Folha de S. Paulo
MELANCIA = O
termo é comumente usado por militares da direita para se referir aos de
esquerda, que seriam verdes por fora (cor da farda) e vermelhos por
dentro
Militar classificou declaração do presidente sobre 'paraíbas' como antipatriótica
O presidente Jair Bolsonaro criticou neste domingo (21) o general da reserva Luiz Rocha Paiva, que o acusou de ter sido antipatriótico ao se referir a nordestinos como “paraíbas”. Em mensagem nas redes sociais, o presidente disse que o militar se aliou ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), e o chamou de “melancia” e “defensor da guerrilha do Araguaia”.
“O melhor de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar
ao PC do B de Flávio Dino para me chamar de antipatriótico. Sem querer,
descobrimos um melancia, defensor da Guerrilha do Araguaia, em pleno
século 21”, disse Bolsonaro. A gíria "melancia" é empregada para definir um militar do Exército —cujo
uniforme é verde— que defende propostas de esquerda, uma vez que o
interior da fruta é vermelho, cor identificada com o comunismo. Integrante da Comissão de Anistia do governo federal, o general da
reserva já disse que a indicação de Eduardo Bolsonaro, filho de
Bolsonaro e deputado federal pelo PSL-SP, para o cargo de embaixador nos
Estados Unidos era um "suicídio de reputação".
Paiva também foi atacado nas redes sociais pelo vereador Carlos
Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, que afirmou que o militar nunca
havia liderado nem guerra de travesseiros. Bolsonaro voltou a ser questionado por jornalistas neste domingo sobre a
declaração relativa aos nordestinos. Ele disse duvidar que alguém tenha
ficado ofendido, afirmou que, caso seja convidado, viajará ao Maranhão e
ressaltou que a Bahia "é o Brasil". Para ele, é a imprensa que tenta
separar o Nordeste do Brasil. "A Bahia é Brasil. Sem problemas. Sou amigo do Nordeste, poxa", disse.
"Vocês mesmo da mídia querem separar o Nordeste do Brasil. O Nordeste é
Brasil, é minha terra. E eu ando qualquer lugar do território
brasileiro", acrescentou. [nos tornando recorrente, o termo 'paraíba' usado pelo presidente Bolsonaro, certamente foi utilizado com o mesmo sentido quando se usa 'candango' para definir os brasilienses, sem nenhum sentido pejorativo.
Lembro ao competente governador de um estado do Nordeste que declarou que o presidente Bolsonaro foi racista; está enganado, no máximo ele poderia ser acusado de descriminação por local de nascimento e/ou moradia.]
Na entrada do Palácio do Alvorada, onde parou para cumprimentar
populares, ele perguntou se algum nordestino que o esperava na porta da
residência oficial tinha ficado ofendido. Em resposta, simpatizantes
responderam que não. O general Paiva disse ao jornal O Estado de S. Paulo neste sábado (20)
que a declaração de Bolsonaro era antipatriótica. "Tem que ter calma,
mas mostrar para ele o quanto perdeu com essa grosseria com que
menosprezou uma região do Brasil e seus habitantes. Um comentário
antipatriótico e incoerente para quem diz ‘Brasil acima de tudo'."
O presidente voltou a negar em rede social que tenha feito crítica ao
povo nordestino, apesar de vídeo feito pelo próprio Palácio do Planalto
mostrá-lo chamando os governadores do Nordeste de “paraíba”. O termo
costuma ser usado de forma pejorativa como referência a nordestinos. “Daqueles governadores, o pior é o do Maranhão. Foi o que falei
reservadamente para um ministro. Nenhuma crítica ao povo nordestino,
meus irmãos”, escreveu.
A guerrilha do Araguaia foi um movimento armado de esquerda de resistência à ditadura militar na década de 1970.[foi um movimento covarde em que os esquerdistas assassinavam corretamente - até mulheres grávidas, ou mesmo 'companheiros' que desejavam deixar o movimento e voltar para casa;
apenas como exemplo, teve um jovem que por ter servido de 'mateiro' - guia - para os militares foi capturado, e cortado em pedaços, vivo, na frente dos familiares.
Quanto a ficha militar do general, com o devido respeito, não registra participação em nenhum combate de destaque - e o fato de defender a guerrilha do Araguaia, que começou por ação dos guerrilheiros, é uma justificativa para a classificação que lhe foi atribuída pelo presidente Bolsonaro, sem esquecer que é aliado do PCdoB.]
Cerca de 4.000 homens das Forças Armadas integraram as operações contra
os militantes do PC do B (Partido Comunista do Brasil) nas matas da
região do rio Araguaia, na atual divisa dos estados do Pará e de
Tocantins. Em reação a Bolsonaro, os governadores do Nordeste cobraram explicações.
À coluna Painel, Dino afirmou: "Só sei que sou o pior dos gestores na
visão dele, o que para mim é uma honraria".
Para tentar argumentar que a relação com a região é boa, Bolsonaro disse
que sua esposa, Michelle Bolsonaro, é filha de cearense. “A maldade está no coração de vocês. Eu tenho tanta crítica ao Nordeste que eu casei com uma filha de cearense."
Em nota, o Colegiado de Presidentes de Assembleias Legislativas dos
Estados do Nordeste (ParlaNordeste) disse ter recebido "com repulsa as
declarações preconceituosas" de Bolsonaro. "A região, terceira maior economia do Brasil, é morada de 53 milhões de
brasileiros que têm orgulho de viver não só na Paraíba, mas também no
Maranhão, em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte,
Ceará e Piauí", diz o texto. [as declarações do presidente Bolsonaro serviram para tornar conhecido e conceder aqueles famosos e por muitos desejados cinco minutos de fama, a um colegiado cuja utilidade é desdconhecida - deve empregar algumas dezenas de apadrinhados.]
O colegiado afirma que lutará contra todo tipo de retaliação em função
de diferenças políticas ou preconceito. "Exigimos respeito e não
abriremos mão do cumprimento dos deveres do Governo Federal para com a
nossa região.
Folha de S. Paulo - Opinião - Gustavo Uribe, colaborou Fernanda Reis