Ex-procurador Marcello Miller responde a processos sobre eventuais desvios éticos
Uma semana depois de o presidente Michel Temer levantar suspeitas em relação à conduta profissional do advogado Marcello Miller e, por consequência, do seu ex-chefe, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nada de verdadeiramente comprometedor pesa contra ambos até agora. Correm, no Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil — Seção Rio de Janeiro (OAB/RJ) — e na Procuradoria da República no DF, processos para apurar eventuais desvios éticos, quebra de sigilo ou conflito de interesses do acusador que, de um mês para o outro, virou defensor. Não há, porém, previsão de conclusão dos processos.
Ontem,
por meio de um assessor de imprensa, Miller negou pedido de entrevista.
“Não cometi nenhum ato irregular, mas não responderei às afirmações a
meu respeito pela imprensa”, limitou-se a informar o ex-procurador, por
meio de mensagem eletrônica. “Apenas me manifestarei perante as
autoridades com competência para examinar os fatos e com interesse na
aferição da verdade”, concluiu a declaração, um texto igual ao usado na
semana passada. Fica pendente de resposta, sem negativa ou confirmação, a
pergunta sobre a iminente saída dele do Trench Rossi Watanabe, como
noticiado pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, no domingo.
Marcello
Miller formou-se em direito pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), em 1997. Nessa mesma instituição, tornou-se, em 2008,
mestre em direito internacional. No ano seguinte ao término da
graduação, foi aprovado como diplomata pelo Instituto Rio Branco.
Durante seis anos, até 2003, atuou no Ministério das Relações
Exteriores. Em março de 2004, começou a carreira na Procuradoria da
República do Rio de Janeiro como titular de ofício especializado em
crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e lavagem de dinheiro.
Durante 18 meses, entre 2013 e 2015, foi coordenador adjunto da
Assessoria Criminal no gabinete de Janot.
Em
rede social com foco nas relações profissionais, o Linkedin, o
ex-procurador anuncia que é conhecedor de seis idiomas, dos quais três
dominaria com fluência — além do português, o francês e o inglês.
Dos
dois processos que correm para analisar a conduta profissional de
Miller, apenas o procedimento preparatório da Procuradoria da República
do DF tem prazo. São 90 dias corridos, com possibilidade de prorrogação,
para a decisão sobre eventual abertura de um inquérito civil, que
poderá apurar a ocorrência de improbidade ou violação do dever
funcional. E, desde terça-feira, o Tribunal de Ética e Disciplina da
OAB/RJ apura a conduta profissional dele. Essa análise disciplinar segue
sigilosa até o trânsito em julgado.
“Apenas me manifestarei perante as autoridades com competência para examinar os fatos e com interesse na aferição da verdade”
Marcello Miller, advogado