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segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Argentina eleva dólar oficial em 22%, trava câmbio e sobe juros, após vitória da extrema direita nas primárias - O Globo

Um dia após as urnas mostrarem vitória inesperada do candidato de extrema direita, Javier Milei, nas prévias das eleições argentinas, o Banco Central (BC) do país decidiu elevar em 22% o dólar oficial, que passa a valer 350 pesos. Segundo fontes do La Nación, o governo vai travar o câmbio até as eleições de outubro. Em paralelo, o BC elevou a taxa básica de juros em 21 pontos, para 118% ao ano, o mais alto patamar em 20 anos.[elevar os juros é o único caminho eficaz e o menos demorado para conter a inflação.]

A Argentina, que atravessa uma forte crise, tem várias cotações de dólar. No mercado paralelo, o mais conhecido é o chamado dólar blue, que chegou a 680 pesos nesta manhã. A expectativa é que a desvalorização do dólar oficial afete as demais cotações.

Após anúncio do BC argentino, o dólar turista estava cotado a 731 pesos por volta de 11h30 (horário de Brasília). Há filas para comprar moeda estrangeira.

Desde que foi anunciada a revisão dos termos do acordo entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o governo argentino, no fim de julho, o Banco Central mudou sua postura e começou a desvalorizar diariamente o dólar.

Inflação atingiu nível mais alto em 30 anos.
Hoje, a moeda estrangeira foi desvalorizada em 18% - ou seja, ela subiu 22%. A decisão de uma desvalorização grande e repentina hoje é reflexo do resultado nas urnas. No domingo, foram realizadas as Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso). Nesse pleito, são definidos os candidatos que disputarão o primeiro turno da eleição presidencial de outubro.

Bolsa cai 14%

Javier Milei, do partido A Liberdade Avança, obteve 30,06% dos votos, ficando à frente dos dois candidatos da direita tradicional e da aliança governista, que obtiveram 28,27% e 27,24%, respectivamente.
 Javier Milei vence eleições primárias na Argentina — Foto: ALEJANDRO PAGNI / AFP
Javier Milei vence eleições primárias na Argentina — Foto: ALEJANDRO PAGNI / AFP

Milei tem como plataforma econômica dolarizar o país e fechar o banco central. Sua vitória nas prévias argentinas causou um rebuliço no mercado nesta manhã, com a disparada do peso, o que levou o BC argentino a anunciar medidas duras numa tentativa de conter o alvoroço no mercado.

A Bolsa caía 14% por volta de 11h40, maior queda no intraday desde as primárias de 2019, quando o atual presidente do país, Alberto Fernandez, também venceu as urnas inesperadamente, contra o seu adversário político Mauricio Macri.- No curto prazo, a incerteza sobre o plano econômico de Milei e a palavra dolarização faz o dólar subir no mercado paralelo. E há incerteza sobre o que vem por aí ainda. O Banco Central poderá intervir para conter o dólar paralelo, venderá dólar futuro. Teremos que digerir a surpresa - disse Fernando Marull, economista da FMyA.

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O que dizem os analistas?
Especialistas de Wall Street ouvidos pela agência de notícias Bloomberg explicam que, além das propostas extremas de Milei para a economia (como dolarizar o país e fechar o banco central), os analistas se preocupam com a incerteza criada pela sua vitória nas primárias, que pode agravar a turbulência social e econômica do país.

Veja, abaixo, as avaliações sobre o resultado das eleições e seu impacto nos mercados:

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Em Economia - Jornal O Globo - MATÉRIA COMPLETA