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domingo, 31 de julho de 2022

Em 1977, o SNI não entendeu a Carta - Elio Gaspari

 O Globo

Carta em 1977 marcou ponto de virada na luta contra a ditadura militar

Jair Bolsonaro e o doutor Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil da Presidência, disseram que o manifesto da Carta em Defesa da Democracia era coisa de banqueiros ressentidos pela popularização do Pix. [pergunta que não quer calar: algum banqueiro aguenta perder R$ 40 BILHÕES - deixaram de ganhar com tarifas, devido a implantação do PIX - sem tentar, no mínimo, 'demitir' o responsável pela implantação da causa do 'prejuízo ? = no caso JAIR MESSIAS BOLSONARO - atual e com as bênçãos de DEUS próximo Presidente da República.]

Seria ingenuidade supor que eles não entendem de banqueiros ou de política. Bolsonaro e Nogueira estão num palácio onde algum efeito sobrenatural tem a capacidade de distorcer a percepção da realidade.No palácio, nada é o que é. Se cai um meteorito no Pará, isso pode ter sido jogada de alguma ONG.

A Carta de 2022 procura replicar o que teria sido o efeito da Carta ao Brasileiros que o professor Goffredo da Silva Telles leu numa noite de agosto de 1977, há 45 anos. Valeria a pena que Nogueira e seus colegas palacianos relessem o que escreveu o falecido Serviço Nacional de Informações, analisando a cena do largo de São Francisco:

A Carta aos Brasileiros

A leitura da “Carta aos Brasileiros” feita pelo Professor Goffredo da Silva Telles, dia 8 de agosto de 1977, no pátio interno da Faculdade de Direito da USP, como parte dos festejos comemorativos do sesqüicentenário da implantação dos cursos jurídicos no BRASIL deu a impressão, à primeira vista, de que se tratava de um ato oficial organizado pela Direção da Faculdade, em comemoração a mais um aniversário de sua fundação.

Na verdade, o documento em apreço, de mera conotação política, não teve apoio maciço da Congregação da referida Academia de Direito, senão de minoria inexpressiva, conquanto ativa. É da entrevista do Diretor da Faculdade a afirmação: ‘A leitura (da Carta) era um ato político e pessoal do Professor Goffredo e, por isso, a permissão para uso do salão só poderia ser dada pela Congregação, mas o pedido não foi feito’.

A ‘Carta aos Brasileiros’ está recebendo a adesão de professores de outras escolas de Direito e de muitos advogados de São Paulo e de outros estados. No entanto, ela não está merecendo a adesão irrestrita nem sensibilizou a opinião pública, como esperavam seus autores. Alguns políticos de conhecida formação liberal se recusaram a assiná-la, sob os mais variados argumentos. (...) O presidente seccional da OAB em São Paulo deixou de assinar a ‘Carta’ por considerá-la um documento elaborado por iniciativa isolada.”

O SNI não havia entendido nada. O negócio daquela Carta, como a de hoje, era a democracia.

Como ensinou Mark Twain, a história não se repete, mas rima.

O chefe do SNI, general João Batista Figueiredo, tinha um pé na Carta de Goffredo e a ponta do outro no radicalismo militar.

O ministro do Exército, general Sylvio Frota, achava que o presidente Ernesto Geisel era socialista e naqueles dias começou a redigir um discurso que pronunciaria em Sobral (CE), emparedando-o. Dois dias depois, na análise do SNI, o ex-governador baiano Antônio Carlos Magalhães encontrou Geisel e disse-lhe que estava vacilando, pois deveria demitir Frota. O presidente respondeu: Você não me conhece. Tiro na hora que quiser.

Tirou-o no dia 12 de outubro.                                                                     Em fevereiro de 1978, com Frota fora do páreo, o SNI tinha outras preocupações. Vigiava oficiais que haviam sido ligados ao ministro. Entre eles, o jovem capitão Augusto Heleno, seu ex-ajudante de ordens. 

(...)


Termômetro de Bolsonaro
Percebe-se um padrão nos discursos de Bolsonaro.
Quando ele fala das realizações do seu governo, está no modo de confiança. Quando ataca as urnas, o Supremo ou o TSE, está no modo da desesperança.
Trata-se de tentar aferir a proporção dos dois modos em cada discurso, visto que ele os mistura.
Não se deve avaliar falas em cercadinhos ou em padarias.

O poder de Nunes Marques
O ministro Kassio Nunes Marques ainda não completou dois anos na cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal e já disse a que veio. Ele deixará sua marca na biografia de dezenas de magistrados. Isso não acontecerá pela profundidade de suas obras, mas pelo alcance de suas pompas, influindo em suas nomeações.

No jogo de bastidores de Brasília, seu telefone é o mais cobiçado por dezenas de candidatos a cadeiras de desembargador federal ou de ministros dos tribunais superiores de Brasília.

A estrela de Nunes Marques, com seu brilho específico, tentará ofuscar a de seu colega Gilmar Mendes.
 
Euforia
Há uma certa euforia entre os defensores da democracia e adversários de Jair Bolsonaro.
Comemora-se que a Carta em Defesa da Democracia superará a marca de 500 mil assinaturas. Admita-se que ela passe do milhão. Esse tipo de documento não pode ter a importância aferida pela quantidade de signatários.
Em 2018, Eduardo Bolsonaro elegeu-se deputado por São Paulo com 1,84 milhão de votos. [na 'carta em defesa da democracia', ainda que no estilo abaixo-assinado, o número assinaturas  tem ZERO valor; 
- Eduardo Bolsonaro teve quase dois milhões de votos para deputado em São Paulo;  
um dos pedidos de impeachment apresentado contra o ministro Alexandre de Moraes, STF, teve quase 3.000.000 de assinaturas e foi ignorado. Confira AQUI ou AQUI.]

Continue lendo Folha de S. Paulo ou Jornal O Globo

 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Chamem o Alexandre Garcia - Confusão - Secretário da Receita, Marcos Cintra, nega aumento de IOF anunciado por Bolsonaro

Alexandre Garcia - não vou ser porta voz de ninguém

Presidente disse hoje que a alíquota subiria para compensar benefícios fiscais para Norte e Nordeste

O presidente Jair Bolsonaro havia dito antes que o IOF subiria para compensar a prorrogação de benefícios fiscais para as regiões Norte e Nordeste

O secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, afirmou nesta sexta-feira, após se reunir com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, que não haverá aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ao contrário do que tinha dito o presidente mais cedo em entrevista.

Segundo Bolsonaro, a medida seria necessária para compensar a prorrogação de benefícios fiscais às regiões Norte e Nordeste, após ter sancionado lei que prorroga incentivos fiscais para empresas instaladas nas áreas de atuação das superintendências do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene).

Por determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), esses casos exigem que haja compensação do ponto de vista fiscal, o que pode acontecer via aumento de impostos ou redução de benefícios tributários.  No entanto, Cintra, afirmou que, na prática, essa compensação não precisará ser feita já que Bolsonaro limitou o uso dos benefícios à disponibilidade de recursos orçamentários previstos na lei orçamentária de 2019. O secretário afirmou ter se reunido pessoalmente com Bolsonaro no Palácio do Planalto, em agenda que não foi divulgada publicamente.

“O impacto em 2019 faticamente e juridicamente não existirá. Juridicamente porque não há necessidade de compensação, não vai se utilizar recursos além do que está previsto no Orçamento de 19”, disse Cintra a jornalistas, no Palácio do Planalto.
Questionado sobre as declarações de Bolsonaro, ele afirmou que deve ter ocorrido “alguma confusão”. “Ele não assinou nada. Ele sancionou o benefício e assinou um decreto limitando o usufruto desse benefício à existência de recursos orçamentários”, disse.

Entrevista Alexandre Garcia

Em 1980, o jornalista Alexandre Garcia, então com 40 anos, era o porta-voz do general João Batista Figueiredo, presidente da República, ainda durante a ditadura militar. E os militares, como agora, eram tradicionalistas em matéria de costumes. Foi diante desse quadro que Garcia concedeu uma rumorosa entrevista para a revista masculina “Ele & Ela”, com o título “O porta-voz da abertura”, deitado numa cama, de cueca, coberto apenas por uma toalha felpuda. Sem pudor, ele declarava: “É aqui que eu abato minhas lebres”.

Foi um escândalo e ele foi demitido depois de 18 meses como porta-voz do general. Hoje, aos 78 anos, ele acaba de se desligar da TV Globo, onde, por 30 anos, foi comentarista político e apresentador eventual do Jornal Nacional.

A demissão da Globo, ocorrida no final do ano, coincidiu com a posse do presidente Jair Bolsonaro. Não demorou para surgirem comentários de que ele seria o porta-voz do novo presidente. As especulações aumentaram quando ele foi visto conversando com Bolsonaro, seus filhos e ministros do novo governo, na solenidade de posse no Itamaraty. Em entrevista à ISTOÉ, contudo, Garcia nega que será o porta-voz do novo presidente.

Depois de trinta anos na TV Globo, o senhor deixou a emissora e há comentários de que pode vir a ser o porta-voz do presidente Bolsonaro. Como está essa negociação?
Não tem essa conversa. Eu não serei porta-voz de ninguém.

Mas o senhor esteve com o presidente e com seus filhos no dia da posse e cresceu a especulação de que o senhor poderia ter ido conversar com ele sobre essa possibilidade.
Eu estava na recepção no Palácio do Itamaraty, onde eles estavam. Apenas isso.

O senhor descarta essa ideia ou ainda é há chances de se tornar o porta-voz do novo governo?
Eu descarto. Vou ficar nas redes sociais. 
                                 
Mas desde que o senhor saiu da Globo, praticamente às vésperas da posse de Bolsonaro, circulou a informação de que essa possibilidade era grande. O senhor acha que ele necessita de um porta-voz?
Isso é ele quem sabe. Precisa perguntar a ele.

O senhor chegou a dar algum conselho a ele, quanto à necessidade dele ter um jornalista experiente para orientá-lo no trato com a imprensa?
Quem sou eu para dar conselho para um homem que se elegeu presidente da República.

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