A rigor, o que o decreto fazia era extinguir as regras antigas e definir as novas para a exploração mineral de uma área diminuta. Só. Com efeito, dentro da chamada “Renca”, há reservas ambientais e reservas indígenas, que seguiriam intocadas
A coisa mais interessante do “causismo” —
essa mania que “ozartista” e as celebridades têm de aderir a causas — é
o descompromisso. Assumem uma opinião, saem propagando a dita-cuja por
aí, demonizam os que pensam o contrário, posam de especialistas, alguns
até vão a Brasília e se encontram com “parlamentares progressistas” e
pronto! Qualquer que seja o resultado, missão cumprida! Encomendam outra
causa a suas respectivas assessorias de imprensa ou de imagem. As
consequências, como diria o célebre conselheiro, vêm depois. Mas aí os
bacanas já abraçaram um novo ursinho — o branco e o panda são sempre os
mais abraçáveis — para dormir com a consciência tranquila.
Vejam o caso da tal Renca (Reserva
Nacional de Cobre e Associados) que esses luminares da ecologia
descobriram existir depois que o governo decidiu mudar a legislação que
regulava a área por meio de decreto. Nestes tempos, é preciso um cuidado
danado com as palavras. A própria linguagem oficial recorreu ao verbo
“extinguir” e ao substantivo “extinção”, e as bonitas, os bonitos, os
patronos de formatura do Projac, as monstras e os monstros sagrados da
representação, os apenas monstros, sem histórico de santidade, bem, toda
essa gente resolveu arrepiar. De saída, entendeu-se que o governo
estava extinguindo uma área… ambiental! Nem se procurou entender por que
aquela região chama RENCA. De novo: Reserva Nacional de Cobre e
Associados. Nunca foi nem será um santuário ambiental. Trata-se de
reserva mineral.
A rigor, o que o decreto fazia era
extinguir as regras antigas e definir as novas para a exploração mineral
de uma área diminuta. Só. Com efeito, dentro da chamada “Renca”, há
reservas ambientais e reservas indígenas, que seguiriam intocadas. O
texto não autorizava exploração mineral nesses territórios. Ocorre que a
grita aqui despertou o berreiro lá fora. E aí as milhares de ONGs se
mobilizaram, com sua formidável capacidade mentir, omitir e influencias
pessoas. O que se afirma é que o Brasil decidiu extinguir uma “reserva” —
dando a entender que se trata de “reserva ambiental” — para permitir o
garimpo.
Bem, o resumo da ópera é o seguinte: o
Planalto recuou, no que fez muito mal, e resolveu que não vai baixar
decreto nenhum. Fica tudo como está, e o debate será retomado em outra
oportunidade. Pronto! As bonitas, os bonitos, os monstros e as monstras
já podem se dedicar a uma nova causa. Ouvi dizer que o Minhocuçu do Anel
Dourado corre sério risco de extinção. Onde ele existe? Não sei. Acabei
de inventar. Estou em busca de uma causa permanente para essa gente.
Infelizmente, o governo cedeu ao lobby e
à quantidade formidável de mentiras que se contaram aqui e lá fora
sobre o tal “reserva”. Vocês acham o quê? Que esses descolados vão se
preocupar com o que vem depois?
Raposa Serra do Sol
Se vocês querem uma medida da irresponsabilidade dessa gente e dessas ONGs que agora vomitam asneiras, façam uma breve pesquisa. Vejam o que aconteceu com a área Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde só vivem índios já aculturados. As lavouras de arroz, que tinham uma produção formidável, ocupavam apenas 0,7% da área: 12 mil hectares de um total de 1.678.800. Lula é que havia decidido tornar as terras indígenas contínuas (2005), o que obrigaria a expulsão dos não-índios. Havia famílias de não-indígenas que ela estavam havia mais de 100 anos (clique aqui para ler mais a respeito). Sim, os arrozeiros se foram. Parte considerável dos índios, que trabalhavam para eles, também tiveram de ir embora. Foram catar lixo em Boa Vista e morar em favelas. Índias caíram na prostituição (leia mais aqui).
Se vocês querem uma medida da irresponsabilidade dessa gente e dessas ONGs que agora vomitam asneiras, façam uma breve pesquisa. Vejam o que aconteceu com a área Raposa Serra do Sol, em Roraima, onde só vivem índios já aculturados. As lavouras de arroz, que tinham uma produção formidável, ocupavam apenas 0,7% da área: 12 mil hectares de um total de 1.678.800. Lula é que havia decidido tornar as terras indígenas contínuas (2005), o que obrigaria a expulsão dos não-índios. Havia famílias de não-indígenas que ela estavam havia mais de 100 anos (clique aqui para ler mais a respeito). Sim, os arrozeiros se foram. Parte considerável dos índios, que trabalhavam para eles, também tiveram de ir embora. Foram catar lixo em Boa Vista e morar em favelas. Índias caíram na prostituição (leia mais aqui).
Atenção! Quando os arrozeiros deixaram a
área, eles respondiam por 70% das 152 mil toneladas de arroz produzidas
em Roraima — 106.400 toneladas. Não, senhores! De lá se não se tira
mais um grão. Vejam no alto a foto do índio Adauto da Silva num lixão de
Boa Vista. Reproduzo trecho de reportagem da VEJA de 2011:
“Quatro
novas favelas brotaram na periferia de Boa Vista, nos últimos dois
anos. O surgimento de Monte das Oliveiras, Santa Helena, São Germano e
Brigadeiro coincide com a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do
Sol. Nesse território de extensão contínua que abarca 7,5% de Roraima,
viviam 340 famílias de brancos e mestiços. Em sua maioria, eram
constituídas por arrozeiros, pecuaristas e pequenos comerciantes, que
respondiam por 6% da economia do estado. Alguns possuíam títulos de
terra emitidos havia mais de 100 anos pelo governo federal, de quem
tinham comprado suas propriedades. Empregavam índios e compravam as
mercadorias produzidas em suas aldeias, como mandioca, frutas, galinhas e
porcos.”
Lavoura destruída de arroz.
Onde se produziam quase 107 mil toneladas do alimento, agora só se
produz fome. Deem os parabéns aos ongueiros e ao Supremo
Miséria, favelização e prostituição. Eis
as grandes contribuições, em Roraima, dos “preservacionistas” do STF e
das ONGs de proteção aos índios e o meio ambiente. Estima-se que um
número muito maior de índios teve de abandonar a reserva por falta de
condições de sobrevivência do que de brancos e mestiços.
Ah, lembro bem da gritaria dos ongueiros
em defesa da dita reserva. Perguntem se alguém se ocupou de saber o que
veio depois. Que nada! Aí eles tentaram impedir Belo Monte, depois
outra área qualquer, até descobrirem que havia um troço chamado “Renca”.
O governo fez mal em ceder ao lobby do obscurantismo desses iluminados
pela própria ignorância. Ah, sim: por que chamei de esses
cascateiros de “lobby reacionário”? Porque “reacionário” é tudo o que,
ao voltar pra trás, torna pior a vida das pessoas e dos países. É o
caso.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo