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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Açougueiro Joesley completa 100 dias de cadeia



Cem dias de prisão: Após choro nos primeiros dias, Joesley cumpre rotina na carceragem da PF

'Está abatido, magro e sempre com um terço na mão', diz um interlocutor do empresário


Joesley Batista, dono da JBS, durante sua chegada à Policia Federal, em Brasilia - Ailton de Freitas / Agência O Globo




Entre março e abril deste ano, o empresário Joesley Batista protagonizou duas das mais espetaculares ações desde o início da Operação Lava-Jato. A primeira: gravou desconcertantes conversas e, com elas, colocou contra parede o presidente Michel Temer. Em seguida: triturou a imagem pública do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Obteve, com as informações que forneceu, um acordo de delação premiada com direito à imunidade penal. Era tudo que ele queria e, inicialmente para o Ministério Publico Federal (MPF), tudo que merecia.

Mas os ventos mudaram radicalmente de direção. Joesley completa hoje 100 dias de prisão numa cela da carceragem da Polícia Federal em São Paulo, com o acordo de delação ameaçado de rescisão. E pelo silêncio dos tribunais e da Procuradoria-Geral da República (PGR), não há qualquer indicativo de quando deixará a prisão, e nem sinais de quando o STF decide se manterá ou não o acordo de delação. A seu lado está o irmão Wesley Batista, com 97 dias de cárcere.
— Foi o preso que mais vi chorar. Chorava o tempo todo na custódia. Acho que ele não acreditava que seria preso. Então, quando se viu na carceragem, bateu o desespero — conta um policial que acompanhou o empresário nos primeiros momentos da prisão dele numa cela da PF em Brasília.

Joesley, Wesley e Ricardo Saud estão numa mesma ala, mas em celas individuais equipadas com mesa, banco e beliche de concreto. O único item que se contrapõe à dureza do ambiente são os colchões, fornecidos pelos familiares.  Os três seguem à risca as regras da prisão. Por volta das 8 horas recebem uma caneca de café com um pão com manteiga. Das 8 às 10 horas e das 16 às 18 horas têm direito a banho de sol. Segundo um policial, eles fazem exercícios físicos e até jogam futebol com os demais detentos numa miniquadra no pátio da carceragem. Quando estão na cela, passam a maior parte do tempo lendo.  O contato com parente acontece em uma ala coletiva. É nesta área que Joesley conversa com a mulher, a jornalista Ticiana Villas Boas. Segundo um policial, ela visita o marido todas as quintas-feiras. Na carceragem não há área reservada para encontros íntimos. Um amigo do empresário diz que Joesley ainda não assimilou totalmente o fato de estar preso.
 



Desde o início, a concessão da imunidade penal aos donos da JBS provocou críticas. Alguns achavam que era um benefício excessivo a autores confessos de crimes graves. O barco da delação começou a virar mesmo na noite de 4 de setembro, quando o então procurador-geral da República Rodrigo Janot veio a público para denunciar a existência de uma gravação de uma conversa em que Joesley e o parceiro de delação Ricardo Saud faziam insinuações “muito graves” sobre integrantes da PGR, sobre ministros do STF e sobre o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

Por conta dos áudios, Joesley e Saud foram acusados de descumprir o acordo de colaboração e acabaram presos em 10 de setembro, por ordem do ministro Edson Fachin, relator do caso no STF. Três dias depois, Joesley foi alvo de uma nova ordem de prisão, desta vez expedida pela Justiça Federal de São Paulo. A ordem era extensiva também a Wesley. Os dois foram acusados de usar informações privilegiadas do acordo de delação para ganhar dinheiro no mercado financeiro. A reviravolta no caso teria levado Joesley à lona.  Segundo este policial, ainda abalado emocionalmente, Joesley contou que só pelo habeas corpus pagaria R$ 5 milhões a um dos advogados. Seriam R$ 2,5 milhões à vista e o restante quando saísse cadeia. Logo depois o empresário deixou a cela da PF em Brasília, mas foi levado para a carceragem da instituição em São Paulo, onde se encontra até hoje.  — Ele está abatido, magro e sempre com um terço na mão — afirma o interlocutor do empresário.

O Globo