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quarta-feira, 7 de junho de 2023

Lula tenta se aproximar do agro, é vaiado e diz bobagem outra vez - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente Lula foi a uma feira do agro em Luís Eduardo Magalhães, que é a parte mais pujante da Bahia, no oeste baiano, onde despertou o agro. E foi recebido com vaias. Ouviu alguns adjetivos que todo mundo conhece. Ele levou o ministro da Agricultura, que anunciou R$ 4 bilhões do plano Safra. Foi junto com ele o ex-governador da Bahia, hoje ministro da Casa Civil, que anteontem foi chamado de idiota completo pelo governador de Brasília, do MDB, porque falou mal de Brasília.

E o presidente Lula compareceu, talvez para tentar fazer as pazes com o agro, setor que ele chamou de fascista, de negacionista, só que não adiantou, foi vaiado. E piorou a situação porque fez um discurso péssimo, horroroso. Foi de uma infelicidade incrível. Ele disse: "Para a gente que semeia suor, aduba com suor, rega com suor, trabalha dia e noite, e tá levando o Brasil neste ano a ser o maior exportador de grãos do planeta Terra". 
Isso significa impostos, divisas, balança comercial, balanço de pagamentos, capacidade de importar. Tudo isso. 
É a atividade mais dinâmica do Brasil hoje. E Lula ainda diz: "Todo mundo precisa do governo, pequeno, médio e grande. Se não é o estado a colocar dinheiro, o agronegócio não estaria do tamanho que está. Com financiamento para máquinas, safras e exportações". Uau! Que infelicidade!

Deltan Dallagnol
Mudando de assunto, a mesa da Câmara, isto é, os diretores da Câmara, os sete deputados diretores da Câmara, unanimemente - claro, que devem ter combinado para ninguém discordar - concordaram com o TSE que legislou usurpando prerrogativa do legislativo, inventando uma lei em que não podia dar registro para o Deltan Dallagnol porque ele podia, no futuro, ter um processo administrativo disciplinar.

É a vida imitando a arte, no caso a sétima arte. O filme "Minority Report - a nova lei", com Tom Cruise, do Spielberg, trata de um crime no futuro.  
Mas, enfim, os sete não tiveram coragem de entregar isso ao plenário. Aqueles 513 deputados representam todos os brasileiros, é de onde emana todo o poder
Eles são 513 mandatários de 212 milhões de mandantes, ou de 150 milhões de eleitores mandantes, mas não perguntaram a eles, surpreenderam a todos, baixaram a cabeça, dobraram a coluna vertebral mais uma vez. A primeira vez foi com Daniel Silveira, e agora entregaram Deltan aos leões. Arthur Lira, Marcos Pereira, do Republicanos, Sóstenes Cavalcante, do PL, Luciano Bivar, do União Brasil, Maria do Rosário, do PT, Júlio César, do PSD e Beto Pereira, do PSDB. Coincidentemente, no mesmo dia, a primeira turma do Supremo mandou arquivar uma denúncia contra Arthur Lira, de modo unânime.
 
Marco temporal
Bom, só para lembrar, a partir de hoje está agendado para o Supremo voltar ao julgamento do marco temporal. Tem dois votos só
O voto do Fachin, em outras palavras, diz que o marco temporal que está escrito na Constituição é inconstitucional.  
Vocês vão achar que é o absurdo do absurdo, é o nonsense
O que está escrito na Constituição é inconstitucional, porque está lá escrito, que pertencem aos indígenas as terras que tradicionalmente ocupam - ocupam, no presente do indicativo - no dia da promulgação da Constituição.
 
Pronto, esse é o mar, onde vocês estão é de vocês. Onde vocês vierem a estar, onde vocês já estiveram, isso é outra coisa, a menos que esteja em litígio. 
O outro voto é de André Mendonça, que argumenta o seguinte: se ficar solto isso, se não houver um marco, é tudo desde 1500, é tudo inseguro. 
É a insegurança fundiária. O imóvel rural ou urbano está absolutamente inseguro se for por esse caminho
Por isso é que está lá no Senado, projeto de lei que já passou pela Câmara ajustando isso, deixando bem claro o que está escrito na Constituição. 
Portanto, vamos esperar pra ver o que acontece no Senado e no Supremo.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


sábado, 20 de julho de 2019

Intercept na banguela: em cima da Lava Jato sem foco, sem rumo, sem freios - Veja

Condutor deste enredo, Greenwald segue afirmando que o calhamaço obtido será divulgado “por completo” 

[será que quando quando a divulgação deste 'lixo' estiver próxima do final, alguém ainda vai perder tempo, lendo?]


Suspense e fofocas: na terça-feira, 16, do quente e frio deste inconstante mês de julho, o site Intercept, do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, com ajuda de expressivos aliados locais, parece ter decidido apostar suas fichas nos dois elementos tradicionais de apelo jornalístico, nos enfoques para segurar o interesse informativo e político, na divulgação de dados de mensagens hackeadas escritas e áudios vazados de conversas pessoais de procuradores da força-tarefa da Lava Jato, e do juiz Sérgio Moro. Pelos indicativos, a finalidade é manter de pé o escândalo que dá sinais, cada dia mais explícitos, de perder o foco, o rumo e freios, como o caminhão – tanque de Encurralado, o filme Cult de Spielberg nos Anos 70.

Condutor deste enredo, Greenwald segue afirmando que o calhamaço obtido será divulgado “por completo”. Sem fixar dead-line, para usar a clássica expressão, corriqueira nas redações do Jornal do Brasil e da Veja, por onde passei. Portanto, sem ano, sem mês, nem dia, nem hora para o ponto final. Neste descompromisso com o tempo e hierarquia das informações (como ensinava em seus livros e no dia-a-dia no JB, o jornalista Juarez Bahia, seis vezes premiado com o Esso) provavelmente está a raiz do vale-tudo desta semana, principalmente em notícias supérfluas, como da viagem de Dallagnol à Fortaleza, para dar palestra sobre combate à corrupção. O foco desta notícia, no entulho do Intercep, foi a passagem da esposa do procurador e seus filhos pequenos (que o acompanharam na viagem) pelo Beach Park. Tudo somado a suposições e suspeitas sobre o caráter e a idoneidade moral e profissional do chefe da força-tarefa da maior e mais efetiva ação de combate a corruptos e corruptores no País.

Neste noticiário (entre maledicências e ataques ofensivos) Dallagnol foi classificado como pouco menos que um reles interesseiro, visando obter lucros com a Lava Jato. A ponto de causar protestos indignados e reações duras, entre entidades e personalidades da vida pública, relacionadas a este triste episódio. O ministro da Justiça e da Segurança, Sérgio Moro, mesmo em gozo de licença, nos Estados Unidos, disparou severo recado, em postagem no twitter: “Sou grande defensor da liberdade de imprensa, mas essa campanha contra a Lava Jato e a favor da corrupção está beirando o ridículo. Continuem, mas convém um pouco de reflexão para não se desmoralizarem. Se houver algo sério e autêntico, publiquem por gentileza”. Precisa desenhar?

Diante do que li, vi e ouvi, esta semana, (a corrupção em si e seus responsáveis deixados de lado) fica a alarmante impressão de que o carro do Intercept começa a trafegar “na banguela”. Parece o caminhão-tanque de “Encurralado” (Duel, 71), o filme de Spielberg, que virou uma das mais cultuadas realizações da história do cinema.Relembro: Em uma estrada quase deserta, com muitas retas e margeada por altas montanhas, um homem (Dennis Weawer) dirige tranquilo seu Plymouth vermelho, até dar de cara com o caminhão-tanque enferrujado, cujo rosto do motorista nunca aparece. Ele ultrapassa o veículo, e aí começa o pesadelo.
O público espera que “algo fora do comum aconteça, mas nada acontece”, até o terrivelmente dramático fim do filme. Que não conto, mas recomendo, até como entretenimento infinitamente mais interessante que o calhau do Intercept, até aqui.

Blog do Noblat - Veja 
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta.