Eike Batista viajou para Nova York e teria usado passaporte alemão
Empresário teve prisão preventiva decretada na Operação Eficiência
O empresário Eike Batista, um dos principais alvos da operação
Eficiência, realizada nesta quinta-feira — sobre esquema de desvio e
lavagem de dinheiro de contratos do governo do Estado do Rio na gestão
do ex-governador do Rio Sérgio Cabral —, viajou para Nova York. De
acordo com a Polícia Federal, ele teria saído do país com um passaporte
alemão, no voo AA974 da American Airlines, na última terça-feira, às
23h30m, e chegou à cidade americana na quarta-feira, às 6h30m. Embora a
PF ainda esteja checando se Eike efetivamente embarcou, passageiros do
voo confirmaram ao GLOBO que ele estava no voo.
Os investigadores apuram
ainda quando o empresário comprou a passagem para os Estados Unidos. O nome de Eike ainda não figura na versão on-line do "alerta
vermelho" da Interpol. O site da instituição, que reúne informações de
190 países, é uma versão resumida de seu sistema de busca de foragidos.
Mas isso não significa que ele não esteja sendo procurado pela Interpol:
há um outro sistema de alerta que não disponibiliza todas as
informações em tempo real. De acordo com o colunista Lauro Jardim,
já existe um mandado internacional de captura contra ele. A PF suspeita
que o empresário seguirá de Nova York para a Alemanha. Eike é filho de
alemã e tem dupla nacionalidade. A mulher de Eike, Flávia, e o filho
Baldur, de 3 anos, viajaram ontem, também para Nova York.
A Secretaria-Geral da Interpol, em Lyon (França), alerta que
, salvo raras exceções, não comenta casos específicos de cada país.
Apenas o escritório da Interpol em Brasília poderia dar mais informações
sobre se a Polícia federal Brasileira pediu apoio da instituição
internacional. Procurados, o FBI - a Polícia Federal Americana - e o
Departamento de Justiça dos EUA ainda não se pronunciaram sobre eventual
pedido de apoio da PF.
O dono do grupo EBX teve um mandado de prisão preventiva
emitido contra ele. Agentes da Polícia Federal foram até a casa dele, no
Jardim Botânico no Rio, onde permaneceram por quatro horas, mas o
empresário não foi encontrado. O advogado do empresário Fernando Martins disse ao site G1
que está negociando a volta de Eike ao Brasil. Segundo o advogado, ele
ficou surpreso com a operação e "tem interesse em voltar o mais rápido
possível". - Agora à tarde, vamos combinar como tudo será realizado,
mas não posso afirmar se o Eike volta ainda hoje. Nos falamos algumas
vezes hoje e ele está à disposição para esclarecer tudo.
De acordo com o advogado Sérgio Bermudes, que atua para o
empresário na área cível, o empresário tinha reuniões fora do país, e
também cuidaria do lançamento de um produto. As investigações apontam que Eike e Flávio Godinho, do
grupo EBX, pagaram propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador Sérgio
Cabral, usando a conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá. Esse valor
foi solicitado por Cabral a Eike Batista em 2010 e, para dar aparência
de legalidade à operação, foi realizado em 2011 um contrato de
fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de
Eike, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na
compra e venda de uma mina de ouro. A Arcadia recebeu os valores
ilícitos numa conta no Uruguai, em nome de terceiros mas à
disposição de Sérgio Cabral, de acordo com o MPF.
Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de
terem cometido atos de obstrução da investigação, porque numa busca e
apreensão em endereço vinculado a Eike em 2015 foram apreendidos
extratos que comprovavam a transferência dos valores ilícitos da conta
Golden Rock para a empresa Arcádia. Na oportunidade os três
investigados orientaram os donos da Arcadia a manterem perante as
autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria
verdadeiro.
REPASSE A ESCRITÓRIO DE ADRIANA ANCELMO
Eike
já prestou depoimento à PF em pelo menos duas oportunidades no âmbito
das investigações da Lava-Jato. Ele foi ouvido pelos policiais no Rio e
em Curitiba. Eike, porém, não estava negociando um acordo de delação
premiada. No Rio, ele negou ter pago qualquer tipo de propina a Cabral.
Fonte: O Globo