Há um conflito em andamento que pode ser resolvido no
diálogo. O Banco Central atravessou o espaço e foi conversar com o
Ministério Público, e o entendimento dos dois será para o bem geral. O
BC tem que zelar pela estabilidade monetária e financeira, o MP tem
feito o árduo trabalho de combater a corrupção no Brasil, e, com razão,
teme conspiração contra os seus esforços.
Depois de tantas revelações de gravações em que os donos do poder no
Brasil tramavam para “estancar a sangria”, é natural que o Ministério
Público se preocupe com o objetivo oculto de cada iniciativa do governo.
A Medida Provisória que dá poderes ao Banco Central para fechar acordo
de leniência chega exatamente agora quando aumentam os rumores de
delação dos suspeitos de saberem crimes dos bancos, os ex-ministros
Guido e Palocci.
Será a Medida Provisória uma forma de dar ao Banco
Central poderes próprios dos procuradores? O BC diz que não, o MP
suspeita que sim. Essa proposta está sendo preparada no Banco Central desde 2012.
Começou pela necessidade de adotar no Brasil os termos de um acordo
internacional de 2010, para aumentar as punições sobre o sistema
bancário. O marco legal brasileiro é de 1964, quando foi criado o Banco
Central e a pena pecuniária máxima é de R$ 250 mil. Passaria agora para
R$ 2 bilhões ou 0,5% dos ativos do banco. Mas apenas, diz o BC, para as
infrações administrativas. A parte criminal é e sempre será do
Ministério Público.
Os procuradores temem, como este jornal explicou ontem na reportagem
de Gabriela Valente, que o MP possa ser impedido de apurar crimes
investigados pelo BC porque estabelece que em caso de risco sistêmico a
apuração seja sigilosa. Uma investigação no sistema bancário é muitas vezes delicada porque
qualquer informação antes da hora precipitaria uma corrida bancária
contra aquela instituição. A interligação entre os bancos, através do
interbancário, pode provocar quebras sequenciais. Os bancos vivem da
confiança coletiva dos seus clientes, do contrário, como mesmo as
pessoas entregariam suas economias às instituições? A corrida bancária é
um fenômeno que se espalha por contágio em questão de horas,
desmontando o edifício do sistema financeiro, com efeitos devastadores
sobre a economia de qualquer país.
De que forma usar esse sigilo? Como, quando e de que forma
compartilhar as informações? Tudo isso é importante para a garantia da
própria sociedade e não apenas do Ministério Público. Nos últimos 20
anos ocorreram quebras de bancos e em alguns casos houve crimes que o
Ministério Público investigou, como nos casos do Nacional e do
Panamericano. O Banco Central tem muito a fazer na fiscalização e na
punição ao mercado financeiro em algumas irregularidades. Essa é uma de
suas funções, não pode abrir mão dela, nem extrapolá-la.
O Banco Central é uma instituição que não tem autonomia pela lei, mas
tem de fato, e sabe que permanecerá na sua missão, independentemente do
que aconteça com o governo Temer, que é circunstancial e de curta
duração. O BC não armaria uma MP feita sob medida para surrupiar do
Ministério Público as suas atribuições de atuar em casos criminais.
O melhor caminho é mesmo o canal de diálogo que o Banco Central diz
que abriu com o Ministério Público, para assim corrigir quaisquer pontos
que possam ter uma interpretação e utilização inadequadas. Os
procuradores sabem que assombração tem aparecido para eles e é natural
que desconfiem, mas deveriam evitar a tendência de achar que só eles
podem fiscalizar ou investigar em todas as áreas, todos os crimes. O BC
tem seu papel tradicional, e aperfeiçoar um marco legal punitivo de 1964
faz todo o sentido.
Hoje uma das grandes assombrações que rondam o trabalho do MP não é o
BC, mas o acordo de delação com Joesley Batista. Ao conceder o perdão
judicial prévio a quem confessadamente praticou o crime de corrupção em
escala continental, o acordo enfraquece a confiança na luta contra a
impunidade.
Sobre esse nó o MP precisa se debruçar porque nele há o
risco potencial de moral hazard, o dano moral, ou seja, que a sociedade
passe a achar que em vez do princípio do erga omnes valha a máxima
orwelliana de que todos são iguais perante a lei, mas existem alguns
mais iguais do que os outros.
Fonte: Blog da Miriam Leitão - Com Alvaro Gribel, de São Paulo
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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sexta-feira, 16 de junho de 2017
MP & BC
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Míriam Leitão
terça-feira, 26 de maio de 2015
Faca amolada
E a vida vale cada vez mesmo. Num sintoma de raiva/ódio, o agressor fura o agredido – uma, duas, três, N vezes
Não deu certo. Ainda não sabemos exatamente porque, mas, do ponto de vista do ser humano, o mundo anda tenebroso. Assustador. Aqui e planeta adentro, intolerância e violência são crescentes e permanentes. A vida virou um exercício cotidiano de escapar das muitas formas de agressão, sem seleção idade, sexo, classe social ou crença.
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Nos últimos dias, a sensação de pânico está reforçada pelo crescimento de crimes com faca – arma branca que, surpreendentemente, não tem porte proibido por lei. Além de ser mais barata e facílima de ser adquirida. Está disponível em toda e qualquer cozinha.
Assalto com faca virou hit. (Perdão pelo mau gosto da expressão). Mais que tendência é o modismo consagrado deste outono brasileiro. Faca na mão é up to date.
E a vida vale cada vez mesmo. Num sintoma de raiva/ódio, o agressor fura o agredido – uma, duas, três, N vezes. Em alguns casos, não só fura como roda a faca no buraco feito no corpo da vítima, como se quisesse a certeza de que o estrago será grande, mortal de preferência. Impressionante (para mim) nos ataques por faca é a proximidade exigida do agressor. É real corpo a corpo. Como nas antigas guerras. Como que representando também a cada vez maior proximidade da violência em nossas vidas.
A faca faz com que a violência não esteja mais “em cada esquina”, como costumávamos apontar, mas colada em nós - feito sombra (macabra). Exagero? Nem tanto. Quem pesquisa ou, por força de profissão e atividade, acompanha o estrago que a violência faz na psique coletiva sabe como o medo anda espalhado entre nós – crianças, jovens, adultos, idosos. Tenho lembrança que, na infância, tínhamos medo de escuro, de fantasma e de loucos - aqueles que, perdendo a razão, eram capazes de “judiar” ou matar alguém. (Não sou uma centenária, só gente que nasceu nos anos 50).
Pois é. Hoje as assombrações das crianças são sequestros, assaltos, bala perdida, tiros, facadas, tortura e assassinatos – dos pais, particularmente. Mesmo que elas, felizmente, nunca tenham vivido ou assistido qualquer dessas situações. É a era do medo. Reforçado 24 horas por dia pelo noticiário que, quase on-line, faz o mundo pequeno no bem e no mal. Há a tese de que a humanidade sempre foi violenta, mas só neste século temos acesso constante – e a quente – de tudo que acontece em cada canto do planeta. O que faz crescer a sensação de violência.
Explica, mas não justifica. Verdade que, entre os humanos, somos os que não matam só para comer. Verdade também que matamos mais. Matamos principalmente por intolerância às diferenças. Todas – sociais, religiosas, sexuais, raciais, todas essas juntas, ou nenhuma delas específica, mas algum sentimento difuso que reúne e transforma frustrações da vida em explosões de ódio.
Possuídas por elas matamos cada vez mais. E assim nos vingamos (?) por alguma diferença ou indiferença sentida ou pressentida, mal digerida. Boko Haran, EL, Al-Qaeda. Guerras. Gangues. Milícias. Violência urbana. Armas de fogo. Armas brancas.
Não há lei ou prisão que resolva isso. A reforma (reumanização) possível tem que ser pelos sentimentos. Como? Adoraria saber.
Fonte: Blog do Noblat - Tania Fusco
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