É pule de 17... As categorias que mais reagirão à Reforma da Previdência
são as que ostentam os mais altos salários do serviço público. Membros da
máquina Legislativa e Judiciária fazem parte deste grupo. Como sabem que as
alterações vão mexer em seus sagrados bolsos, afetando os dogmáticos “direitos
adquiridos”, promoverão a máxima “judicialização legislativa” para que as
alterações propostas pelo governo sejam mínimas. Ou seja, concretamente, a
tímida reforma da previdência, que tem um enfoque financeiro, já nasce quase
morta.
O Painel da Folha de S. Paulo informa: “Entidades que representam a
magistratura e o Ministério Público preparam um dossiê contra a reforma da
Previdência. O material vai elencar pontos da proposta de Jair Bolsonaro que
esse grupo considera inconstitucionais. A ideia é entregá-lo a todos os
deputados assim que a medida começar a tramitar na Comissão de Constituição e
Justiça, palco do embate inaugural entre os aliados do governo e a oposição. O
passo seguinte é apresentar sugestões de emendas a serem adotadas”. A turma que recebe altos salários – nas máquinas Legislativa e no Judiciário
– não aceita que o governo tungue quase a metade dos ganhos mensais. Se eles
foram forçados a “contribuir” com até 22% de alíquota para Previdência e ainda sofrerem
um desconto de 27% no Imposto de Renda, acabarão rachando seus vencimentos com
o INSS e a Super Receita Federal. A União Federal será, praticamente, um
“sócio” quase majoritário de cada “privilegiado” assalariado estatal.
Os super assalariados federais, estaduais e municipais – a maioria
concentrada no sistema judiciário e no legislativo – promoverão a mais
consistente reação contra a Reforma da Previdência. Eles têm o máximo poder de
pressão para “convencer” os volúveis deputados e senadores a aprovarem, no máximo,
uma tímida (e ineficaz) Reforma da Previdência. O risco real disto acontecer se
agrava porque, até agora, o Presidente Jair Bolsonaro sequer consegue ter uma
noção exata do tamanho, qualidade e fidelidade de sua base “aliada”. O que se pode chamar, ironicamente, de “judicialização legislativa” da
Reforma da Previdência é uma ameaça concreta e realista. A pressão do mercado
financeiro garantirá a aprovação do regime de Capitalização. Como o negócio
interessa aos banqueiros, ampliando seus lucros, passará facilmente no
Congresso Nacional. No entanto, é altamente provável e previsível que haverá
resistências inimagináveis aos aumentos de alíquotas de descontos para o INSS.
Traduzindo: está ameaçadíssima a tal “economia” de trilhões em 10 anos...
A Reforma da Previdência tem tudo para fracassar na meta de economia e
arrecadação. Por isso, ela não pode ser apontada como “uma prioridade” do
Governo Jair Bolsonaro. Na verdade, a prioridade das prioridades é formular,
propor, debater e definir um “Projeto Estratégico de Nação”. Só isto poderá
desenhar a modelagem do que se poderia chamar de “Estado Necessário”. Sem uma
redefinição estrutural do Estado brasileiro, qualquer “reforma” será inútil. Infelizmente, o Congresso Nacional que elegemos (a responsabilidade e a
culpa são nossas, e de mais ninguém) não tem maturidade, nem competência e
muito menos compromisso com reformas amplas ou com mudanças estruturais. A
maioria esmagadora dos deputados e senadores quer o mais do mesmo: um ilusório
poder político que lhes confere ganhos fáceis, privilegiados, tudo financiado
pelo dinheiro público.
Eis a permanente maldição de um País subdesenvolvido - riquíssimo em
recursos naturais, porém pobre em compromisso com a Cidadania que é resultante
de um processo Educacional (ensino de qualidade + formação moral familiar). Romper
com tamanha “maldição” depende de vontade Política. Por enquanto, o cachorro
segue correndo atrás do próprio rabo, enquanto o poste que o prende continua
mijando na cabeça do animal. Coitado do vira-lata complexado!?... O problema concreto é: como ter vontade concreta de mudanças em meio a um
processo cultural permanente de ignorância social, no qual a maioria elege uma grande
quantidade de imbecis e/ou espertalhões que formam a oligarquia política e
econômica?
Por enquanto, os canalhas têm hegemonia sobre o Estado Capimunista
Rentista do Brasil. Não há previsão nem perspectiva verdadeiras de que eles
deixem de continuar ditando as ordens e definindo os rumos do País. O discurso
político e ideológico é mera ilusão entorpecente. O Brasil necessita de lideranças capazes de desenhar, debater e implantar
o Projeto Patriótico de Nação. Enquanto os segmentos esclarecidos da sociedade
não partirem para a ofensiva no mundo real, a Oligarquia Criminosa seguirá
governando, enquanto o povo (ignorante e escravizado) paga a conta... O Brasil de hoje é o resultado trágico de mais de 100 anos de extremismo
ideológico em uma falsa República - que foi proclamada, porém não foi ainda
efetivamente implantada, na estrutura estatal e na mentalidade cultural de uma
Nação partida.