Senador foi flagrado em gravação pedindo 2 milhões de reais; Andréa Neves, irmã do parlamentar, foi presa na manhã desta quinta-feira em Belo Horizonte
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
e o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) sejam imediatamente
afastados de seus mandatos parlamentares. A decisão de Fachin se
assemelha à tomada pelo ministro Teori Zavascki em 2016, quando foi
determinado o afastamento do então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). [e é tão inconstitucional, arbitrária e mesmo vergonhosa quanto foi aquela. A Constituição Federal está em vigor e estabelece um rito para afastar um parlamentar do exercício do seu mandato.]
A operação desta quinta-feira foi batizada de Patmos, em referência à ilha grega onde o apóstolo João teria escrito o Livro do Apocalipse. Segundo o empresário Joesley Batista, que fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, ao lado de seu irmão Wesley Batista e outros cinco executivos da JBS, Aécio pediu 2 milhões de reais para supostamente custear a defesa dele na Operação Lava Jato.
De acordo com O Globo, que revelou a delação
premiada nesta quarta-feira, o presidente do PSDB teria dito ao
empresário que o valor custearia o trabalho do advogado Alberto
Zacharias Toron. A conversa teria durado 30 minutos e foi gravada em um
hotel em São Paulo. “Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se
você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”,
teria dito Joesley ao tucano. “Tem que ser um que a gente mata ele antes
de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred
com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar
uma ajuda do caralho”, teria respondido Aécio, em uma suposta referência
a seu primo Frederico Pacheco de Medeiros.
O jornal também informa que a PGR tem indícios de que essa parte do dinheiro não foi destinada ao pagamento do advogado. A PF teria seguido Souza Lima, que fez três viagens de carro a Belo Horizonte para levar a propina. Ele teria remetido os 500.000 reais à empresa Tapera Participações Empreendimentos Imobiliários, de Gustavo Perrella, filho de Zezé Perrella. Ontem, o perfil de Aécio no Twitter comentou as denúncias feitas pelos donos da JBS.