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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Condenado por estupro, Robinho volta ao Santos. E há quem minimize. É o Brasil

Mauro Cezar Pereira

Condenado por estupro na Itália, atacante Robinho foi contratado pelo Santos

"Depois da violência, Robinho humilhou a vítima: por isso o ex-jogador foi condenado a 9 anos". O título da matéria publicada em 22 de fevereiro de 2018 pelo jornal La Repubblica dá o tom da gravidade do que, de acordo com a investigação, se passara em 22 de janeiro de 2013. O periódico italiano detalha a reconstituição da justiça, que levou a tal veredicto.

E não foi apenas isso: segundo juízas de Milão Mariolina Panasiti, Piera Gasparini e Simone Luerti, o atacante, então jogando pelo Milan, "teria comentado o estupro coletivo de uma jovem com 23 anos com expressões de desprezo". A vítima, uma albanesa que naquele dia comemorava seus 22 anos em um clube da cidade, o Sio Café. A publicação acrescenta que também estavam no local Robinho e pelo menos cinco amigos. "O jogador de futebol teria sido o primeiro a estuprar a jovem que, devido ao seu quadro psicofísico comprometido pelo álcool, não conseguiu se opor a Ricardo Falco, 35, amigo de Robinho que a obrigou a se relacionar. Os dois então 'cederam' a vítima para os outros quatro brasileiros que, até então, haviam testemunhado a cena sem intervir", publicou o jornal.

De acordo com a investigação, houve participação de cinco pessoas, além do jogador. No entanto, Ricardo Falco foi o único identificado. Com isso, não se concretizou o processo contra os demais, todos réus jamais encontrados. Assim, a juíza Panasiti decretou a pena, após avaliar a personalidade dos autores do abuso.

Quando da condenação, a assessoria de Robinho, que na época já havia deixado o clube italiano, afirmou que o brasileiro já se defendeu das acusações e não teve qualquer participação no episódio. Ele ainda poderá recorrer em até duas instâncias. O atacante atuava pelo Atlético Mineiro quando saiu a sentença, algo que acelerou sua saída do futebol brasileiro ante protestos e faixas pelas ruas.

Robinho foi para o Sivasspor, da Turquia, seguiu no país vestindo a camisa do Başakşehir e agora teve sua recontratação (a segunda) pelo Santos anunciada, o que gerou críticas ao clube. A condenação na Itália faz com que ele não seja bem recebido, obviamente, por parte da torcida e da sociedade. É provável que Robinho seja repelido, rejeitado, vaiado em muitos estádios por onde passar vestindo a tradicional camisa santista. Apesar da resistência daqueles que minimizam o episódio repugnante que, segundo a justiça da Itália, ocorreu em 2013. Seja pela amizade, admiração ao seu futebol, gratidão por vitórias que ajudou a construir no passado, desinformação ou, absurdamente, por alguém não achar tão grave o que gerou a condenação do jogador.

Caso seja inocentado, isso deverá ser destacado na mídia, obviamente. Mas no momento não é essa a situação. Antes de se posicionar, cabe a cada um de nós se informar a respeito. Ainda mais nesse país onde tantos têm opinião sobre o que sequer conhecem. O código penal define estupro como crime, com pena de até 30 anos de prisão. Tratar a volta de Robinho ao Santos como se não existisse a condenação pela justiça italiana é abjeto, cínico, cretino. Esse é o Brasil atual.

Mauro Cezar Pereira, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes



segunda-feira, 19 de março de 2018

Juíza detalha: ‘violência sexual’ de Robinho em caso de abuso

Tribunal de Milão informou que atacante, condenado a nove anos de prisão, demonstrou "desprezo absoluto" e "humilhou" a vítima, uma jovem albanesa

Uma juíza da nona seção do Tribunal de Milão, na Itália, revelou nesta quinta-feira as motivações da sentença de nove anos de prisão aplicada ao atacante brasileiro Robinho em novembro de 2017 por violência sexual em grupocontra uma jovem albanesa. O caso ocorreu em 22 de janeiro de 2013, quando Robinho defendia o Milan. Como a sentença foi dada em primeira instância, ainda cabe recurso. O jogador, atualmente no Sivasspor, da Turquia, nega as acusações e responde em liberdade. 


Robinho jogou no Milan entre 2010 e 2014 (Giuseppe Cacace/AFP/VEJA)

De acordo com o relatório de 28 páginas, o atacante e seu amigo Ricardo Falco mostraram um “desprezo absoluto” pela jovem “exposta a humilhações repetidas, bem como a atos de violência sexual pesados”. A magistrada destacou: “Termos chulos e desdenhosos, sinais inequívocos de falta de escrúpulos e quase consciência de uma futura impunidade.” Disse ainda que os agressores chegaram a “rir várias vezes do incidente, destacando assim um absoluto desrespeito pela condição da vítima”.

Segundo a investigação, o ato teve a participação de mais cinco amigos, mas apenas Falco e Robinho foram identificados e processados. Os dois foram condenados a nove anos de prisão e respondem o processo pelo crime de violência sexual em grupo com abuso de “condições de inferioridade física e mental” da jovem, já que ela havia ingerido bebida alcoólica.  A juíza Mariolina Panasiti, juntamente com Piera Gasparini e Simone Luerti, decidiu pela pena após “avaliar a personalidade dos perpetradores de abuso”. A jovem mulher que foi estuprada aos 22 anos, “ainda dá sinais de um trauma psíquico.”

Segundo o depoimento da vitima, ela já conhecia Robinho e alguns de seus amigos e estava com o grupo e duas amigas no Sio Café, em Milão, para uma festa de aniversário. Em determinado momento, segundo a albanesa, suas amigas foram embora e Robinho levou a esposa para casa, antes de retornar ao local.  Os réus então teriam oferecido bebida à vítima até deixá-la inconsciente e incapaz de se opor”. Na reconstrução elaborada pela Procuradoria, o grupo levou a jovem para o guarda-volumes da boate e, se aproveitando de seu estado, manteve “múltiplas e consecutivas relações sexuais com ela”.

A defesa, por sua vez, afirma que não há nenhuma prova de que a albanesa não tenha consentido com a relação nem de que ela teria ingerido bebida alcoólica. No Facebook, a equipe de Robinho diz que ele “já se defendeu das acusações, afirmando não ter qualquer participação no episódio”. O processo de recurso ainda está em andamento.



Agência Ansa