A capacidade de mentir do Planalto é infinita, mas ela deve ser calibrada pelo risco de se perder crédito até mesmo quando se diz a verdade
Nenhum governo
admite que pode perder uma votação no Congresso mas, ainda assim, eles se
diferenciam no grau de seriedade com que administram seus receios. Desde o
início da tramitação da reforma da Previdência, o bunker do Palácio do
Planalto, sob a regência de Temer com os ministros Moreira Franco, na flauta,
Eliseu Padilha, no clarinete, e Henrique Meirelles, na tesouraria, seguiu em
duas linhas. Primeiro dizia que o projeto, cheio de bodes, era intocável.
Patranha, mas vá lá. Depois, inventou prazos. Até a tarde fatídica em que o
país soube do grampo do Jaburu, o limite de 2017 parecia plausível. Depois do
grampo, a prioridade do bunker passou a ser apenas salvação do mandato de
Temer.
Tudo
acabou num episódio de pastelão, com o senador Romero Jucá dizendo que a
votação estava adiada para o próximo ano, sendo imediatamente desmentido por
uma nota do Planalto. No dia seguinte veio o reconhecimento de que o jogo está
adiado para fevereiro. Nesse
clima de barata-voa, chegou-se até ao ardil de pedir ao empresariado que
pressionasse os parlamentares. Temer, Moreira, Padilha e Meirelles sabem
perfeitamente que, a esta altura, se um empresário ligar para seu deputado
levará uma facada em nome da campanha do ano que vem.
A
capacidade de mentir do Planalto é infinita, mas ela deve ser calibrada pelo
risco de se perder crédito até mesmo quando se diz a verdade. O bunker violou
essa norma. Se num dia ele diz que Jucá está errado e, no outro, informa que a
saúde do presidente vai bem, obrigado, no que se pode acreditar? A presepada
pode alegrar a maioria dos brasileiros que não confia no governo, mas ela
embute um perigo. O derretimento do bunker pela aritmética da falta de votos e
pela má qualidade de suas lorotas, arrisca expandir-se. A contaminação de um
governo fraco e impopular num ano de sucessão presidencial radicalizada
adiciona à confusão uma instabilidade perigosa e desnecessária. [oportuno lembrar que apesar da reforma da Previdência ser assunto para 2019, Temer pode, e deve, concentrar esforços imediatos na recuperação da economia.
Com a recuperação da economia e a queda do desemprego aumenta o recolhimento da contribuição dos trabalhadores à Previdência, contribuindo ainda que em pequena escala para a redução do déficit;
o combate às fraudes - seja na ponta da falsificação na concessão de benefícios, seja no desvio de contribuições (o empregador desconta do empregado a contribuição para o INSS, mas não repassa ao Instituto o valor descontado); -
também aumenta a arrecadação da Previdência Social.]
A Volks
passou a conta para o coronel
(...)Um sucinto depoimento que define de forma verdadeira quem foram os responsáveis por forçar atitudes mais enérgicas do Governo Militar, período de 64 a 85, foi o de um ex-diretor de recursos humanos da Volks:
“nós
nunca tivemos ditadura no Brasil, quem se queixa de ditadura é quem sofreu as
consequências. Eram os esquerdistas que queriam bagunçar o país.”
(...)
Outro
Lula
De quem
conhece Lula há mais de 30 anos:
“Ele se
tornou outra pessoa. Está ressentido e vingativo. Está, mas nunca se deve
esquecer que ele se orgulha de ser uma metamorfose ambulante.”
(...)