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quarta-feira, 24 de julho de 2019

Lapsos verbais prejudicam Bolsonaro - Merval Pereira

Palavras ao vento

O Globo

A falta de cuidados com as palavras pode trazer grandes prejuízos políticos, como mostram precedentes

O presidente Jair Bolsonaro vai levar muito tempo para se livrar do lapsus linguae que cometeu chamando os nordestinos de “paraíbas”, numa conversa com microfone aberto sem que soubesse. As distrações na linguagem falada podem revelar preconceitos arraigados, ou serem simplesmente equívocos desastrados. Sujeitas a manipulações políticas. Ontem, na sua primeira viagem ao Nordeste, Bolsonaro teve que se explicar diversas vezes, e o fez com criatividade.

Dizer que “somos todos paraíbas” foi uma boa saída. Já usar um chapéu de boiadeiro foi repetir um gesto político tradicional. No Rio, onde Bolsonaro fez sua vida política, embora seja paulista, chamar nordestinos de “paraíbas” tem um sentido pejorativo histórico, devido às migrações nordestinas para a Região Sudeste do país, em busca de emprego e fugindo da seca. Em São Paulo, o menosprezo vai para osbaianos”, pela mesma razão. Bolsonaro também falou “somos todos baianos” ontem, bem orientado para que a tentativa de correção de seu lapso de linguagem tivesse alcance nacional.

O general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, sofreu muito com esse tipo de erro durante a campanha, ou revelando desejos recônditos como acabar com o décimo terceiro salário, ou tratando de temas tóxicos, como torturas ou autogolpes. No poder, o general Mourão passou a ser cuidadoso com as palavras, refletindo uma posição mais moderada que o próprio presidente Bolsonaro, que, incentivado pelo filho Carlos, considerou parte de uma campanha para colocá-lo como alternativa viável. Carlos chegou a dizer que havia gente no entorno do pai que queria sua morte. Bolsonaro ecoou esse sentimento paranoico ao perguntar a Mourão por telefone, quando estava internado devido à tentativa de assassinato: “Quer me matar?”.

Recentemente, deu parabéns a Mourão por ter conseguido ficar sem dar entrevistas por uma semana. Como tem mandato pelo voto, tanto quanto Bolsonaro, Mourão é indemissível, ao contrário de outros militares que trabalhavam no governo e foram defenestrados, geralmente vítimas de intrigas palacianas da família do presidente. Ontem, os dois chegaram abraçados para uma cerimônia no Palácio do Planalto, com Bolsonaro dizendo que estavam “namorando”. Outra brincadeira frequente do presidente, que distribui beijos e abraços “héteros”. A falta de cuidados com as palavras pode trazer grandes prejuízos políticos, como mostram precedentes históricos já relatados aqui na coluna. Desde o caso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tachou de “vagabundos” quem se aposentava cedo, e acabou marcado como tendo classificado todos os aposentados de vagabundos.

Mas o mais famoso aconteceu em 1945, quando o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato a presidente pela UDN com larga vantagem sobre o candidato getulista, o general Eurico Dutra, fez um duro discurso contra Getúlio. Disse que não precisava dos votos “desta malta de desocupados que apoia o ditador”. Segundo relato da historiadora Alzira Alves de Abreu, do CPDOC da Fundação Getulio Vargas, o getulista Hugo Borghi descobriu no dicionário que “malta”, além de significar “bando ou súcia”, o que já era ofensivo, também denominava trabalhadores que levavam suas marmitas nas linhas férreas, o que atingia mais diretamente os eleitores pobres.

Daí a dizer que o brigadeiro não queria os votos dos “marmiteiros”, menosprezando os pobres, foi um passo, e o general Dutra venceu uma eleição perdida. No caso atual, como o lapsus linguae foi cometido fora da campanha eleitoral, Bolsonaro ainda terá muito tempo e tinta na caneta para se aproximar dos “paraíbas” e “baianos”. Já anunciou o décimo terceiro para o Bolsa Família, e estuda um abono para os que o recebem. Uma tentativa de retomar um reduto eleitoral petista, prejudicada pela fala revelada.
Merval Pereira, jornalista - O Globo

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Bolsonaro chama de 'melancia' general que o criticou por fala sobre nordestinos - Folha de S. Paulo nordestinos

 Folha de S. Paulo

MELANCIA = O termo é comumente usado por militares da direita para se referir aos de esquerda, que seriam verdes por fora (cor da farda) e vermelhos por dentro  

Militar classificou declaração do presidente sobre 'paraíbas' como antipatriótica

"Daqueles GOVERNADORES... o pior é o do Maranhão". Foi o que falei reservadamente para um ministro. NENHUMA crítica ao povo nordestino, meus irmãos. Mas o melhor de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar ao PCdoB de Flávio Dino, p/ me chamar de antipatriótico.
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O presidente Jair Bolsonaro criticou neste domingo (21) o general da reserva Luiz Rocha Paiva, que o acusou de ter sido antipatriótico ao se referir a nordestinos como “paraíbas”. Em mensagem nas redes sociais, o presidente disse que o militar se aliou ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), e o chamou de “melancia” e “defensor da guerrilha do Araguaia”.

“O melhor de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar ao PC do B de Flávio Dino para me chamar de antipatriótico. Sem querer, descobrimos um melancia, defensor da Guerrilha do Araguaia, em pleno século 21”, disse Bolsonaro. A gíria "melancia" é empregada para definir um militar do Exército cujo uniforme é verde— que defende propostas de esquerda, uma vez que o interior da fruta é vermelho, cor identificada com o comunismo. Integrante da Comissão de Anistia do governo federal, o general da reserva já disse que a indicação de Eduardo Bolsonaro, filho de Bolsonaro e deputado federal pelo PSL-SP, para o cargo de embaixador nos Estados Unidos era um "suicídio de reputação".

Paiva também foi atacado nas redes sociais pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, que afirmou que o militar nunca havia liderado nem guerra de travesseiros. Bolsonaro voltou a ser questionado por jornalistas neste domingo sobre a declaração relativa aos nordestinos. Ele disse duvidar que alguém tenha ficado ofendido, afirmou que, caso seja convidado, viajará ao Maranhão e ressaltou que a Bahia "é o Brasil". Para ele, é a imprensa que tenta separar o Nordeste do Brasil. "A Bahia é Brasil. Sem problemas. Sou amigo do Nordeste, poxa", disse. "Vocês mesmo da mídia querem separar o Nordeste do Brasil. O Nordeste é Brasil, é minha terra. E eu ando qualquer lugar do território brasileiro", acrescentou. [nos tornando recorrente, o termo 'paraíba' usado pelo presidente Bolsonaro, certamente foi utilizado com o mesmo sentido quando  se usa 'candango' para definir os brasilienses, sem nenhum sentido pejorativo.
 
Lembro ao competente governador de um estado do Nordeste que declarou que o presidente Bolsonaro foi racista; está enganado, no máximo ele poderia ser acusado de descriminação por local de nascimento e/ou moradia.]

Na entrada do Palácio do Alvorada, onde parou para cumprimentar populares, ele perguntou se algum nordestino que o esperava na porta da residência oficial tinha ficado ofendido. Em resposta, simpatizantes responderam que não. O general Paiva disse ao jornal O Estado de S. Paulo neste sábado (20) que a declaração de Bolsonaro era antipatriótica. "Tem que ter calma, mas mostrar para ele o quanto perdeu com essa grosseria com que menosprezou uma região do Brasil e seus habitantes. Um comentário antipatriótico e incoerente para quem diz ‘Brasil acima de tudo'."

O presidente voltou a negar em rede social que tenha feito crítica ao povo nordestino, apesar de vídeo feito pelo próprio Palácio do Planalto mostrá-lo chamando os governadores do Nordeste de “paraíba”. O termo costuma ser usado de forma pejorativa como referência a nordestinos. “Daqueles governadores, o pior é o do Maranhão. Foi o que falei reservadamente para um ministro. Nenhuma crítica ao povo nordestino, meus irmãos”, escreveu.

A guerrilha do Araguaia foi um movimento armado de esquerda de resistência à ditadura militar na década de 1970.[foi um movimento covarde em que os esquerdistas assassinavam corretamente - até mulheres grávidas, ou mesmo 'companheiros' que desejavam deixar o movimento e voltar para casa;
apenas como exemplo, teve um jovem que por ter servido de 'mateiro' - guia - para os militares foi capturado, e cortado em pedaços, vivo, na frente dos familiares.
Quanto a ficha militar do general, com o devido respeito, não registra participação em nenhum combate de destaque - e o fato de defender a guerrilha do Araguaia, que começou por ação dos guerrilheiros, é uma justificativa para a classificação que lhe foi atribuída pelo presidente Bolsonaro, sem esquecer que é aliado do PCdoB.]

Cerca de 4.000 homens das Forças Armadas integraram as operações contra os militantes do PC do B (Partido Comunista do Brasil) nas matas da região do rio Araguaia, na atual divisa dos estados do Pará e de Tocantins. Em reação a Bolsonaro, os governadores do Nordeste cobraram explicações. À coluna Painel, Dino afirmou: "Só sei que sou o pior dos gestores na visão dele, o que para mim é uma honraria".
Para tentar argumentar que a relação com a região é boa, Bolsonaro disse que sua esposa, Michelle Bolsonaro, é filha de cearense. “A maldade está no coração de vocês. Eu tenho tanta crítica ao Nordeste que eu casei com uma filha de cearense."

Em nota, o Colegiado de Presidentes de Assembleias Legislativas dos Estados do Nordeste (ParlaNordeste) disse ter recebido "com repulsa as declarações preconceituosas" de Bolsonaro. "A região, terceira maior economia do Brasil, é morada de 53 milhões de brasileiros que têm orgulho de viver não só na Paraíba, mas também no Maranhão, em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí", diz o texto. [as declarações do presidente Bolsonaro serviram para tornar conhecido e conceder  aqueles famosos e por muitos desejados cinco minutos de fama, a um colegiado cuja utilidade é desdconhecida - deve empregar algumas dezenas de apadrinhados.]

O colegiado afirma que lutará contra todo tipo de retaliação em função de diferenças políticas ou preconceito. "Exigimos respeito e não abriremos mão do cumprimento dos deveres do Governo Federal para com a nossa região.
Folha de S. Paulo - Opinião -  Gustavo Uribe, colaborou Fernanda Reis