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domingo, 9 de julho de 2023

Lula, a Venezuela e a vida real - J. R. Guzzo

Revista Oeste

O presidente veio com a história de que “a democracia é relativa”. Não existe isso. O que há, no mundo das realidades, são democracias e ditaduras

 Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião privada | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O sonho do presidente Lula, pelo que se constata ouvindo os desvarios cada vez mais agitados que ele não para de produzir todas as vezes que abre a boca para falar em público, é ser o ditador Nicolás Maduro.  
É isso, no fundo: ele quer ser um Maduro, e quer que o Brasil seja uma Venezuela. 
Como passa as 24 horas do dia cercado pelo cordão de puxa-sacos mais tóxico que já se viu na história brasileira, ninguém tem coragem, nem a decência mínima, de lhe dizer que tanto uma coisa quanto a outra são mais complicadas do que ele imagina. 
O resultado é que Lula continua, com o gás todo, nessa viagem perturbada rumo às suas miragens; 
- deu para dizer agora que tem “orgulho” de ser chamado de comunista, e que o Brasil precisa acabar com essa conversa de família, religião e patriotismo. 
 Isso é coisa de “faxista”, como diz, e ele tem horror ao “faxismo”. Imagina-se com o cartaz de um Nelson Mandela, pronto a receber o Prêmio Nobel, e o cordão à sua volta se ajoelha e diz: “Isso mesmo, presidente”. Está tão perto de Mandela como o Jabaquara do Real Madrid; o que acaba acontecendo, na prática, é a sua transformação em mais um projeto de ditador bananeiro, um misto de Pancho Villa com João de Deus, que dá nesse sub-Maduro que se vê por aí.

O crescente tumulto mental de Lula coincide com os piores momentos que a Justiça brasileira já teve desde que o governador Tomé de Sousa, há quase 500 anos, colocou em funcionamento um sistema judicial neste país, com a instalação do ouvidor-geral da Bahia. 
Desses piores momentos, possivelmente nenhum foi pior que o mais recente — a cassação dos direitos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro, em quem os 140 milhões de eleitores brasileiros estão agora proibidos de votar, por decisão da junta judicial que hoje governa o Brasil em parceria com Lula e o seu sistema.  
É uma dessas espetaculares coincidências da vida. 
No mesmo momento em que as Cortes Supremas do Brasil cassaram Bolsonaro, as Cortes Supremas da Venezuela cassaram María Corina, a candidata mais forte do que sobrou de oposição por ali para as próximas eleições presidenciais.  
 
Essa eleição é uma piada — na Venezuela também existe um TSE, e também lá ganha quem o TSE deles diz que ganhou
É uma farsa em estado puro, segundo atestam as avaliações de todas as democracias sérias do mundo e, até, dos órgãos de militância esquerdeira, como as ONUs, as OEAs e as coisas parecidas. 
Mas, assim como aqui, o governo não quer correr o menor risco de algum acidente; é mais prático, logo de uma vez, proibir o adversário de concorrer.

Como é que Lula, Janja, Flávio Dino e os outros imaginam deixar o Brasil do mesmo tamanho? Se querem uma democracia venezuelana, vão precisar de uma economia venezuelana

Venezuela e Brasil, ao estilo do consórcio STF-Lula — tudo a ver? Há, sem dúvida, um imenso esforço para que tudo tenha cada vez mais a ver. O presidente da República, justo neste momento, resolveu ter mais um dos seus surtos madureiros — disse que a Venezuela é uma formosa democracia, porque tem “mais eleições que o Brasil”. 
A declaração foi um assombro — China, Cuba, Coreia do Norte têm eleições; todas as ditaduras do mundo têm eleições
De que adianta a Venezuela ter eleições se a oposição não pode ter candidato? 
 
Lula, diante do despropósito que tinha acabado de dizer, quis fugir, como sempre faz nessas ocasiões — e, como sempre, disparou um despropósito maior ainda. Veio com a história de que “a democracia é relativa; cada um acha que é uma coisa”. Não existe isso. Não há “democracia relativa”. Quem achava isso eram os generais da ditadura militar do AI-5. O que há, no mundo das realidades, são democracias e ditaduras. Se é democracia é democracia; se é ditadura é ditadura. Até o ministro Gilmar Mendes (ele e Alexandre de Moraes são os únicos que realmente contam no STF; os demais só cumprem a tabela, sem disputar o campeonato) achou que assim também já era demais. Disse, e insistiu, que a noção de democracia relativa é um completo disparate.

🚨NA LATA
Porque o senhor e o seu governo tem tanta dificuldade em reconhecer a ditadura na Venezuela?
LULA tem alma de ditador! pic.twitter.com/o5Mik8Fu4f

— @Jopelim (@PrJosiasPereir3) June 29, 2023

Eis aí, então — há dificuldades, e não são poucas, com as fantasias de Lula e dos extremistas que mandam em regiões inteiras do seu governo. Ele pode querer ser um novo Maduro. Mais difícil é fazer com que o Brasil seja uma nova Venezuela. Há, é claro, muita encenação, muito fingimento e muito adereço de mão para exibir ao público — há o palavrório do “Foro de São Paulo”, dos novos “empréstimos” para se somarem aos que a Venezuela nunca pagou e das teorias sobre como seria bom juntar o Brasil com a miséria da América Latina. Mas uma coisa é dizer bobagem. Fazer com que aconteça já são outros quinhentos. 

Gilmar Mendes, por exemplo — Lula provavelmente não estava esperando levar uma bronca, em público, dele. Democracia relativa? Só o STF tem o direito de praticar democracia relativa no Brasil; para os demais, é exercício ilegal da profissão. Quer dizer que o Supremo não assina embaixo de tudo o que o presidente diz ou faz? Nesse caso não assinou. Tem dado a Lula tudo o que interessa a Lula, como se dá a César o que é de César — ou se dava, nos velhos tempos. 
Mas outra maneira de ver a mesma coisa é refletir que o STF só dá o que quer dar; não está claro o quanto quer, nem o que quer, mais exatamente. Há ainda mais um ângulo: como na Bolsa de Valores, resultados do passado não garantem resultados no futuro. A ver, portanto.

Outro problema é o Brasil em si. Lula, Janja, Flávio Dino e outros dos grandes cérebros do seu governo talvez tenham chegado muito tarde à cena do crime, como diria Geraldo Alckmin. 
Se quisessem mesmo um Brasil comunista, como o partido em que o ministro militou se propõe a criar, deveriam ter começado uns 60 anos atrás, ou algo assim. De lá para cá, o Brasil virou outro país. Tem um PIB de US$ 2 trilhões, tornou-se um dos dois ou três maiores produtores de alimentos do mundo — o que vale mais que qualquer reserva de petróleo — e criou uma cadeia de interesses grandes demais para ser desmanchada com despachos no Diário Oficial. 
A Venezuela, ao contrário, andou para trás. Já tinha, antes da ditadura, uma economia de terceira categoria, que vivia unicamente de um produto, o petróleo. Não tinha empresas privadas de verdade, não tinha capital, não conseguia exportar um prego, nunca passou do pré-capitalismo. De lá para cá, ficou muito pior — hoje não tem mais nem papel higiênico, a não ser para Maduro e a casta de generais, de milicianos e de traficantes de drogas que manda no país e fica com todos os dólares que ainda entram ali. Dá para pagar as suas Maseratis. O Brasil já é bem mais complicado.

 Com todos os seus problemas, e põe problema nisso, o Brasil está com um PIB 20 vezes maior que o da Venezuela de Maduro.  
Como é que Lula, Janja, Flávio Dino e os outros imaginam deixar o Brasil do mesmo tamanho? 
Se querem uma democracia venezuelana, vão precisar de uma economia venezuelana. É fácil transformar a Venezuela numa Cuba — aliás, Cuba tem hoje um PIB maior
Outra coisa, bem mais difícil, é transformar o Brasil numa Venezuela. Fazer discurso no “Foro de São Paulo”, proclamar-se comunista e ficar fazendo turismo pelo mundo com a mulher e com Celso Amorim não vai ser suficiente.

Em encontro do Foro de São Paulo, Lula diz que sente orgulho de ser chamado de Comunista e diz que as pautas dos Costumes, da Família e do Patriotismo são discursos fascistas pic.twitter.com/Ee07omW1Ux

— O Corvo (@0C0RV0) June 30, 2023

Lula e o Sistema “L” ficam muito animados, naturalmente, quando veem aberrações em modo extremo, como a cassação dos direitos políticos de Jair Bolsonaro. 
É esse o paraíso venezuelano que pediram a Deus — um país onde nenhuma lei vale nada, e a Constituição pode ser anulada a qualquer momento do dia ou da noite para atender aos desejos e interesses de quem manda no governo
Nunca existiu qualquer fato, mesmo daqueles mais ordinários, que pudesse ser apresentado para dar um mínimo de legalidade, ou mesmo de simples lógica, à decisão tomada pelo complexo STF-TSE. Bolsonaro não fez nada de errado, ou proibido por lei, para ser declarado “inelegível”; estava condenado antes do processo começar, pela única razão de que Lula e o Comissariado Supremo que governam o Brasil de hoje não admitem que os brasileiros possam votar nele, em nenhuma hipótese ou circunstância. 
Fabricaram, então, uma desculpa para dar alguma roupagem jurídica ao que tinham decidido fazer — e a desculpa que escolheram foi um desastre sem nexo, sem inteligência e sem qualquer contato com os fatos.
 
Bolsonaro foi cassado, como se viu, porque fez uma reunião com embaixadores na qual reclamou das urnas eletrônicas do TSE, que nenhuma democracia do mundo, mesmo da segunda divisão, utiliza. 
E daí? O ministro Edson Fachin, aquele que descondenou Lula por erro no CEP, tinha feito uma reunião com os mesmos embaixadores — só que para falar bem das urnas. 
Dilma Rousseff, a mártir da esquerda nacional que hoje está num empregão de R$ 300 mil por mês doado por Lula, também se reuniu com embaixadores pouco antes do seu impeachment, para ver se arrumava alguma coisa. Não arrumou nada — mas fez exatamente a mesma coisa que Bolsonaro. Dizer que ele gerou “desconfiança no sistema eleitoral”, então, é ainda mais prodigioso. 
O presidente do PDT, que pediu ao TSE a cassação de Bolsonaro, fez um discurso inflamado contra esse mesmo sistema, tempos atrás; disse que onde há voto eletrônico a “fraude impera”. 
A ministra do Planejamento, a quem Lula se refere como “Simone Estepe”, exigiu que as urnas do TSE tivessem comprovante impresso. O próprio Flávio Dino, com todo o seu comunismo, disse, repetiu e disse de novo que o sistema de votação não merecia confiança e tinha de ser reformado. Por que está certo com eles e está errado com Bolsonaro? Poderiam dizer, já que era para inventar alguma coisa, que ele cometeu genocídio; talvez ficasse um pouco menos idiota.

ministros lula tse

Jair Bolsonaro | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Lula se livrou de Bolsonaro em boa hora, já que na sua última entrevista, no programa Pânico, da Jovem Pan, o ex-presidente teve uma audiência final de 1,4 milhão de ouvintes, enquanto Lula não conseguiu passar de miseráveis 6 mil, ou coisa que o valha, nas suas lives produzidas com toda a majestade da máquina do Estado e um caminhão de dinheiro público. 

Será que vai ter o apoio do TSE, ou STF, ou STJ, ou seja lá o “S” que for, se fizer as mesmas coisas que a democracia da Venezuela faz — como torturar presos políticos, prender jornalistas e levar 7 milhões de venezuelanos a fugir do país para não morrer de fome? 
Enquanto isso não fica claro, Lula também não governa nem fica no Brasil; ultimamente andava mais uma vez pela Argentina, e só neste mês de julho tem mais duas viagens para o exterior, agora para a Colômbia e a Bélgica. 
 A Rede Globo e suas vizinhanças descrevem essa alucinação como “intensa atividade internacional”, e Lula, para eles, é uma “liderança latino-americana”. É por onde estamos indo — cuesta abajo, como no tango de Gardel. Lula, Venezuela e mídia brasileira: uma só paixão.

 YouTube video

Leia também “A guerra contra a Jovem Pan”

 

Coluna J. R.Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

 

domingo, 22 de setembro de 2019

Os injustiçados e campeões controversos do prêmio de melhor do mundo

Messi, Cristiano e Van Dijk concorrem ao Fifa The Best de 2019. No passado, premiação teve vencedores contestados, como Cannavarro, Modric e até Ronaldinho

[recado para Tite: faça um favor ao MENGÃO = SELEMENGO - possuidor da maior torcida do mundo - não convoque jogadores da SeleMengo para o timinho do qual você ainda é técnico - já que a convocação atrapalha o MENGÃO, pode prejudicar o jogador com uma contusão e os jogadores do MENGÃO já integram a Seleção que é SUPER LÍDER em tudo.] 

A Fifa entregará o prêmio The Best ao melhor jogador do mundo no próximo dia 23, em cerimônia realizada em Milão, na Itália. O três candidatos são os atacantes Lionel Messi, do Barcelona, e Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, além do zagueiro Virgil Van Dijk, do Liverpool, que já desbancou os concorrentes na eleição de melhor da temporada europeia, feita pela Uefa no final de agosto.
Lionel Messi conquista a Bola de Ouro da Fifa em 2010 (Stuart Franklin/FIFA/Getty Images)
 
O defensor pode, ainda, se tornar o segundo da posição a levantar o troféu da Fifa, que premiou o italiano Fábio Cannavaro em 2006. Á época. o zagueiro foi campeão do mundo com a Itália, mas foi contestado por ficar à frente de Zinedine Zidane, Thierry Henry e até mesmo de seu companheiro de seleção, o goleiro Gianluigi Buffon, na eleição da Fifa. Cannavaro, porém, não foi o único vencedor polêmico e outros jogadores já foram injustiçados na premiação da entidade.

(...) 

Assim como Messi, Cristiano Ronaldo tem cinco prêmios de melhor do mundo, sendo um deles controverso. Em 2013, o português anotou 55 gols em 55 partidas pelo Real Madrid e foi o artilheiro da Champions, com 12 gols, terminando sua participação na semifinal, após derrota para Borussia Dortmund. O português também ganhou força no prêmio depois de vitória contra a Suécia, por 3 a 2, que classificou Portugal para a Copa de 2014. Naquele ano, porém, o Ronaldo teve a sombra do francês Franck Ribery, que venceu todos os campeonatos que disputou pelo Bayern de Munique, além do prêmio Uefa de melhor da temporada, mas acabou ficando atrás até mesmo de Messi no Top 3 da Fifa.

Cristiano Ronaldo se emociona ao receber a Bola de Ouro da Fifa em 2013 (liewig christian/Corbis/Getty Images)


Modric foi o primeiro jogador, depois de 10 anos, a tirar um prêmio de melhor do mundo da dupla Cristiano Ronaldo e Messi. O meia foi campeão da Champions com o Real Madrid e vice da Copa do Mundo com a Croácia, mas sua eleição como melhor do mundo foi bastante criticada. O principal jogador do Real na temporada, novamente, foi Cristiano Ronaldo, autor de 44 gols em 44 jogos no seu último ano pelo clube e foi vice-artilheiro do Mundial da Rússia, com quatro gols marcados. A campanha croata na Copa pesou e Modric levou o prêmio, apesar da dificuldade para passar por Dinamarca e Rússia apenas na disputa por pênaltis.

Em Veja, MATÉRIA COMPLETA

 


terça-feira, 17 de julho de 2018

O pensamento em chuteiras

Elite é nata, suprassumo. A fina flor de uma atividade. Seja qual for. O Brasil já teve uma elite futebolista. Não tem mais. E, se não mais tem, menos pensadores temos

Lamentei menos a seleção brasileira não ter avançado na Copa do que tê-la disputado — mais uma vez — sem um jogador como De Bruyne ou Pogba. Futebol não tem importância. O pensamento, sim. O futebol, esse, da Copa, nada tem a ver com a vida real — não é indicativo da qualidade de um povo. O pensamento, sim. Pensamento é distinção. O futebol brasileiro já formou grandes pensadores. Se não mais, eis um sinal. É a capacidade de formular que estabelece uma elite. Nada a ver com poder econômico ou classe social. Elite é nata, suprassumo. A fina flor de uma atividade. Seja qual for. O Brasil já teve uma elite futebolista. Não tem mais. E, se não mais tem, menos pensadores temos.

Se a presença de pensadores dentro de campo não informa sobre a existência de pensantes brasileiros em outras áreas, a falta de pensadores de chuteiras muito dirá acerca do ambiente de ideias no Brasil.  Sei que devo um aparte a Philippe Coutinho. Um craque. Seus lançamentos para os gols de Paulinho e Renato Augusto se impõem junto ao que de mais original houve na Copa. Há ideias ali. Mas foram lampejos. Não poderia ser diferente. Coutinho não é um homem livre. Dentro de campo: não é. Não julgo técnicos nacionais. São todos dungas. Operam em outro registro. Tampouco os responsabilizo se há os atletas que aceitam se limitar. Apenas escrevo que é impossível — a Coutinho ou qualquer talento de sua estirpe — ser pensador pleno, jogador livre, se encaixotado no extremo do tabuleiro. E ali, no entanto, estão — confinados pela própria finitude do campo — os nossos maiores.

Pensa-se melhor de frente. De Bruyne só é De Bruyne porque lhe é franqueada a chance de ver e medir em profundidade.  Não desmereço as posições, mas me pergunto sobre em que momento o futebol brasileiro se podou em modesto produtor de ótimos alas e pontas, de maneira mesmo que consideremos natural discutir sobre se Neymar e Marcelo podem estar no mesmo time. Oi? Engarrafamos as laterais enquanto despovoado vai o centro. É isso mesmo?

Não desqualifico Casemiro, Fernandinho e outros paulinhos. São bons. Têm carreiras sólidas. Em seus clubes, porém, jogam com outros casemiros e fernandinhos, ou dividem o meio de campo com criadores como Modric e De Bruyne? Não falo de futebol. Mas de ideias sobre o esporte. É só o que deveria interessar a quem aprecia o jogo. Casemiro e Fernandinho são muito melhores com Modric e De Bruyne. Nunca serão, contudo, Modric e De Bruyne jogando com outros casemiros e fernandinhos. Nunca serão nem o Casemiro e o Fernandinho que nos acostumamos a ver respectivamente no Real Madrid (treinado por Zidane) e no Manchester City (por Guardiola). Serão os Casemiro e Fernandinho da Copa, atrapalhados ainda pela expectativa de serem o que não podem, pela pressão de jogarem onde estiveram Gerson e Falcão, e pela precária direção de um desses mano-menezes.

Na decisão entre França e Croácia, Pogba deu um lançamento de 60 metros para Mbappé e acompanhou a jogada para, afinal, concluí-la. Primeiro, recebendo passe de Griezmann, num chute de direita; depois, no rebote, de esquerda. Um golaço. Mas o que me mobiliza aqui é o lançamento. A origem da jogada. Claro que Pogba é um fora de série. Fato também é que só será possível realizar um passe de 60 metros havendo espaço para tanto. Um lançamento de 60 metros exige pelo menos 80. Exige, pois, que aquele que o faça seja o que inicia a armação do time. Não há papel mais importante.

Se é certo que Coutinho poderia fazer o que fez Pogba, certo também é que jamais faria — jamais fará — atado onde está. Coutinho, sempre de lado, nunca tem mais que 30 metros adiante — e esse é o próprio sinônimo do subaproveitamento. Sim, existem bons zagueiros capazes de começar uma jogada. Existem também os bons fernandinhos, eficientes em fazer a bola girar. Mas que deles — a não ser que seja um Aldair, a exceção — não se espere o movimento que surpreende e desconcerta.

Quem sou eu para dar lição aos professores, mas não seria já tempo de investir novamente na formação de meias que joguem de frente, desde a própria intermediária, com livre trânsito para enxergar e conceber? Até a próxima Copa, há quatro anos — inclusive para adaptar jogadores à função. Quando surgiu, pensei que Paulo Henrique Ganso pudesse ser esse homem. Não foi. Em parte, por culpa dele; sobretudo, porém, porque jamais compreendido, porque nunca entendido e explorado o espaço que lhe deveria ser dado e defendido. Era necessário — estratégico — insistir. Preferiram rotulá-lo como lento, obsoleto, em vez de treiná-lo para recuar e tomar para si a saída de bola e a armação do jogo. Que o time se organizasse a partir dele. Tática é se armar em função do pensamento. O resto é Tite, esse Lazaroni, sonhando em treinar time europeu. 

Carlos Andreazza é editor de livros


quarta-feira, 16 de maio de 2018

Entrevista de Lionel Messi - Dez frases impactantes da entrevista

Lionel Messi costuma se expressar melhor com os pés. Bastante reservado, o gênio argentino do Barcelona concede poucas entrevistas e costuma adotar tom político em suas raras declarações – como a maioria de seus colegas de profissão. No entanto, nesta terça-feira, o atacante quebrou o protocolo em uma extensa conversa com a emissora argentina TyC Sports, na qual mostrou seu “museu particular”, falou sobre família, objetivos na Copa do Mundo e também sobre personalidades como Tite, Cristiano Ronaldo e Neymar. 

 Real Madrid ganha jogando feio
“O Real Madrid tem algo que só ele tem. Ganham. Mesmo jogando mal, ganham. Para nós é mais difícil, temos de ser muito superiores ao rival para ganhar.”

“Cag… em Roma”
“Essa nossa última eliminação (ao perder por 3 a 0 para a Roma) foi, falando claramente, uma grande cagada nossa, pela vantagem que tínhamos, por entrarmos relaxados, achando que já estávamos na semifinal. Foi uma desilusão, porque estávamos muito perto“

Neymar no Real Madrid?
“Seria terrível pelo que o Ney significa para o Barcelona. Apesar da maneira como ele saiu, conquistou títulos importantes aqui, Liga dos Campeões, liga espanhola. Seria duro para todos, com certeza um grande golpe para todo o barcelonismo. E deixaria o Real Madrid ainda mais forte do que já é. Falo bastante com ele, ele já sabe o que penso sobre isso.”

Cristiano Ronaldo
“Eu não estou competindo com ele. Eu quero apenas me superar, não compito com ninguém porque não estou na briga para ser o melhor da história, mas, sim, para me superar ano após ano, para melhorar e continuar ganhando. O que Me estimula mesmo é ver o Real Madrid outra vez na final da Liga dos Campeões, vê-los ganhando títulos. Eu quero ser campeão todos os anos, quero ganhar coisas coletivas todos os anos”

Melhor da história?
“Não me interessa ser o melhor da história, nunca me propus a isso, nem ser o primeiro, nem o segundo, o terceiro ou o quarto. A cada ano, tendo superar a mim mesmo, ganhar tudo, me esforçar ao máximo no campo, dar ao máximo por mim e por meus companheiros. Ser ou não o melhor da história não mudaria nada na minha vida.”

‘Não preciso sair do Barcelona’
“Não saio, por que eu sairia? Estou no melhor time do mundo, vivo em uma das melhores cidades do mundo, minha família está bem, meus filhos têm amigos… não tenho necessidade de sair. Todos os anos brigo por todos os títulos, eu mesmo me coloco os objetivos, não preciso mudar de clube para demonstrar nada a ninguém. (…) Claro que olho outras ligas, a da Inglaterra… mas na hora de decidir, é muito difícil sair do Barcelona.”
 Messi íntimo para  Líbero - TyC Sport - Entrevista Completa 
 
Brasil de Tite
“O Brasil chega ao Mundial muito bem coletivamente, tem bons jogadores a nível individual e como grupo funcionam muito bem. Se fecha atrás, tem jogadores fortes e te liquida no contra-ataque com jogadores rapidíssimos como Ney, Coutinho, Gabriel Jesus, Paulinho… E sabe muito bem o que fazer, tem os movimentos muito mecanizados e desde que o Tite assumiu não perdeu. [as derrotas do time do Tite estão marcadas para terem inicio durando a Copa do Mundo 2018.] Além do Brasil, vejo a Espanha, pelos jogadores que tem e a maneira de jogar, que é mais vistosa que a do Brasil. Alemanha sempre está aí e a França, porque tem muito bons jogadores, mas talvez a juventude do time possa ser um ponto negativo.”

Melhor a cada ano

“Não costumo ficar vendo meus vídeos, jogos antigos, não gosto de ver. Mas percebo as mudanças do meu jogo e acredito que evolui em muitos aspectos e incorporei muitas coisas novas à minha maneira de jogar. Me sinto bem, me sinto rápido, explosivo, mas antes fazia 500 vezes por jogo e não cansava, hoje seleciono mais as jogadas.”

Lembrança da final de 2014
“O que gostaria de poder mudar foi a minha definição, o gol que perdi no segundo tempo. Porque vendo o vídeo, percebo que peguei mal na bola. Tinha de chutar ali, cruzado e baixo, mas o faria com mais capricho. Gostaria de poder voltar no tempo e ter essa chance novamente.”

Erro ao desistir da seleção
“Depois de fazer isso, pensei friamente e não era o certo. Seria dar uma mensagem errada a toda a juventude, a todas as pessoas que lutam por seus sonhos. Devo seguir batalhando por meus objetivos. Mas entendo que a sociedade argentina é complicada e, se perdermos de novo, os próprios torcedores vão pedir que não joguemos mais (…) O objetivo na Copa é fazer um bom Mundial e ficar entre os quatro primeiros. É o mínimo que a Argentina merece pela história que tem.”

Revista VEJA

 

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Neymar, fora mais uma vez - sempre perde para Messi e Cristiano Ronaldo

Uefa divulga seleção do ano sem presença de Neymar

Dois brasileiros entraram no time ideal de 2017 da entidade europeia

A Uefa divulgou sua seleção do ano de 2017, baseada em votação de torcedores pelo site da entidade. Ao contrário do que aconteceu na seleção da Fifa, Neymar não apareceu na lista. Os laterais Daniel Alves e Marcelo foram os representantes brasileiros.

Mais de 8,7 milhões de votos foram dados para o time escalado na clássica formação de 4-4-2, ou seja, com apenas dois atacantes,Cristiano Ronaldo e Messi. O mais votado na lista foi o zagueiro Sergio Ramos, com mais de 588.000 escolhas. Marcelo ficou em segundo, com mais de 558.000 votos.

Com cinco representantes, o atual campeão da Liga dos Campeões, Real Madrid, foi a equipe com mais jogadores na lista. A Juventus teve dois, enquanto PSG, Manchester City, Chelsea e Barcelona tiveram um cada.

A seleção da Uefa de 2017

GOLEIRO
Gianluigi Buffon (Juventus/Itália)

DEFENSORES
Daniel Alves (Barcelona/Brasil)
Sergio Ramos (Real Madrid/Espanha)
Giorgio Chiellini (Juventus/Itália)
Marcelo (Real Madrid/Brasil)


MEIAS
Toni Kroos (Real Madrid/Alemanha)
Luka Modric (Real Madrid/Croácia)
Kevin De Bruyne (Manchester City/Bélgica)
Eden Hazard (Chelsea/Bélgica)


ATACANTES
Lionel Messi (Barcelona/Argentina)
Cristiano Ronaldo (Real Madrid/Portugal)


[com ou sem Neymar e com jogadores do porte dos escolhidos pela Uefa,  a seleção brasileira está marcada para perder a Copa do Mundo 2018.]

 

domingo, 31 de dezembro de 2017

“Pensando o impensável” e outras notas de Carlos Brickmann

Se a recuperação da renda dos consumidores se acelerar um pouco, estaremos diante de um cenário hoje improvável: um candidato do MDB à Presidência

A economia cresceu pouco, 0,1% no terceiro trimestre, mas acima do previsto. Prevê-se que em 2018 a produção cresça até 3% — nada espetacular, mas bem mais do que os números habituais. Os shopping centers, que tiveram queda de vendas nos dois últimos Natais, venderam 6% a mais neste ano. O Indicador Serasa-Experian teve o melhor desempenho desde 2011: na semana de Natal, as vendas subiram 5,2%. São números baixos, que partem de um patamar baixíssimo; não vão deixar consumidor algum com a sensação de que ficou mais rico. Mas podem deixá-lo com a sensação de que não ficou mais pobre.

E daí? Daí, nada. Mas há a queda dos juros básicos do Banco Central, que algum dia deve se refletir nos juros cobrados no crediário. Não é mais possível tomar mil reais emprestados e ficar devendo dez prestações de mil reais. Se a recuperação da renda dos consumidores se acelerar um pouco, se a inflação se mantiver baixa, estaremos diante de um cenário hoje improvável: um candidato do MDB à Presidência. Um candidato viável.

Quem? Há tempo até 2018. Pode ser, apesar da idade e das acusações, Michel Temer (para ele, ótimo: mais um tempo com foro privilegiado). Ou Henrique Meirelles, dono da política econômica. É do PSD, já foi do PSDB e do Governo Lula e, se precisar, muda de sigla. Tem carisma zero; mas tem como pagar a própria campanha. Pode emplacar? [Não; e se emplacar a candidatura será derrotado. Temer tem mais chances.] Resposta em 2018.

Através do espelho
Naquela antiga frase sobre o que pode sair da cabeça de juiz e de bunda de nenê, em geral se esquece o terceiro elemento imprevisível: boca de urna. Há uma foto clássica de eleições americanas em que o presidente Harry S. Truman, recém-reeleito, segura um jornal que anuncia a vitória de seu opositor Thomas Dewey. Jânio Quadros ganhou a Prefeitura de São Paulo pela primeira vez contra o favoritíssimo Francisco Antônio Cardoso; e pela segunda contra o ainda mais favorito Fernando Henrique Cardoso. Erundina, uma semana antes da eleição, era a terceira colocada. Virou o jogo e bateu o grande favorito Paulo Maluf. Duvida de Meirelles? Depois de bem-sucedida temporada como banqueiro no BankBoston, voltou ao Brasil e se elegeu deputado federal por Goiás. E Temer vem se elegendo, embora sempre com votação baixa, desde 1986. Bem ou mal, já chegou lá.

Portas abertas
Claro, Temer e Meirelles não são as únicas surpresas que podem ocorrer neste ano (nem as mais prováveis). Alckmin chefia um partido forte, com boas raízes no Centro-Sul. Dória já surpreendeu uma vez (embora nenhum de seus possíveis padrinhos vá se surpreender de novo). Há os corredores paraguaios Marina e Ciro – e se um deles acertar o ritmo? Álvaro Dias, Arthur Virgílio? Este colunista não apostaria em nenhum deles, nem em Bolsonaro ou Lula (mas também não apostaria contra eles). Joaquim Barbosa? [outro sem chance; jogar um tostão furado no Barbosão é perder.] Tantos candidatos só indicam que não há candidato nenhum. [Há um candidato com chances: JAIR MESSIAS BOLSONARO - a dúvida é: leva já no primeiro turno ou precisa haver um segundo? Lula, mesmo que presidiário pudesse ser candidato, não teria nem 20% dos votos. E condenado não vota nem pode ser votado.]

Um país sem patrão
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classificou o embaixador do Canadá em Caracas como “persona non grata” – ou seja, indesejável. O Canadá imediatamente expulsou de Ottawa o embaixador venezuelano – a retaliação tradicional diante do tipo de agressão cometido pela Venezuela.

Um país “mais compreensivo”
A Venezuela também declarou “persona non grata” o embaixador do Brasil, informando que a medida é um protesto pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff. E o Brasil? Tão atrasado quanto os maduros, que só agora descobriram que Dilma foi afastada, o Governo brasileiro só retaliou a Venezuela na terça. Tem motivos – o Governo venezuelano vem atrasando o pagamento de compras no Brasil – e armas terríveis: basta liberar as confissões de empreiteiros brasileiros sobre a realização de obras por lá. Mas parece a ocupação militar da refinaria da Petrobras na Bolívia: protegemos ao máximo regimes que se dedicam a usar à vontade o dinheiro do Brasil.

Exemplo
A Unidade de Coordenação Central do Tesouro Espanhol acusa “o melhor jogador de futebol do mundo”, Cristiano Ronaldo, de ter sonegado aproximadamente € 15 milhões (pouco mais de R$ 60 milhões), e pede sua prisão. O centro-avante do Real Madrid alega que paga “a peso de ouro” os especialistas que declaram seu imposto de renda, e portanto não tem culpa de eventuais erros. Caridad Gómez, a chefe da Receita espanhola, diz que contribuintes “com acusações muito menos graves” estão presos e que Cristiano Ronaldo usou testas-de-ferro e paraísos fiscais para sonegar. É famoso? Melhor: sendo preso, serve de exemplo aos sonegadores.

Desapega!
Luislinda Valois saiu do PSDB mas não quer deixar sua Secretaria, onde é mal avaliada. Mal avaliada por que? Ela não fez nada — nem de errado!

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

 

domingo, 31 de janeiro de 2016

A bola fora do Neymar, pode lhe render até cinco anos de prisão. E responde processos também na Espanha - país em que as penas são mais severas

Neymar e o Fisco: a bola fora do craque

O Ministério Público Federal denuncia o atacante e seu pai e empresário à Justiça por sonegação fiscal e falsidade ideológica, crimes que têm pena prevista de até cinco anos de prisão. 

É o mais novo lance em uma jogada que ameaça, fora de campo, o mais brilhante astro do futebol brasileiro da última década e expõe o lado nebuloso do esporte mais popular do mundo

AS ACUSAÇÕES CONTRA O PAI DE NEYMAR - Empresário do atacante, Neymar Santos ocupa lugar de destaque na denúncia do Ministério Público. Ele é suspeito de ser o principal organizador da estratégia utilizada para pagar menos impostos, ao transferir os ganhos da pessoa física para a jurídica, e de adulterar contratos para incluir dados que não existiam na época em que foram firmados(VEJA.com/VEJA)
 
Aos 23 anos, Neymar está no auge da carreira. Há três semanas, ficou pela primeira vez entre os três melhores do mundo, feito que nenhum jogador brasileiro tinha alcançado nos últimos oito anos. Em oito meses, no ataque do Barcelona, conquistou a Liga espanhola, a Copa do Rei, a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes. Na seleção, já é o quinto maior goleador da história, com 46 gols. Isso tudo dentro de campo. Fora dele, o atacante tem colecionado uma derrota atrás da outra. Na Espanha, é alvo de dois processos, um cível e o outro criminal, acusado de corrupção e estelionato em uma investigação que apura se ele forjou contratos para esconder parte do dinheiro que recebeu ao trocar o Santos pelo Barcelona.

Segundo a estimativa do Fisco espanhol, o brasileiro deixou de pagar 9 milhões de euros (39,4 milhões de reais, no câmbio atual) em impostos. Nesta semana, ele deve depor na Justiça espanhola sobre as acusações na área penal. No Brasil, os problemas também estão no seu encalço. Em setembro, a Justiça determinou o bloqueio de 188,8 milhões de reais do jogador, valor da multa aplicada pela Receita por sonegação de impostos entre 2011 e 2013 em contratos com o Santos, com empresas para fazer publicidade e na transação que o levou para a Espanha. Mas o golpe mais duro contra o maior astro do futebol brasileiro veio na semana passada. O Ministério Público Federal denunciou à Justiça Neymar e seu pai e empresário, Neymar Santos, sob as acusações de falsidade ideológica e sonegação fiscal. Além dos dois, foram denunciados o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell e o atual, Josep Maria Bartolomeu. A pena para esses dois crimes pode chegar a cinco anos de prisão.
Marcação cerrada - O ídolo do Barcelona pode se tornar réu na Justiça brasileira(Matthew Ashton/AMA/Getty Images)

De acordo com a denúncia sigilosa feita pelo procurador Thiago Lacerda Nobre na quarta-feira passada, a que VEJA teve acesso com exclusividade, Neymar pai e Neymar filho criaram empresas de fachada e adulteraram documentos para pagar menos impostos. O mecanismo utilizado é simples: para escaparem dos 27,5% da mordida do Leão sobre pessoas físicas, o jogador e seu pai criaram empresas para receber a maior parte de seu salário no Santos e dos contratos de publicidade e, assim, pagar uma alíquota menor, o que significou um abatimento de mais de 50% no imposto a pagar.

Em seis anos, eles abriram três empresas: a Neymar Sport e Marketing, a N&N Consultoria Esportiva e a N&N Administração de Bens. Nenhuma delas, segundo a denúncia da Procuradoria, possuía "capacidade econômico-financeira, gerencial ou operacional" para administrar a carreira de Neymar - os sócios eram o pai e a mãe de Neymar e havia apenas dois funcionários, que trabalhavam como seguranças. De 2010 a 2013, Neymar recebeu 43,78 milhões de reais do Santos, mas só 8,1 milhões em forma de salário, como pessoa física. O restante foi por meio dos "contratos de imagem" firmados com suas empresas. 

Apenas em 2011, as companhias dos Neymar também selaram ao menos onze contratos com patrocinadores, que somaram quase 75 milhões de reais. Afirma o procurador, que trabalhou em conjunto com a Receita Federal: "Fica muito claro que Neymar e seu pai constituíram as empresas com o único objetivo de receber por elas os valores dos contratos e assim pagar menos impostos". A assessoria de Neymar disse que ele e seu pai não vão se manifestar, pois não foram notificados e não têm ciência dos fatos.

O caso de Neymar é o mais ruidoso, seja pelos valores, seja por envolver o mais brilhante jogador de futebol do país na última década, porém está longe de ser o único. A marcação sobre esse tipo de arranjo tem se tornado mais cerrada nos últimos anos, mas sempre existiu. No ataque, a Receita, que no caso do craque do Barcelona e da seleção brasileira fez tabelinha com o Ministério Público. Na defesa, advogados tributaristas que alegam tratar-se de uma prática legítima.

Entre 2012 e 2015, outros 88 jogadores foram autuados pela Receita Federal. Afirma Kleber Cabral, vice-presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco): "Nesses casos, acreditamos que o direito de imagem foi utilizado para substituir o salário do jogador. Assim, tanto o atleta quanto o clube pagam menos impostos. Só que, na verdade, há uma relação trabalhista mascarada como prestação de serviços".

Os tributaristas contrários à interpretação da Receita afirmam que o principal problema é a rigidez do Fisco na análise da legislação. Diz Felipe Dutra, professor do Ibmec: "A discussão correta é: faz sentido ou não que a empresa exista? Se o jogador nunca usou sua imagem fora do gramado, não. Mas Neymar é uma grife, com contratos de publicidade, que traz rendimentos para o clube. Pode alegar, com razão, que precisa de uma estrutura empresarial para melhorar a gestão de sua marca". Um empecilho para essa interpretação é o fato de as empresas em questão não terem nenhuma estrutura. Afirma o advogado Felipe Ferreira Silva, autor do livro Tributação no Futebol: Clubes e Atletas: "Sem funcionários, colaboradores ou sede, não há como provar o propósito negocial da empresa. Hoje em dia é comum, inclusive em outros países, que os fiscos cobrem multas e impostos quando as firmas são constituídas com o fim único de reduzir ou não pagar tributos".

É por isso que, ao lado de Neymar, outros craques que entrariam facilmente numa seleção dos melhores do mundo também enfrentam problemas na Justiça. No gol está o ex-goleiro do Real Madrid Iker Casillas, hoje no Porto: em 2014, ele fez um acordo com a Receita espanhola e pagou 2 milhões de euros por "discrepância na interpretação das normas". O meio-­campo é formado por Xabi Alonso, do Bayern de Munique, investigado por crimes fiscais por usar empresas no exterior para receber direitos de imagem entre 2010 e 2012, quando jogava no Real Madrid, e pelo argentino Javier Mascherano, volante do Barcelona, condenado na semana retrasada a um ano de prisão e a pagar uma multa de 815 000 euros por sonegar 1,5 milhão de euros entre 2011 e 2012. No ataque, ao lado de Neymar, encontra-se o argentino Lionel Messi, acusado, juntamente com o pai, de fraudes fiscais entre 2007 e 2009 que somariam 4,1 milhões de euros. No julgamento, que começa em maio, o Ministério Público pedirá pena de 22 meses de prisão, além de pagamento de multa sobre o valor devido.

Os problemas do atacante brasileiro não se resumem à interpretação da Receita. Ele também é acusado pelo Ministério Público Federal de fraudar documentos para pagar menos tributos. Em vários casos, a investigação constatou que os contratos das empresas de Neymar com o Santos e com patrocinadores são anteriores à criação delas. Funcionava assim, segundo a denúncia: o atacante e seu pai fechavam o contrato entre a sua empresa e as outras partes, mesmo antes de ela ter sido registrada e ter um CNPJ

Depois, quando esses documentos já haviam sido obtidos, eles inseriam os dados nos contratos com data anterior. Um exemplo: em 10 de maio de 2006, uma das empresas, a Neymar Sport, fechou um contrato com o Santos para a exploração do direito de imagem do craque, em que já constava o seu CNPJ. O problema é que esse número ainda não existia - ele só foi emitido doze dias depois, em 22 de maio. Conclui o procurador na denúncia: "Trata-se de documento antedatado e cujos negócios jurídicos foram simulados".

Um dos grandes lances da investigação é a parte referente à venda de Neymar para o Barcelona, uma negociação que foi anunciada com o valor de 57 milhões de euros, mas que na verdade envolveu cerca de 90 milhões de euros. A investigação reconstituiu passe a passe os bastidores do acerto. Em 6 de dezembro de 2011 - quando Neymar ainda tinha contrato com o Santos até agosto de 2015 e o Barcelona estava proibido pela Fifa de contratar jogadores por ter negociado com menores de 18 anos -, o clube espanhol fez um contrato com uma de suas empresas, a N & N Consultoria, para conceder um "empréstimo" de 10 milhões de euros. Na época, a N & N não tinha nenhum funcionário e nenhum centavo de capital social. Alguns dias depois, o então presidente do Santos escreveu uma carta em que encurtava o contrato de Neymar para julho de 2014, quando ele se tornaria free agent, ou seja, não precisaria pagar mais nada ao Santos nem aos detentores de seu passe. Coincidentemente, a mesma data acertada com o Barcelona para a transferência do atacante ao clube. O dinheiro saiu, sem avalista nem garantia, no dia 15 de fevereiro do ano seguinte. Não só jamais foi pago como, a título de "indenização", a N & N recebeu outros 30 milhões de euros, por outro contrato, pagos em 2013 e 2014. Para o Ministério Público, nunca houve empréstimo ou indenização, mas apenas uma "mera simulação" para esconder um adiantamento do Barcelona ao jogador a fim de garantir a sua transferência dali a três anos. 

Ouvido em depoimento pelo procurador, o pai de Neymar foi de uma sinceridade ausente do futebol desde os tempos em que os jogadores davam entrevistas sem treinamento de especialistas para repetir que "o grupo está unido" e "nosso principal objetivo é sair daqui com os 3 pontos". Explicou Neymar pai: "Sabe o que o Barcelona está fazendo agora? O Barcelona ficou dois anos sem poder contratar (punido pela Fifa por negociar jogadores menores de 18 anos). Sabe qual a gerência que eles estão estudando? A nossa". E continuou: "É só não registrar, não tem problema. Eu não registro, mas eu posso fazer um contrato e executo lá na frente". O arremate vem em seguida: "Você quer esse moleque? Não, só entrego daqui a dois anos. Adianta uns '10 milhão aí', como a título de empréstimo, legaliza". A jogada tinha tudo para ser um golaço, mas pode se transformar na maior bola fora da carreira do craque. E quem sabe ajudar a limpar um dos últimos campos onde a corrupção ainda corre solta, os gramados de futebol.

Com reportagem de Pieter Zalis

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Messi conquista pela quinta vez a Bola de Ouro

Mais uma vez Neymar mostra que é só fantasia... invenção de brasileiro inconformado pelo fato do Brasil não representar mais nada no futebol - afinal, jogadores tipo Neymar não jogam por amor ao futebol e sim ao dinheiro.

Neymar continua enrolada com a Justiça espanhola e lá os criminosos são presos e costumam aguardar o julgamento devidamente encarcerados.

Lionel Messi consagrou a sua temporada perfeita de 2015 com mais um troféu para a sua coleção. O craque argentino conquistou nesta segunda-feira, em Zurique, a Bola de Ouro de melhor jogador do mundo. O troféu dado pela Fifa e pela revista "France Football" é o quinto da carreira do atacante do Barcelona.
 Lionel Messi com sua quinta Bola de Ouro - FABRICE COFFRINI / AFP
Os números falam por si: Messi 41,33% dos votos, Neymar 7,86%
BOLA DE OURO
Messi já havia vencido a Bola de Ouro entre 2009 e 2012. Nos últimos dois anos, ele ficou em segundo lugar, atrás do português Cristiano Ronaldo. O atacante do Real Madrid e o seu companheiro de Barcelona, o brasileiro Neymar, eram os outros finalistas. Messi venceu com 41,33% dos votos, contra 27,76% de Cristiano Ronaldo. Neymar acabou em terceiro, com7,86%. A americana Carli Lloyd ganhou entre as mulheres.  — É muito especial voltar a estar aqui e vencer uma Bola de Ouro que foi do Cristiano Ronaldo nos últimos dois anos. É incrível que seja o quinto (troféu). Queria agradecer a todos os que votaram em mim e meus companheiros, porque sem eles eu não seria nada. Por último quero agradecer ao futebol em geral por tudo que me permitiu viver, tanto de bom quanto de ruim — afirmou Messi em seu discurso de agradecimento.

O argentino teve um ano impecável. Autor de 53 gols pelo Barça e pela seleção argentina, Messi liderou o time catalão na conquista da Liga dos Campeões da Europa sobre o Juventus, em maio. O time de Luis Enrique ainda foi campeão espanhol, da Copa do Rei e da Supercopa da Uefa. No mês passado, o Barcelona ainda coroou o ano faturando o Mundial de Clubes com a vitória sobre o River Plate no Japão.

Com a conquista, Messi acumula seis prêmios de melhor jogador. Antes da fusão da Bola de Ouro com o prêmio de melhor jogador do mundo da Fifa, ele havia conquistado tanto o prêmio da "France Football" quanto o da Fifa em 2009. Em 2010, os prêmios foram unificados e Messi faturou três vezes seguidas a Bola de Ouro.

Messi e Cristiano Ronaldo dominam o prêmio desde 2008, quando o português foi eleito o melhor quando ainda defendia o Manchester United. Em 2007, a Bola de Ouro foi vencida por Kaká, que neste ano participou da cerimônia da entrega do prêmio.


O Prêmio Puskas pelo gol mais bonito do ano foi para o brasileiro Wendell Lira, que superou Messi e o italiano Florenzi, do Roma. Luis Enrique, do Barcelona, foi eleito o melhor técnico no futebol masculino. Jill Ellis, da seleção dos EUA, foi eleita a melhor técnica de futebol feminino.

Fonte: O Globo

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Há fortes indícios de que valor de Neymar foi ocultado



Afirmação é da Justiça de São Paulo, sobre transferência do atacante do Santos para o Barcelona
Para a Justiça de São Paulo, há "robustas evidências" de que o valor de fato da venda de Neymar para o Barcelona, em 2013, foi ocultado. A observação consta em acórdão assinado pelo desembargador Giffoni Ferreira, da 2ª Câmara de Direito Privado, publicado nesta quarta-feira, na ação em que o fundo de investimento Teisa cobra a apresentação dos documentos da negociação.

A empresa era detentora de 5% dos direitos econômicos do jogador e, assim como o grupo DIS, que era dono de fatia de 40%, quer ter acesso aos papeis para calcular o montante real envolvido na transação.  Na decisão, que julgava um recurso de Neymar, o desembargador afirma que a ocultação tem o "o intuito de prejudicar a Teisa".

Em junho, sentença da juíza Thais Cabaleiro Coutinho, da 11ª Vara de Santos, determinou que o pai do atleta revelasse à empresa a documentação da venda, sob risco de uma ação de busca e apreensão. Os representantes do jogador recorreram e conseguiram suspender a decisão temporariamente, mas o acórdão referendou a primeira sentença e manteve a obrigação de apresentar os papéis.

São sete documentos elencados na petição inicial, entre eles cópias das propostas, do contrato de trabalho com o Barcelona e do acordo de € 2,5 milhões entre o clube e o instituto mantido pelo atacante em Praia Grande, no litoral de São Paulo.

A transferência rendeu ao Santos € 17,1 milhõesà época, cerca de R$ 56,5 milhões. Foram feitos, porém, uma série de acordos laterais que incluíam preferência do Barcelona sobre atletas da base santista e dois amistosos entre os clubes, por exemplo. Além disso, os espanhóis pagaram outros € 40 milhões diretamente a Neymar, sendo € 10 milhões em 2011, antes de os dois times se enfrentarem na final do Mundial.

Meses depois, o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartolomeu, admitiu que a negociação custou € 57 milhões. O valor ainda é alvo de investigações – no processo, a Teisa fala em € 86,2 milhões, baseada em informações divulgadas pela imprensa.  O atacante também está na mira da Receita Federal, que o acusa de sonegação fiscal. Na semana passada, ele teve R$ 188 milhões bloqueados para garantir o pagamento de multas.

Empresário de Neymar aconselha botar dinheiro em paraíso fiscal
'Para com essa mania de pagar imposto no Brasil', diz ao pai do jogador em rede social
Com a investigação sobre sonegação fiscal do atacante Neymar, que teve R$ 188,8 milhões bloqueados pela Procuradoria da Fazenda Nacional, o empresário do craque deu um conselho inesperado. Wagner Ribeiro, que cuida a carreira do jogador do Barcelona, indicou ao pai do atleta, Neymar Santos, para colocar todo o dinheiro da família em paraísos fiscais. O conselho foi dado pelo Instagram, na manhã desta segunda-feira. “Pega tua grana, manda tudo para paraísos fiscais, legalmente é claro. Para com essa mania de pagar imposto no Brasil! Fecha tuas empresas, o Instituto na Praia Grande e vai curtir a vida nas praias do Mediterrâneo. Você e sua família. Mas deixa o Neymar jogar mais uns aninhos e que ele encerre a carreira na Europa, preferencialmente no Real Madrid”, escreveu o agente na rede social.

Na sexta-feira, a Procuradoria da Fazenda Nacional conseguiu, na Justiça, bloquear R$ 188,8 milhões do jogador Neymar, conforme revelou o jornal “Correio Braziliense”. O atacante é acusado de sonegar impostos entre 2011 e 2013, quando ainda estava no Santos e logo após se transferir para o Barcelona, por dolo, fraude e simulação de operações para tentar enganar o Fisco. O desembargador Carlos Muta, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região acatou os argumentos de que havia riscos de o atleta dilapidar o patrimônio (dividi-lo para outras pessoas ou gastá-lo) e lesar os cofres públicos. 

Além dos bens do atleta, os dos pais deles, Neymar Santos e Nadine, e de três empresas da família, a Neymar Sport e Marketing, a N & N Consultoria Esportiva e Empresarial e a N & N Administração de Bens Participações e Investimentos também foram bloqueados. O montante de R$ 118,8 milhões, segundo a reportagem do jornal, é referente a uma multa de 150% sobre o valor cobrado pela Receita Federal. Essa multa corresponde a mais de 30% do patrimônio declarado pelo jogador, que foi de R$ 244,2 milhões.