Sujou? Doações de R$
4,5 milhões da Camargo Corrêa colocam Lula no rol de investigados pela Lava
Jato
Há muito tempo que todo mundo já sabe
que a Força Tarefa da Operação Lava Jato tem
todos os elementos para envolver o santo nome de Luiz Inácio Lula da Silva nos processos envolvendo o "clube" de empreiteiras que roubou
não só a Petrobras - mas outras estatais ainda sequer investigadas, com a mesma
modelagem de negociatas.
Só duas grandes
dúvidas persistem no mercado da politicagem: 1) Em que momento Lula
será indiciado? 2) Haverá coragem
política suficiente para pedir a prisão de um ainda influentíssimo
ex-Presidente da República? A primeira tem
altíssima chance de ocorrer. A
segunda, não, principalmente no Brasil do jeitinho, da conciliação e da
impunidade.
Fato concreto é que ontem a "oposição" de mentirinha e os
inimigos de Lula puderam comemorar a divulgação de uma notícia mais que
esperada. A Construtora Camargo Corrêa pagou
R$ 3 milhões ao Instituto Lula e outros R$ 1,5 milhão à LILS Palestras Eventos e Publicidade. A grande bobagem
cometida pelos contadores da empreiteira, para
desespero de Lula, é que a grana não
aparece como uma mera doação, que teria até ares de legalidade. Além de estarem
listados como "contribuições e
doações", em 2012, os pagamentos
também foram registrados com a suspeitíssima rubrica de "Bônus Eleitorais".
Como Lula não disputou qualquer eleição
municipal, o tal bônus tem efeito pior que
batom na cueca da amante achada pela esposa traída nas vésperas do Dia dos
Namorados.
A descoberta tende a ser fatal para Lula e para o PT por um
motivo muito simples: A Camargo Corrêa foi a única que fez doação semelhante para o "ilustre palestrante" Lula ou
para o instituto dele? O Ministério Público Federal, a partir de várias
delações premiadas, já tem indícios de que a resposta é negativa: outras empreiteiras também deram dinheiro a
Lula. A grande expectativa no mercado da politicagem é pela divulgação de
que outras grandes contribuições vieram da maior transnacional privada
brasileira, a Odebrecht.
Esta é a "surpresa" que falta, já que se tornou público que a OAS bancou as obras do apartamento
triplex de Lula no Guarujá (SP).
Pior que um soneto mal escrito é a
versão do Instituto Lula alegando que
"deve ser algum equívoco" da contabilidade da Camargo Corrêa
sobre os pagamentos a Lula: "O
Instituto Lula não prestou nenhum serviço eleitoral, tampouco emite bônus
eleitorais, o que é uma prerrogativa de partidos políticos". A
assessoria do Presidentro nega que os pagamentos tenham qualquer relação com
contratos da Petrobras e ressalta que "essas
doações e pagamentos foram devidamente contabilizados, declarados e recolhidos
os impostos devidos". A Camargo Corrêa garante que as contribuições ao
Instituto Lula referem-se a apoio institucional e ao patrocínio de palestras do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exterior.
O caso de Lula ganha
repercussão mundial. A Polícia Federal anexou os pagamentos de R$
4,5 milhões feitos a Lula pela Camargo Corrêa ao inquérito que apura a participação
da empresa e de seus executivos no esquema de corrupção. De acordo como o laudo,
entre 2011 e 2013. A construtora informou à Receita Federal que pagou R$ 1,5 milhão a LILS Palestras, Eventos e Publicidade. A empresa foi
criada pelo ex-presidente após a sua saída do Planalto e era responsável pelos
contratos de palestras e eventos feitos por Lula no Brasil e no exterior.
Não foi só Lula o
beneficiado. A
empreiteira repassou R$ 183 milhões a políticos, em doações legais feitas pela empresa
a campanhas eleitorais de diversos partidos, entre eles o PT, PMDB, PP e PSDB. A empresa JD Consultoria, de José Dirceu
(que agora reclama que ele, Lula e Dilma
estão no mesmo saco), recebeu R$ 900 mil
da construtora. A empresa recebeu R$ 900 mil da Camargo Corrêa. A empreiteira
pagou também R$ 3,5 milhões a empresa de
Pedro Paulo Leoni Ramos. O político foi ministro no governo Collor é um dos
investigados na Lava-Jato suspeito de intermediar o pagamento de propina ao
senador alagoano. A Camargo pagou também para Costa Global, do ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras, o delator premiado Paulo Roberto Costa.
Enquanto nada
efetivamente acontece com Lula, ele continua livre, leve e soltinho da Silva, fazendo negócios
pelo mundo afora, como "consultor"
e palestrante, e político falante... A diferença é que aumentou a impopularidade daquele que, até outro dia, era um mito
inquestionável da politicagem tupiniquim. A
coisa está tão feia que Lula já não pode mais viajar em avião comercial, sem levar vaias. Também
foi obrigado a se mudar do apartamento de São Bernardo do Campo para uma
luxuosa casa no condomínio Swiss Park, na mesma cidade do ABC paulista, para não ser alcançado pela bronca
popular...
Assim a sonhada
sucessão presidencial de 2018 fica cada vez complicada e inviabilizada para
ele...