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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Dono da UTC vai depor em ação contra Dilma



O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, deve prestar depoimento até o fim desta semana à Justiça Eleitoral na ação de investigação judicial eleitoral que apura irregularidades na arrecadação da campanha de Dilma Rousseff no ano passado e que pode levar a argumentos que abram caminho para a cassação da petista. Pessoa fechou um acordo de delação premiada e afirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que usou dinheiro do petrolão para bancar despesas de 18 políticos, incluindo a campanha à reeleição da presidente Dilma. Segundo o delator, o caixa para a campanha eleitoral da presidente foi abastecida por ele com 7,5 milhões de reais por haver temor de retaliação em contratos com a Petrobras.

O depoimento de Ricardo Pessoa chegou a ser agendado para julho, mas ele não prestou esclarecimentos na época. Em despacho encaminhado ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral, João Otávio de Noronha, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que não precisava autorizar a convocação do empreiteiro e que ele, como testemunha, tem o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar. "A homologação de colaboração premiada não inibe a convocação de testemunha por outro órgão judiciário de investigação, nem a condiciona a prévia autorização do juízo que homologa, sem prejuízo, evidentemente, do exercício do direito de não se autoincriminar, se for o caso", declarou.

Fonte: Laryssa Borges – VEJA  de Brasília


sábado, 10 de janeiro de 2015

Dono da UTC liga caixa de campanha de Dilma ao petrolão - PT

Manuscrito do empreiteiro Ricardo Pessoa obtido por VEJA diz que o esquema de corrupção instalado na Petrobras era na essência político, e não o mero resultado do conluio de alguns empresários e diretores venais da estatal. 

Ele também diz que o tesoureiro do comitê de reeleição da presidente está “preocupadíssimo”

Um bom resumo do que vai pela cabeça dos empreiteiros presos pela Operação Lava-Jato está em um manuscrito de seis folhas de caderno obtido por VEJA. Ele foi escrito pelo engenheiro baiano Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. VEJA confirmou a autoria do documento por meio de um exame grafotécnico feito pelo perito Ricardo Molina, da Unicamp. É a primeira manifestação de um integrante do clube do bilhão desde a prisão. O documento contém queixas contra os antigos parceiros de negócios e ameaças veladas a políticos. Em um dos trechos, o empreiteiro liga os contratos sob suspeita assinados entre as empreiteiras e a Petrobras ao caixa de campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff.
DIRETO DA PRISÃO - O empresário Ricardo Pessoa chega à Polícia Federal: ele escreveu a carta um dia depois do Natal  (Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo/VEJA)

Nas entrelinhas do manuscrito fica evidente o desconforto dos empreiteiros de estarem sendo, pelo menos até agora, os bodes expiatórios da complexa rede de corrupção armada na Petrobras. Eles têm razão. Nas denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal e aceitas pelo juiz Sergio Moro, o esquema de corrupção na Petrobras parece ser apenas o conluio de empreiteiros gananciosos com meia dúzia de diretores venais da Petrobras. Nada mais longe da verdade. Como Paulo Roberto Costa revelou com toda a clareza, tratava-se de um esquema de desvio de dinheiro para partidos e campanhas políticas organizado pelo partido no poder, o PT. Entende-se, portanto, a insistência de Ricardo Pessoa em lembrar que em sua concepção e funcionamento o esquema na Petrobras era político. As empreiteiras entraram como a solução para o problema de como entregar o dinheiro aos parlamentares e candidatos da base aliada do governo do PT.

Pessoa cita nominalmente o tesoureiro do comitê de Dilma Rousseff, o deputado petista Edinho Silva (SP): “Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras acusadas de esquema criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a campanha de Dilma”. Arremata com outra pergunta desafiadora, referindo-se ainda ao caixa do comitê eleitoral da presidente: “Será se (sic) falarão sobre vinculação campanha x obras da Petrobras?”. O empreiteiro faz chiste com o que já foi descoberto até agora e afirma que o volume de dinheiro desviado na diretoria de Paulo Roberto Costa é “fichinha” perto de outros negócios da Petrobras que também teriam servido à coleta de propina.

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