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O vídeo abaixo, gravado durante o governo de Michel Temer,
em 15 de setembro de 2017, expõe uma palestra do então Secretário de Economia e
Finanças do Exército, general Hamilton Mourão. Nela, o agora vice-presidente da
República declarou que seus "companheiros do Alto Comando do
Exército" avaliam que uma "intervenção militar" pode ocorrer se
o Judiciário "não solucionar o problema político". Referia-se à
corrupção.
Secretário de economia e finanças do Exército, general Antonio Hamilton Martins Mourão, dá declarações favoráveis a uma intervenção militar durante palestra promovida pela maçonaria em Brasília. - YouTube - UOL
Vale a pena atrasar o relógio para ouvir Mourão.
"Quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos
cercando, a gente diz: 'Pô, por que que não vamos derrubar esse troço
todo?'", ele perguntou numa palestra para maçons, em Brasília. Na
sequência, informou qual era a sua "visão" da conjuntura: "...Ou
as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando
da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós
teremos que impor isso."
Hoje, na condição de potencial beneficiário de um eventual
impeachment de Bolsonaro, Mourão acompanha em silêncio o debate sobre o artigo
142 da Constituição. Intérpretes extravagantes do texto sustentam que ele
credenciaria as Forças Armadas para atuar como Poder moderador em caso de crise
institucional. O Mourão de 2017, ainda um general da ativa, soava categórico.
Dizia que poderia chegar um momento em que os militares teriam que
"impor" uma intervenção. Àquela altura, segundo Mourão, os
integrantes do Alto Comando do Exército avaliaram que ainda não era hora de
entrar em ação. Algo que poderia ocorrer depois de "aproximações
sucessivas".
"Até chegar o momento em que ou as instituições
solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida
pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos
que impor isso.", disse Mourão. "Então, se tiver que haver, haverá.
Mas hoje nós consideramos que as aproximações sucessivas terão que ser
feitas". Sob Bolsonaro, Mourão ajusta seu repertório verbal para falar de
outro tipo de aproximação. "Temos de buscar uma coalizão
programática", disse o general dias atrás, numa videoconferência com um
banco. "É óbvio que cargos, emendas e essas coisas fazem parte da
negociação entre Executivo e Legislativo. Não adianta querer tapar o sol com a
peneira. Acho que está mais ou menos sendo conduzido dessa forma."
Blog do Josias - Josias de Souza - Uol