Com negociações travadas com o GDF, policiais civis
fazem assembleia hoje
Impasse
em torno do reajuste salarial da Polícia Civil pode provocar crise na área. Como pressão, 100 delegados e 1 mil agentes prometem deixar
as suas funções, além de parar investigações
Policiais
civis contrariaram decisão judicial e, em 4 de agosto, fizeram manifestação
diante do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha: pressão por paridade com
a Polícia Federal
Pergunta que não quer calar:
E a multa a qual os
sindicatos foram condenados pela greve e pela manifestação em área proibida?
Vai ser cobrada ou perdoada?
Delegados e policiais civis estão dispostos a
radicalizar o movimento por reajuste salarial a partir de hoje. Insatisfeitos com as negociações
com o Executivo local, que não apresentou nova proposta de paridade com a
Polícia Federal em reunião realizada na manhã de ontem, 100 delegados e cerca de 1 mil agentes com posição de chefia ameaçam
entregar os cargos. Para tensionar o movimento, convencem servidores a
recusarem ocupar cargo em comissão. Além disso, não descartam nova greve.
A categoria pleiteia a manutenção da
paridade com a Polícia Federal e quer os mesmos 37% de reajuste em três anos,
conforme concedeu o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), à corporação
nacional — o aumento ainda depende de
aprovação do Congresso Nacional.
Policiais civis alegam que a corporação brasiliense e a Polícia Federal têm o
mesmo regime jurídico, a Lei Federal nº 4.878, de 1965. A Polícia Militar é
regida pela Lei Federal nº 10.486/2002, que trata da remuneração dos militares.
As decisões serão tomadas em assembleia prevista
para as 14h, em frente
à sede da Polícia Civil. Na manhã de ontem, o chefe da Casa Civil, Sérgio
Sampaio; a secretária de Planejamento e Orçamento (Seplag), Leany Lemos; e o
secretário de Fazenda, João Fleury, se reuniram com representantes do Sindicato
dos Policiais Civis do DF (Sinpol) e do Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindepo)
no Palácio do Buriti. O encontro
terminou sem o GDF apresentar proposta de reajuste. Hoje, o GDF trabalha com a expectativa de terminar o ano com um déficit
de R$ 1,4 bilhão no orçamento, além
da dívida herdada com fornecedores, na casa de R$ 1,3 bilhão. Por isso,
segundo o Executivo local, não há margem para mais endividamentos. “A situação não nos permite aumento de
despesa sem novas receitas. Ainda precisamos arrumar recursos na ordem de R$ 1
bilhão para fechar o ano”, explicou Sampaio.
Segundo ele, por esse motivo, o governador se reuniu na última sexta-feira com
Michel Temer para abrir novas frentes de obtenção de recursos. “Nós encontramos uma situação muito
drástica, em que consumimos 81% de tudo que entra nos cofres com pessoal. Aumentar
isso pura e simplesmente é uma irresponsabilidade, porque a população não
poderá ser atendida naquilo que é mais básico”, ressaltou o chefe da Casa
Civil. “Esperamos
que a Polícia Civil tenha maturidade e responsabilidade de entender esse
momento”, concluiu.
A apresentação do contexto econômico, no entanto, não foi suficiente para os
policiais. Segundo eles, a despesa única
que garante o reajuste salarial com Polícia Federal é o Fundo Constitucional,
que terá ampliação de R$ 800 milhões a partir de 2017. Na tarde de ontem, o
diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, se reuniu com a cúpula da
corporação. A regra era para que nenhuma decisão fosse tomada de forma
unilateral. À noite, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, chamou Seba para
um encontro a portas fechadas. O Correio
apurou que a Polícia Civil está dividida
em dois grupos: um com intenção de ver o caos na
corporação; e outro que busca a paridade com a PF e entende que
precisa dar uma reposta a Rollemberg sem abandonar a corporação.
Meio-termo
Para o presidente do Sinpol, Rodrigo Franco, não houve nenhum avanço no
diálogo; por isso, haverá entrega dos cargos de chefia. “A partir de amanhã (hoje), a
Polícia Civil ficará acéfala, sem comando. Não há motivação nenhuma para os
policiais civis desenvolverem as suas atividades. Nós esperávamos um mínimo de
avanço. Pelo contrário, houve recuo nas negociações”, alegou.
O diretor do Sindepo, Rafael Sampaio, se mostrou surpreso pela falta de
propostas do governo. “Achávamos que
teríamos algo. Não o que a gente queria, mas um meio-termo. O mínimo seria a
manutenção da paridade até 2019. E o governo dizer que não tem nenhum centavo
para garantir o reajuste para a Polícia Civil no ano que vem, entendemos como
uma absoluta falta de sensibilidade”, reforçou. “Nunca vivemos uma situação como essa. Nunca tínhamos tido
paralisação de delegados e vivido entrega de cargos. A instituição viverá um
caos. As investigações serão todas limitadas por falta de pessoal e de recursos
materiais. Nós não vamos trabalhar extra se o governo não quiser recompor
perdas inflacionarias”, acrescentou.
Fonte: Correio Braziliense