão”.

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Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e acredita que resolveu dois problemas, o da comunicação do governo e outro, bem maior. Para a comunicação, o cretino acha que o capitão Bolsonaro deveria transferir para o comediante Márvio Lúcio dos Santos (com direito a faixa de seda verde-amarela) a função de porta-voz. Convenceu-se disso vendo seu desempenho no cercadinho do Alvorada, explicando o crescimento do PIB.

O outro problema, bem maior, Eremildo acredita que poderá ser resolvido dando-se amplos poderes ao juiz Dalton Conrado, da 5ª Vara Federal de Campo Grande. Ele determinou que Adélio Bispo, o cidadão que esfaqueou Jair Bolsonaro em 2018, seja retirado da penitenciária onde está e “internado em local apropriado ao cumprimento da medida de segurança, com estrutura, equipe técnica e medicamentos necessários ao tratamento da sua enfermidade mental”. Uma junta médica atestou que Adélio sofre de transtorno delirante persistente.

Eremildo acredita que se o magistrado tiver seu poderes ampliados, podendo determinar também a internação de quaisquer pessoas soltas, prestará um serviço à coletividade, desde que poupe os idiotas.

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Lula e o Grande Satã
Durante sua passagem por Paris, onde recebeu o título de cidadão honorário da cidade, Lula escreveu o seguinte:  “Um dia vocês vão perceber que quase todos os conflitos no século 20 e 21 estão ligados ao petróleo. E que todos envolvem a atuação dos Estados Unidos.”

Um dia ele perceberá que andou dizendo bobagens. Nos séculos 20 e 21 os Estados Unidos entraram em sete guerras. Nos dois conflitos mundiais (1914-18 e 1939-1945) não havia petróleo. Nem na Coreia, muito menos no Vietnã (uma guerra que durou quase 20 anos). Houve petróleo nas duas guerras do Golfo, mas não o há no Afeganistão.

Folha de S. Paulo e O Globo - Elio Gaspari, jornalista


quinta-feira, 1 de março de 2018

PIB cresce 1% em 2017, e volta a subir após dois anos em queda - O 1% é pouco, mas é o fim oficial de uma das piores recessões do país

No quarto trimestre, o resultado foi de 0,1%, na comparação com os três meses anteriores; os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira.

A economia brasileira voltou a crescer em 2017, com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando alta de 1% no acumulado do ano. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. É o primeiro resultado anual positivo após dois anos seguidos de queda. No quarto trimestre, o resultado foi de 0,1%, na comparação com os três meses anteriores.

O IBGE mede a produção da economia de duas formas: sob o ponto de vista dos setores que produzem e dos que consomem.
No lado da produção, o destaque foi o setor agropecuário, que cresceu 13% no acumulado do ano. O país colheu uma safra recorde no início de 2017, o que fez os preços dos alimentos caírem e a inflação ficar em patamares baixos. O destaque no ano foi para a produção nas culturas de milho (alta de 55,2%) e soja (19,4%), segundo o IBGE.
Os serviços avançaram 0,3%, e a indústria registrou mesmo nível de produção que no ano anterior (variação de 0%). O total produzido no ano foi de 6,559 trilhões de reais.

Sob a ótica da demanda, o crescimento aconteceu por causa do consumo das famílias, que foi 1% maior em 2017 que no ano anterior. A expectativa dos analistas do mercado financeiro é que esse componente permanecerá em alta em 2018, impulsionado pelo aumento no emprego formal e inflação e taxa de juros baixas.
Tanto os gastos do governo quanto os investimentos aconteceram em níveis menores em 2017 que em 2016 – -0,6% e -1,8%, respectivamente. As exportações cresceram 5%, enquanto as importações subiram 5,2%.

Trimestre
Na comparação com o terceiro trimestre de 2017, a indústria foi o principal resultado positivo do setor produtivo. O crescimento foi de 0,5%, segunda alta consecutiva neste tipo de comparação.  A indústria de transformação cresceu 1,5%, e a construção ficou estável (0,0%).

Os serviços também voltaram a registrar alta pelo quarta vez seguida (0,2%) e a agropecuária teve estagnação no último trimestre (alta de 0%) frente ao período anterior. “O grande impacto positivo da agricultura foi no começo de 2017, por causa da safra recorde. Ao longo do ano, os dados foram piorando”, avalia o diretor de pesquisa macroeconômica do Ipea, José Ronaldo Júnior.

No lado da demanda, o maior aumento foi nos investimentos, que cresceram 2%. Para Ronaldo Júnior, é importante notar que a importação de itens que servem para a fabricação de outros (bens de capital) subiu no fim do ano. Dessa forma, o resultado positivo dos investimentos no fim do ano indica uma situação melhor que no acumulado de 2017. ”
O consumo das famílias (0,1%) e do governo (0,2%) também subiram nos últimos três meses do ano frente ao trimestre anterior.


O 1% é pouco, mas é o fim oficial de uma das piores recessões do país





O 1% redondo em que fechou o PIB de 2017 é pouco, mas é o fim oficial da recessão brasileira. Fica claro que o que puxou o PIB para fora do buraco foi a Agropecuária, que teve uma alta de 13%, os Serviços fecharam o ano com um resultado muito pequeno, de 0,3%, e a Indústria tem apenas a comemorar o fato de não ter caído novamente. Ficou em zero.

O Brasil viveu uma das piores recessões de sua história desde o fim de 2014. Ao ser encerrada agora, com este número, deixa uma série de traumas e cicatrizes. O país tem um exército de desempregados, uma deterioração no mercado de trabalho, o PIB vai demorar a recuperar o que perdeu, a indústria encolheu. A Agropecuária conseguiu se levantar primeiro pela força de preços melhores, um bom clima no ano passado, e um investimento em maior produtividade.

O campo brasileiro tem aumentado sua capacidade de produção todos os anos, em todos os cenários.  É uma pena que uma parte do Agronegócio defenda bandeiras tão ultrapassadas, porque o setor é agil, competitivo e uma parte dele se moderniza rapidamente


Veja/Globo