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domingo, 1 de janeiro de 2023

Como nas ditaduras, aqui se reprime a discordância com a acusação de ‘atos antidemocráticos’ - O Estado de S. Paulo

Um governo de repressão 

O governo Lula começa com repressão – hipócrita, ilegal e disfarçada em “defesa da democracia”, mas repressão do mesmo jeito. É este o “Brasil Feliz” que o novo presidente prometeu em sua campanha. É esta a “festa da democracia” que a coligação STF-PT-assaltantes do erário em geral oferece ao País. 
O ministro Alexandre de Moraes expede ordens de prisão contra dezenas de pessoas. O futuro ministro da Justiça faz incitação aberta à violência – ao insistir em suas exigências de uso da polícia, da pancada e da bomba de gás lacrimogêneo para dissolver as manifestações anti-Lula que há dois meses estão na frente dos quartéis. O novo presidente ameaça os brasileiros que votaram contra ele: “Quem perdeu que fique quietinho”, disse numa de suas últimas aparições – é assim que ele estende a mão a “todos”, como disse logo após ser declarado vencedor pelo TSE. Como nas ditaduras comunistas, em que o pretexto para jogar a polícia contra qualquer tipo de oposição é a denúncia-padrão de “atos antirrevolucionários”, aqui se reprime a discordância com a acusação de 'atos antidemocráticos'.
 
Os cidadãos não sabem por que estão sendo presos, os delegados que fazem as prisões não sabem por que estão prendendo e os advogados das vítimas não sabem do que os seus clientes são acusados.  
Não há processo legal de nenhum tipo; o ministro Moraes, que pela lei tem de julgar causas levadas ao STF, e não prender cidadãos, comanda a repressão por meio de um inquérito perpétuo absolutamente ilegal. Transformou o Brasil numa delegacia de polícia de ditadura. 
Não responde a ninguém por nada do que decide. 
Quem é preso, multado, calado ou de alguma forma perseguido por ele só tem uma pessoa a quem reclamar – ele mesmo. 
Lula e o seu “primeiro escalão”, que a partir do dia 1.º de janeiro recebem a chave do Tesouro Nacional, ganham a certeza de que vão mandar no Brasil sob a proteção integral deste tipo de justiça.

A repressão é essencial para garantir a segurança do governo que se anuncia por aí, e que mostra a sua cara nas prodigiosas nomeações para o Ministério e os outros galhos de cima da árvore estatal.  
Não foi aberta praticamente nenhuma exceção: só nas penitenciárias, possivelmente, se encontra uma concentração tão alta de gente enrolada com a justiça criminal como no Ministério escolhido por Lula para governar o Brasil. Têm ao seu dispor uma arrecadação de R$ 2 trilhões só em impostos federais, mais os R$ 250 bilhões de lucro que as estatais tiveram este ano, mais os R$ 145 bi da “PEC”
Não dá, realmente, para permitir que esses horríveis atos “antidemocráticos” continuem a perturbar a tranquilidade do “Brasil Feliz”.
J. R. Guzzo,  colunista - O Estado de S. Paulo