O discurso no parlatório, Bolsonaro parecia um candidato em campanha e exagerou no tom
[aos que não gostaram do discurso do presidente Bolsonaro, lembramos;
- vão ter que engolir, ter que se habituar, pois Bolsonaro é o presidente da República Federativa do Brasil, até, com as bençãos de Deus, o dia 1º jan 2023;
Uma alternativa é se adaptarem, mudar de profissão ou mesmo de país;
Um comentário para deixar os desgostosos um pouco mais tristes: Bolsonaro vai realizar um excelente Governo, com boas chances de reeleição - existe o compromisso público do presidente de apoiar o fim da reeleição, mas, nada impede que a proposta acabando com a reeleição não seja aprovada ou que seja reapresentada por qualquer parlamentar.
E, Bolsonaro, na ocasião adequada siga a legislação vigente.]
Jair Bolsonaro fez um discurso mais político e popular no Parlatório.
Parecia um candidato em campanha. E, como sempre ocorre nesses casos,
exagerou no tom e no conteúdo. Dizer que estava ali para libertar o
Brasil do socialismo não foi apenas retórica, foi discurso para quem
queria ouvir isso mesmo. Mas era bobagem. Primeiro, de que socialismo
falava Bolsonaro? Do herdado de Michel Temer? Se fazia referência aos
governos petistas, chegou atrasado, seu antecessor já havia mudado a
direção do governo para a linha que o empossado escolheu seguir. E mesmo
os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma nunca foram socialistas.
Foram sociais democratas com foco na distribuição de renda. Ponto final.
No tom, foi além do ponto ao fazer fora do script a referência à
bandeira brasileira. Nem tanto ao repetir o mantra de que a bandeira
brasileira jamais será vermelha, mas ao dizer que só ficaria vermelha
com o seu sangue na defesa das cores verde e amarela. Exagerou e a
plateia adorou. Aliás, público como aquele não queria um discurso que
não fosse nesse tom. Bolsonaro entendeu isso e falou da família
brasileira que vai defender de nefastas ideologias. Usou e abusou de
ataques à esquerda, afinal por que mesmo ele estava ali?
No ponto em que falou de libertar o Brasil do socialismo, citou ainda o
gigantismo estatal e o politicamente correto. Ponto polêmico que seria
bom explicar melhor. Porque o politicamente correto é uma evolução e
significa evitar o uso de linguagens ou ações que sejam excludentes. E
Bolsonaro disse no Congresso que governaria sem discriminação. Em outros
pontos do discurso, o presidente repetiu com palavras diferentes, mais
inflamadas e de maneira mais direta, o que já havia dito ao tomar posse.
Bonito mesmo fez a primeira dama, com um discurso não previsto em
linguagem de sinais. Foi elegante, simpática e emocionou até mesmo a
moça que ao seu lado fazia a leitura dos discurso de libras de Michele.
Agradou ao público e ao marido, que agradeceu com uma bitoca. Escorregou
uma única vez, ao citar apenas um dos três filhos do marido, o vereador
Carlos. Pode gerar ciúmes, e esse é o tipo de sentimento insondável que
é melhor não provocar.
Ascânio Seleme - O Globo