Em nota publicada nas redes sociais, a deputada Janaina Paschoal atacou
FHC e aqueles que já falam em impeachment de Bolsonaro após menos de 5
meses de governo, e também aproveitou para pedir união aos que votaram
no presidente, apelando para que ele pare de ouvir Olavo e seus filhos,
que costumam gerar mais cizânia do que união.
Eis o texto na íntegra:
"Muito curioso,
quando eu pedi o impeachment de Dilma Roussef, com base em crimes
graves, fartamente demonstrados, FHC saiu em defesa da ex-Presidente,
diminuiu minha denúncia, mesmo confessando não ter lido… depois, serviu
como testemunha de defesa de Lula em vários processos. Agora, no
nascedouro do governo Bolsonaro, ele diz aos sindicalistas, que o
impeachment pode ser inevitável. E ainda tem quem diga que FHC era o
líder da oposição ao PT!? FHC é o mais letrado dos petistas!
Acreditem,
as manifestações de ontem não têm nada a ver com cortes na educação, nem
com reforma da previdência. Os infiltrados usariam qualquer desculpa
para criar o factoide da insatisfação, com o fim de derrubar Bolsonaro.
Peço, encarecidamente, àqueles que ajudaram a elegê-lo que parem de
brigar entre si. É isso que eles querem. É assim que se fortalecem.
Parem de brigar internamente! A briga com os verdadeiros opositores (que
estão unidos) está só começando!
Afastem
as teorias da conspiração da mente… Não houve um único grupo (ou
pessoa) responsável pela vitória de Bolsonaro. Houve um povo cansado que
se uniu e abraçou nossa única alternativa naquele momento. Caiam na
real!
Peço
a Bolsonaro que pare de ouvir Olavo. Ele tem uma obra incrível, mas a
obra não se confunde com o autor. Peço a Bolsonaro que pare de ouvir os
próprios filhos. Siga amando seus filhos, mas os afaste, por favor.
Muitos
querem derrubar Bolsonaro, mas não somos nós! Nós enfrentamos todos os
riscos para dar uma chance ao país. Bolsonaro, reflita! Eu nunca menti
para o Sr! O Sr sabe!"
Enquanto isso, o próprio Carlos Bolsonaro tuitou falando em possível queda do pai:
A questão que surge é: a postura de Carlos e sua militância virtual
ajuda ou atrapalha o governo de seu pai? Eis o ponto. Muitos vêm
alertando que esse clima de guerra propagado pelo próprio bolsonarismo
vai dificultar o governo de Bolsonaro, e aumentar o grupo dos que falam
em impeachment.
Os bolsonaristas, com alguma razão, dirão que é um golpe do
establishment contra as mudanças propostas pelo presidente com o apoio
do “povo”. Mas os críticos honestos poderão argumentar que era
previsível ou mesmo inevitável esse resultado se a estratégia escolhida
fosse o confronto direto com o Congresso.
Contar apenas com a “pressão popular” (na verdade, militância virtual)
para vencer a própria democracia, com todas as suas imperfeições e com
esse centrão fisiológico, mas eleito, era um sonho ingênuo e perigoso,
pois populista e autoritário. Renan Santos, do MBL, gravou um vídeo com
boa análise sobre essa guerra de Bolsonaro, apontando para o eventual
fracasso dessa tática dos “templários”:
A GUERRA DE BOLSONARO | Por Renan Santos
Diante das derrotas do governo na Câmara, William Waack gravou um
comentário sobre esse embate, sem analisar o mérito, mas concluindo que
dificilmente Bolsonaro sairá vencedor dessa batalha:
O que fará Bolsonaro com a Câmara dos Deputados? William Waack comenta
Legislativo impõe nova e significativa derrota política ao Executivo,
que se mostra desorganizado e desarticulado na Camara dos Deputados. De
que maneira Jair Bolsonaro irá lidar com os deputados para tentar levar
adiante o que considera importante?
O resumo da ópera (bufa) é que os bolsonaristas, ainda que com boas
intenções, acharam ser possível dobrar o Congresso “podre” com a pressão
“popular” (militância virtual), desprezando não só o fato de que
deputados e senadores da “velha política” foram eleitos de forma
legítima e representam parcela do povo, como a força do Parlamento.
Queriam uma espécie de déspota esclarecido, mas isso não vai vingar –
nem deveria. As mudanças em nosso país serão graduais, reformistas, não
por meio de uma revolução “redentora”.
Em suma, a campanha jacobina do próprio bolsonarismo foi criando
resistências não só no centrão fisiológico e no establishment, como nos
círculos liberais e conservadores, já que muitos ficaram assustados com o
grau de autoritarismo e intolerância dos bolsonaristas, em especial dos
próprios filhos do presidente e de seu guru. Quem tem alimentado a
narrativa de impeachament, portanto, é justamente a turma que acha que
está salvando o presidente e o Brasil. Quem planta vento colhe
tempestade, e quem alimenta corvos terá os olhos arrancados. Não foi por
falta de aviso…