O senador Sergio Moro, meu colega de Gazeta do Povo que neste momento escreve a coluna aqui no cubículo ao lado, reagiu daquele jeitão lá dele. Sacumé. “Aparentemente [Lula] aprendeu apenas linguajar de cadeia. Repudio a fala e sigo em frente”, disse, com a veemência que lhe é característica. E, infelizmente para ele, dando mais valor à estética do que para a essência da fala de Lula. Isto é, se atendo ao palavrão e ignorando a confissão de que é um desejo de vingança o que move o ignorante-em-chefe.
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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sábado, 25 de março de 2023
O palavrão não é o pior na fala de Lula sobre Moro (mas é o mais legal de explorar) -Gazeta do Povo
Mas
sabe que talvez tenha sido uma estratégia eficiente?
Porque os
palavrões tendem mesmo a atrair mais a atenção do que complexos projetos
de vingança política.
Ao contrário das rotineiras e infrutíferas
teorias da conspiração que nos cercam por todos os lados, as pessoas
gostam dos palavrões.
Não sem motivo! Os palavrões são um fenômeno
fascinante da língua. Repare. O que era ontem deixa de ser hoje para
quem sabe voltar a ser amanhã. Igualzinho ao Lula.
Chato,
por exemplo, já foi palavrão. Se você não sabe, chato é, na origem, um
termo para se referir a um inseto que infesta os pelos pubianos.
Pentelho, aliás, perdeu seu poder de palavrão há tempos, desde que
Faustão popularizou a palavra nas tardes de domingo.
Por outro lado,
aquele sinônimo de caixa que começa com “b” não era palavrão na época de
Machado de Assis.
Babaca, por sua vez, era um termo africano vulgar que, por algum motivo
que me escapa, virou sinônimo de alguém ingênuo, idiota, tolo. E
biscate sempre foi para mim palavrão dos mais escandalosos. Até que um
dia ouvi Cid Moreira, em pleno Jornal Nacional, dizer que “Fulano vivia
de biscates”.
Baixo calão
Ao contrário de Moro, criado juntamente com meu amigo Jones Rossi à base de leite de pera nos educasíssimos colégios da alta classe maringaense (estou chutando), sou do cascalho, dos valetões a céu aberto e dos terrenos baldios do Bairro Alto da minha infância.
Eu era praticamente um membro do lumpenproletariat infantil. Palavrões, portanto, hoje em dia não fazem nem cócegas - nem mesmo os ditos por Lula. Apesar de, reconheço, já terem me rendido muitas cintadas nas... nádegas.
Como a maioria das pessoas
razoavelmente (e bota razoavelmente nisso!) normais da minha geração,
cresci numa casa onde era proibido falar palavrão. Ou “nome feio”, como
se dizia na época.
Esse era um crime gravíssimo, punido com penas que
iam do puxão de orelha em público à vara de marmelo, quando não um cabo
de vassoura. Onde já se viu falar uma coisa dessas, seu malcriado! Vai
lavar essa boca com sabão já! Isso, claro, só tornou os palavrões ainda
mais fascinantes para a criança algo rebelde que fui.
Meus
primeiros contatos com palavrões se deram graças à falta de educação e
deselegância de uns tios e primos bocas-sujas nas festas familiares.
Eles diziam eme como quem dá bom dia.
Coisa pior ouvi e aprendi mais
tarde, nos campinhos de futebol do Atuba, nas ladeiras da periferia e no
Bar da Jô, com seus bêbados todos muito tristes e dados à blasfêmia na
velha mesa de sinuca.
Daquelas profanidades eu ria feito o completo idiota
que sempre fui.
Em casa, porém, quando tentava reproduzir o
vocabulário, acabava com os glúteos vermelhos e inchados de tanto
apanhar. Outros tempos.
O
castigo, porém, não funcionou. Com o tempo, passei até a gostar do
sabor do sabão. Os palavrões continuaram a fazer parte da minha rotina
na escola, entre os amigos.
E, com o passar do tempo, algumas lições que
tive de professores heterodoxos amenizaram o impacto dos palavrões em
meus ouvidos e, por consequência, minha consciência.
Para você ter uma
ideia, um professor não precisou de muito esforço para me convencer de
que o tom de voz (e do texto) era capaz de transformar um sonoro fdp no
maior dos elogios.
Nunca me esqueci das maravilhosas aulas do professor –
aquele fdp! Viu?
Passei muito tempo usando palavrões
como quem usa verbos de ligação. Não foi por mal. Acho que me tornei
simplesmente insensível às palavras chulas.
De baixo calão, como também
se dizia mas hoje em dia não se pode dizer mais, porque é uma expressão
racista (e, neste caso, é mesmo; calão é termo pejorativo para
"cigano"). C&#%* se transformou em vírgula; p&#$* era só um
vocativo.
E os palavrões teriam continuado assim não fossem a
interferência divina e o pudor da idade.
Nada mais vulgar do que um
velho vulgar, né? Digo, nas mesas de bar ainda hoje os palavrões jorram
com mais abundância do que eu gostaria. Mas estou me esforçando, vai.
[ Em alta - Diante das sandices recentes de Lula, será que Alckmin já está no aquecimento? O que sabemos é que uma vez que Alckmin entrou em aquecimento, assumiu o cargo.]
De
qualquer forma, os palavrões perderam muito da força que tinham há
trinta anos. Quando uma Dercy Gonçalves escandalizava o país ao soltar
um p%#* num programa de televisão e a imprensa indignada repercutia o
bê, ó, esse, tê, a dito por uma autoridade.
Lá se foi o tempo em que um
presidente dizer com toda a naturalidade do mundo que pretende f%#*&
o juiz que o condenou e prendeu representava alguma ameaça à
sobrevivência política dele.
Daí ao palavrão se tornar parte fundamental
da liturgia do cargo é um pulo.
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