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sexta-feira, 6 de março de 2020

Os limites da tesoura - O Globo

Por Bernardo Mello Franco

O PIBINHO DE GUEDES

“A gente não consegue organizar um país apenas fazendo as reformas e  cortando, cortando, cortando”. A frase caberia na boca de economistas ligados à esquerda. Mas foi dita por Rodrigo Maia, um político afinado com o mercado financeiro.

Na quarta-feira, o presidente da Câmara apontou os limites da tesoura. Depois de o IBGE confirmar o mau desempenho da economia no ano passado, Maia disse que “o setor privado sozinho não vai resolver os problemas”.  “A grande mensagem do PIB é que a participação do Estado também será sempre importante para que o Brasil possa crescer”, afirmou. O deputado disse uma obviedade, mas defender o investimento público parece ter virado uma heresia desde a posse de Michel Temer.

[Quando o 'primeiro-ministro' "botafogo" vai tomar sentido e aceitar que por ser titular de um cargo imaginário ele não pode impor limites a nada?
E parar de dar 'pitaco' em tudo,  falar inconveniências e/ou obviedades?]


Em 2016, os economistas ultraliberais prometiam uma nova era de prosperidade. A recessão ficou para trás, mas a fada da confiança não apareceu. O terceiro pibinho consecutivo mostra que a receita da austeridade fracassou em tirar o país do atoleiro.  Nos últimos três anos, o Congresso retalhou direitos trabalhistas, aprovou o teto de gastos e cortou as aposentadorias de quem não usa farda. Os resultados na economia real foram pífios, mas os fundamentalistas de mercado se recusam a fazer uma autocrítica.

O ministro Paulo Guedes gosta de atribuir os problemas à classe política ou aos servidores públicos, que já chamou de “parasitas”. Em outra fala memorável, ele reclamou que os pobres brasileiros “consomem tudo”, em vez de deixar o dinheiro no banco.Ontem o doutor buscou novos bodes expiatórios. Em visita à Fiesp, ele disse que a tragédia de Brumadinho e a crise argentina prejudicaram o PIB de 2019. Há sete meses, o mesmo Guedes perguntou: “Desde quando o Brasil precisou da Argentina para crescer?”. Em breve, a desculpa será o coronavírus. À medida que a epidemia avança, os países buscam formas de amenizar  seus impactos na economia. A Itália acaba de anunciar um pacote de € 7,5 bilhões em estímulos. Por aqui, a doença continua a ser vista como um problema restrito ao Ministério da Saúde.

Bernardo M. Franco, colunista - O Globo






sábado, 22 de junho de 2019

Candidato à reeleição

Mudanças feitas são estratégicas para os planos do presidente Jair Bolsonaro

As mudanças feitas na estrutura do governo, como a escolha do general Luiz Eduardo Ramos para a coordenação política no lugar do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e a nomeação do advogado e major da PM Jorge Oliveira para a Secretaria-Geral do Palácio do Planalto, estão relacionadas com a decisão de Jair Bolsonaro de disputar a reeleição em 2022. Também faz parte desse pacote da luta pela reeleição a demissão do general Santos Cruz, que dava pouca bola para a agenda conservadora de Bolsonaro, fundamental para manter o presidente conectado com seus eleitores fundamentalistas.

Bolsonaro sabe que o campo político da direita e da centro-direita está congestionado por pretensos candidatos à sua sucessão: os mais expostos são Sérgio Moro, João Doria, Wilson Witzel e Rodrigo Maia. Nos planos de Bolsonaro, pelo menos no que se fala nas rodas do poder, estaria a montagem de uma chapa com o ministro da Justiça no lugar do hoje vice, o general Hamilton Mourão. Nesse caso, Doria e o presidente da Câmara tenderiam a formar uma outra chapa. Witzel, por enquanto, está sem lugar nesse clube, embora tenha esperança de arrumar um jeito de a ele se associar. Por fora, menos falados, aparecem também pela centro-direita os nomes do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e do prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto, ambos do DEM. Como se vê, há um congestionamento grande nessa estrada rumo a 2022.

Bolsonaro tenderia a convidar Sérgio Moro para sua vice por considerar que formaria uma chapa muito forte, além de trazer para seu lado um possível concorrente. E Moro, que completará 50 anos às vésperas da eleição de 2022, poderia construir sua candidatura a partir da experiência como vice, caso a chapa consiga a vitória. É claro que tudo isso ainda faz parte dos planos de um campo político que se viu de repente alçado ao poder pela eleição do ano passado por causa de uma série de fatores coincidentes: a forte rejeição ao PT e a Michel Temer, então na Presidência e com comichões de tentar a reeleição, a falta de união da centro-esquerda, que lançou vários candidatos, a perda de timing dos petistas, que insistiram em Lula, mesmo condenado e preso, o pífio desempenho eleitoral do tucano Geraldo Alckmin e a tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro, o que o tirou da exposição pública dos debates e o transformou em vítima do sistema. A tudo isso, somam-se também o instinto político do atual presidente, que conseguiu traduzir para o eleitor a ideia de que era o candidato anti-Lula e anti-PT, e o impressionante aproveitamento que tirou das redes sociais para sua propaganda política.

Dificilmente essa junção de fatores ocorrerá novamente. De Bolsonaro, que agora pensa na reeleição, será exigido muito trabalho à frente do governo. Primeiro, só sua agenda conservadora não será suficiente para lhe dar condições de competitividade. Será preciso ganhar confiança dos investidores com uma gestão menos conflituosa e fazer a economia voltar aos trilhos do crescimento, com geração de empregos em massa. Não será fácil. Mas também não será impossível. Porque, embora a reforma da Previdência tenha sido assumida pelo Congresso, dentro da agenda positiva para o País, se ela for aprovada e der resultados na economia, Bolsonaro será beneficiado. Seus esforços pela aprovação do projeto podem não ser lá essas coisas, mas não há como negar que, se ele não quisesse, a proposta não teria sido apresentada. Bolsonaro nega que seja político. Mas é. Se não fosse, não cativaria o eleitorado evangélico como cativa. Só nesse setor estão cerca de 25% ou mais um pouquinho dos votos.