Resolveram também que as leis não valem nada, cada um do seu jeito,
endossando e incentivando os abusos do Alexandre de Moraes.
Rodrigo Pacheco já entregou o Senado. Lira entrega de vez a Câmara. Quem vai tomar uma atitude?
Xandão decidiu que não tem mais essa história de imunidade parlamentar. E já faz tempo. Inventou de tudo para prender Daniel Silveira, rasgou um monte de leis, picotou, trucidou. E a Câmara dos Deputados disse: “tudo bem”.
O plenário do STF
disse: “estamos de acordo”. presidente do Senado disse: “não há nada
errado”.
Assim, deixou de ter força o artigo 53 da Constituição, que
afirma que deputados e senadores são invioláveis por quaisquer palavras.
Quaisquer? Não é todo parlamentar que pode sair por aí falando.
Alexandre
de Moraes vive em curto-circuito permanente. Sua voltagem é 220, o
número de outro artigo da Constituição que ele resolveu desarmar. A
chave no quadro foi para off, e pronto. Não tem mais essa história de que não haverá censura de espécie alguma. E, para matar a democracia sem dar chance de defesa à vítima, instaura-se a censura prévia.
Com
Alexandre de Moraes não tem papo, não tem diálogo, possibilidade de
questionamento. O negócio dele é calar, é não querer ouvir quem não
pensa como ele
Já são dez parlamentares em exercício de mandato ou eleitos censurados: Daniel Silveira, Otoni de Paula, Carla Zambelli, Nikolas Ferreira, Coronel Tadeu, José Medeiros, Major Vítor Hugo, Gustavo Gayer, Bia Kicis e Cabo Junio Amaral.
Foram banidos das redes sociais. E,
se os representantes do povo estão
sendo calados, a mordaça está sendo colocada, no fim das contas, em
quem? Também em todos os que votaram neles em 2 de outubro: quase 5,5
milhões de pessoas.
A derrubada de perfis em redes sociais atinge sem cerimônia não só os parlamentares, mas também partidos políticos, jornalistas, juristas, artistas, empresários,
empresas... Basta falar o que o Alexandre não quer ouvir. E ele não
perde tempo mandando apagar apenas o conteúdo que considera “fora da
lei”, o conteúdo específico, com explicações claras e chance para
recurso... Ordenamento jurídico? Foi para o espaço.
Com Alexandre não tem papo, não
tem diálogo, possibilidade de questionamento.
O negócio dele é calar, é não
querer ouvir quem não pensa como ele. Somem as redes sociais, todas as
publicações, as antigas, as atuais...
E as manifestações futuras são impedidas.
Censura e censura prévia engatilhadas e disparadas.
Dez
parlamentares silenciados, expulsos das praças públicas modernas, do
palanque, do púlpito digital. E Arthur Lira não diz nada, não faz nada.
Seu tempo e sua energia estão voltados para sua reeleição como
presidente da Câmara. Não quer saber de cobranças, do povo nas ruas.
A
liberdade vai pelo ralo, e há gente que aplaude, que acha mesmo que
rasgar as leis é defender a democracia. Repito a pergunta do início:
quem vai tomar uma atitude?
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Luis Ernesto Lacombe, colunista - Gazeta do Povo