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domingo, 31 de dezembro de 2017

“Pensando o impensável” e outras notas de Carlos Brickmann

Se a recuperação da renda dos consumidores se acelerar um pouco, estaremos diante de um cenário hoje improvável: um candidato do MDB à Presidência

A economia cresceu pouco, 0,1% no terceiro trimestre, mas acima do previsto. Prevê-se que em 2018 a produção cresça até 3% — nada espetacular, mas bem mais do que os números habituais. Os shopping centers, que tiveram queda de vendas nos dois últimos Natais, venderam 6% a mais neste ano. O Indicador Serasa-Experian teve o melhor desempenho desde 2011: na semana de Natal, as vendas subiram 5,2%. São números baixos, que partem de um patamar baixíssimo; não vão deixar consumidor algum com a sensação de que ficou mais rico. Mas podem deixá-lo com a sensação de que não ficou mais pobre.

E daí? Daí, nada. Mas há a queda dos juros básicos do Banco Central, que algum dia deve se refletir nos juros cobrados no crediário. Não é mais possível tomar mil reais emprestados e ficar devendo dez prestações de mil reais. Se a recuperação da renda dos consumidores se acelerar um pouco, se a inflação se mantiver baixa, estaremos diante de um cenário hoje improvável: um candidato do MDB à Presidência. Um candidato viável.

Quem? Há tempo até 2018. Pode ser, apesar da idade e das acusações, Michel Temer (para ele, ótimo: mais um tempo com foro privilegiado). Ou Henrique Meirelles, dono da política econômica. É do PSD, já foi do PSDB e do Governo Lula e, se precisar, muda de sigla. Tem carisma zero; mas tem como pagar a própria campanha. Pode emplacar? [Não; e se emplacar a candidatura será derrotado. Temer tem mais chances.] Resposta em 2018.

Através do espelho
Naquela antiga frase sobre o que pode sair da cabeça de juiz e de bunda de nenê, em geral se esquece o terceiro elemento imprevisível: boca de urna. Há uma foto clássica de eleições americanas em que o presidente Harry S. Truman, recém-reeleito, segura um jornal que anuncia a vitória de seu opositor Thomas Dewey. Jânio Quadros ganhou a Prefeitura de São Paulo pela primeira vez contra o favoritíssimo Francisco Antônio Cardoso; e pela segunda contra o ainda mais favorito Fernando Henrique Cardoso. Erundina, uma semana antes da eleição, era a terceira colocada. Virou o jogo e bateu o grande favorito Paulo Maluf. Duvida de Meirelles? Depois de bem-sucedida temporada como banqueiro no BankBoston, voltou ao Brasil e se elegeu deputado federal por Goiás. E Temer vem se elegendo, embora sempre com votação baixa, desde 1986. Bem ou mal, já chegou lá.

Portas abertas
Claro, Temer e Meirelles não são as únicas surpresas que podem ocorrer neste ano (nem as mais prováveis). Alckmin chefia um partido forte, com boas raízes no Centro-Sul. Dória já surpreendeu uma vez (embora nenhum de seus possíveis padrinhos vá se surpreender de novo). Há os corredores paraguaios Marina e Ciro – e se um deles acertar o ritmo? Álvaro Dias, Arthur Virgílio? Este colunista não apostaria em nenhum deles, nem em Bolsonaro ou Lula (mas também não apostaria contra eles). Joaquim Barbosa? [outro sem chance; jogar um tostão furado no Barbosão é perder.] Tantos candidatos só indicam que não há candidato nenhum. [Há um candidato com chances: JAIR MESSIAS BOLSONARO - a dúvida é: leva já no primeiro turno ou precisa haver um segundo? Lula, mesmo que presidiário pudesse ser candidato, não teria nem 20% dos votos. E condenado não vota nem pode ser votado.]

Um país sem patrão
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classificou o embaixador do Canadá em Caracas como “persona non grata” – ou seja, indesejável. O Canadá imediatamente expulsou de Ottawa o embaixador venezuelano – a retaliação tradicional diante do tipo de agressão cometido pela Venezuela.

Um país “mais compreensivo”
A Venezuela também declarou “persona non grata” o embaixador do Brasil, informando que a medida é um protesto pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff. E o Brasil? Tão atrasado quanto os maduros, que só agora descobriram que Dilma foi afastada, o Governo brasileiro só retaliou a Venezuela na terça. Tem motivos – o Governo venezuelano vem atrasando o pagamento de compras no Brasil – e armas terríveis: basta liberar as confissões de empreiteiros brasileiros sobre a realização de obras por lá. Mas parece a ocupação militar da refinaria da Petrobras na Bolívia: protegemos ao máximo regimes que se dedicam a usar à vontade o dinheiro do Brasil.

Exemplo
A Unidade de Coordenação Central do Tesouro Espanhol acusa “o melhor jogador de futebol do mundo”, Cristiano Ronaldo, de ter sonegado aproximadamente € 15 milhões (pouco mais de R$ 60 milhões), e pede sua prisão. O centro-avante do Real Madrid alega que paga “a peso de ouro” os especialistas que declaram seu imposto de renda, e portanto não tem culpa de eventuais erros. Caridad Gómez, a chefe da Receita espanhola, diz que contribuintes “com acusações muito menos graves” estão presos e que Cristiano Ronaldo usou testas-de-ferro e paraísos fiscais para sonegar. É famoso? Melhor: sendo preso, serve de exemplo aos sonegadores.

Desapega!
Luislinda Valois saiu do PSDB mas não quer deixar sua Secretaria, onde é mal avaliada. Mal avaliada por que? Ela não fez nada — nem de errado!

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann