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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Pobre Nordeste - Revista Oeste

A única região do Brasil onde Lula liderou a votação coleciona os piores resultados em índices de educação, emprego formal e riqueza per capita

Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Montagem Revista Oeste/Redes Sociais 
Luiz Inácio Lula da Silva -  Foto: Montagem Revista Oeste/Redes Sociais  

No primeiro discurso depois de ser declarado eleito presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez agradecimentos especiais ao Nordeste. A Região foi a única em que o petista conseguiu mais votos que Jair Bolsonaro. A diferença que compensou o resultado no restante do país veio dos brasileiros que convivem com os piores indicadores sociais da nação.

“Obrigado, Nordeste maravilhoso, que nos deu mais uma vitória na vida”, disse Lula, no domingo 30, em um discurso para apoiadores na capital paulista. Comparando ao resultado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista conseguiu 12,5 milhões de eleitores nordestinos a mais — quase 70% dos votos válidos locais.

Os baixos desempenhos socioeconômicos ocorrem apesar das belezas naturais e de todo o potencial da região. Contrastando com algumas das mais belas praias do mundo, paisagens exuberantes no interior e um agronegócio pujante no cerrado local, o Nordeste tem a menor produção de riqueza por habitante em todo o território nacional. A comparação entre a quantidade de habitantes e a produção econômica da região mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita local bateu pouco mais de R$ 18 mil por ano.

Muito potencial na mão esquerda
O PT conseguiu liderar a corrida à Presidência em todos os Estados nordestinos. As únicas quatro disputas por governos estaduais que a sigla conseguiu vencer neste ano são dessa região do Brasil. Na lista, Bahia (Jerônimo Rodrigues), Ceará (Elmano de Freitas), Piauí (Rafael Fonteles) e Rio Grande do Norte (Fátima Bezerra).
Esse pedaço do país também é o único em que a maior parte dos governos estaduais segue controlada por partidos de esquerda. Fora os quatro Estados petistas, Paraíba e Maranhão estão com o PSB. Nos outros, a escolha foi por MDB (Alagoas), PSDB (Pernambuco) e PSD (Sergipe).  
Nas urnas maranhenses, estado que registrou o pior índice de riqueza por habitante (pouco menos de R$ 14 mil por ano), Lula teve uma de suas melhores votações: 71% dos votos.
Paralelamente, o Centro-Oeste, com quase R$ 45 mil de PIB per capita, teve o melhor índice do Brasil em 2019. Famosa pelo agronegócio, a região despejou 60% dos votos em Bolsonaro. [fácil perceber que os estados sob administração petista, se destacam por colocar sua população em péssimas condições de vida.]

Campeão no Auxílio Brasil
Na primeira posição do ranking de pobreza, o Nordeste lidera a quantidade de famílias que recebem o Auxílio Brasil. Apenas em outubro, foram enviados R$ 6 bilhões à população local por meio do benefício. O valor se aproximou da metade dos cerca de R$ 13 bilhões distribuídos em todo o território nacional em igual período.

Praticamente 10 milhões de famílias nordestinas precisaram do programa para sobreviver no mês passado. Pelas estimativas da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania, são quase 25 milhões de habitantes, ou seja, 45% da população local depende do governo.

Ao mesmo tempo, no Centro-Oeste, menos de 20% dos habitantes receberam o Auxílio Brasil.  
No Sul do país, que tem a menor dependência do programa, a proporção de beneficiários não chegou a 13%. 
O PIB per capita sulista ficou em cerca de R$ 42 mil por ano em 2019. Outra vez, mais que o dobro do nordestino. [a manutenção da população nordestina nessas condições miseráveis e de dependência total de programas assistenciais, é essencial para que coisas como o descondenado, não inocentado, sobrevivam politicamente.]

Proporcionalmente, os eleitores sulistas deram o melhor desempenho a Bolsonaro: praticamente, 62% dos votos válidos locais. Tanto no Centro-Oeste quanto no Sul, o presidente em exercício ganhou em todos os Estados.

Para votar na eleição para a Presidência do Brasil, é preciso ter 16 anos ou mais de idade. No Nordeste, a quantidade de trabalhadores com carteira assinada equivale a cerca de 16,5% do número de eleitores. Fazendo a mesma comparação no Sul, a proporção da mão de obra em empregos formais mais do que dobra, atingindo 35% — o melhor índice nacional. A segunda posição ficou para o Sudeste: praticamente 33%.

População analfabeta
De acordo com o IBGE, as Regiões Sul e Sudeste têm a menor taxa de analfabetismo do país: 3,3%. 
Na sequência, aparece o Centro-Oeste, com pouco menos de 5%. 
Mais uma vez, o pior resultado é do Nordeste, onde quase 14% dos moradores com mais de 15 anos não sabem ler nem escrever. 
É mais que o dobro da média nacional: 6,6%
Com esses números, a região conseguiu concentrar sozinha mais da metade dos analfabetos brasileiros.

O levantamento revelou que três em cada cinco adultos que moram nessa parte do país não completaram o ensino médio, o que corresponde a 60% do total

“A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais no Brasil ficou em 6,6% em 2019, o que corresponde a 11 milhões de pessoas”, informa o instituto. “Mais da metade (56,2%, ou 6,2 milhões) vive na Região Nordeste.”

Além disso, o levantamento revelou que três em cada cinco adultos que moram nessa parte do país não completaram o ensino médio, o que corresponde a 60% do total. No restante do Brasil, mais da metade da população nessa faixa etária concluiu esse ciclo educacional.

A pesquisa mostrou ainda que os nordestinos com mais de 25 anos tinham pouco menos de nove anos de estudo formal — o mais baixo nível entre as regiões do país. O Sudeste teve o melhor resultado: pouco mais de 10 anos.

Um vizinho menos pobre
Apenas o Norte tem números próximos aos do Nordeste em temas como educação, PIB per capita e empregos. Ainda assim, com indicadores levemente melhores. E apesar de Bolsonaro também ter conseguido melhores resultados que Lula entre na região, a diferença ficou em apenas 2 pontos porcentuais.

No Norte, a média de anos de estudos formais de um adulto também não chega a nove, parando em 8,9. Nas demais regiões, o número fica mais próximo de dez. O PIB per capita do Norte em 2019 ficou em cerca de R$ 22 mil. Desse modo, ele foi capaz de superar apenas o resultado nordestino e está bem distante dos valores encontrados no restante do país. E a relação entre eleitorado e empregos formais é praticamente a mesma da Região Nordeste.

Apesar de atuais, esses números não ilustram uma realidade que nasceu recentemente. Quando Dilma Rousseff (PT) encerrou o primeiro mandato, o Nordeste também tinha a maior população analfabeta do país e já concentrava mais da metade dos brasileiros que não sabiam ler nem escrever
A pergunta que fica é se Lula fará na região em quatro anos o que ele próprio e sua sucessora não fizeram em 14.

Leia também “Retomando o caminho para a miséria”

Redação - Revista Oeste


sexta-feira, 20 de abril de 2018

País cria 56 mil vagas em março, melhor resultado para o mês desde 2013

Saldo de emprego formal foi positivo em 56.151 vagas em março, mostra Caged

O Brasil abriu 56.151 vagas de emprego formal em março, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta sexta-feira, 20, pelo Ministério do Trabalho. Foi o terceiro mês de aumento consecutivo no número de vagas com carteira assinada.  

Para meses de março, este é o melhor resultado desde 2013, quando foram geradas 112.450 vagas. O saldo positivo decorre de 1,340 milhão admissões e 1,284 milhão demissões. O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas de analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam de fechamento de 34.961 vagas a abertura de 73.500 vagas, com mediana positiva em 41.495 vagas.
Apesar de positivo, o desempenho do mês passado foi inferior às contratações líquidas registradas em fevereiro (65.058 vagas) e janeiro (82.855 vagas), já considerando o ajuste nos resultados desses meses. Em março de 2017, houve um fechamento de 57.594 postos de trabalho.  No acumulado do primeiro trimestre do ano, houve abertura de 204.064 postos de trabalho com carteira assinada. Em 12 meses até março, há um saldo positivo de 223.367 vagas.

Setores
O resultado mensal foi puxado pelo setor de serviços, que gerou 57.384 postos formais em março, e pela indústria de transformação, que abriu 10.450 novas vagas com carteira assinada. Em seguida, tiveram desempenhos positivos a construção civil (7.728 vagas), a administração pública (3.660), a extração mineral (360) e os serviços industriais de utilidade pública (274).
Por outro lado, tiveram saldo negativo a agropecuária (17.872 postos) e o comércio (5.878). Segundo o ministério, o resultado foi positivo em 16 das 27 unidades da Federação.

IstoÉ
 

sábado, 10 de março de 2018

A irresponsável elevação do salário no Rio de Janeiro



Mesmo com a economia fluminense ainda deprimida, a Alerj, com a omissão de Pezão, aumenta piso salarial do estado mais que o mínimo, e coloca empregos em risco

Dificuldades econômicas e fiscais, como quaisquer outras, pressionam governantes a se posicionar em busca de saídas para a crise, sempre preocupados com o bem comum. Mas se preferirem as falsas soluções demagógicas, elas podem render aplausos e votos a curto prazo, porém não solucionam o problema e ainda agravam a própria crise.  É o que acaba de fazer a Assembleia Legislativa (Alerj), ao elevar de maneira inconsequente o salário mínimo regional fluminense, decisão não vetada pelo governador Luiz Fernando Pezão, com o argumento frágil de que a rediscussão da matéria atrasaria a revisão deste piso. 

Mais um erro crasso do Palácio Guanabara, entre tantos nos últimos anos.  A discrepância do reajuste em 5% do piso regional em relação ao aumento de 1,81% do próprio salário mínimo nacional chama a atenção. A estranheza cresce diante da péssima situação fiscal e econômica do Rio de Janeiro, que desaconselha qualquer reajuste deste piso. Ora, o Rio está sob regime de emergência, tendo assinado acordo com a União para receber ajuda do Tesouro, a fim de colocar em dia várias despesas, a começar pela folha de salários e de benefícios previdenciários, além dos fornecedores do estado.

A debacle fluminense reflete a crise nacional, que tem graves repercussões locais, mas também erros sérios cometidos pelo grupo político de Pezão — com o ex-governador Sérgio Cabral à frente, preso com outros parceiros por corrupção —, quando começou a governar o estado. Não fosse suficiente o roubo do dinheiro do contribuinte, aproveitaram a bonança das altas cotações do petróleo, que inflaram bastante o volume dos royalties, e engessaram muitos recursos em aumentos salariais e benefícios, principalmente em favor de castas dos servidores (juízes, procuradores etc.).

A impropriedade da elevação do piso seis faixas, de R$ 1.193,36 a R$ 3.044,78 — está na fragilidade das contas públicas e também da economia do estado como um todo.
Um dado esclarecedor: em janeiro, a economia brasileira, em recuperação, gerou 77.800 postos formais no mercado de trabalho, enquanto o Rio fechou 9.800 vagas. A taxa de desemprego no estado, no último trimestre do ano passado, foi de 15,1%, enquanto o índice nacional estava em 11,8%. Ou seja, a inadequação do reajuste do piso salarial no estado é absoluta. 

A proposta do governo era de um aumento de 2,52%, já excessivo, e que foi ampliado, de maneira irresponsável pelos deputados, para 5%, sem o veto de Pezão. A medida atinge 2 milhões de trabalhadores. Alguns perderão o emprego formal, devido ao aumento de custo para o empregador, sem condições de repassá-lo ao consumidor em um mercado ainda deprimido. Este é o resultado da ação eleitoreira da Alerj, com a conivência, por omissão, do governador.

Editorial - O Globo
 



quinta-feira, 1 de março de 2018

PIB cresce 1% em 2017, e volta a subir após dois anos em queda - O 1% é pouco, mas é o fim oficial de uma das piores recessões do país

No quarto trimestre, o resultado foi de 0,1%, na comparação com os três meses anteriores; os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira.

A economia brasileira voltou a crescer em 2017, com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando alta de 1% no acumulado do ano. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. É o primeiro resultado anual positivo após dois anos seguidos de queda. No quarto trimestre, o resultado foi de 0,1%, na comparação com os três meses anteriores.

O IBGE mede a produção da economia de duas formas: sob o ponto de vista dos setores que produzem e dos que consomem.
No lado da produção, o destaque foi o setor agropecuário, que cresceu 13% no acumulado do ano. O país colheu uma safra recorde no início de 2017, o que fez os preços dos alimentos caírem e a inflação ficar em patamares baixos. O destaque no ano foi para a produção nas culturas de milho (alta de 55,2%) e soja (19,4%), segundo o IBGE.
Os serviços avançaram 0,3%, e a indústria registrou mesmo nível de produção que no ano anterior (variação de 0%). O total produzido no ano foi de 6,559 trilhões de reais.

Sob a ótica da demanda, o crescimento aconteceu por causa do consumo das famílias, que foi 1% maior em 2017 que no ano anterior. A expectativa dos analistas do mercado financeiro é que esse componente permanecerá em alta em 2018, impulsionado pelo aumento no emprego formal e inflação e taxa de juros baixas.
Tanto os gastos do governo quanto os investimentos aconteceram em níveis menores em 2017 que em 2016 – -0,6% e -1,8%, respectivamente. As exportações cresceram 5%, enquanto as importações subiram 5,2%.

Trimestre
Na comparação com o terceiro trimestre de 2017, a indústria foi o principal resultado positivo do setor produtivo. O crescimento foi de 0,5%, segunda alta consecutiva neste tipo de comparação.  A indústria de transformação cresceu 1,5%, e a construção ficou estável (0,0%).

Os serviços também voltaram a registrar alta pelo quarta vez seguida (0,2%) e a agropecuária teve estagnação no último trimestre (alta de 0%) frente ao período anterior. “O grande impacto positivo da agricultura foi no começo de 2017, por causa da safra recorde. Ao longo do ano, os dados foram piorando”, avalia o diretor de pesquisa macroeconômica do Ipea, José Ronaldo Júnior.

No lado da demanda, o maior aumento foi nos investimentos, que cresceram 2%. Para Ronaldo Júnior, é importante notar que a importação de itens que servem para a fabricação de outros (bens de capital) subiu no fim do ano. Dessa forma, o resultado positivo dos investimentos no fim do ano indica uma situação melhor que no acumulado de 2017. ”
O consumo das famílias (0,1%) e do governo (0,2%) também subiram nos últimos três meses do ano frente ao trimestre anterior.


O 1% é pouco, mas é o fim oficial de uma das piores recessões do país





O 1% redondo em que fechou o PIB de 2017 é pouco, mas é o fim oficial da recessão brasileira. Fica claro que o que puxou o PIB para fora do buraco foi a Agropecuária, que teve uma alta de 13%, os Serviços fecharam o ano com um resultado muito pequeno, de 0,3%, e a Indústria tem apenas a comemorar o fato de não ter caído novamente. Ficou em zero.

O Brasil viveu uma das piores recessões de sua história desde o fim de 2014. Ao ser encerrada agora, com este número, deixa uma série de traumas e cicatrizes. O país tem um exército de desempregados, uma deterioração no mercado de trabalho, o PIB vai demorar a recuperar o que perdeu, a indústria encolheu. A Agropecuária conseguiu se levantar primeiro pela força de preços melhores, um bom clima no ano passado, e um investimento em maior produtividade.

O campo brasileiro tem aumentado sua capacidade de produção todos os anos, em todos os cenários.  É uma pena que uma parte do Agronegócio defenda bandeiras tão ultrapassadas, porque o setor é agil, competitivo e uma parte dele se moderniza rapidamente


Veja/Globo