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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Tribunal italiano confirma pena e condena Robinho a nove anos de prisão por estupro

O Estado de S. Paulo

Apesar do resultado, jogador continua em liberdade porque pode recorrer ao julgamento em terceiro grau

A segunda instância do Tribunal de Apelo de Milão, na Itália, condenou o atacante Robinho a nove anos de prisão, confirmando a decisão tomada em primeira instância. Dessa forma, o atacante fica mais perto de ser apontado como culpado no caso de estupro coletivo, ao qual foi acusado em 2013 quando jogava pelo Milan. Assim como em 2017, quando recebeu sua primeira sentença, o brasileiro não compareceu à audiência, que teve início ao meio-dia (8h no horário de Brasília). De acordo com a legislação italiana, a presença do jogador não era obrigatória.

Robinho e seu amigo Ricardo Falco, que responde ao mesmo processo, devem recorrer da decisão. Se isso acontecer, o caso será encaminhado à terceira instância, representando a última chance de absolvição do jogador. Enquanto aguardam a decisão final, que pode levar mais três anos, os réus continuam em liberdade. Três juízas julgaram o caso em Milão.

Independentemente do resultado, Robinho continua em liberdade porque as duas partes ainda podem recorrer ao julgamento em terceiro grau, que pode levar alguns meses para ocorrer. O jogador tem a presunção de inocência assegurada até o trânsito em julgado do processo, isto é, até que as fases de apelação se esgotem. E isso ocorre somente quando um caso chega à Corte de Cassação, terceira e última instância da Justiça da Itália, equivalente ao Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil. Só haverá aplicação de pena definitiva após condenação nesse grau, o que pode levar até dois anos.

A repercussão negativa sobre o caso de estupro fez com que Robinho tivesse a contratação cancelada pelo Santos em outubro. Robinho foi anunciado como reforço pelo clube da Vila Belmiro com vínculo por cinco meses e salário de R$ 1,5 mil, mas bônus de R$ 300 mil mensal de acordo com o número de jogos disputados. Porém, a pressão de patrocinadores e a divulgação de conversas sobre o caso provocaram forte repercussão, e o clube optou por suspender o contrato do jogador. O presidente em exercício, Orlando Rollo, disse que não via problema em ter Robinho no elenco caso ele fosse absolvido das acusações de estupro.

ENTENDA O CASO
De acordo com as investigações, Robinho e cinco amigos teriam estuprado uma jovem albanesa em um camarim da boate milanesa Sio Café, onde ela comemorava seu aniversário. O caso aconteceu em 22 de janeiro de 2013, quando o atleta defendia o Milan. O atleta foi condenado em primeira instância em dezembro de 2017. Os outros suspeitos deixaram a Itália ao longo da investigação, e por isso a participação deles no ato é alvo de outro processo.

Os advogados de Robinho afirmam que o atleta não cometeu o crime do qual é acusado e alegam que houve um "equívoco de interpretação" em relação a conversas interceptadas com autorização judicial pois alguns diálogos não teriam sido traduzidos de forma correta para o idioma italiano. Os defensores de Falco também dizem que seu cliente é inocente, mas pedem a aplicação mínima da pena caso haja condenação. O Estadão esteve na boate em Milão onde o crime teria ocorrido e constatou que o local passou por reforma após o episódio.

Procurado pelo Estadão em outubro, o advogado Franco Moretti, que representa Robinho na Itália, reforçou que seu cliente é inocente. O jogador afirmou que toda a relação que teve com a denunciante foi consensual e ressaltou que seu único arrependimento foi ter sido infiel à sua mulher.

Em entrevista ao Estadão, o advogado da vítima, Jacopo Gnocchi, revelou que ela poderia ter solicitado o pagamento de aproximadamente R$ 400 mil (60 mil euros) por danos morais, mas optou por aguardar o andamento dos procedimentos jurídicos. Na sua visão, o tribunal de Milão que condenou Robinho fez uma análise correta do caso. Ele espera que a sentença seja confirmada. "A questão nunca foi financeira, ela está em busca de justiça", declarou Gnocchi. A mulher, hoje com 30 anos, deve comparecer à audiência.

Noticias - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Condenado por estupro, Robinho volta ao Santos. E há quem minimize. É o Brasil

Mauro Cezar Pereira

Condenado por estupro na Itália, atacante Robinho foi contratado pelo Santos

"Depois da violência, Robinho humilhou a vítima: por isso o ex-jogador foi condenado a 9 anos". O título da matéria publicada em 22 de fevereiro de 2018 pelo jornal La Repubblica dá o tom da gravidade do que, de acordo com a investigação, se passara em 22 de janeiro de 2013. O periódico italiano detalha a reconstituição da justiça, que levou a tal veredicto.

E não foi apenas isso: segundo juízas de Milão Mariolina Panasiti, Piera Gasparini e Simone Luerti, o atacante, então jogando pelo Milan, "teria comentado o estupro coletivo de uma jovem com 23 anos com expressões de desprezo". A vítima, uma albanesa que naquele dia comemorava seus 22 anos em um clube da cidade, o Sio Café. A publicação acrescenta que também estavam no local Robinho e pelo menos cinco amigos. "O jogador de futebol teria sido o primeiro a estuprar a jovem que, devido ao seu quadro psicofísico comprometido pelo álcool, não conseguiu se opor a Ricardo Falco, 35, amigo de Robinho que a obrigou a se relacionar. Os dois então 'cederam' a vítima para os outros quatro brasileiros que, até então, haviam testemunhado a cena sem intervir", publicou o jornal.

De acordo com a investigação, houve participação de cinco pessoas, além do jogador. No entanto, Ricardo Falco foi o único identificado. Com isso, não se concretizou o processo contra os demais, todos réus jamais encontrados. Assim, a juíza Panasiti decretou a pena, após avaliar a personalidade dos autores do abuso.

Quando da condenação, a assessoria de Robinho, que na época já havia deixado o clube italiano, afirmou que o brasileiro já se defendeu das acusações e não teve qualquer participação no episódio. Ele ainda poderá recorrer em até duas instâncias. O atacante atuava pelo Atlético Mineiro quando saiu a sentença, algo que acelerou sua saída do futebol brasileiro ante protestos e faixas pelas ruas.

Robinho foi para o Sivasspor, da Turquia, seguiu no país vestindo a camisa do Başakşehir e agora teve sua recontratação (a segunda) pelo Santos anunciada, o que gerou críticas ao clube. A condenação na Itália faz com que ele não seja bem recebido, obviamente, por parte da torcida e da sociedade. É provável que Robinho seja repelido, rejeitado, vaiado em muitos estádios por onde passar vestindo a tradicional camisa santista. Apesar da resistência daqueles que minimizam o episódio repugnante que, segundo a justiça da Itália, ocorreu em 2013. Seja pela amizade, admiração ao seu futebol, gratidão por vitórias que ajudou a construir no passado, desinformação ou, absurdamente, por alguém não achar tão grave o que gerou a condenação do jogador.

Caso seja inocentado, isso deverá ser destacado na mídia, obviamente. Mas no momento não é essa a situação. Antes de se posicionar, cabe a cada um de nós se informar a respeito. Ainda mais nesse país onde tantos têm opinião sobre o que sequer conhecem. O código penal define estupro como crime, com pena de até 30 anos de prisão. Tratar a volta de Robinho ao Santos como se não existisse a condenação pela justiça italiana é abjeto, cínico, cretino. Esse é o Brasil atual.

Mauro Cezar Pereira, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes



segunda-feira, 19 de março de 2018

Juíza detalha: ‘violência sexual’ de Robinho em caso de abuso

Tribunal de Milão informou que atacante, condenado a nove anos de prisão, demonstrou "desprezo absoluto" e "humilhou" a vítima, uma jovem albanesa

Uma juíza da nona seção do Tribunal de Milão, na Itália, revelou nesta quinta-feira as motivações da sentença de nove anos de prisão aplicada ao atacante brasileiro Robinho em novembro de 2017 por violência sexual em grupocontra uma jovem albanesa. O caso ocorreu em 22 de janeiro de 2013, quando Robinho defendia o Milan. Como a sentença foi dada em primeira instância, ainda cabe recurso. O jogador, atualmente no Sivasspor, da Turquia, nega as acusações e responde em liberdade. 


Robinho jogou no Milan entre 2010 e 2014 (Giuseppe Cacace/AFP/VEJA)

De acordo com o relatório de 28 páginas, o atacante e seu amigo Ricardo Falco mostraram um “desprezo absoluto” pela jovem “exposta a humilhações repetidas, bem como a atos de violência sexual pesados”. A magistrada destacou: “Termos chulos e desdenhosos, sinais inequívocos de falta de escrúpulos e quase consciência de uma futura impunidade.” Disse ainda que os agressores chegaram a “rir várias vezes do incidente, destacando assim um absoluto desrespeito pela condição da vítima”.

Segundo a investigação, o ato teve a participação de mais cinco amigos, mas apenas Falco e Robinho foram identificados e processados. Os dois foram condenados a nove anos de prisão e respondem o processo pelo crime de violência sexual em grupo com abuso de “condições de inferioridade física e mental” da jovem, já que ela havia ingerido bebida alcoólica.  A juíza Mariolina Panasiti, juntamente com Piera Gasparini e Simone Luerti, decidiu pela pena após “avaliar a personalidade dos perpetradores de abuso”. A jovem mulher que foi estuprada aos 22 anos, “ainda dá sinais de um trauma psíquico.”

Segundo o depoimento da vitima, ela já conhecia Robinho e alguns de seus amigos e estava com o grupo e duas amigas no Sio Café, em Milão, para uma festa de aniversário. Em determinado momento, segundo a albanesa, suas amigas foram embora e Robinho levou a esposa para casa, antes de retornar ao local.  Os réus então teriam oferecido bebida à vítima até deixá-la inconsciente e incapaz de se opor”. Na reconstrução elaborada pela Procuradoria, o grupo levou a jovem para o guarda-volumes da boate e, se aproveitando de seu estado, manteve “múltiplas e consecutivas relações sexuais com ela”.

A defesa, por sua vez, afirma que não há nenhuma prova de que a albanesa não tenha consentido com a relação nem de que ela teria ingerido bebida alcoólica. No Facebook, a equipe de Robinho diz que ele “já se defendeu das acusações, afirmando não ter qualquer participação no episódio”. O processo de recurso ainda está em andamento.



Agência Ansa