Em depoimento à PF, ex-secretário de Segurança alega não saber quem elaborou documento golpista encontrado na casa dele
Torres foi ouvido no Batalhão de Aviação Operacional (Bavop) da Polícia Militar, que fica ao lado do 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, onde está detido desde 14 de janeiro. Ele é investigado por suposta omissão nos atos terroristas [? Lei nº 13.606, 16/03/2016?] de 8 de janeiro, quando chefia a SSP-DF.
Sobre o teor da minuta, o ex-ministro disse que é "tecnicamente muito ruim" e "sem fundamento legal". Afirmou ainda não ter tomado providência ante a proposta golpista porque "não tinha valor nenhum, ao seu entender".
Ao ser questionado a respeito do recebimento de alertas de possíveis atos violentos, Torres disse ter considerado que não indicavam "ações radicais". Além disso, acusou "falha grave na execução operacional" do plano da Polícia Militar. Segundo ele, se a corporação tivesse cumprido o planejamento estruturado pela pasta, os atos não teriam ocorrido. Torres alegou estranhar a "facilidade com que os manifestantes invadiram e depredaram o Palácio do Planalto".
A respeito das férias que passava com a família, nos Estados Unidos, na data dos atos terroristas, Torres destacou que havia agendado a viagem em novembro. Disse que, caso os relatórios indicassem a gravidade dos atos extremistas, não teria embarcado.
LEIA TAMBÉM: Defesa de Anderson Torres ironiza minuta golpista: "Feita pelo Tiririca"
As equipes da PF e da PGR chegaram ao Batalhão pouco antes das 10h30. O ex-secretário foi acompanhado por seus advogados Rodrigo Roca e Demóstenes Torres. Essa foi a terceira vez que a PF marcou oitiva de Torres. Na primeira, em 18 de janeiro, o ex-secretário permaneceu calado. À época, a defesa dele argumentou que não teve acesso aos autos do inquérito e que Torres prestaria os esclarecimentos assim que tivesse todas as informações. Uma segunda tentativa foi feita em 23 de janeiro, mas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), remarcou para ontem.