Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
“O comunismo é de fato materialista e anticristão; embora declarem às
vezes em palavras que não atacam a religião, os comunistas demonstram de
fato, quer pela doutrina, quer pelas ações, que são hostis a Deus, à
verdadeira religião e à Igreja de Cristo.”(Papa Pio XII, Decreto contra
o Comunismo, 1.º de julho de 1949)
A campanha de Lula tenta reduzir a resistência dos evangélicos, mas a forma é questionável.| Foto: Ricardo Stuckert/PT
“Foi perguntado à Suprema Sagrada Congregação se é permitido aos cidadãos católicos, ao elegerem os representantes do povo, darem o seu voto a partidos ou a candidatos que, mesmo se não proclamam princípios contrários à doutrina católica e até reivindicam o nome de cristãos, apesar disto se unem de fato aos comunistas e os apoiam por sua ação. Os Eminentíssimos e Reverendíssimos Padres, responsáveis pela proteção da fé e da moral, responderam decretando: Não, segundo a diretiva do decreto do Santo Ofício de 1.º de julho de 1949.” (Papa João XXIII, Dubium, 25 de março de 1959) É preciso jamais esquecer aquela cena marcante ocorrida em 2 de março de 1983, e registrada em vídeo, quando o papa João Paulo II, de dedo em riste, admoestou severamente o padre Ernesto Cardenal.O local do passa-moleque papal foi o aeroporto de Manágua, capital da Nicarágua. Cardenal, militante da Teologia da Libertação, ocupava então o cargo de ministro da Cultura do regime sandinista. A junta governamental que fora receber o pontífice contava também com a presença de Daniel Ortega, atual ditador da Nicarágua.
João Paulo II repreendendo o poeta da Teologia da Libertação, Ernesto Cardenal
Lula intensifica sua retórica de enquadramento dos cristãos(católicos e evangélicos),deixando muito claro que, num eventual terceiro mandato, só serão tidos por legítimos os cristãos que se comportarem de acordo com a etiqueta política do lulopetismo
No pequeno país caribenho, João Paulo II oficiou uma missa. Durante a homilia, bandos de sandinistas gritaram palavras de ordem em favor da revolução comunista, incluindo a afirmação de que “entre o cristianismo e a revolução não há contradição”. Enfurecido com a algazarra política, a toda hora o papa pedia silêncio.
Um trecho da homilia serviu de recado direto: “De fato, uma Igreja dividida, como já dizia na minha carta aos vossos bispos, não poderá cumprir a sua missão (...) Por isso, eu alertava sobre ‘o absurdo e perigoso que é imaginar-se como ao lado da – para não dizer contra a – Igreja construída ao redor do bispo, outra Igreja concebida só como ‘carismática’ e não institucional, ‘nova’ e não tradicional, alternativa e, como se preconiza ultimamente, uma ‘Igreja popular’. Quero hoje reafirmar estas palavras, aqui diante de vós. A Igreja deve manter-se unida para poder opor-se às diversas formas, diretas ou indiretas, de materialismo que a sua missão encontra no mundo”. A certa altura, o Santo Padre improvisou: “Cuidado com os falsos profetas. Eles se apresentam em pele de cordeiro, mas por dentro são lobos ferozes”. Tão logo os sandinistas terminaram de entoar o seu hino revolucionário, João Paulo II foi levado de volta ao aeroporto.
Quase 40 anos depois do evento, materializa-se na Nicarágua o temor do papa: uma Igreja dividida, enfraquecida e cismática. A parte infiltrada pela heresia da Teologia da Libertação imiscuiu-se definitivamente na ditadura socialista, servindo-lhe de chanceladora “espiritual”.
Já a parte que, resistindo ao aparelhamento, permaneceu fiel ao magistério da Igreja sofre hoje uma perseguição cada vez mais implacável nas mãos de Ortega e correligionários.
E isso deveria, sim, servir de alerta ao Brasil, sobretudo quando o candidato Luiz Inácio Lula da Silva – velho aliado do ditador nicaraguense, e ademais simpatizante declarado das estratégias revolucionárias chilena e boliviana (que incluíram ondas de ataques a igrejas) – intensifica sua retórica de enquadramento dos cristãos (católicos e evangélicos), deixando muito claro que, num eventual terceiro mandato, só serão tidos por legítimos os cristãos que se comportarem de acordo com a etiqueta política do lulopetismo.
Num contexto em que,partidário de Lula e autoproclamado “iluminista” (talvez simpático, portanto, à proposta voltaireana de “Écrasez l’Infâme”),[ESMAGAR O INFAME.]um ministro do STF restitui o mandato de um vereador cassado por invadir uma igreja e violar com slogans revolucionários um espaço de culto, esse discurso em prol de uma igreja “companheira” deveria preocupar todos os cristãos.
Buscando desfazer essa preocupação, que vem sendo obviamente explorada pela campanha de Jair Bolsonaro, Lula recorre àquilo que socialistas ateus(como Marcelo Freixo e Manuela D’Ávila, por exemplo) costumam fazer em período eleitoral:a famosa (e canastrona) pose de santinho do pau oco.
No caso do ex-presidiário, todo o intelectual coletivo formado pela imprensa amestrada, artistas, marqueteiros e influenciadores petistas corre para requentar velhas mentiras. A primeira é a de que Lula é pessoalmente um homem de fé, um católico. A segunda é a de que o próprio PT surgiu da Igreja Católica.
Quanto à primeira mentira, convém lembrar um episódio envolvendo justamente o personagem com que iniciamos o artigo, o papa João Paulo II. Lula era o presidente da República do Brasil quando o Santo Padre polonês faleceu, no dia 2 de abril de 2005.
Na missa de funeral do memorável pontífice, o petista comungou sem antes haver se confessado. Até aí, nada de extraordinário. Muito embora seja um pecado mortal, segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 1415), a comunhão sem confissão é, infelizmente, prática comum entre católicos de todo o mundo.
Ocorre que, não contente em pecar, na época o petista autoproclamado católico resolveu exibir orgulhosamente o próprio pecado, escarnecendo da doutrina. Questionado sobre sua atitude, declarou cinicamente ser “um homem sem pecado”, algo que nem mesmo o mais desleixado dos católicos faria. Não surpreende que, tempos depois, o mesmo sujeito afirmasse haver sido mais açoitado do que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
Já em relação à segunda mentira, é preciso esclarecer que o PT definitivamente não surgiu da Igreja Católica. Assim como na Nicarágua, sua origem também está ligada à heresia da Teologia da Libertação, que, segundo a definição de um dos seus expoentes brasileiros, o “frei”Leonardo Boff,“não é teologia dentro do marxismo, mas marxismo dentro da teologia”.
Ocorre que o magistério da Igreja afirma a total incompatibilidade entre o materialismo de origem marxista e a fé católica, e, nesse sentido, os “padres” da Teologia da Libertação são tão “católicos” quanto Marcelo Freixo, Manuela D’Ávila e Luiz Inácio Lula da Silva. A bem da verdade, como explica o padre (esse sim autêntico, sem aspas) Paulo Ricardo, da paróquia Cristo Rei (Cuiabá-MT),a adesão, a apologia ou o favorecimento ao comunismo são, segundo vários decretos da Igreja, motivo de excomunhão automática (latae sententiae).
Seguiremos daí no artigo da próxima semana, em que responderei ao pertinente questionamento que me foi feito nas redes sociais. O autor mostrou-se cético em relação à minha sugestão de que, seguindo o exemplo do que ocorre em vizinhos latino-americanos comandados por partidos socialistas,o Brasil corre, sim, o risco de, num eventual novo governo lulopetista, ver recrudescer a perseguição às igrejas cristãs. Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
Por qual motivo a mídia chamaria de negacionistas homens que se dedicaram a vida toda à ciência?
Completando
quase dois anos desse inferno pandêmico, podemos analisar certos
aspectos das atuações políticas, científicas e sociais dos governantes e
demais líderes. No entanto, neste ensaio, vou me atentar ceticamente à
atuação da ciência ou daquele espírito político que se apossou dela. Já
vou prepará-los: sou um cético por natureza, e tal inflexão da minha
alma e mente costuma me causar inúmeros problemas sociais. O principal
deles é a tendência a não acreditar previamente em anedotas midiáticas,
imposições científicas e estatais. De antemão, já quero informar que
tomei a vacina contra o coronavírus, pois ser cético não é o mesmo que
ser “antivacina” — pasme, Folha de S. Paulo.
Nos
dias de hoje, sempre que falamos em “ciência” se subentende que o passo
seguinte a essa conclamação é dizer um “amém silencioso”. Questionar a
ciência, diriam os doutos defensores do cientificismo engajado, é papo
de negacionista. No entanto, o que farei hoje não é exatamente
questionar a ciência em si, pois sou daquela turba marginalizada que
gosta dela sem adorá-la. Vou discutir, no entanto, o ente espiritual que
possuiu o discurso científico na era covid e fez com que a ciência se
tornasse a palavra mais distorcida dos últimos tempos.
Em maio deste ano,
vários cientistas renomados — daquela leva raiz de cientistas —
quebraram o silêncio e pressionaram publicamente a OMS acerca de uma
real investigação na China sobre a origem da covid-19. Estamos falando
de uma doença que supostamente surgiu num mercado de frutos do mar, numa
cidade chinesa — Wuhan — que também ostenta um centro de manipulação
biológica de vírus — Instituto de Virologia de Wuhan.Nesse centro, por
uma estrondosa aleatoriedade do universo, muito possivelmente também se
manipulava o coronavírus. Mas, o que se jurava, sob o silêncio gutural
dos jornalistas, é que o vírus tinha provavelmente advindo de morcegos.
No
século em que começamos a manipular o genoma humano, e que a
manipulação químico-biológica está de vento em popa, nenhum laboratório
do planeta conseguiu dar sequer uma dica da origem real do vírus que
matou quase 5 milhões de pessoas ao redor do mundo. A mídia mostra aqui e
acolá uma teoria e outra; mas, de forma oficial, o que se escuta mesmo é
esse eterno silêncio complacente. Por que a China quis silenciar acadêmicos que estudavam a origem do vírus, como noticiou a CNN americana? Por que ninguém se levantou aos berros contra esse ataque à ciência?
Recentemente, uma médica chinesa corajosamente foi a público no programa britânico Loose Woman e disse que a origem do vírus é, sim, laboratorial, que o governo chinês encobriu isso e que estudos que comprovavam esse fato também foram abafados. OK.
Isso é ela quem diz, e pode ser que ela seja apenas mais uma “ativista
ingrata” fugida do “Éden vermelho”. Mas a pergunta, nesse caso, não é
exatamente se ela está certa ou errada, mas por que o tema se tornou um
tabu para o mainstream autodenominado progressista? Por que a China não permitiu que especialistas da OMS investigassem a origem do vírus?
Fica
claro que o poder se sobrepôs à ciência, e nenhum “progressista”
defensor aguerrido dela apareceu para escudá-la. Parece haver uma força,
um éter de emudecimento e complacência que habita simultaneamente todas
as redações e escritórios políticos mundiais. A ciência, aqui, foi
calada e jogada no canto, mas ninguém protestou. Aqueles que gritavam
por um respeito à ciência, e se afogavam em virtudes científicas,
sorrateiramente passaram a se esconder quando o papo era a possível
origem laboratorial do vírus. Por quê?
A resposta não é lá muito
difícil de conceber. Por qual motivo a mídia chamaria de negacionistas
homens que se dedicaram a vida toda à ciência e, por posições
científicas divergentes, não concordavam com as diretrizes gerais? Não
são um ou dois médicos, é um batalhão deles que, por exemplo,acredita que um tratamento precoce é eficaz contra a infecção.
Médicos que trataram diretamente milhares de infectados durante toda a
pandemia não devem ser previamente calados por uma decisão unilateral de
burocratas, ou tachados como negacionistas por jornalistas engajados. A
liberdade médica foi revogada.
A possibilidade de escolha de
alguém em querer ou não deixar que injetem uma substância em seu
organismo também se tornou uma espécie de heresia grotesca, passível de
punições sociais que beiram o apartheid. O caboclo que ergue a
mão e diz que, por ora, não irá se vacinar se torna, no mesmo instante,
uma espécie de adorador do satã anticientífico.
É preciso entender
o cerne dessa mentalidade para melhor criticá-la. O iluminismo moderno,
que abriu as portas para a ciência experimental se desenvolver e
construir os benefícios dos quais hoje gozamos, é o mesmo que cravou na
alma ocidental a consciência inalienável da liberdade individual, de
crença e de ação.
Sem tais liberdades asseguradas, a própria ciência
objetiva fica manca e passa a ser mais uma religião política na mão dos
que governam com o poder. Como diz o escritor britânico John Gray em seu
livro A Busca pela Imortalidade: “A ciência foi lançada contra a ciência e tornou-se um canal para a magia”.
Pobreza, desalento, infelicidade, deficiências, tudo isso estava com os dias contados
Tais
impressões são completamente previsíveis a partir de um olhar mais
atento e criterioso. A ciência veio para ser, em muitas mentes, a
substituta da religião. Como dizia o filósofo francês Raymond Aron em O Ópio dos Intelectuais:
“Toda libertação, entretanto, traz em si o perigo de uma nova forma de
sujeição”. Quando a religião começa a cair em descrédito no
pós-renascentismo, uma certeza com igual tamanho deve tomar o seu trono
vazio.
Foi assim que, aos poucos, muitos começaram a acreditar
piamente que a ciência era a resposta para as mazelas humanas, que a
injustiça social, os grandes pandemônios humanos — e por que não a morte
— seriam problemas que logo mais seriam resolvidos pelos homens da
ciência. Assim como Thomas Edison descobriu a liga metálica que poderia
fazer surgir a luz em cada lar, da mesma forma era questão de tempo para
acharmos a ideologia que consertaria nossas desgraças humanas. Pobreza,
desalento, infelicidade, deficiências, tudo isso estava com os dias
contados; o homem moderno era aquele que tinha dominado a natureza
falha, que havia domado as pragas e voava no lombo dos demônios. A razão
venceu a limitação, a finitude se tornou possibilidade. Antes era Deus
quem escutava as nossas dúvidas, agora é o cientista quem tem a missão
de perscrutá-las. E tal como antes a Igreja era inquestionável nas
questões de fé e moral, a ciência agora se coloca como incontestável nas
questões de saúde. Quem questionava a religião oficial se tornava
herege, quem questiona a religião científica se torna negacionista. Diz o
historiador francês Paul Hazard, em A Crise da Consciência Europeia: 1680-1715:“Agora
a ciência se torna um ídolo, um mito. Já se confunde ciência com
felicidade, progresso material com progresso moral. Crê-se que a ciência
substituirá a filosofia, a religião e atenderá a todas as exigências do
espírito humano”.
Mas há nessa equação uma verdade dura de ser
aceita, seja pelos fiéis, seja pelos sacerdotes: tudo que a mente humana
toca é suscetível de engano, suas verdades podem estar — e quase sempre
estão — contaminadas com seus preconceitos e tendências. E por mais que
métodos existam nos laboratórios e nos livros, o último crivo da
verdade ainda vai esbarrar na mente de quem irá enunciá-la. Não creio
que todas as resoluções científicas sejam tendenciosas e suas conclusões
previamente contaminadas. O fato é fato. O sequestro ideológico pela
política é algo repetitivo na história humana. Desde quando o burocrata
ou o revolucionário descobriu que ele poderia justificar as suas
intenções políticas atrás de um outdoor científico, suas ideias
sempre foram apresentadas como sendo uma receita laboratorial. O
comunismo, jurava Karl Marx, era científico, era apenas uma questão de
ajustes e sacrifícios para que a humanidade igualitária surgisse do tubo
de ensaio da sociedade; o nazismo, obviamente, diria Hitler, era
científico. É científico acreditar na eugenia, afinal, a eugenia nada
mais era do que a aceleração estatal da seleção das espécies. Quer algo
mais científico — teoricamente — que as verdades de Darwin?
No entanto — vêm aí spoilers
da realidade —, o homem continua sendo falho, a ciência, por mais que
tenha avançado e seja sensacional quando bem utilizada, não conseguiu
encontrar nem desenvolver uma humanidade sem problemas ou erros. Durante
a pandemia, assistimos a um passeio de arrogância e prepotência, seja
daqueles que queriam desferir estudos inconclusivos como sendo verdades
últimas, seja por jornalistas que, imbuídos de uma sacra missão
científica, vomitavam rótulos naqueles que escolhiam simplesmente se
manter céticos a algumas diretrizes. Aqueles que simplesmente optavam
por um tratamento recomendado por uma junta médica que o mainstream já havia colocado em seuIndex Librorum Prohibitorum eram relegados aos cantões dos conspiracionistas, bolsonaristas.
Essa tal pretensão de um conhecimento universal, perfeito, uma verdade suprema, indiscutível,foi o que pediu Átila Iamarino na Folha de S. Paulo.
É o que a mídia tentou emplacar no debate social; e conseguiu, diga-se
de passagem. Hoje, aqueles que escolheram não se vacinar são
literalmente excluídos de várias atividades sociais; são repelidos como
se fossem infecciosos ou tangivelmente grotescos. Disso para a estrela
amarela no peito, será que estamos tão longe assim? O “autoritarismo
necessário” se baseia justamente nessa crença catequética na ciência dos
perfeitos. A lógica é relativamente simples, “se é científico, é
verdadeiro; se é verdadeiro, por que não impor”? Era nisso que
acreditavam Stalin e Hitler. Joseph Mengele, um dos insanos médicos
nazistas, ao assassinar mais de 400 mil prisioneiros nazistas — entre
eles, padres poloneses e judeus de toda a Europa — dizia fazê-lo em nome
da “ciência”.
Chovem estudos, dados e estatísticas, rebanhos de
jornalistas, entusiastas e opinadores para dizer o que o outro deve
fazer. Os pequenos tiranos já estão sob a bênção dessa pseudociência, e,
em nome dela, podemos dizer o que cada um deve ou não fazer. Como um
cético conservador, tenho temor daqueles que ganham o poder de ditar
regras sociais inerrantes a um povo escravo de uma mentalidade
autoritária. Como cidadão do pós-século 20, tenho pavor daqueles que
empunham a ciência para fazer políticas tirânicas.
“A gente não consegue organizar um país apenas fazendo as reformas e cortando, cortando, cortando”. A frase caberia na boca de economistas ligados à esquerda. Mas foi dita por Rodrigo Maia, um político afinado com o mercado financeiro.
Na quarta-feira, o presidente da Câmara apontou os limites da tesoura. Depois de o IBGE confirmar o mau desempenho da economia no ano passado, Maia disse que “o setor privado sozinho não vai resolver os problemas”. “A grande mensagem do PIB é que a participação do Estado também será sempre importante para que o Brasil possa crescer”, afirmou. O deputado disse uma obviedade, mas defender o investimento público parece ter virado uma heresia desde a posse de Michel Temer. [Quando o 'primeiro-ministro' "botafogo" vai tomar sentido e aceitar que por ser titular de um cargo imaginário ele não pode impor limites a nada? E parar de dar 'pitaco' em tudo, falar inconveniências e/ou obviedades?] Em 2016, os economistas ultraliberais prometiam uma nova era de prosperidade. A recessão ficou para trás, mas a fada da confiança não apareceu. O terceiro pibinho consecutivo mostra que a receita da austeridade fracassou em tirar o país do atoleiro. Nos últimos três anos, o Congresso retalhou direitos trabalhistas, aprovou o teto de gastos e cortou as aposentadorias de quem não usa farda. Os resultados na economia real foram pífios, mas os fundamentalistas de mercado se recusam a fazer uma autocrítica. O ministro Paulo Guedes gosta de atribuir os problemas à classe política ou aos servidores públicos, que já chamou de “parasitas”. Em outra fala memorável, ele reclamou que os pobres brasileiros “consomem tudo”, em vez de deixar o dinheiro no banco.Ontem o doutor buscou novos bodes expiatórios. Em visita à Fiesp, ele disse que a tragédia de Brumadinho e a crise argentina prejudicaram o PIB de 2019. Há sete meses, o mesmo Guedes perguntou: “Desde quando o Brasil precisou da Argentina para crescer?”. Em breve, a desculpa será o coronavírus. À medida que a epidemia avança, os países buscam formas de amenizar seus impactos na economia. A Itália acaba de anunciar um pacote de € 7,5 bilhões em estímulos. Por aqui, a doença continua a ser vista como um problema restrito ao Ministério da Saúde. Bernardo M. Franco, colunista - O Globo
Sim, o Brasil ainda mantém o seu séquito de realeza e hoje ele é conduzido pelas mãos da mais alta corte do País. Com suas capas negras, os togados erigiram a sua maneira o que imaginam ser o império da lei. E acima deles, pontifica o plenipotenciário soberano que preside a Casa. Está demonstrado aos assombrados súditos da Nação: o comandante do STF dirige, não apenas o Poder Legislativo como os desígnios nacionais, com o pulso firme de um monarca, tal qual um Luís XIV, um Deus Sol da Justiça que irradia a sua luz sobre o que é certo e o que é errado para além, muito além, do estabelecido na Carta Magna. Afinal, quem precisa dela quando se tem uma mente tão clarividente a traçar nossos destinos, não é verdade? A José Antonio Dias Toffoli é possível tudo. Sem ressalvas, sem freios, sem chance de contestação. Ele estabelece muitas de suas deliberações em decisões monocráticas que resvalam o abuso típico de medidas de exceção. Vá-se ao exemplo capital. De maneira injustificável, em imposição característica de um semideus, Toffoli intimou o Banco Central a entregar os dados financeiros de 600 mil pessoas físicas e jurídicas.
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Da noite para o dia, as movimentações sigilosas de um universo considerável de brasileiros ficaram a mercê do kaiser do Supremo, para que ele fizesse o uso que achasse devido. Pode isso, Constituição? Ao tomar conhecimento dos segredos financeiros desse considerável contingente de contribuintes, Toffoli, o inexpugnável, seria capaz de tudo. Imagine, por um instante, a concentração de poder facultada a uma única pessoa, nessa dimensão? E ele fez mais, como já se sabia. Ainda em julho, a seu bel entendimento, ordenou a suspensão de milhares de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, agindo a pedido da Primeira Família Bolsonaro, para que o filho Flávio do laranjal não fosse pego em flagrante delito. [atualizando: considerando que as movimentação ilícitas do Queiroz - ilicitas não implica necessariamente em ilegalidade. Ainda que fossem ilegais, não há nada concreto, factual, que vincule tais movimentações ao senador Flávio. O que foi arguído pelos defensores do senador é a conduta Receita Federal, considerada ilegal em primeiro grau, em uma ação movida contra um posto de combustível. A decisão foi citada pelos defensores e com isto o ministro Toffoli julgou conveniente paralisar todos os processos, incluindo o contra o filho do presidente, tendo tal ação vindo ao STF para apreciação. Durante o julgamento do dia 20 do corrente mês, deveria a apreciação se limitar Receita Federal x posto de gasolina, só que durante o longo voto foram envolvidos no processo o COAF, senador Flávio Bolsonaro, Banco Central, etc. Tenham em conta que o processo é bem anterior aos vazamentos que geraram suspeição sobre Queiroz e apenas serviu de supedâneo para o ministro Toffoli paralisar todos os processos assemelhados; a anterioridade do processo que mostra que, pelo menos no presente caso, houve isenção do ministro do STF ao proferir a decisão.]
Para garantir a proteção dele e, por tabela, a da própria mulher e a da cônjuge do colega magistrado Gilmar Mendes, achou por bem congelar de uma vez por todas qualquer averiguação que envolvesse dados fornecidos pelo então Coaf – hoje rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira (UIF), esvaziado para não incomodar mais nenhum tutelado dos mandachuvas. Até a OCDE alertou que medidas dessa natureza não condiziam e estavam em total desacordo com as normas e compromissos internacionais firmados e endossados também pelo Brasil. [é voz corrente que o Brasil ainda não integra a OCDE.]E daí? Toffoli, o absoluto, pode mais. O procurador-geral da República, Augusto Aras, chegou a peticionar um recurso para revogar a decisão do ministro.
O próprio Toffoli julgou e… negou, claro! Foi além: ainda estendeu a exigência para que o Ministério Público Federal informasse em um prazo de horas quem teve acesso a esses dados nos últimos três anos. Pode-se engendrar uma perseguição aos petulantes? Vai saber. Com Toffoli não se brinca. Em um gesto de grandeza, de demonstração de compreensão do quadro criado, das revoltas e críticas no seu entorno, ele aquiesceu dias depois. Voltou atrás no controle dos dados dos 600 mil reféns de sua sanha. Mas por decisão própria. Jamais por imposição alheia.
Toffoli, o soberano, é senhor da sabedoria. Discutir limites ao seu comportamento policialesco é heresia. Toffoli, que fulmina adversários e chegou ao ponto de montar uma verdadeira delegacia no Supremo, mandando a força armada revistar e entrar sem pedir em casas de desafetos para arrancar computadores e papeladas que atentassem contra ele, se considera imexível e inatacável. Como aos escolhidos por divindades, a ele não cabem críticas. Que o Brasil esqueça de vez a ideia do modelo tripartite de poder entre Legislativo, Executivo e Legislativo. A liga da justiça é quem efetivamente está no controle. Imperativo se entender isso para não sofrer com as consequências. Toffoli e seu monolítico bloco de juízes da Corte suprema podem fulminar qualquer ato que contrarie seus conceitos pessoais do que é, data vênia, o correto no consenso geral. Está em curso a temporada da imposição monárquica.