Ela precisa criar uma onda semelhante à que elegeu Obama em 2008
Nunca um grande partido dos EUA teve candidato tão crítico dos privilégios e das mumunhas do andar de cima
Para chegar à Casa Branca, a senadora Warren precisa criar uma onda semelhante à que elegeu Barack Obama em 2008, e isso pode acontecer. Em 2007, um ano antes da eleição, Hillary Clinton batia Obama por 40 a 28. Deu no que deu. Na semana passada, Warren discursou por quase uma hora (mais quatro de selfies) na Union Square, em Nova York. Se em 2008 Obama foi à ponte de Selma, onde em 1965 a polícia botou cachorros em cima dos negros, ela foi mais contundente e atual.
Lembrou que na tarde do dia 25 de março de 1911, uma senhora tomava chá naquela praça, quando a poucos quarteirões dali pegou fogo o prédio onde centenas de mulheres trabalhavam numa confecção. As portas para as escadas estavam fechadas, e 146 pessoas morreram queimadas, algumas atiraram-se das janelas. A mulher que tomava chá e viu as cenas chamava-se Frances Perkins. Ela se tornou a campeã da reforma das relações trabalhistas nos Estados Unidos. Em 1933, o presidente Franklin Roosevelt nomeou-a secretária do Trabalho e, sempre de chapéu, ficou no cargo até 1945.
A presença de Elizabeth Warren na disputa pela Presidência dos Estados Unidos será uma lufada de inteligência num tempo de debates com personagens medíocres. Mais que isso: nunca um grande partido americano teve candidato tão crítico dos privilégios e das mumunhas do andar de cima. Em 2012, ela arrecadou 42 milhões de dólares na sua campanha para o Senado. Oitenta por cento das doações foram de até 50 dólares.
Serviço: A autobiografia de Warren — “Uma chance de lutar” — está nas livrarias. Lá se aprende muito, inclusive que ela nunca pensou que viraria loura e se apaixonou pelo marido porque ele tinha bonitas pernas.