Ex-parlamentar é acusado de cobrar propina para evitar depoimento de empreiteiros na CPI da Petrobras
Operação foi deflagrada na madrugada desta terça-feira em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Batizada de 'Vitória de Pirro', ação cumpre 21 mandados judiciais
Polícia
Federal deflagrou na manhã desta terça-feira a 28ª fase da operação Lava-Jato
com a prisão preventiva, em Brasília, do ex-senador Gim Argello (PTB-DF).
Também foram presos temporariamente dois assessores do ex-parlamentar. Os três
são acusados de cobrar propina para evitar o depoimento de empreiteiros na CPI
da Petrobras, formada por senadores e deputados, em 2014. A nova fase foi chamada
de Vitória de Pirro, expressão histórica que, segundo a PF, representa uma
vitória obtida mediante alto custo, popularmente adotada para vitórias
consideradas inúteis.
O
ex-senador foi levado para a Superintendência da PF no Distrito Federal. Entre
13h e 14h, Argello segue para Curitiba. Ao todo, cem policiais federais cumprem
21 ordens judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Taguatinga e Brasília. Além
dos mandados de prisão preventiva e temporária, há 14 mandados de busca e
apreensão e quatro de condução coercitiva.
As
investigações apuram indícios de que Argello, que foi vice-presidente da CPI da
Petrobras, atuou para evitar a convocação de empreiteiros para prestarem
depoimento, mediante a cobrança de pagamentos de doações eleitorais oficiais em
favor dos partidos de sua base. O
ex-senador já havia sido citado pelo dono da UTC e Constran, Ricardo Pessoa, em
delação premiada. O empreiteiro afirmou que Gim recebeu dinheiro
para atrapalhar as investigações da CPI. O diretor financeiro da empresa,
Walmir Pinheiro Santana, confirmou a atuação do ex-senador na Comissão em favor de
investigados. Santana disse que Argello negociou em 2014 o pagamento
de propina com Pessoa. O ex-parlamentar atuaria para evitar que o empreiteiro
fosse convocado para falar à CPI. Em troca, Pessoa faria doações eleitorais no
total de R$ 5 milhões a pessoas indicadas por Argello.
Argello
participou das duas CPIs da Petrobras que funcionaram em 2014. Além de ter sido
vice-presidente na comissão mista, foi indicado para a comissão exclusiva do
Senado. Na prática, apenas a primeira funcionou, entre maio e dezembro de 2014.
Nenhum executivo foi convocado, nem sigilos foram quebrados.
UTC diz que pagou propina de R$ 5 milhões
Segundo o
Ministério Púbico Federal (MPF), "foram colhidas evidências do pagamento
de propina a Gim Argello pelas empreiteiras UTC Engenharia (R$ 5
milhões) e OAS (R$ 350 mil)".
"Também
estão sob investigação pedidos de propina dirigidos a outras empreiteiras
envolvidas no esquema criminoso que se firmou na Petrobras."
Fonte: UOL/Notícias e O Globo