Peritos da polícia do Rio de Janeiro usarão tiros reais e levarão à
reconstituição do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista
Anderson Gomes na quinta-feira (10) a única sobrevivente do ataque, uma
assessora da vereadora, cuja identidade é preservada. O secretário de
Segurança, o general de divisão Richard Nunes, acompanhará pessoalmente o
trabalho dos peritos na região central do Rio de Janeiro. O principal objetivo
da reconstituição será "consolidar os depoimentos das testemunhas do
crime", segundo uma fonte ligada à investigação. Em outras palavras, a
reconstituição quer verificar se, na prática, o que as testemunhas relataram
seria realmente viável. Se forem corroborados pelos peritos na reconstituição,
os relatos das testemunhas terão mais valor em um eventual processo judicial se
os culpados forem identificados.
Um dos relatos mais importantes é o da assessora de Marielle, que estava
no carro na hora do ataque, na noite de 14 de março, e sobreviveu. A mulher não
foi atingida pelos tiros e chegou a deixar o país com seu marido após prestar depoimento
à polícia. Logo após o crime, ela havia dito a uma emissora de TV que ouviu uma
rajada de tiros --o que teria gerado um barulho forte e rápido. Ela disse
também que segurou o volante do carro e puxou o freio de mão. Afirmou ainda
que, em princípio, não havia se dado conta que a vereadora e o motorista
estavam mortos. A polícia deve fazer disparos reais usando uma submetralhadora
de calibre 9 mm semelhante à que os policiais acreditam que que foi usada no
assassinato. Também deve ser reconstituído o trajeto que Marielle, Anderson e a
assessora fizeram de carro desde uma reunião política na rua dos Inválidos, na
Lapa, até o local do ataque, na rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio.
A
reconstituição deve acontecer no período noturno, para reproduzir as mesmas
condições de visibilidade da noite do crime. Os policiais que primeiro chegaram
ao local do crime também participariam da simulação. A resolução do caso é
considerada crucial por ter impacto na sensação geral de segurança no Rio de
Janeiro. [dificil de justificar a afirmação de que o resolução de um assassinato (entre milhares que sequer são investigados) tenha algum impacto na segurança no Rio de Janeiro.] O desfecho da investigação também deve ter impacto político
significativo na intervenção federal e na intervenção federal e no governo
Temer, segundo fontes da intervenção ouvidas pela reportagem.
Arma
usada no assassinato foi uma submetralhadora, diz polícia
(...)
Inicialmente, a polícia analisou a possibilidade de os tiros terem sido
sido disparados de uma pistola, mas a hipótese foi descartada. A munição de
calibre 9 mm pode ser usada tanto em pistolas como em submetralhadoras. Porém, quando
é disparada de uma submetralhadora seu poder destrutivo é maior --assim como a
cadência de tiros.
A fonte da Polícia Civil afirmou que há indícios de que a
submetralhadora usada foi uma HK MP5, arma desenvolvida na Alemanha na década
de 1960. Essa submetralhadora é usada em dezenas de países, tem diversas
variações de modelos e é considerada muito comum. No Brasil, ela é usada por
forças de segurança (polícias militares e federal), colecionadores e pode ser
adquirida ilegalmente no mercado negro. É uma arma usada geralmente em combates
a curta distância.