Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador pastelão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pastelão. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 26 de julho de 2019

República de hackeados - O Estado de S. Paulo

Eliane Cantanhêde

Vale tudo: com Brasília em polvorosa, vem aí uma guerra de acusações e versões

É uma grosseria ultrapassada tentar ainda hoje atingir o Brasil com o carimbo de “Republiqueta de Bananas”, mas parece bem atual considerar o País uma “República de Hackeados”. Nem o presidente da República foi respeitado, imagine-se o resto. E, assim, Brasília está em verdadeira polvorosa.  A referência mais direta a algo parecido foi quando se descobriu que a NSA, uma agência norte-americana, tinha a audácia de grampear a então presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e os telefones da principal empresa nacional, a Petrobrás.

Naquela época, a motivação parecia econômica, comercial, diplomática. Hoje, os “grampos” evoluíram para “hackeamentos” e a invasão de celulares até do presidente Jair Bolsonaro tem um outro viés. A motivação pode ser pura ganância, mas o uso não tem nada a ver com negócios. Logo, pode ter sido político. Ou não. É como a gente diz, a cada surpresa, a cada espanto: a realidade supera a ficção. Estamos vivendo numa sessão ininterrupta de cinema, intercalando filmes policiais, dramas e comédias pastelão, enquanto milhões de desempregados estão na rua da amargura e há uma guerrinha ideológica insana, quase infantil, entre uma esquerda acuada, deslocada da realidade, e uma direita simplória, mas ousada, cheia de si.

Quando hackers têm a audácia de violar os celulares e as conversas do presidente da República, dos presidentes da Câmara e do Senado, da procuradora-geral da República, de ministros do Supremo e do STJ, dos ministros da Justiça e da Fazenda, da líder do governo no Congresso... A gente começa a pensar que tudo é possível. No início das investigações, a PF tinha certeza de que o alvo era a força-tarefa da Lava Jato. Como se vê, vai muito além.  A biografia dos quatro criminosos presos não é animadora. Não se trata de gênios da informática que atuam no ambiente internacional, nem de uma quadrilha sofisticada a serviço de governos ou grandes corporações. Ao contrário, os chefes de Poderes, as instituições, talvez as posições estratégicas e até questões sigilosas de Estado, podem, em tese, ter ficado à mercê de uma gangue cibernética de fundo de quintal. Vulnerabilidade inadmissível.

Walter Delgatti, o “Vermelho”, que parece ser o chefe e mentor das operações criminosas, é um bandidinho com ficha policial manjada: roubo, estelionato, falsidade de documentos. [fica evidente pelo perfil. do 'vermelho' que jamais ele iria doar o produto da invasão aos celulares para o 'verdevaldo'; certamente vendeu.] Os demais movimentam volumes de dinheiro incompatíveis com suas rendas oficiais. Todos são uns simplórios, mas capazes de atacar o centro do poder federal e deixar muitas dúvidas.

Que uso Delgatti e seus comparsas poderiam fazer desse material, que era colhido e em seguida publicado em parte? Nem econômico, nem comercial, nem diplomático. O único objetivo, portanto, era vender o material todo a quem interessar pudesse. Quem?  É exatamente nesse ponto que se misturam e se confundem perigosamente as versões, inclusive tentando aproveitar a confusão e o medo para adicionar o ingrediente político-partidário e jogar o PT no meio da fogueira. Cuidado com isso! É cedo para conclusões.[vocês lembram dos aloprados? classificação dada pelo presidiário petista de Curitiba, quando imbecis petistas, sob a batuta de um dos segurança do ladrão Lula da Silva, tentaram realizar uma operação de compra de votos às vésperas das eleições e foram flagrados.


Ser aloprado e possuidor de toda a incompetência dos que merecem tal denominação é inerente à condição de petista.]

É fato que os quatro presos são peixes muito miúdos para serem os únicos ou mesmo os maiores responsáveis por um ataque com esse grau de gravidade, atingindo os três Poderes. Mas, por enquanto, não dá para concluir se agiram por conta própria para depois vender ou repassar para interessados, ou se, muito diferentemente, receberam uma encomenda de grupos dispostos a botar fogo no circo, implodir as instituições, gerar uma crise. Meus caros e caras, Brasília está de pernas para o ar e, até a conclusão das investigações, preparem-se para um festival de versões e acusações mútuas. Estamos em plena República dos hackeados. Vale tudo.


Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
 

domingo, 17 de dezembro de 2017

O bunker de Temer derreteu



A capacidade de mentir do Planalto é infinita, mas ela deve ser calibrada pelo risco de se perder crédito até mesmo quando se diz a verdade 

Nenhum governo admite que pode perder uma votação no Congresso mas, ainda assim, eles se diferenciam no grau de seriedade com que administram seus receios. Desde o início da tramitação da reforma da Previdência, o bunker do Palácio do Planalto, sob a regência de Temer com os ministros Moreira Franco, na flauta, Eliseu Padilha, no clarinete, e Henrique Meirelles, na tesouraria, seguiu em duas linhas. Primeiro dizia que o projeto, cheio de bodes, era intocável. Patranha, mas vá lá. Depois, inventou prazos. Até a tarde fatídica em que o país soube do grampo do Jaburu, o limite de 2017 parecia plausível. Depois do grampo, a prioridade do bunker passou a ser apenas salvação do mandato de Temer.

Tudo acabou num episódio de pastelão, com o senador Romero Jucá dizendo que a votação estava adiada para o próximo ano, sendo imediatamente desmentido por uma nota do Planalto. No dia seguinte veio o reconhecimento de que o jogo está adiado para fevereiro.  Nesse clima de barata-voa, chegou-se até ao ardil de pedir ao empresariado que pressionasse os parlamentares. Temer, Moreira, Padilha e Meirelles sabem perfeitamente que, a esta altura, se um empresário ligar para seu deputado levará uma facada em nome da campanha do ano que vem.

A capacidade de mentir do Planalto é infinita, mas ela deve ser calibrada pelo risco de se perder crédito até mesmo quando se diz a verdade. O bunker violou essa norma. Se num dia ele diz que Jucá está errado e, no outro, informa que a saúde do presidente vai bem, obrigado, no que se pode acreditar?  A presepada pode alegrar a maioria dos brasileiros que não confia no governo, mas ela embute um perigo. O derretimento do bunker pela aritmética da falta de votos e pela má qualidade de suas lorotas, arrisca expandir-se. A contaminação de um governo fraco e impopular num ano de sucessão presidencial radicalizada adiciona à confusão uma instabilidade perigosa e desnecessária. [oportuno lembrar que apesar da reforma da Previdência ser assunto para 2019, Temer pode, e deve, concentrar esforços imediatos  na recuperação da economia.
Com a recuperação da economia e a queda do desemprego aumenta o recolhimento da contribuição dos trabalhadores à Previdência, contribuindo ainda que em pequena escala para a redução do déficit;
o combate às fraudes -  seja na ponta da falsificação na concessão de benefícios,  seja no desvio de contribuições (o empregador desconta do empregado a contribuição para o INSS,  mas não repassa ao Instituto o valor descontado); -
também aumenta a arrecadação da Previdência Social.]


A Volks passou a conta para o coronel
(...)
Um sucinto depoimento que define de forma verdadeira  quem foram os responsáveis por forçar atitudes mais enérgicas do Governo Militar, período de 64 a 85, foi o de um ex-diretor de recursos humanos da Volks:
 “nós nunca tivemos ditadura no Brasil, quem se queixa de ditadura é quem sofreu as consequências. Eram os esquerdistas que queriam bagunçar o país.”
 
(...)

Outro Lula
De quem conhece Lula há mais de 30 anos:
“Ele se tornou outra pessoa. Está ressentido e vingativo. Está, mas nunca se deve esquecer que ele se orgulha de ser uma metamorfose ambulante.”

(...)

Elio Gaspari, jornalista - O Globo