Põe o Janine, tira o
Janine. Tira o Mercadante daqui, coloca ali. Põe o dono do restaurante de Duque de Caxias na
Ciência e Tecnologia e desloca o Rebelo
para a Defesa - pode não entender nada do assunto, mas torce para o Victor
Hugo, belíssimo zagueiro central, que não deixa passar uma.
Ali,
dirigindo a orquestra, da coxia, o grão
vizir Lula, aquele que é a favor e contra o governo, aquele que planta
cargos para colher governabilidade. Para que? Para não largar jamais a planta
suculenta do poder. Na dança das cadeiras promovida pela presidente Dilma com a
finalidade de abrir mais espaço em seu governo para abrigar um aliado faminto que tem o poder de retirar-lhe o mandato,
faltavam cadeiras e havia dançarinos sobrando.
O grão vizir interveio e colocou
um dos seus, Jacques Wagner, na Casa Civil- por
onde já andaram José Dirceu e a própria Dilma - e deixou que Dilma deslocasse seu xodó Mercadante para a Educação, completando a
quinta troca de comando naquele que deveria ser o
ministério mais importante da República - o
da Educação (afinal, não somos
uma pátria educadora?). Afinal, é pela Casa Civil que passam de verdade os
destinos da República. A Educação é apenas uma vitrine de um projeto inócuo,
sem começo, nem meio e nem fim, onde moram os mais impressionantes slogans de
João Santana.
Andou
por ali ultimamente um cavalheiro bem apessoado, bem educado, um prestigioso
professor de Ética, não inscrito no partido, a quem coube, em seus parcos seis meses de gestão,
administrar uma greve de universidades federais e vir a público dizer que
“o dinheiro acabou”, quando os
estudantes não conseguiam mais inscrever-se no FIES. Esse é o resumo de sua
obra.
Um homem de fino trato, tanto que ao ser despedido pela
presidente, topou posar para uma foto apertando a sua mão e dar declarações à
imprensa dizendo que ela foi muito cordial ao comunicar-lhe o bilhete azul. O outro trambolho que o grão vizir
resolveu entregar de mão beijada à voracidade do PMDB foi
o ministério da Saúde, que estava nas mãos do companheiro Arthur Chioro,
delicadamente avisado que estava fora
pela presidente Dilma, num telefonema de dois minutos. Ao que se informa,
ela não teve tempo nem de dizer-lhe “obrigado”. Uns dois dias antes de ser despachado em
função do toma lá dá cá, Chioro deu uma entrevista ao Estadão
anunciando que o SUS
- Sistema Único de Saúde - entrará em colapso em setembro de 2016 por
falta de dinheiro.
Para completar o cenário dantesco, anunciou-se que um dos dois
candidatos cogitados pelo PMDB para preencher o cargo, o deputado Manoel
Júnior, da Paraíba, foi citado numa CPI como suspeito de ter participado de um
assassinato. (O escolhido acabou sendo
Marcelo Castro, do Piauí, apadrinhado de Leonardo Picciani, líder do PMDB na
Câmara).
O deputado paraibano é da tropa
de choque do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusado de ter 5 milhões de dólares
oriundos de propina depositados em conta secreta na Suíça. Mas Cunha ainda tem o poder
de apertar o botão dos projetos bomba e da máquina de disparar o processo de impeachment contra Dilma.
Sob esse
virtuoso cenário, o grão vizir ainda
disse a seus amigos que está pensando em lançar já a sua candidatura para
2018, com a finalidade de “ocupar
espaços”, enquanto mostra à sua criatura onde fica o caminho mais curto para que a sua insignificância não atrapalhe o seu
projeto de poder.
Enquanto
os ilusionistas embaralhavam as suas cartas, os jornais anunciavam mais mar revolto à frente: a denúncia da venda de
MPs favorecendo a indústria automobilística, durante o governo Lula, e doações da UTC tiradas de propinas da Petrobras para financiar a campanha da
reeleição de Dilma.
Um céu sem brigadeiro.
Fonte: Sandro Vaia, jornalista