Brasileiros reclamaram muito contra a arbitragem na estreia da Seleção
Pela primeira vez, diretor da Fifa admite 'erro' em gol da Suíça contra o Brasil
[pretensiosos como são, CBF, Tite e Galvão Bueno vão exigir da Fifa nova partida entre Brasil e Suíça.]
A arbitragem do jogo entre Brasil e Suíça no domingo "errou" no gol de
empate do time europeu. A avaliação é de Marco Van Basten, ex-jogador e
hoje diretor técnico da Fifa. Essa, porém, não é a percepção dos
responsáveis pela tecnologia e nem pela arbitragem. "Tive
várias discussões com pessoas dentro da Fifa sobre esse assunto nos
últimos dias", explicou. "Acho que precisamos aprender com esse caso",
defendeu. Segundo ele, os brasileiros agiram de forma correta ao se queixar em uma carta enviada para a Fifa.
Para ele, isso não vai mudar o resultado do jogo. Mas pode ajudar a Fifa a avaliar seu próprio processo. "Não acho que o juiz deveria ter dado aquele gol", defendeu. "Essa é minha opinião pessoal", ponderou. Na carta, a CBF solicita uma cópia do áudio das conversas entre o árbitro de campo e a cabine que se ocupa do vídeo. A entidade também quer as imagens. Ainda que não haja como objetivo rever o resultado do jogo, a CBF quer que a Fifa tenha consciência de que o sistema falhou. A Fifa já indicou que irá responder à carta enviada pela CBF. Mas teme que, ao entregar o áudio à seleção, abrirá um precedentes perigoso, levando a uma pressão indevida sobre os árbitros.
Já os comentários do ex-jogador holandês apontam que não existe um consenso dentro da entidade sobre o tratamento do caso de Miranda. A avaliação de Van Basten não é a mesma da cúpula da arbitragem na entidade. A percepção no Comitê dos Árbitros é de que o juiz da partida agiu de forma "correta" e não houve nem falta em Miranda e nem pênalti em Gabriel Jesus. Segundo o corpo técnico que se ocupa da aplicação do VAR, os árbitros na cabine avaliaram a cena do suposto empurrão sobre Miranda, inclusive em câmara lenta.
Mas chegaram à conclusão de que não houve uma falta. Por isso, não pediram que o árbitro em campo paralisasse a partida e apenas o disseram para seguir. Um dos aspectos avaliados foi o posicionamento de Miranda, que não teria sido desequilibrado na visão dos árbitros. Já no caso de Gabriel Jesus, o mesmo processo ocorreu. Na cabine do VAR, os árbitros reavaliaram o lance, mesmo sem que o juiz da partida soubesse. Mas optaram por não alertar o árbitro César Ramos sobre uma eventual irregularidade e indicaram que poderia seguir. Por isso, o lance também seguiu.
Fontes na Fifa ainda indicaram que usaram o "super slow replay" - uma tecnologia que permite rever a imagem num ritmo ainda mais lento - para tomar uma decisão no que se refere ao lance de Gabriel Jesus. Mas concluiu que não houve pênalti. Na avaliação da cúpula da Fifa, o VAR não pode tirar do futebol seu caráter de contato. "Caso contrário, matamos o jogo", afirmou um dos principais dirigentes da entidade. Entre os membros da CBF, a percepção era de que a carta não mudará nada do resultado. Mas a entidade precisava "se pronunciar". "Precisamos marcar posição", disse Gustavo Feijó, vice-presidente da CBF.
Feijó foi alvo de uma operação policial em meados do ano passado por conta da suspeita de recebimento de R$ 600 mil da CBF para sua campanha eleitoral para prefeito de Boca da Mata (AL). A Polícia Federal apurou que sua campanha teria custado R$ 2 milhões. Mas Feijó apenas declarou R$ 105 mil. Já o presidente da CBF, coronel Antônio Nunes, preferiu não se pronunciar sobre a carta e nem sobre o lance. Quando foi questionado pela imprensa internacional e brasileira sobre o assunto, apertou o passo e foi conduzido por um de seus assistentes para longe dos jornalistas.
Em vez de Confederação Brasileira de Futebol, o documento é assinado pela "Confederação Brasileira de Fitebol"
Revoltada com a arbitragem na partida de estreia de Seleção contra a Suíça, a Confederação Brasileira de Futebol decidiu enviar um documento formal à Fifa questionando a atuação do árbitro mexicano Cesar Ramos. O problema é que a entidade cometeu uma pequena gafe no documento e acabou errando o próprio nome. Em vez de Confederação Brasileira de Futebol, a carta é assinada pela "Confederação Brasileira de Fitebol".
Na
carta, enviada à Comissão de Arbitragem da Fifa, a CBF declara que
considera estranho que Ramos não tenha nem solicitado a utilização do
árbitro de vídeo no lance. Para a entidade, o protocolo para o uso do
VAR não foi cumprido pelo juiz, seus assistentes e pelos árbitros de
vídeo, sendo que o recurso já foi usado em diversas oportunidades em
outras partidas do início desta edição da Copa do Mundo.
(...)
Os
brasileiros também reclamaram de um pênalti em Gabriel Jesus, que teria
sido puxado por um zagueiro dentro da área, no segundo tempo. Mas o
próprio técnico Tite entendeu ser sido este um lance interpretativo,
assim como outros membros da sua comissão e até mesmo companheiros do
atacante do Manchester City, que assegura ter sido derrubado no lance,
quando o placar estava empatado em 1 a 1. Para
os membros da CBF e da seleção, se os lances eram duvidosos, deveria ter
ocorrido a consultar ao VAR, mesmo que o árbitro optasse por não marcar
a falta em Miranda, principal alvo da reclamação da entidade, assim
como o pênalti em Gabriel Jesus. Além disso, há dúvidas sobre como e se
Ramos recebeu informações de que as duas jogadas reclamadas pela equipe
nacional foram legais.
Em seu comunicado, a CBF
faz alguns questionamentos. A entidade pergunta se Valeri sugeriu ao
árbitro principal se ele deveria revisar algum lance durante o jogo
entre Brasil e Suíça, se Ramos pediu orientação dos responsáveis pelo
VAR sobre alguma jogada e se houve qualquer tipo de comunicação entre
eles. A decisão da CBF foi tomada após uma
série de reuniões envolvendo membros da comissão técnica de Tite e da
diretoria da confederação. A decisão, inclusive, vai em direção um pouco
diferente da adotada pelo treinador na entrevista coletiva após o duelo
com a Suíça no último domingo. O técnico reclamou do trabalho do
árbitro mexicano, mas também declarou que a discussão não deveria ser
expandida, até para não ser vista como uma tentativa de minimizar o
resultado negativo da estreia brasileira na Copa do Mundo.
Mais
cedo, a Fifa avaliou como boa a atuação de Ramos, o que teria irritando
ainda mais a cúpula da CBF. Essa defesa do trabalho do árbitro
mexicano, inclusive, teria pesado na decisão da confederação de enviar o
documento reclamando do trabalho do juiz no confronto que marcou a
estreia do Brasil neste Mundial. Também houve a gafe do coronel Antônio Carlos Nunes, atual presidente da
entidade, na hora da escolha da sede da Copa de 2026. O Brasil se
comprometeu a votar com a Conmebol pela tripla candidatura de México,
Estados Unidos e Canadá. No entanto, achando que o voto era secreto,
escolheu Marrocos. A escolha acabou sendo revelada e foi criada uma
situação incômoda para o país.