Repetidas vezes escrevi denunciando a impostura e o fingimento que
caracterizam os discursos identitários esquerdistas.
Vi esses grupos
nascer sob inspiração e com o suporte financeiro proporcionado por
partidos de esquerda e fundações internacionais.
Vi o marxismo criando,
através deles, novas versões da luta de classes e percebi que surgiam
mais pela luta do que pelas classes.
Eram uma exigência do dinamismo da
política como o esquerdismo passou a conduzir.
Não vi qualquer
originalidade em suas concepções nacionais, pois eram produto de
repetitivas e rentáveis operações de “copia, traduz e cola” importadas
do exterior a custo zero.
Como o
objetivo é a “luta”, a adesão a um partido de esquerda tornou-se
condição para ingresso nesse novo business político. Fora do partido, se
a pessoa não for de esquerda, a militância atiçará contra ela o
somatório de seus rancores.
Damares
Alves é um caso típico. É mulher, foi estuprada na infância, sofreu
muito com isso, mas não ouvi, em quatro anos, uma única feminista erguer
a voz em seu favor. [ainda há feministas? pelo menos, nos moldes de antigamente - as feministas de hoje, quando vão "defender" as mulheres, a elas se referem como 'pessoas com vagina'.] Antes, riram dela, desprezaram-na, atacaram-na.
Mulheres a defenderam. Homens a defenderam. Um homem a fez brilhar como
ministra de Estado.
Empenhou-se como uma leoa para proteger mulheres e
crianças de toda violência. Mulheres e homens a elegeram senadora.
Feministas, não. Detestam-na em caráter perene e ela precisa andar
custodiada por seguranças, tamanhos o ódio que suscita e as ameaças que
recebe.
Estou falando
de gente má, impiedosa, capaz de troçar da virtude, da pureza, da
sinceridade. Gente capaz de zombar de uma criança que, à beira do
suicídio, conversou com Deus.
E o que mais assusta: gente que quer
ocupar o cargo que ela tão bem desempenhou.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.