Brasil empata com Iraque e completa dois jogos sem fazer gol
Seleção é vaiada em Brasília e fica no 0 a 0 outra vez com adversário fraco
Jogo contra Dinamarca será com time misto: Marta e Formiga e mais nove jogadores do sexo masculino
Difícil medir o alcance, os efeitos do tropeço de proporções escandalosas do
Brasil diante do Iraque. Porque existe um limite entre o aceitável e o
suportável. É aceitável dizer que o time foi formado há pouco tempo, trata-se de
um torneio de improvisos e que futebol se faz com projeto, algo difícil para
seleções hoje. Tudo isso é justo e real. O caso é que o futebol brasileiro não
suporta mais tropeços desta natureza.
A cota de constrangimentos parece
esgotada, a pressão é enorme. Ter piorado sua situação na primeira fase da
Olimpíada é só a consequência esportiva imediata. A seleção perdeu o crédito com
o público. Diante disso, perdeu a cabeça, o equilíbrio. No 0 a 0 contra os
iraquianos, foi vaiada primeiro. Depois, foi humilhada com gritos de “olé”, de
“Marta” e um desfecho melancólico: gritos de “Iraque” em Brasília. O
compreensível senso de urgência nacional é o maior dos adversários do futebol
brasileiro.
O Brasil do primeiro tempo fez 30 minutos de pavor e terminou com um tipo de
jogo que poderia ser a semente de uma mudança. O difícil é fazer a boa sensação
durar. Seja porque o futebol brasileiro hoje tem dificuldade de jogar bem em
equipe, seja porque o time existe há muito pouco tempo, seja porque os nervos
dominam a seleção. Antes de mudar, mostrou como é viciado o jogador brasileiro
num jogo em espasmos, de correria na direção do gol, sem combinações e troca de
passes em progressão. Sem pensamento. Eram tentativas individuais, verticais.
Joga-se futebol com pressa no Brasil. E mudar a cultura leva tempo. Mesmo sem
treino, o que dificulta tudo, o primeiro recurso do brasileiro não é passar, é
correr.
É verdade que o Iraque tinha meio time semifinalista do Mundial sub-20 há
três anos, o que lhe dá algo de padrão coletivo. Mas também teve que mudar
jogadores para o Rio-2016. Não ficou imune. E mesmo assim era condicionado a se
associar. Chegou duas vezes com perigo, uma em lance armado, outra ao acaso, num
lateral que terminou na trave de Weverton. O Brasil, na dificuldade, corria.
Mais tarde, na fase agônica da partida, cavava faltas, brigava com o árbitro,
recorria a artifícios.
O time até terminou o primeiro tempo com outra cara. Jogando mais próximo, triangulando. Brotou futebol pelo lado direito, onde ora Renato Augusto, ora Gabigol, buscavam a lateral para Zeca se converter em armador por um corredor mais central. Houve jogo. A marcação do Iraque se confundiu, e o Brasil empilhou chances. Pelo menos duas delas, perdidas por um Gabriel Jesus que desperta justas preocupações. Se o time inteiro é ansioso, pressionado, o atacante do Palmeiras e, futuramente, do Manchester City, multiplica tais sensações. Tem dificuldade em jogadas simples e vê o gol se estreitar na hora de finalizar. Vive uma nova fase na carreira e não parece fácil lidar com ela.
Fonte: O Globo
O time até terminou o primeiro tempo com outra cara. Jogando mais próximo, triangulando. Brotou futebol pelo lado direito, onde ora Renato Augusto, ora Gabigol, buscavam a lateral para Zeca se converter em armador por um corredor mais central. Houve jogo. A marcação do Iraque se confundiu, e o Brasil empilhou chances. Pelo menos duas delas, perdidas por um Gabriel Jesus que desperta justas preocupações. Se o time inteiro é ansioso, pressionado, o atacante do Palmeiras e, futuramente, do Manchester City, multiplica tais sensações. Tem dificuldade em jogadas simples e vê o gol se estreitar na hora de finalizar. Vive uma nova fase na carreira e não parece fácil lidar com ela.
Fonte: O Globo